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domingo, 3 de março de 2013

AVANÇO TECNOLÓGICO - CADA ÉPOCA COM SUA (R)EVOLUÇÃO

Imagem: Adoção da tecnologia no ensino alcança resultados  cada vez melhores -  Informationweek


Assistindo ao Fantástico, deste domingo - 03 de março de 2013 - sobre: "Investir em tecnologia melhora o ensino?", me vi pensando: toda época tem seu avanço tecnológico, desde sempre! Foi na necessidade de se cobrir o corpo, para proteção contra o frio que a roupa foi inventada; seja na invenção da roda, para facilitar o levar algo... enfim, cada época, grupos de precursores - de uns tempos para cá, chamados pela ciência de "gênios" ou, em casos de máquinas e afins: protótipos - acaba nadando contra a correnteza da acomodação e vai além, vendo além do óbvio instalado pela rotina - nada contra a rotina, ela é tão importante quanto rompê-la diante da necessidade da evolução, sendo esta "evolução" mesmo ou não...

Pois é, hoje, usar ou não tecnologia na escola; substituir ou não provas e questionamentos que teorizam o óbvio e gravitam muito mais na limitação dos pensamentos do que na órbita do "vamos saber o que temos hoje e ir além" por jogos que estimulem o raciocínio... o que ensinar? O que é importante aprender? Houve época em que registrar, apenas oralmente e de geração para geração. Quantas culturas se perderam por não haver um registro? O medo, com a revolução da descoberta do papiro, de se perder o controle, o medo de perder o poder. Lógico que nem tudo é para todo mundo, que nem todos têm a capacidade de lidar com a responsabilidade de certos conhecimentos... mas, será que os que detêm esse conhecimento e alimentam esse sigilo também têm essa consciência da responsabilidade ou não passa do medo comprometedor do poder que detêm? 

Bom, vou me ater à matéria super bacana do Fantástico. E volto a lembrar: o que hoje é polêmica, amanhã será a realidade... já não em papiro, mas num ambiente virtual e quase infinito.

Cada época com a sua (r)evolução tecnológica. Um dia, quem sabe, superaremos essa limitação e até o físico transcenderá? Eu acredito que um dia, breve, nos comunicaremos por telepatia... Até lá, abaixo o orgulho, a vaidade, e outros sentimentozinhos impeditivos...

Façamos nosso melhor hoje! Aqui e agora tudo pode mudar! O amanhã é o hoje que inevitavelmente chega! Medo de quê? Vamos tentar o que é válido. Vai me dizer que toda linha de educação, quando fora criada, não teve lá suas especulações e negativismos como barreira? Vygotsky, Piaget e tantos outros, foram aceitos com facilidade? Até hoje ainda encontram resistência. E quem resiste está errado? Quem os segue, está certo? Vai saber! O importante é tentar. Há público para tudo. Para essa geração atual, de crianças que nascem intuitivamente tecnológicas, essa educação formal vai dar conta? Tudo é questionável. Tudo é questionamento. Tem como frear o avanço? Como resistir ao que não depende de atos individuais? E aí, é parar ou seguir? No mínimo experimentar.

E aí, investir em tecnologia melhora o ensino? Melhora o aprendizado? Isoladamente, eu penso que não, mas num contexto preparado, creio que sim. É identificar a necessidade do público alvo... qual a linguagem dessa turminha que está aí?

Ah, educação para mim vai além da escolar e acadêmica... 

Pat Lins.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

"EDUCAR É, ANTES DE TUDO, CONSCIENTIZAR" - Por Morgana Gazel




Isto significa que conscientizar se insere em todo o processo educativo. Vejamos. Proponho que educar é envidar ações que levem o educando a tomar conhecimento e fazer uso das condutas necessárias a seu desenvolvimento físico; a reconhecer seus padrões construtivos e destrutivos e a lidar com eles de modo adequado; a distinguir seu papel nas relações interpessoais; a se tornar ciente de seus direitos e deveres no âmbito social; a perceber que o aprendizado intelectual é um instrumento imprescindível à aquisição da liberdade de pensar e da capacidade de fazer escolhas adequadas; por último, a se dedicar a este aprendizado.
Esta concepção de educar é apenas um detalhamento baseado numa definição do Aurélio, que diz: Educação é o processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social.
Se atentarmos cuidadosamente no que proponho como objetivos das ações educativas, veremos que a família tem um papel preponderante na consecução deles. Somente os dois últimos exigem a participação da escola, embora ela deva contribuir para que os demais sejam igualmente alcançados.
Ora, os pais, em sua maioria, não têm condições de cumprir todos os requisitos referentes a seu papel de educadores, pois não foram suficientemente educados. Se o filho bate em outra criança, eles se mostram compreensivos, caso contrário ficam furiosos. À noite, horário em que geralmente os membros da família têm oportunidade de interagir, uns se ocupam assistindo à TV, outros no computador. E assim segue a vida.
Se a criança chega à escola com pouca ou nenhuma educação doméstica, terá grande dificuldade de se adaptar ao novo ambiente, principalmente porque grande parte dos professores não está preparada para lidar com aluno difícil. É bom lembrar que os docentes podem também ter tido uma família incapaz de exercer satisfatoriamente o dever de educar. A coisa toda se complica ainda mais, quando um deles toma uma medida, às vezes correta, com a finalidade de corrigir uma conduta deseducada, e os pais do aluno em questão revoltam-se e o agridem. O prejuízo do professor será apenas o mal-estar, o do aluno será provavelmente jamais se tornar um verdadeiro cidadão.
Os efeitos das falhas no processo educativo alastram-se em toda a sociedade, vai até nossos governantes; muitos deles certamente vieram de lares e escolas que falharam neste aspecto. Como consequência, chafurdam no exercício da não cidadania e, portanto, não têm nenhum interesse em mudar tal situação.
Que fazer então diante desta realidade? Você deve estar perguntando-se, caso tenha tido a sorte de ser educado adequadamente. Difícil responder. Mas tenho sido assaltada por um sonho louco, no qual todos os verdadeiros cidadãos contribuem de alguma forma para educar pelo menos uma pessoa fora de sua família. No futuro deste sonho, nossos bisnetos são os pais, e o mundo é um lugar bem melhor de se viver.


NOTA: Artigo publicado no jornal A Tarde. Salvador – Quinta-feira, 19/7/2012. Imobiliário, página 6.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

"CADÊ MEU CHUCHUUUUU? MÃÃÃÃEEEEE?"


Hoje, mais um dia comum e, nem por isso, precisa deixar de ter algo especial. Dias comuns também têm suas surpresas boas.

Peu, chegando da escola, como sempre, entra gritando: "Cadê meu chuchuuu? Maããeee?" e eu, respondo: "Aqui, meu amor!". Desde que o pai vai pegá-lo na escola, eu tenho o prazer de recebê-lo com os braços abertos. Engraçado que levar o filho para a escola, pegar, levar ao judô, levar à natação, levar ali e aculá entra na rotina que a gente nem sente que faz algo especial todo dia. Esse dias, uma babá aqui do prédio me disse: "a senhora faz tudo dentro de casa, né? Trabalha e cuida dele sem ajuda, né?" - o sem ajuda que ela se referia era sem babá, porque sem ajuda eu não iria a lugar algum... sempre tive o apoio da minha mãe, da minha irmã e de minhas tias, que aguentam a onda de cuidar de Peu, às vezes. Eu nem me tocava de que fazia tanta cosia e que isso era reparado pela vizinhança... Ela não falou em tom de fofoca, apenas um comentário como quem diz: "sorte a do seu filho, por ter uma mãe assim". Não pelo fato d´eu fazer tudo e estar sempre ao lado dele, mas, por ser e agir como eu ajo com ele, chamando sua atenção diante de uma atitude inadequada e desrespeitosa com algum amiguinho e sempre carinhosa. Em meio a tantos afazeres e rotina, raramente percebia que o "não pegá-lo na escola" e ter esse help do meu marido - que agora trabalha em casa - me fez ver, hoje, no meio de mais um dia comum, o quanto temos um carinho enorme um pelo outro e o quanto sou importante para ele, apenas, por ser a mãe dele. Quando ele corre e diz: "cadê meu chuchuuuu? Mããããeeee?" eu sou tomada por uma onda de sensação boa, sabe? Sabe quando a gente sente que algo bom vai acontecer e o estômago dá aquela esfriada e somos envoltos numa luz branca e suave e até somos capazes de ouvir uma musiquinha e sentir uma aroma de flores do campo? É, exatamente como uma cena de filme... Pois é, é um êxtase disso tudo que sinto, apenas por receber aquele abraço caloroso e aquele beijo amoroso do meu "chuchu"! Tudo isso, em dias comuns, sem festas, sem barganha, sem permuta... apenas, AMOR!

