quarta-feira, 29 de junho de 2011

INTERAGINDO COM O MUNDO DAS LETRAS


Peu, mais ou menos com 1 ano e pouco, nem falava tudo muito claro, mas, já conhecia o alfabeto todo, incluindo K, W e Y. Já citei, em alguns posts, um certo "preconceito", quando um casal de paulistas me perguntou, à época, se ele era baiano; se eu e meu marido éramos baianos... e exclamaram, diante de Peu tentando ler, com 1 ano e 5 meses, uma placa em frente ao restaurante onde estávamos: "eles são baianos? Inteligentes!" Foram tão espontâneos que nem tivemos como responder... Engraçado foi com dois anos, quando a avó bordou um livro lindo, de pano, com todas as letras e figuras que começavam com elas. Pois, ela havia deixado de colocar o K, W e Y e ele foi em cima: "cadê K, 'babiu' e 'ispion'?"

Não vou mentir que aquilo me assustava... Não o fato dele ter uma curiosidade aguçada, mas, pela exposição e a possível cobrança e expectativa em cima dele. Cada criança desenvolve uma parte da inteligência. Em compensação ele não tinha paciência para sentar e desenhar, só riscava; sabia quais eram as formas, mas, não queria desenhá-las, nem pintava dentro dos contornos... Ou seja, ele é um ser humano como outro qualquer: desenvolve umas coisas mais rápido e outras a desenvolver... Para mim, isso é natural. Ele tem uma sensibilidade aguçadíssima, parece um radarzinho ultrassônico - risos. Muito interessante como ele percebe as expressões das pessoas.

Enfim, quando entrou na escola - ano passado, com três anos -, ele se viu diante de muitas novidades e esqueceu de ligar as letrinhas, apenas as identificava, além dos números de 1 a 15. Parou por aí e não o estimulei a voltar. Como procuro fazer, sempre, respeitei o tempo dele, sem forçar nada. Também, não deixava de apresentá-lo as letras através das leituras de nossos livros. 

Era como se o mundo das letras fosse familiar e ele fica muito à vontade com elas. Este ano, com 4, ele voltou a querer ler. E parece que está com pressa - risos. Já não basta querer que eu apresente um zilhão de palavras para ele, e pergunta: "mãe, com que letra começa torneira? E vaso sanitário? E pia? E chão? E teto? E sandália?..." E por aí vai, o que ele vê, quer saber com que letra começa. Bom, o detalhe é que ele nunca se contenta com uma resposta dada... Sempre foi questionador e esta ainda mais... Haja paciência - mesmo sendo bonitinho, o excesso me cansa... risos. Sabe a fase do "por quê?", a dele foi antes de 2 anos e, logo depois, vinha um "e se...?". Só responder "porque..." para ele não dizia nada. E isso cresce junto: "mãe, e se sandália começasse com a letra de torneira?" Eu trocava as letras e dizia como seria. Uma prima me disse: "Por que você não deixa ele fazer a troca sozinho?" nem havia me tocado de que ele precisava de mais... não só das minhas respostas, mas, que ele fosse instigado. Pois, lancei de volta. Ele me pergunta: "mãe, se Pedro começasse com O seria como?" Eu devolvi e ele me disse: "OPedro" - kkkkkkkkkk foi muito engraçado! E, daí, ele desenvolve. 

Minha preocupação é que, como toda mãe, mesmo que tente manter o respeito ao tempo dele, eu "queria" que ele fizesse o que os coleguinhas fazem - e todos são muito espertos, na sala dele, também - como sentar e desenhar, treinando a coordenação motora. Eu "queria" que ele seguisse os outros, porque, para mim, ele não fazendo essa parte, ele estaria "para traz"... Me vi, hipocritamente, forçando a barra. Enquanto as mães mostravam orgulhosas as retas, os quadrados... os desenhos dos seus filhos, o meu fazia uns riscos... Muita bobagem de minha parte. A pró disse que ele já estava começando a sentar para escrever e já pedia o lápis... Aquilo me animou. Às vésperas de entrar de recesso junino, ele me pediu um quadro branco com piloto para escrever. Comprei um na hora - ele é pequeno, 25 X 35 cm - e ele amou! Tanto que a oralidade serviu de base para a escrita. Como já identificava seu nome, começou a pedir que escrevêssemos para ele copiar. E já escreve sozinho. Em dois dias ele, que não queria fazer um A, já escrevia PEDRO, lógico, sem controle dos tamanhos e algumas letras espelhadas. Vi que o melhor é deixar a criança seguir o próprio ritmo, mesmo, sem deixar de apresentar as novidades e estimular no que eles pedem e no que eles precisam, também. 


Detalhe que essa entrega o fez querer fazer coisas que ele não se interessava, como montar quebra-cabeça e montar os blocos. Normalmente, ele pegava os blocos, montava qualquer coisa e saia para correr ou brincar com algo que desse vazão a sua energia física. Aproveitei, comprei outro joguinho educativo, onde temos uma gravura com o nome correspondente embaixo e um mini tabuleiro, para que ele forme a palavra. Pois, está amando! E eu, também! Amando duplamente: por ele parar para se concentrar e por estar envolvido no mundo das letras, ávido para querer ler sozinho. É lindo como ele "viaja" nas historinhas. Ele interpreta, com direito a mudar a voz e tudo mais. Até a lembrancinha da amiguinha ele fez questão de escrever seu nome:


O mais importante de tudo isso é o quanto eu tenho aprendido com ele. O quanto percebo como nossa relação é importante e o quanto ele confia em mim. Essas coisas seguem para sempre. Lembra que sempre falo que a educação de Peu é a longo prazo? É isso, a gente "ensina" hoje, para ele apreender amanhã. Um exemplo clássico é como ele reproduz como ajo com ele e o que falo para ele, como não encher o copo, evitando derramar... Ele, em casa, reclama e pede o copo cheio. Na "rua", ele pede: "tia, por favor, você pode me dar um copo com água? Mas, não encha, não, viu, coloque aqui, ó - e marca o meio do copo - para não derramar, viu?". Se alguém quer avaliar como e quem é o seu filho, deixe-o em outros ambientes e observe. Mas, não tem só o lado bom, na escola, ele aprende muito, mas, estava batendo nos coleguinhas... Ou seja, ainda tem algo nele que o incomoda e ele não sabe como lidar... E esse é mais um trabalho juntos que estamos fazendo: eu, a escola, agora a psicóloga e o pai - ah, e Peu, lógico!

Tempo, tempo, tempo! Tudo ao seu tempo, no tempo certo.

E "tempo" começa com que letra? E se cmeçasse com L? "Lento!" E se começasse com "Rápido"? Acelerado demais! Tempo começa no tempo certo e segue no tempo certo, sempre! 

Ensinar não é só escrever num quadro branco, é trocar e aprender a cada nova lição. O mundo das letras é mais do que saber o alfabeto e ligar cada letrinha para formar palavras: trata-se de um mundo vasto com outros mundos a explorar. É interpretar, questionar, pesquisar, desenvolver... criar e recriar! É arte! Na prática, ser mãe é aprender mais e ensinar mais, ainda! Vamos ler o melhor da vida, ao lado dos nossos pequenos, porque essa troca é mais do que mágica, ela é REAL! Realmente, linda!

Saudações maternais,

Pat Lins.

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