sábado, 10 de dezembro de 2011

"FILHO É PARA QUEM PODE" - por Mônica Montone

Vi esse fragmento no facebook, através de um amigo e achei interessante partilhar. Não partilho o radicalismo, nem me parece ser a proposta do texto. Achei de uma honestidade elementar e concordo com o ponto de vista da autora em vários sentidos, inclusive o de lembrar a responsabilidade de ser mãe. Não basta colocar no mundo, tem que saber que se trata de cuidar, educar, dar uma boa formação de caráter - para tanto, há de se ter essa boa formação... - e enfim, não colocar para fora um "pedaço" de gente que achamos ser um pedaço da gente para tapar um buraco que não soubemos qual peça colocar. Filho não é uma peça coringa que se encaixa onde não encontramos a parte certa. Ver uma pessoa assumir isso, que não tem perfil para ser mãe pode assustar muita gente, mas, para mim foi lindo. Não acho que toda mulher tenha que carregar essa incumbência e essa onda de obrigação na perpetuação da espécie, para mim, é muito simplório e cai e novo na questão dos buracos e pouco avançaremos se ali nos mantivermos. Se a mulher não tem perfil "mãe", não seja. Assuma-se honestamente e não carregue culpa, porque não há do que ser culpada. O perfil honestidade e consciência, para mim, permeiam e deveríam ser a base de qualquer construção em nossas vidas. 

Tenho andado com a cabeça envolvida nessa nova fase de minha vida - que estou podendo viver na prática tudo que venho partilhando aqui e em meu outro blog, nesses últimos anos e tem sido recompensador, pena que não consigo organizar meu tempo mental para parar e escrever. Estou cheia de idéias e anotando cada uma delas para que nasçam no momento propício e maduras. Eu, como mãe na prática, tenho me permitido enxergar isso - o que espanta muitas pessoas, mas, fazer o quê... - de que eu sou mãe de um indivíduo, não de uma rolha para tapar meus buracos. Em vez de suprir minhas carências naturais e inerentes a qualquer ser humano - cada um tem lá as suas - com meu filho, trilho meu caminho em paralelo ao dele. O meu, deixo bem claro para ele com minhas ações, é o meu, o dele, é o dele, mas, comigo no comando do que penso ser um norte. A base da educação que dou a Peu, vejo ao receber de volta em suas ações e isso muito me alegra. Lógico que falta muito, porque nem tudo vem pronto, aliás, nada vem pronto. Muito trilhamos. Muito nos esforçamos e continuamos. Tem gente que acha que conseguir é dizer que conseguiu e acreditar no que diz, apenas... Para mim, o esforço é diário e constante, e chegar lá é chegar lá todo dia e ver que sempre temos que ir, estar e chegar em algum "lá". Não basta chegar, temos que continuar, manter e superar muito mais e muito mais "lás".

Enfim, ser mãe, não é só para quem quer, é para quem "pode", ser mais do que apenas um ser carente que quer cumprir a missão de dar continuidade a espécie. Fica a pergunta: QUE ESPÉCIE QUEREMOS PERPETUAR, MESMO? Bom, uma observação importante: nada de radicalismo! É para reflexão, é para ler, não punir, condenar, julgar ou interpretar como se queira. A gente tem mania de pensar que educação boa é aquela na escola mais cara do País - ou de outro País; que poder ter filho é ter como pagar um plano de saúde bom, comprar roupa da moda, levar para comer em lugares caros e proporcionar um futuro brilhante com pós graduação em Harvard. E Valores em nós? E entender que filho não é um pedaço da gente, é gerado na gente um pedacinho de gente que vai crescer e ser um ser... Enfim, só um trecho para reflexão e ver se conseguimos romper com esse ciclo de que toda mulher pode ser mãe, desde que saiba dar banho e comida...



Na prática, ser mãe é ser uma mulher que sabe que pode gerar um novo ser não como realização pessoal de satisfação social, mas, uma pessoa capaz de amar e dedicar sua vida na criação de outro ser através de seu ventre e de seus exemplos. Ser mãe não transforma a mulher em uma pessoa melhor, só porque pariu, amamentou, trocou fralda ou optou por uma alimentação saudável... ser mãe é ser uma mulher, que é gente, que tem suas qualidades, defeitos, buscas e missões de vida. Ser mãe é uma missão muito especial e deveríamos compreender isso sempre. Ser mãe não muda quando os filhos crescem, seremos sempre. E, cá entre nós, nos falta essa honestidade para conosco de ser humano e nossa busca pessoal. Ser mãe às vezes vem como um escudo para alegramos não termos tempo de crescer porque estamos criando e vendo crescer um outro ser que poderá ser aquilo que não fomos... Já começa errado. Nós é que devemos ser quem queremos ser, não um filho. O filho deve ser o que ele quiser ser: um ser. QUEM SOU? É por aí que devemos começar, não: quem não fui, para meu filho ser? Sejamos quem somos, não quem nossos pais queriam que fôssemos. E, isso não tem a ver com algum movimento feminsita ou de qualquer outro teor de fuga que se ataca uma condição para afirmar a própria... O que vi no texto é apenas uma mulher expondo seu ponto de vista. Porque, existe esse outro lado, também. O que levanto a bandeira aqui é com relação à honestidade de si para consigo, para não jogar nas costas de um filho o fardo de ser a salvação da minha frustração. Isso não me impediu de querer ter meu filho, viver as dificuldades de adaptação, porque eu sabia que queria ter e pronto. Posso ter usado vários argumentos falidos para justificar a mudança que teria em minha vida e vivo em ajuste constante. Mãe é isso. Amo ser mãe e quero ser de novo. Mas, se não der, não vou sofrer, nem me martirizar. Devemos saber o que queremos e assumirmos isso para a gente mesmo. Tem gente que usa o argumento de não ser mãe por medo e frustração pessoal e alega todo tipo de coisa. Melhor assim, do que ter e fazer parte desse baralhão de mães vazias que colocam crianças escudos no mundo e se chocam aos ver as crianças-bombas dos países tidos como radicais - como se não fôssemos radicais, também... principalmente na falta de ideal. Por isso que clamo: não ao radicalismo. Sim a reflexão. Pontos de vista são hipóteses pessoais. Até que expõe pode - ou não - mudar, um dia. Tudo é válido para reflexão!

Saudações maternais,

Pat Lins.

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