Eu só via o trabalho e o cansaço. Eu só vivia me queixando "Peu me dá um trabalho enorme... o menino não para um segundo. Mexe em tudo e tudo quer saber. Nunca se conteve com 'por quê', tinha que ter um 'e se...'..." e nessa onda de desgaste a gente vivia. Para mim era mais fácil condenar a família do meu marido, por todos serem inquietos e teimosos, capazes de ouvir apenas o que eles falam, do que entender que Peu puxou uma coisa boa que eles têm: essa energia inquieta e teimosa. Com muito trabalho e afinco, sabendo de como são os adultos com o DNA da agitação da família, estabeleço o direcionamento de como educá-lo, entendendo, por fim, que não temos como brigar com a natureza do ser, mas, podemos dar uma boa formação moral e de valores realmente na prática. Era mais fácil para mim querer que ele fosse uma criança hiperativa - no sentido da patologia - do que entender que ele é apenas uma criança hiiipppeeerrrr meeeggaaaaa ativa. Impossível não cansar perto dele. Eu já vi várias pessoas olhando ele ao mesmo tempo e todos cansavam em poucos minutos. Uma vez minha irmã me disse brincando e eu quero que seja verdade - risos: "Minha irmã, você vai para o céu, viu? Aguentar essa coisa linda da titia né brincadeira, não...". Quando o levei para fazer os exames "de cabeça" e o resultado deu negativo, fiquei aliviada por um lado e aflita por outro: "Meu Deus, e agora? Me dá energia e força para saber educar esse menino!". Bom, como dizem, "cuidado com o que pedes, podes receber" eu recebo essa força todo dia e nem em dava conta. 

Educar Peu, como educar qualquer filho, requer mais do que levar a escola, buscar na escola, levar a atividade física... é entrar no mundo dele. Depois que Jo - a mãe do Gustavo Medeiros - ah, leiam o depoimento dele em "EXISTE (SIM) VIDA ALÉM DO AUTISMO" - relata "e consegui entrar de alguma forma em seu mundo e junto com ele emergir. Claro que sem ajuda seria impossivel..." mais outra ficha minha caiu: entrar no mundo do filho, seja uma criança neurotípica ou "especial", é fazer o que a Noemia Nocera me alertou, como sugestão de tema para um post, aqui no blog, sobre como educar um filho, dar limite e, ainda assim, respeitar o ser. Entrar no mundo da criança é entender que criança é criança e pais são pais. Temos uma responsabilidade imensa para com eles, entretanto, eles são mais do que apenas páginas em branco... Juntos, uma família compõe uma orquestra e, como toda orquestra, para alcançar uma boa sinfonia, sintonia e uma boa maestria. Ensaios são nosso dia a dia. As grandes apresentações são as provas da vida. O maestro dá o rumo, porque, do alto de sua experiência consegue escutar, sentir e com conhecimentos certos - não apenas teorias e teorias na teoria - aplicar a melhor solução. De retorno, um belo som: a harmonia das notas e dos diversos instrumentos diferentes e juntos, ao mesmo tempo. O mundo de Peu é cheio de arte - literalmente. Ele gosta de livros, de fantoches, de vozes artísticas, de imitações, de colas, de tintas, de papéis, de cores, de formas, de letras em formação... e mergulhar nesse mundo é preciso me premitir ser mais livre dessa normose, sem deixar de ser responsável; é ser mais autêntica, sem deixar de dar limite... é ser a mãe de uma criança chamada Pedro Henrique, eu me dá a honra de me reencontrar para ensiná-lo a ser quem ele é!

Minha sogra, em meio a uma conversa recente, me disse: "eu lia tanti para dar uma boa educação aos meus filhos e, hoje, vejo que errei tanto...". Mais uma ficha caiu. Sempre escrevo aqui sobre o fato de que pai e mãe sempre vão errar e acertar com os filhos, afinal, só podemos dar aquilo que temos, né verdade? Pois, naquele momento me vieram duas coisas a mente: o fato e a certeza de que todo  pai e mãe acaba cometendo erros mesmo; e o fato de que muitos erros vêm da gente mesmo não ser capaz de fazer um pouco mais por nós mesmos, na prática, e, assim, ter mais dentro de nós para ser mais, natural e honestamente aos nossos filhos. Não a estou julgando. Pela primeira vez na vida, a vi desarmada de si, mas, mesmo assim, confusa. E vejo que muitas de nós acaba errando por essa confusão de não saber viver na prática aquilo que tanto conhecemos e sabemos, mas, na hora de viver, faz como nos fora ensinado pelo engessamento social. Sem querer, falei para ela: "é, minha amiga, na prática a teoria é outra... afinal, nem tudo depende da gente!" e é verdade. Nossos filhos são como nós, quando éramos apenas filhos, seres humanos em formação. E, me diga, como educar esse pequeno ser, dando limite e respeitando o ser? Bom, não vou responder o que penso sobre esse assunto agora, porque eu minha grande amiga Noemia Nocera, vamos escrever juntas... ela, não apenas como psicóloga e escritora, mas, como mãe de três filhos, avó e uma pessoa que já superou muito e entendeu, em sua vida, antes de tudo, o quanto era importante educar, dar limite e respeitar cada ser - cada filho. Eu, falarei do meu dilema de tentar entender isso na prática da minha vida.

Pois bem, ter um filho dá um sentido enorme a minha vida! Não que o filho nasça com essa responsabilidade, isso além de injusto é desumano com a criança. Os pais que fazem isso - todos nós fazemos, em alguma proporção... - e em vez de nos refazermos como pessoas, tapamos os buracos e vamos ser "pais e mães" para dar ao que vem a chance de ser aquilo que não fomos... O sentido que, hoje, vejo que meu filho dá em minha vida é ver que é possível entender que só se é sendo e só podemos ser e dar uma boa base aos nossos filhos, sendo pessoas capazes de reconhecer nossas próprias limitações, adimití-las e entender que devemos cuidar delas. Ninguém vá saindo por aí e querendo ter filho para "ter sentido na vida", não, pelo amor de Deus! Eu quero dizer que Peu dá um sentido enorme em minha vida, no sentido de ver que todo meus esforço como pessoa e como mãe chegam até ele e como ele responde. Apesar de toda a agitação natural dele, ao entrar no mundo dele - o mundo de uma criança - entendi o que ele gosta e nos entendemos mais. Ele me fez exercitar na prática o que quer dizer respeito e compreensão e como o amor precisa dessa base para se estabelecer e se firmar. O AMOR, o de verdade, não o sentimento de posse que temos e chamamos de amor... Muita gente coloca filho no mundo, não muda como pessoa e ainda educa o filho aos seus padrões despadronados e moldados pela falsa moral e falsos bons costumes da nossa sociedade falsa e superficial. 

Pedro continua cheio de energia e curioso que só. Tem seus defeitos, que, ao identificá-los e ver que meu filho é como é e tem seus "instintos ruins", como todo ser humano, posso ajudá-lo a ser diferente. Não é porque é criança que vamos acreditar que toda criança é um anjo... Anjo é anjo e não é humano... Criança é criança e é um pequeno ser humano. Ver o quanto Pedro cesce como pessoa, e ainda tem muito o que crescer, me dá o gás para estar ao lado dele. Como mãe coruja; como mãe leoa; como mãe macaca; como uma mãe onça; como uma mãe jumenta... como uma pessoa que é mãe. Tem uma lição que ele sempre me ensinou: ele sempre vê uma possibilidade. Para ele, as possibilidades são infinitas e inesgotáveis. Bom, como uma boa criança ativa e bem ativa, algumas muitas vezes isso me desgasta, porque, na verdade, ele não tem consciência de suas ações em um nível de capacidade de entendimento real... Ele entende que o que ele faz tem uma consequência, mas, numa dimensão infantil, pois, é criança.

