Imagem: Google - pesquisando "mãos dadas" |
Estamos vivendo numa era onde tudo é delicado, mas, o mais delicado é a revelação de que somos vulneráveis em inúmeras instâncias, só que não olhamos isso de frente e nos tornamos ainda mais vulneráveis pelo medo.
Existem notícias lançadas para sim, criar o pânico. Não estamos preparados e não temos interesse real em nos preparar para uma situação real e, aparentemente irreversível, que é o uso das redes sociais e de todo o mundo digital e virtual.
Apenas afirmamos o perigo dos nossos filhos usarem tecnologia, enquanto nós mesmos também estamos migrando para essa realidade sem admitir... No mínimo alegamos que usamos para o trabalho. Sim, somos hipócritas e espelho.
Eu venho tentando aprender a lidar com esse uso consciente e meu maior desafio é saber como orientar meu filho.
Trago uma reflexão sobre como alimentamos esse medo sem ir em busca de informações. Eu e meu filho procuramos esses vídeos com a "Momo", justamente para termos uma conversa clara com argumentos embasados, mas não achamos. Tivemos a conversa mesmo assim, porém o tema era "confiança na família x orientações e sugestões dos vídeos e seus perigos".
Se a gente continua repassando mensagens e alertando para algo sem embasamento e como se a pessoa tivesse realmente visto, a gente não está sendo honesto. A escola do meu filho enviou um texto fantástico! Ele não falava da "Momo", ele falava da nossa realidade atual e penso que todos devemos nos unir nesse vies, na perspectiva de fortalecer os vínculos e laços afetivos, de confiança, num alerta real de que não dabemosfazsab isso!
Os problemas dessa geração vão muito além do mundo virtual, são reflexos do estilo de vida que nós criamos. Não falo de valores de família enquanto pai, mãe e filhos, eu falo que faltam valores de família no sentido de sentir que ali se tem um núcleo de Amor, confiança e referência. Quantas famílias de "antigamente" só tinham o medo como fio condutor? Já faltava respeito e estímulo ao Amor desde muitos anos, com imposições e censuras. Essse foi o motivo de se lutar por "liberdade".
Entretanto, lutar por liberdade é saber ser livre e, nesse quesito, houve um exagero na falta de limites, como se ser livre fosse algo irresponsável. Não temos limite para ter tempo de estar em casa livre, o trabalho nos acompanha! Não temos tempo para ouvir nossos filhos e seus "dilemas", pois, "crianças não têm dilemas, têm mente livre e capacidade imaginativa... E meu tempo é curto".
O apelo do consumo, do poder de compra sempre existiu, problema é que, agora, as crianças pedem e recebem, porque nós sentimos culpa pela falta de tempo e muitos de nós compensa dessa maneira: pagando e dando tudo, para agradar as crias e pagam para não "ter problema", criando e enraizando um...
Nosss reflexão, gente, tem que ser mais ampla do que o medo do uso de tecnologias e internet, tem que ser mais ampla do que o poder e a força do consumismo. Nossas conversas precisam ser sobre como cada um de nós é, para que a gente se veja representado pelo todo que tá aí, os problemas que estão aí. Em vez disso, estamos espalhando medo, nos tornando reféns desse clima de pânico e nos encolhendo, como se não contribuíssemos para isso.
Não adianta a gente brigar com o mundo, o movimento é muito mais simples, porém muito mais desafiador: quem sou eu em meio a esse caos e onde me vejo responsável por isso? Como estar próximo do meu filho e estabelecer a confiança? Como acompanhar a vida virtual desses jovens, que, cada vez mais jovens acessam sem barreiras, sem senso de descoberta, apenas como algo quase que natural, esse mundo virtual que, para muitos de nós foi descoberta...?
São muitas perguntas que precisamos fazer, para obtermos a resposta certa! Está muito além de qual idade certa para ganhar celular ou negar a importância dessas plataformas virtuais. Precisamos descobrir como se pode ter o uso consciente. Sim, muitas "facilidades" vieram no combo mundo moderno e sim, toda causa tem efeito. Então, em vez de pânico e terror, como a gente pode lidar com isso sem negar? Afinal de contas, nós mesmos somos usuários e vivemos nesssa nova realidade e somos a referência para os mais jovens.
Minha preocupação vai também para essa necessidade de fakenews, de notícias de terror - que, sim, são reais e inacreditáveis, muitas vezes, mas são reais, infelizmente. Por que se perde tanto tempo espalhando essas notícias, propagando esse medo, e pouco se fala em ressignificar... Pouco se fala em: onde está o nó ou ponto central? Ou, como posso fazer para que meu filho confie em mim? Entender e aceitar que precisamos de uma ajuda profissional, fazer terapia e levar nossos filhos para fazer, afinal, somos todos pequenos e crescer requer esforço e muito autoconhecimento - isso independe de crenças religiosas, é possível amar a Deus e se conhecer num consultório...
Volto a falar e finalizo meu pensamento sem finalizar, porque não fecha ou para aqui: como ser, eu, uma boa referência para meu filho?
Sejamos mais reais do que o medo! E, sim, sei que não é fácil! Sim, vivo esse medo, vivo essa realidade, vivo toda essa angústia. Mas, sim, me esforço para ser referência, assumindo que também falho e erro e me vejo responsável nesse todo aí, mas, ao me reconhecer estou sendo honesta, assumindo que o adulto não tem todas as respostas, mas que sou capaz de me ver e deixo claro: estamos crescendo juntos, meu filho e vamos saber lidar com algumas coisas para saber como mudar nossa realidade! E creiam, não é fácil, porque ja existe um arquétipo de caos se firmando e a batalha é duríssima!
Fortaleçamos em nós, cada um em si, o valor de se reconhecer, se assumir, sendo honestos consigo e com nossos jovens, pois isso não é fraqueza! Eles podem confiar, porque vamos aprender a lidar com isso para saber bem orientar. O que não tem mais espaço é para tanta teoria com base em velhas formas... Elas já não existem como referência para a atualidade, apenas em nossa mente.
Vamos para frente! Sejamos a boa referência! E tenhamos consciência de que, mesmo assim, isso não é tudo, nem rápido e sem a ingenuidade de que o mal não existe. Ele existe, se adequa a qualquer realidade. Hoje, apenas temos mais acesso à informações... O mal sempre existiu e cresce na proporção que aumentamos o volume e quantidade de gente no planeta... Observemos o todo, vendo cada parte e entendendo os choques mais radicais de geração. Que a ciência olhe isso de frente e se abra para novos caminhos, porque de nada adianta referendar num passado que nada diz ao novo padrão...
Os desafios do mundo moderno vão além do mundo virtual... Estão em nossa fragilidade e vulnerabilidade pela falta de confiança, respeito e responsabilidade. Não que as gerações anteriores tenham feito algo melhor em relação a isso... Não, não fizeram! O caos não vem de agora, é uma consequência de uma história mal escrita. Agora, transbordou o lixo acumulado durante milênios.
Vamos falar! Vamos conversar! Vamos olhar de frente e abrir nossos corações! Vamos ser o movimento que nossos filhos precisam e merecem! Sejamos a paz que queremos que exista!
Saudações maternais,
Pat Lins
#patlins
Abaixo, link da Folha de São Paulo que, se interessar, leis:
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/03/folha-busca-momo-por-dois-dias-no-youtube-kids-mas-figura-nao-aparece.shtml