Lembra que frisei mais acima de que sem ajuda ninguém sobrevive? Pois é, para cudiar de Peu eu tenho a ajuda da escola - que leva a sério e com muito valor humano, ético e profissional - a boa formação do indivíduo; da psicóloga, Suely Lôbo - uma figura ímpar e que me ajuda muito a lidar, entender Peu; de minha mãe, com o que ela fez comigo e meus irmãos e, mesmo assim, entende que educar um filho de hoje em dia é mais "complicado", mas, mesmo assim, me lembra que "mãe é mãe e todo filho deve entender isso"; de algumas mães que olho e digo: "meu Deus, eu também sou assim... Eu também faço isso... Tenho que mudar isso em mim!" - afinal, a gente aprende com aquilo que a gente quer ser e, também, com aquilo que a gente não quer mais ser. E, tenho a minha ajuda, porque se eu desistir, tudo para! Ver o quanto Pedro melhora em seu comportamento, como uma mínima mudança em seu comportamente é notório, me sinto recompensada. Sim, eu espero essa recompensa de ver que me dediquei em ser o meu melhor - mesmo sabendo que nunca serei perfeita como pessoa, muito menos como mãe - e essa verdade, através da minha vontade, do meu esforço e da minha busca de elevar a consicência, chega até ele, que, em formação, entende que ele é capaz de ser muito mais e melhor, não do que o outro, mas, o melhor que há em si!

E é por isso que hoje, uma dia comum, um dia em meio ao dia a dia, é especial, porque, hoje, muitas fichas caíram para essa mãe que, na prática, vive seus embates pessoais, seus dilemas e, nem por isso, deixo de ser uma pessoa em busca e essa busca é mais importante para mim do que o negar a realidade e viver um mundo de fantasia. Mundo de fantasia, somente, os das brincadeiras e historinhas minhas com Peu. Finalmente, pude ver que sou mais "mãe animada e brincalhona" do que "mãe chata". Isso tudo com limites estabelecidos.

Meu chuchuuuu, estou aqui! Sempre!

Saudações maternais,

Pat Lins.

quarta-feira, 14 de março de 2012

QUERIA SER A MÃE "PERFEITA", MAS SE EU FOSSE, NÃO EXISTIRIA...

Tem dias que me sinto um fracasso como mãe... Por mim, Pedro seria uma criança perfeita e se ele não é, a culpa é minha... Mas, veja, se isso lá é maneira de pensar?

Olha, entender que um filho é como é e tentar saber lidar com isso é cansativo, mas, desistir nunca! 

Ele é uma criança maravilhosa, inteligentíssimo. Este, entretanto é o meu maior problema: a inteligência dele. Educar Peu requer uma firmeza que, mesmo para uma pessoa de natureza autoritária como a minha, é puxado! Eu tenho que me desdobrar e ser mais criativa do que ele. Uma coisa que aprendi é que não adianta ser dura, tenho que ser firme, mas, lidar com o lúdico para atingí-lo com eficiência. Ele se diverte com as histórias que criamos juntos. E os personagens que sempre são características nossas? Vejo quanta riqueza ele tem dentro de si. Em meio às histórias, consigo mensurar e ter um feedback do que ele apreende em nossa relação. Mesmo assim, não entendo o comportamento dele na escola e diante de algo que sai do controle dele. Fica irritado e agressivo. Ele não adimite estar errado. Daí, me dizia que não queria escrever o nome porque ficava feio. Expliquei que não é feio, é a letra de quem está aprendendo. Como a professora e a psicóloga me explicaram, devo deixá-lo escrever do jeito dele. E está melhorando. A gente pensa que ajudar um filho é fazer por ele... que nada, ajudar um filho é estimulá-lo a superar suas limitações. 

Aos poucos, ele está entendendo que um comportamento agressivo afasta as pessoas que amamos e que nos amam, porque ninguém quer ser atacado o tempo inteiro. 

Essa noite, ele dormiu sem o travesseiro dele de estimação - não o larga para quase nada... - e eu disse que o travesseiro estava triste com o comportamento dele na escola e foi ver a mãe, dizendo que só voltaria se ele melhorasse o comportamento. Meu Deus! Pedro chorou, com tanto sentimento. Me mantive firme. O pai quase cedeu. Eu pedi que me deixasse tentar e o pai concordou. Até escrever bilhete para o travesseiro voltar ele quis. Para quem estava com preguiça de escrever... Não foi fácil ver o sofrimento e dor em suas lágrimas, mas, se a gente se deixar levar por essas emoções passageiras, não alcançamos um nível de pensamento mais forte que é ver meu filho se encontrar e saber lidar com as perdas por conta do seu comportamento. Certa ou errada nunca saberei... Entre mãe e filho não há como ter essa fórmula de sucesso, tipo "não há bônus, sem ônus". Minha mãe nunca teria feito isso conosco... Outra mãe, também não faria. Outra faria. Só vivendo nossa realidade é que podemos saber o que deve ou não ser feito. 

Engraçado foi ele me dizer: "mãe, pensei numa coisa: travesseiro não tem dinheiro..." e eu, fingindo não entender, perguntei: "para quê dinheiro, filho?" e ele, na bucha: "ele não tem como comprar o 'ingresso' do avião... como ele foi para a casa da mãe dele?". Aha! Mãe tem que estar pronta para tudo, né? Eu respondi: "e quem disse que ele foi de avião para a casa da mãe? No país dos travesseiros é diferente". Ele se deixou levar e viajou: "país, não, no MUNDO dos travesseiro. Eles moram em outro planeta e vêm para cá para cuidar das crianças, abraçar, dar carinho...". Sei que veio, ficou abraçado comigo, como ele gosta, e me disse: "mãe, eu amo muito você e meu pai". Fechou os olhinhos e cedeu ao sono, sem o travesseiro. Ah, expliquei que o amigo travesseiro vai voltar, assim que ele melhorar o comportamento e ele me disse: "já ia ficar chateado com ele, mas, entendi: depende de mim, né?". Bom, se estou certa ou errada, não tenho como saber, mas, que tocou nele, tocou. E esse era meu objetivo.

O mundo de uma criança é muito maior do que o mundinho das "pessoas grandes". Leio o "Pequeno príncipe" para ele e estou gostando e aprendendo como ele. Li quando era criança. Li depois de adulta. Mas, ler para Peu tem outro sabor. Ver como ele curte nossos momentos de leitura é tudo de bom! Eu penso que isso será mais forte do que o temperamento dele. O pai dele, uma prima de segundo grau do pai também eram assim, tinham essa agressividade e agitação e hoje, nem parecem... O que sei é que estou ao lado dele e orientando-o da melhor maneira que consigo, com entrega, dedicação e cuidando para não cobrar dele um retorno. Vejo mães que se dedicam falarem: "eu faço tudo por meu fiho..." num tom de que: "espero que me retribua...". Eu digo a Peu: "tudo que eu quero é que você seja feliz e ninguém pode ser feliz levando tristeza para ninguém.". Eu acredito piamente que ninguém pode fazer ninguém feliz, que isso é estado de espírito, mas, se você alcança esse estado, com certeza, ajudará muita gente a ser, também. Ninguém pode ensinar o que não tem. Quando falamos em amor, falamos em amor verdadeiro, que quanto mais dá, mais tem. Honestidade e clareza fazem parte da nossa relação. E eu amo muito o meu filho. Mas, de nada adianta se eu não souber me amar como devo. 

É isso, vivendo e aprendendo que não existe perfeição. Se eu fosse uma mãe perfeita, eu não existiria, porque não existe essa mãe perfeita, todas somos humanas e ser humano já traz essa característica da imperfeição de sempre ter algo a aprender.

Saudações maternais para as mães reais,


Pat Lins.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A ARTE DE EDUCAR - Por Laís Câmara

Era para escrevermos um texto a quatro mãos... nasceram dois textos com uma mesma mensagem! Pedi a minha querida amiga, Laís Câmara - Naturalmente Lai - que escrevesse comigo sobre "A ARTE DE EDUCAR". Mas, gostei tanto do que e como ela escreve(u), que em respeito a essa mensagem rica e reflexiva para nós, publiquei na íntegra o dela e o meu, passou a ser "O QUE CHAMAMOS DE EDUCAÇÃO, EDUCA MESMO?".

Laís Câmara, muito obrigada! Cada colaboração sua nos enriquece. Assim, somos "Mães na Prática" com mães na prática desse blog! Obrigada a cada amiga mãe, pelos e-mails com sugestões e colaborações.

Segue o texto:


A ARTE DE EDUCAR
                                     por Laís Câmara

Fomos acostumados a não pensar, e se não pensamos, agimos como “máquinas”, repetimos e repetimos e nem nos damos conta de procurar o porquê do produto final “solar”. Uma criança, definitivamente, não é como a outra, parece óbvio, mas nos pegamos generalizando às vezes e usando as mesmas receitas, e quando o beijo, ou o bom dia, ou o abraço, ..., não aparecem como “deveriam”, o que há com a criança? Educar para padronizar, educar para se orgulhar, educar para que?

Enquanto mãe, admito que choro com cada passinho básico e “bonito” de minha filha, acho que isso é algo até normal, mas me pego pensando em mim e nela, e como ISSO é bom...porque se penso em mim, percebo quais os efeitos daquelas lágrimas em mim, por que é importante pra mim a tal ponto? Será só vaidade? Se o passinho dela fosse oposto, seria “bonito”? Isso ajuda a diagnosticar muita coisa e tomar decisões muito mais racionais. Educação, na minha opinião, é avaliação e amor.

A avaliação é geral/integral, é você pensar. Sim, o hábito de pensar deveria ser constante, pensar de forma interrogativa, buscando diagnosticar, para a partir daí tomar decisões. E quem deveria fazer essa avaliação enquanto responsável e criança? Acho que você já tem a resposta, ambos; talvez não saiba como fazer, mas a criança sabe, ela está aberta, principalmente quando bem pequena. Taí...; a resposta é – pensando. Por exemplo, ler é bom, mas porquê? Para que? Quando? O que ler? E as respostas? Você pensou ou recebeu? Pense, educação é isso! Faça pensar, deixe-as pensar! Provoque, liberte, seja mediador, interrogue racionalmente, são atitudes generosas com você e com a criança! É bom deixar claro, como diz Cipriano Carlos Luckesi em seu artigo Apontamentos para uma visão integral da prática educativa : “...Há que se dar suporte para que cada criança, cada adolescente e cada adulto aprenda a estar atento à sua dimensão interna (estética), à sua dimensão comunitária (ética) e à sua dimensão cognitiva (científica), assim como a estar aberto e aprender a acessar, na medida do possível, seus diversos níveis de consciência...”. Dar suporte para aprender a estar atento e aberto...como fazer isso? Pensando, sobre como educamos, o que é educação e para que existe a educação.

O amor/afeto na educação, é como mais um espaço, que, sim, caminha entrelaçado com a prática educativa, porque, por exemplo, muitos não conseguem desenvolver uma atividade simples, como namorar, dormir, arrumar uma casa, ler um livro, ..., se o emocional não nos(adulto e criança) permitir.  Leonardo Boff diz em seu livro “A águia e a galinha”, que a paixão é que move a águia, o seu desejo maior é que direciona sua vida, ao contrário, nos tornamos galinhas, ciscando e olhando pro chão. Ou seja, o afeto nos permite educar e ser educados com satisfação.

Isso é educação significativa, mas, por outro lado, no geral, vamos destroçando nas crianças o desejo de aprender, vamos impondo o tempo inteiro. O momento da alfabetização, que deveria ser livre e particular, por exemplo, é encaixotado de presente para os pais, de forma camuflada, pela obrigação e ilusão de sair lendo e escrevendo, deixa-se o grafismo de lado, por exemplo, vai se perdendo o gosto pelo desenho, deve-se ler e escrever; e o rebuliço que fazemos com essas crianças, que aprendem a se tornar “malandrinhas” para satisfazer os desejos dos pais!!! Nisso também vemos “beleza”...Vamos pensar, vamos deixá-los viver e vivermos com eles curiosamente! 

Laís Câmara - mãe, mulher, pedagoga, educadora com amor e respeito.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O QUE CHAMAMOS DE EDUCAÇÃO EDUCA, MESMO?


O que entendemos por “educação” é, realmente, educativo?

Sabemos o real significado da palavra EDUCAÇÃO? Existe apenas um significado? Como saber se estamos sabendo educar nossos filhos? É possível saber tudo isso? O que cabe a nós, enquanto mães, pais, avós, avôs, tias, tios e etc, fazer para dar uma “boa educação”? Existe uma educação completa, perfeita?

Quantas e quantas de nós, mães, repetimos essas e outras inúmeras perguntas? E quantas de nós conseguem responder TODAS?

Todas, todas, impossível responder, mas, manter-se aberta durante o caminho do aprendizado e ensinamento pode ajudar a compreendermos que trata-se de um processo constante e para a vida inteira. Ajudou? Eu sei, piorou! Confundi mais do que expliquei.

Venho me questionando, há tempos, muito antes de Pedrinho nascer, sobre o que a maioria das pessoas entende pela ARTE DE EDUCAR. Sim, uma arte. Como toda arte, requer um artista para trazer para fora o que já está dentro. Ou seja, dentro de cada um de nós – incluindo nossos filhos – existe tudo o que procuramos. Existe também o labirinto que nos perdemos. Nossos sentidos nos limitam ao que vemos de concreto. O que não conseguimos ver, não deixa de estar lá, esperando.

Vou tentar ser mais direta ao tema com relação a educação “mãe/pai/adulto responsável – filho/responsabilidade”.

Tem muita gente que acredita ser/dar uma boa educação como unicamente, educação alimentar. Outras, focam em colocar a criança em diversas atividades, para ocupar o tempo de maneira produtiva e “educativa”. Há quem afirme que uma boa educação tem como base desenvolver as habilidades matemáticas. Ou, colocar na escola mais cara. Ah, tem a escola mais famosa. Ou, onde por tradição, toda a família estudou. Será que é a ideal para o perfil da criança? Alguém observa A criança? Outros,  crêem que o filho deve falar diversos idiomas, para viver melhor e ter mais oportunidades num mundo globalizado. Engraçado falar em globalização... Outro dia era um tema de debates infindáveis. Hoje, nossa realidade: a quebra de fronteiras. A educação virtual também deveria ser levada em consideração, porque essa geraçãozinha parece que nasce com um chip de última geração e com configurações muito avançadas. Eles nos trazem a impressão de que nascem prontos. Será? Então, volto a perguntar: o que é uma boa educação? Misturar tudo? Sobrecarregar as crianças desde cedo? Sim, o que vem a ser algo ainda mais importante do que a “educação” em si – a base para uma boa educação? Aha! Peguei, não foi? Eu sou pega por esse questionamento todos os dias. Se é que isso serve de consolo para alguém...

Quando estava na terapia, minha psi, me disse certa vez: “Como você quer dar uma educação perfeita para seu filho? Toda mãe dá o que tem condições de dar. Eu já disse aos meus filhos: ‘O que eu dou a vocês é o que eu acredito ser o melhor para vocês. Quando crescerem, vocês farão a avaliação de vocês e o que não couber, jogue no lixo!”. Bom, eu fiz um resumo grotesco e com minhas palavras, mas, era mais ou menos isso. O que ela me disse, na verdade, é que não existe fórmula certa. Talvez não haja UMA resposta para essas perguntas. Cada pessoa tem sua maneira, sua composição, vamos chamar assim, de vida. O que vem a ser essa composição: ambiente social, familiar, econômico, religioso, filosófico, cultural – no sentido de arte, porque, a meu ver, cultura é a própria composição, no sentido de estilo de vida - , tecnológico... Cada um de nós é um ser diferente. O que nos iguala, internamente, é justamente a condição humana da imperfeição e do aprendizado diário. Outras coisinhas externas entram nessa composição e acabam induzindo-nos a sermos um pouco – ou muito – diferentes do que realmente clama a nossa natureza. Quando se trata de uma boa formação de caráter, tudo bem, controla temperamentos mais agressivos, arredios. E o contrário? Essa é outro questionamento que faço: educação formal, acadêmica, escolar é para ensinar como passar no vestibular ou desenvolver as múltilplas inteligências do ser humano?

Educar está muito mais diretamente relacionado com nossas expectativas do que com o real e necessário. Tudo bem que sejamos imperfeitos. Mas, isso deve ser desculpa para nos mantermos paradões? Quantos pais/mães usam de argumento: “meu filho é tão espero que não precisa de ninguém ensinando o que fazer”. Sim, e limite? Ser esperto é, por acaso, capacidade de se cuidar sozinho? E o papel da família? E, o que é ser esperto? Falar coisas que a gente se espanta e nos surpreende? As crianças não nascem prontas. Também não nascem vazias. Elas nascem CRIANÇAS. Educar é dizer NÃO para tudo? É ser liberal e dizer SIM para tudo? O que é limite? Como saber diferenciar de limitação? Até onde permitir a curiosidade da criança e a partir de onde dar um freio? O que é teimosia e quando ela é prejudicial? Como desenvolver esse bom senso, afastando o egoísmo que todo adulto desenvolve, porque, afinal, fomos “educados” assim. Somos educadores ou manipuladores? Como identificar essas diferenças? Quando começamos a nos questionar, assim penso eu, trata-se de um bom sinal. Significa que o bom senso quer ser despertado.

Para começar, eu não sou a mãe perfeita, nem dou a educação perfeita em todos os setores para o meu filho. Não, isso não se trata de incompetência. Trata-se de limitação pessoal. Lembrem-se, toda mãe, todo pai, todo mundo, é gente, antes de tudo e mais nada. Como dar aquilo que não tem? É preciso desenvolver, concorda? Foi assim que comecei a questionar  e pensar no sentido de educação para meu filho, começando a me reeducar. Não, mãe, você não falhou! (risos) Reeducar o meu SER. Definir, e viver, quais são os meus valores? Os valores são atemporais. Não me refiro a valor pessoal, mas, a valor moral, mesmo, aqueles que a gente esquece e só lembra quando lê um bom livro ou vê um personagem num filme, numa novela... Eu acredito ser loucura começar a exigir das crianças uma característica de adulto, só para afirmar que essa criança é inteligente. Já começamos a dizer que criança não é inteligente, é isso? O que entendemos por inteligência também é limitado. Chamamos inteligência a capacidade intelectual, não a sabedoria; não a capacidade de colocar em prática, na vida, aquilo que aprendemos. Aprendemos muito. Somos bombardeados por tanta informação. Apreendemos tão pouco. Tão pouco filtramos. Tão pouco vamos à fonte averiguar a veracidade daquela informação. E é isso que queremos repassar para os nossos filhos? Esse comodismo egóico, pequeno, inexpressivo e desprovido da capacidade de questionar? É por isso que tememos tanto os “por quês?” dos pequenos? É por isso que temos e nos sentimos numa obrigação infundada de podar a curiosidade e os questionamentos dos “iniciantes”, também conhecidos como “crianças”? Frustramos as crianças para que cresçam como nós: expectadores  de uma vida que passa com crianças amorfas e esquecidas dentro de nós. Alimentamos nossas expectativas de que eles acertarão onde erramos. E, em prol dessa nossa carência, frustramos suas ações. Poderíamos estabelecer uma parceria muito bacana com nossos filhos, deixando bem claro quem é o grande e quem é o pequeno, só que sem humilhação, manipulação ou qualquer “ão” que nos leve de volta a mesma direção que já estamos. Nessa parceria, podemos observar e conhecer nossos filhos. Escutar. Ver. Sentir com eles. Não podemos ser eles, nem eles devem ser como nós. Esse é o maior exercício de respeito ao próximo que pode existir.

Daí, precisamos nos conhecer. Conhecer nossos limites. Superá-los. Só limpos, ou em processo honesto de limpeza, essa parceria pode dar certo. Isso, também, não é fórmula certa. Vamos cometer erros aqui, ali e acolá. Heeeellllloooo! Continuamos humanos. Nossa jornada continua, agregada a uma jornada que se inicia com nossos filhos. Assim, posso fazer como minha ex-psi: “meu filho, quando crescer, o que achar que não cabe, jogue fora!” E seja, seja uma pessoa honrada, ética e com conduta moral. Assim, você será bem sucedido onde for. Porque, ser bem sucedido, não se limita ao valor material que alimentamos em nós e já fincamos na base dos nossos pequenos. A gente já cria nossos filhos para serem “vencedores”, desde que o prêmio seja uma fortuna em dinheiro, bens... Isso pode ser uma boa conseqüência, mas, não a base. Eu penso que a base é uma boa formação de caráter. Isso é nadar contra a correnteza, sim. Mas, se toda mãe quer o melhor para seu filho, bom começar a fazer esse esforço. Senão, ele será mais um como todo mundo. Ele tem que ser o melhor que há dentro dele. Respeitar o espaço alheio, sem deixar que invadam o seu. Ser, em primeiro lugar, para depois, ter.

É assim que penso. E comecei a por em prática. Comprava tudo para meu filho, porque carregava uma culpa por ter ficado desempregada por tanto tempo e com tanta dificuldade financeira que, depois que voltei a trabalhar, precisava compensar. Me freei: “Êpa! Peraí! Não é nisso que acredito...”. Ele já está no “vício” do “mãe, eu quero!”, “mãe, você compra?” , “mãe, se eu me comportar, você me dá...?” E quem ensinou isso a ele? A mamãe aqui. Por conta das minhas frustrações. Detectado o problema, vamos à solução: xô, culpa! E, aí, me ocorreu outra coisa: o que vem as ser “se comportar bem”? Etiqueta? Desde que ele não bata, agrida, falte com respeito, machuque de alguma maneira alguém ou descumpra um combinado, ele estará se comportando bem. É isso? Ainda não defini isso muito bem, em mim, não... Mas, estou elaborando.

Muitas vezes, penso que exigimos demais das crianças uma característica que não cabe à fase que elas estão. Afinal, criança tem que correr, brincar e viver a realidade lúdica dela. Isso é infância saudável. Com limite, sem limitações. A gente tem mania de podar, em vez de saber o que estimular, o que ser parceiro para desenvolver. Custei a entender isso. Só quando comecei a aceitar essa hipótese, pude ver meu filho e entrar no mundo dele, falando a linguagem dele. Para acessar Peu, como qualquer criança dessa geração, uma boa e honesta historinha contribui, toca e os faz entender e assimilar verdades. Em vez de: “isso não”, “você conhece a história do menino que desobedeceu e virou um sapo?...”. Me vi uma contadora de contos infantis. Como ele mesmo diz: “quando não souber ou existir uma história, você inventa que eu gosto”. E fazemos isso toda noite. Uma história criteriosamente escolhida e outra criteriosamente inventada – risos. Assim, vou vendo os resultados em suas atitudes e em seus diálogos com os “filhos” dele – os bons e velhos amigos de toda criança: os brinquedos. Ali ele reproduz o que acha ser certo. Ali, vejo o que ele captou, como ele captou e o que ele acha da maneira que a mamãe “educa” ele. Aliado a isso, procurei uma escola que tem mais a ver com o perfil dele. Coloquei ele numa atividade física. Temos muito a fazer. Ainda erro muito em muitas coisas, mas, tudo tem que ter um começo. O medo de errar pode ser um entrave para a gente, mas, quando olho e vejo que toda criança é aberta e destemida, me jogo e começo do zero. Quer ver um exemplo? Quantas de nós fica à vontade vendo o filho se esfregar no chão? O quê nos consome? Vai sujar a roupa. Por isso, uma marca de sabão em pó se fez, porque ele afirma que criança é para se sujar, a limpeza é com ele. A professora de Pedrinho, ano passado, me disse uma coisa que via de outra maneira. Ele gostava de misturar as tintas para ver no que ia dar. Para mim, era teimosia - o que não deixa de ser, afinal, toda expressão de criatividade requer uma gota de teimosia para alimentar a persistência. Desde que haja um equilíbrio. - e falta de interesse, dele. Ela começou a combinar: "eu deixo você misturar se você cumprir com nosso combinado e fizer...". Ela conseguia contornar a situação e ele cumpria. Do jeito dele e na velocidade da luz, para poder fazer o que queria. Mas, ela estava no comando e determinou algo e ele precisava cumprir, sem deixar de permitir que ele expressasse sua curiosidade científica - risos - de ver o resultado de suas misturas. Comecei a observar muito o como agir com ele assim. Nada impede de, em alguns momentos, eu esquecer disso e me tornar uma mãe autoritária.

Eu penso que faz muito bem firmarmos uma boa parceria e respeitar a fase da criança, vendo-a como criança, desde que cada papel seja muito bem determinado – e não é só da boca para fora, mas, nas ações, no controle e no “o que controlar”. Podemos ser grandes parceiros dos nossos filhos, sem deixar de ser pai, mãe e/ou responsável. Juntos é muito mais gostoso aprender e ensinar - ou tudo ao mesmo tempo! Se é fácil? Nem um pouco. Possível? Com bastante esforço, é sim! A liberdade não quer dizer fazer tudo o que quer, mas, saber o que quer fazer e fazer!

Saudações maternais,

Pat Lins.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

QUAL A ESCOLA IDEAL? (parte 5 de 5) - SUPERINTERESSANTE

A escola ideal:
Criar um vencedor a qualquer custo ou um cidadão ético? Qual é o melhor sistema de ensino para seus filhos?
por Roberto Guimarães

Uma revolução silenciosa está em curso nas salas de aula do Brasil. Não se trata de uma retomada do movimento estudantil, para celebrar a chegada da geração 68 ao poder. Se a luta do “companheiro” José Dirceu era contra a ditadura militar, a nova batalha é pela transformação da escola. Uma revolução ainda mais complexa, pois traz implicações culturais profundas e duradouras. Espelho e reflexo do mundo, a escola sabe que precisa se adaptar à nova realidade da sociedade da informação, na qual o conteúdo está ao alcance de um clique de mouse e a dificuldade de concentração dos jovens é crescente. Um mundo de incertezas, com profissões cada vez mais voláteis, no qual o fantasma do desemprego é responsável por noites insones e crises de depressão. Hoje, o simples acúmulo de conhecimentos não é garantia de sucesso profissional. É preciso saber lidar com a informação, para construir uma visão crítica da realidade e desenvolver habilidade para a reciclagem permanente.

Educar para o mercado ou educar para a vida? Afinal, qual o papel da escola no século 21?

Em sintonia com os novos tempos, o governo Fernando Henrique Cardoso editou a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em dezembro de 1996. O documento, talvez a mais importante realização da gestão do então ministro Paulo Renato Souza (leia artigo na página 14), confere maior autonomia às escolas. Sob o conceito que a educação escolar deve se vincular “ao mundo do trabalho e à prática social”, a LDB traz modificações profundas. A principal delas é a própria definição de conteúdo. “Antes, o conteúdo era o programa. Com a nova LDB, os conteúdos têm face tripla: competências, habilidades e atitudes”, afirma Sônia Bittencourt, 53 anos, diretora pedagógica do Colégio Porto Seguro, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo, que completa 125 anos no próximo dia 20 de setembro. “É competente quem sabe aprender. A escola deve ensinar o aluno a buscar a informação.

A habilidade está relacionada ao fazer, que significa utilizar os conceitos e as competências adquiridas. E a atitude é apren- der a ser, a conviver”, diz Sônia. Saber, fazer e ser: eis a tríade que deve nortear a formação do aluno na escola contemporânea.

Se o discurso está afiado, sua prática é complexa. “A escola está saindo de um conceito de educação a caminho de outro modelo. Mas nem adianta querer voltar atrás, pois esse movimento não tem retorno”, afirma Mirza Laranja, 39 anos, diretora pedagógica do Colégio Augusto Laranja. O novo gera perda de controle e, como todo processo de mudança, causa insegurança. “Na verdade, a luta é muito mais pela transformação de valores dos pais que dos alunos”, diz Alejandro Gabriel Miguelez, 28 anos, professor de português do Colégio Santa Cruz. De fato, a aula expositiva com giz e quadro-negro, na qual o professor é o todo-poderoso que detém o conhecimento, está com seus dias contados. E é natural que os pais tenham dificuldade em compreender a nova realidade do ensino, afinal a escola deles era muito diferente, não só na dinâmica de aula – marcada pela passividade em relação aos conteúdos –, como na própria relação de poder e afeto com o “mestre”.

A democratização do acesso à informação promoveu o redimensionamento do poder na relação aluno-professor. Se antes o conteúdo era despejado de cima para baixo, num exemplo de hierarquia tipicamente vertical, o novo paradigma exige a troca de experiências, baseada numa relação mais horizontal. O “professor-sabe-tudo” faz parte do passado. Tomemos um exemplo prático. Digamos que o assunto da aula de história seja a Guerra de Canudos. Ao digitar essas palavras no Google, ferramenta de busca mais popular da internet, descobre-se que há quase 7 mil páginas sobre o tema!!! Como lidar com essa nova realidade? Como preparar os alunos para ter capacidade de discernimento, para avaliar criticamente esse inesgotável universo de informações, muitas vezes conflitantes? “O momento de passar a informação é de menor valia na sala de aula; o fundamental é ir além disso”, afirma Mirza, para quem a autoridade do professor decorre da qualidade da aula, e do seu relacionamento com os alunos.

O desafio da educação é complexo e depende, sobretudo, da capacidade do professor se (re)adaptar à nova realidade. Uma piadinha que circula entre pedagogos resume o antimodelo de educador: quando um professor se vangloria de ter 30 anos de experiência, normalmente ele quer dizer que tem um ano de experiência e 29 anos de repetição! Mas não sejamos tão severos com os "mestres". Assim como não é simples convencer os pais de que o mundo mudou e a escola deve acompanhar essa transformação, o mesmo se aplica aos professores. Há resistência à mudança. “É muito difícil ser professor hoje, pois os alunos estão sedentos, muito mais estimulados e criativos. Não é todo professor antigo que encara os novos desafios”, diz Mirza. “Temos de trabalhar a consciência do professor”, afirma Sônia. Atentas às demandas de seus alunos, as escolas particulares investem grande parte de seus lucros na (re)educação de professores.

Reciclagem permanente não é uma moda passageira, mas uma realidade que se aplica a todas profissões. Não poderia ser diferente com o professor. Uma frase do ministro Cristóvão Buarque, cuja gestão à frente da pasta da Educação tem como objetivo primordial a valorização do professor, é emblemática: “Diploma deveria vir com prazo de validade, como qualquer outro produto perecível”. No âmbito da escola, é preciso reeducar os educadores para que o aluno possa, como diz Paulo Freire, aprender a “ler o mundo”. E, com isso, “estabelecer um diálogo pró-ativo com a sociedade, pois o colégio não é um fim em si mesmo”, diz Paulo Henrique Camargo Rinaldi, 49 anos, diretor-geral do Colégio Rio Branco. Tudo muito bonito e edificante. Mas, afinal, qual é a cara dessa nova escola? O que ela tem de tão diferente do modelo antigo?

A nova LDB permite que as escolas definam parte de seu conteúdo programático. Com isso, há a possibilidade de criação de aulas diferenciadas. Esportes, música, teatro, culinária, marcenaria, filosofia... A lista de cursos oferecidos pelas escolas particulares de São Paulo é ampla e diversificada. Mas a verdadeira revolução são as aulas temáticas, que envolvem professores de várias disciplinas para estudar um determinado assunto. Tome-se como exemplo a recente invasão anglo-americana do Iraque. Na aula de história, o professor analisa a formação dos estados árabes; na de geografia, a importância do petróleo na geopolítica mundial; na de ciências, as alternativas energéticas que existem para substituir o combustível fóssil; na de economia, o impacto dos custos militares da invasão na economia mundial.

E assim por diante. Essa abordagem multidisciplinar permite ao aluno obter uma noção do todo e, com isso, refletir criticamente sobre a questão. A prática de aulas temáticas ou multidisciplinares já é uma realidade em colégios como Augusto Laranja. Em outros, como Santa Cruz, Carlitos e Escola da Vila, amplos temas são investigados em projetos, que muitas vezes duram um ano inteiro.

No Santa Cruz, por exemplo, há quatro projetos nos dois primeiros anos do ensino médio. Um deles é “Amazônia: da terra firme ao igapó”; os alunos visitam a Amazônia, estabelecendo um intercâmbio cultural com as populações ribeirinhas; para se preparar, tem dez aulas antes da viagem, para estudar vários aspectos relacionados ao tema; na volta, em virtude do conjunto de vivências e conhecimentos adquiridos, mais dez aulas encerram o projeto, que tem o objetivo de desenvolver a ética e a cidadania nos alunos do Santa Cruz, colégio cinqüentenário que valoriza a formação humanista. O projeto “Vida urbana no século 21”, da Escola da Vila, é um ótimo exemplo de atividade temática multidisciplinar. O projeto, que se desenvolve ao longo do segundo ano do ensino médio, reúne sete professores de diferentes disciplinas, que, em duas aulas semanais, propõem a discussão de um tema.

Nos primeiros dois meses, há uma etapa de imersão, na qual os alunos lêem textos, assistem a vídeos, entrevistam profissionais e saem a campo para identificar problemas. “O objetivo é sensibilizar o aluno”, afirma Divino Marroquini, 43 anos, professor de química e coordenador do projeto. Devido ao interesse despertado pela pesquisa, subtemas são levantados e os alunos, em grupos menores, começam a elaborar as questões que devem ser discutidas, sob orientação de um professor. No fim de agosto, entregam uma monografia, que é apresentada não apenas aos colegas, mas também aos pais e profissionais convidados, num grande evento noturno. No último trimestre, cada grupo desenvolve um site, coroando um ano de intenso trabalho. “O principal objetivo do projeto é colocar os alunos em contato com a realidade, fazendo com que escolham algo para estudar e gerenciem o próprio tempo de estudos. Um segundo objetivo é aproximar com o mercado de trabalho”, diz Marroquini.

Ao abordar uma temática real, o aluno percebe que há vários conhecimentos necessários para dar conta de um determinado assunto. E isso gera um ganho motivacional muito grande. Como em todo processo de descoberta, nem tudo são flores. “O processo é intenso. No início há crises tremendas, com dificuldade na escolha, uma exigência às vezes muito grande com o próprio texto. Mas a realização é enorme e os pais concordam que é o trabalho mais importante desenvolvido pelo filho ao longo de sua vida escolar”, afirma o coordenador do projeto. Rodrigo Sampaio Primo, 17 anos, é aluno do terceiro ano do ensino médio. Em 2002, desenvolveu projeto ligado à área de educação. “A idéia era entrar em contato com um novo universo. Estudei o ensino dado a alunos especiais na escola pública. No começo, eu não sabia onde estava pisando. Mas foi superimportante, pois vivenciei uma situação prática, que me permitiu refletir sobre educação”, diz Primo.

“Não sei se vou fazer faculdade de sociologia ou pedagogia, mas, hoje, tenho mais claro que quero trabalhar com alguma coisa ligada à educação”, afirma. “Tenho amigos que estão na faculdade e comentam que seus colegas de outras escolas chegam à universidade despreparados; geralmente vêm de escolas que são fechadas para o vestibular; o cara passa e aí?”, diz Primo.

O aluno da Escola da Vila põe o dedo na ferida: de que adianta a escola formar alunos para passar no vestibular se a vida é muito mais complexa? A questão remete à velha, estreita e preconceituosa visão de que escolas “tradicionais” são disciplinadoras, fortes e preparam para o vestibular, enquanto escolas “liberais” são antros de rebeldia, fracas e não fornecem “base acadêmica” para um bom desempenho no vestibular. Daí, voltamos à questão inicial: a escola do século 21 deve educar para o mercado ou para a vida? “Educar para a vida significa preparar para enfrentar os desafios do novo milênio, o que inclui os desafios do mercado de trabalho; não existe mercado sem vida e vice-versa”, afirma Roberto Nasser, 53 anos, coordenador de orientação profissional do Colégio Bandeirantes. Rinaldi, do Rio Branco, parece concordar: “Mercado e vida são complementares”. Já Sônia, do Porto Seguro, é categórica: “A educação básica, até o ensino médio, tem de formar para a vida”.

Miguelez, do Santa Cruz, tem opinião similar: “Educamos para a vida; será mercado na medida em que o mercado se preocupar com a vida”. Mirza, do Colégio Augusto Laranja, fornece uma pista valiosa: “Educar para a vida e para o trabalho às vezes é a mesma coisa. Muitas vezes o indivíduo que tem sucesso profissional foi líder do grêmio, participou de uma série de atividades não-acadêmicas”. Faz sentido. Num mundo de incertezas, no qual mais de 50% das profissões nem sequer existiam 30 anos atrás, a escola deve se preocupar em formar cidadãos pensantes e atuantes, que tenham capacidade de fazer escolhas e arcar com as conseqüências de seus atos.

A discussão escola tradicional/ forte x escola liberal/fraca é inócua, pois parte de preconceitos arraigados, sobretudo nos pais. É óbvio que nem todas as escolas são iguais, afinal as pessoas também são diferentes. Como a escolha da escola dos filhos é uma decisão de extrema importância, é prudente deixar os preconceitos de lado e identificar, com honestidade, um colégio que vá de encontro à sua visão de mundo, que compartilhe os mesmos valores profundos que conferem sentido à vida. No mundo atual, a informação está disponível. É preciso aprender a lidar com ela. Vale lembrar que o próprio exame vestibular tende a se aprimorar, afastando-se da tradicional “decoreba” para se tornar uma prova mais compreensiva, a exemplo do que já ocorre com o Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio.

A educação escolar é um processo longo. Nas escolas particulares, o aluno passa, em média, 15 anos até completar o ensino médio. “Há coisas que não são agradáveis no meio do processo. A escola não pode ser chata, mas sim um desafio”, defende Mirza. “Aprender brincando é uma experiência muito rica. Alguns conteúdos são árduos, mas a fixação é mais natural”, afirma Isabel Moniz, coordenadora pedagógica do ensino fundamental I da Escola Carlitos. O desafio de modernizar a escola gera várias incertezas. Mas é inegável que estudar está cada vez mais divertido.

Tamanho é documento?

Qual o número ideal de alunos por sala de aula? Para tentar responder a essa pergunta, a revista Scientific American promoveu uma discussão entre quatro pesquisadores americanos de prestígio. Após avaliarem uma série de estudos que relacionam o número de alunos por sala com o desempenho acadêmico, todos admitem que ainda é cedo para tirar conclusões.

Para Ronald Ehrenberg, professor da Universidade de Cornell, classes menores têm levado a resultados mais significativos em escolas freqüentadas por “minorias”, como negros e hispânicos. A hipótese levantada é que, como essas crianças têm, na média, lares menos estruturados – maior número de pais separados, menor nível de renda, e escolaridade mais baixa –, uma sala de aula menor significa maior chance de integração social e, conseqüentemente, melhor desempenho acadêmico.

A conclusão mais relevante do estudo, contudo, é que a simples redução do número de alunos por sala não é condição suficiente para melhorar o nível de ensino. Tudo depende da forma como o professor se adapta à nova realidade. Se o mestre já está habituado a trabalhar com pequenos grupos, o efeito tende a ser positivo, uma vez que, devido ao menor número de alunos por turma, a dedicação a cada criança é potencialmente maior. Mas, se o professor é fiel ao método tradicional de ensino – baseado em aulas meramente expositivas –, o efeito tende a ser desprezível. Isso apenas confirma o aforismo do ministro da Educação, Cristovam Buarque, para quem, em educação, “o professor é 99% mais um”. Tudo depende dele.

Em seu artigo 25, a Lei de Diretrizes e Bases diz: “será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre o número de alunos e o professor”. Trocando em miúdos, a LDB deixa a critério da escola estabelecer o número de alunos por sala. Nos principais colégio particulares de São Paulo, o número de alunos por classe nada mais é que um indicativo da postura pedagógica de cada instituição. No ensino médio, escolas tradicionais, como Bandeirantes e Rio Branco, chegam a ter classes com mais de 40 alunos, enquanto as liberais, como Escola da Vila e a Carlitos, têm, no máximo, 25 por turma.

Mas, atenção, o número de alunos por sala é apenas um referencial, que não deve ser avaliado isoladamente. Afinal, turmas menores ou maiores não garantem a qualidade do ensino, muito menos balizam o desenvolvimento social e afetivo do seu filho. Tudo depende da interação família-escola, na qual a visão de mundo dos pais e as habilidades específicas de cada criança são os itens mais relevantes. Em tempo: nos Estados Unidos, as salas têm, em média, 24 alunos; e, na Califórnia, são apenas 20.

Na prática a, teoria é outra
Conheça as idéias centrais de alguns dos principais pensadores da educação

A complexidade do mundo contemporâneo exige o aperfeiçoamento permanente do método pedagógico adotado em sala de aula. Os educadores tendem a concordar que os princípios pedagógicos de pensadores da educação – como Jean Piaget e Lev Vygotsky – foram elaborados há várias décadas e não se aplicam totalmente aos alunos da sociedade da informação. Por isso, na prática, a maioria das escolas brasileiras adota um método pedagógico que se apropria de teorias dos principais filósofos da educação, sem seguir à risca a cartilha de nenhum deles. O resultado é que, nesse aspecto, o discurso das escolas é muito parecido, dificultando a tarefa dos pais de avaliar corretamente o estilo de educação oferecido pelas instituições de ensino. Ainda assim, conhecer os princípios pedagógicos que norteiam o ato de educar é parte importante no processo de escolher a escola do seu filho.

Conheça aqui as idéias centrais de quatro dos filósofos da educação que mais influenciam a pedagogia nacional: Jean Piaget, Lev Vygotsky, Maria Montessori e o brasileiríssimo Paulo Freire.

PIAGET
"O conhecimento é fruto da experiência"

O suíço Jean Piaget (1896-1980) é conhecido como o “pai” do construtivismo na educação. Ainda que seu trabalho tenha se centrado na elaboração de uma teoria do conhecimento, com a publicação de A Linguagem e o Pensamento na Criança (1923), Piaget passou a ter seu nome definitivamente associado à prática pedagógica. Para ele, a criança se desenvolve na relação com o meio, por meio da construção e permanente reconstrução de hipóteses para explicar o mundo que a cerca. O papel do professor é compreender e respeitar o nível de desenvolvimento de cada criança, em esforço permanente para não ir além de suas capacidades, nem deixá-la agir sozinha, mas oferecendo instrumentos para que ela possa construir o conhecimento. Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo da criança é fruto da sua interação com o mundo físico e social. A construção da autonomia moral é um conceito-chave da teoria piagetiana.

SAIBA MAIS

O Nascimento da Inteligência na Criança Jean Piaget, LTC, 389 págs.
Piaget ou a Inteligência em Evolução Jacques Montangero e Danielle Maurice-Naville, Artmed, 246 págs.,
A Difusão das Idéias de Piaget no Brasil Mário Sérgio Vasconcelos, Ed. Casa do Psicólogo, 285 págs.

VYGOTSKY
"O aprendizado é fruto da interação social"

As idéias do bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) foram censuradas e só começaram a ser difundidas no Ocidente a partir dos anos 60. No Brasil, Vygotsky chegou ainda mais tarde, no início da década de 80, mas exerce crescente influência entre educadores no país. Sua “rebeldia” foi desprezar tanto o “inatismo” (a pessoa já nasce com inteligência predeterminada), quanto o “empirismo” (a pessoa é fruto apenas das experiências às quais é submetida), ao defender uma terceira via, “sociointeracionista”, na qual o aprendizado é indissociável do desenvolvimento do ser humano. Para ele, o indivíduo não nasce “pronto”, tampouco é simples cópia do ambiente externo. A trajetória da evolução intelectual é resultado de uma interação permanente de processos internos com as influências do mundo social. Quanto maior o aprendizado, maior o desenvolvimento. Mas isso não quer dizer que o saber “enciclopédico” deve ser valorizado.

Afinal, para Vygotsky, o real aprendizado se dá quando as informações fazem sentido para o indivíduo, que está necessariamente inserido num dado contexto social.

SAIBA MAIS
A Formação Social da Mente Lev Vygotsky, Martins Fontes, 191 págs.
Vygotsky em Foco: Pressupostos e Desdobramentos Harry Daniels, Papirus, 296 págs.
Vygotsky: uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação Teresa Rego, Vozes, 138 págs.

MONTESSORI
"É preciso seguir a criança"

A vida da italiana Maria Montessori (1870-1952) foi extraordinária. Entre outras proezas, tornou-se a primeira médica de seu país, em 1896. Seu método pedagógico, que ganhou fama mundial pela eficiência em alfabetizar crianças, chamou a atenção de Mussolini. Por não compactuar com o fascismo, Montessori abandonou a Itália. Durante a Segunda Guerra Mundial, esteve na Índia, a convite de Mahatma Gandhi, em trabalho de educação para a paz que lhe rendeu duas indicações ao Prêmio Nobel. Com o armistício, Montessori se estabeleceu na Holanda, onde criou a Associação Montessori Internacional (AMI). Sua pedagogia consiste em “observar e seguir a criança”, com base três princípios: atividade, individualidade e liberdade. Para Montessori, a criança aprende com facilidade quando o processo educacional é agradável. Diz a lenda que, certa vez, um adulto perguntou a um de seus alunos: “Então esta é a escola onde vocês fazem o que gostam?”, e a criança respondeu: “Não. Aqui nós gostamos do que fazemos”.

Montessori sonhava em formar pessoas autônomas, por meio da interação harmônica entre corpo, inteligência e vontade.

SAIBA MAIS
The Montessori Method (em inglês) Maria Montessori, Dover, 377 págs.
Educação Montessori: de um Homem Novo para um Mundo Novo Izaltina de Lourdes Machado, Pioneira, 92 págs.
Estudo do Sistema Montessori Vera Lagoa, Loyola, 188 págs.

FREIRE
"Educar é ensinar a ler o mundo"

O recifense Paulo Freire (1921-1997) é o maior pensador brasileiro da educação. O reconhecimento internacional teve início com a publicação de Pedagogia do Oprimido (1968), obra na qual defende o processo educativo como ato político. Segundo Freire, não há educação neutra; para libertar as classes oprimidas, é preciso promover uma efetiva troca entre professores e alunos. O educador combatia o que chamava de “educação bancária”, sistema por meio do qual o professor simplesmente despeja conhecimentos sobre o aluno, gerando alienação. Segundo Freire, “ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas não ”. Democracia no âmbito da escola é um conceito-chave na pedagogia de Paulo Freire. Alunos devem ter voz ativa no grupo, assim como professores e, sobretudo, a comunidade na qual a escola está inserida. Para Freire, antes de ensinar a ler e a escrever, a escola tem a missão de fornecer elementos para que a criança possa “ler o mundo”.

Preocupado com políticas públicas de ensino, Paulo Freire foi secretário de Educação do município de São Paulo, na gestão petista da prefeita Luiza Erundina; defendeu a implantação da escola-cidadã e, sobretudo, a valorização do professor, idéias hoje difundidas em todo o país.

SAIBA MAIS

Pedagogia do Oprimido Paulo Freire, Paz e Terra, 218 págs.
Pedagogia da Esperança: um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido Paulo Freire, Paz e Terra, 245 págs.
Alfabetização: Leitura do Mundo, Leitura da Palavra Paulo Freire e Donaldo Macedo, Paz e Terra, 167 págs.


Idéias em debate

Como definir a escola ideal? Para iluminar o debate sobre educação em nosso país, ouvimos três das maiores autoridades brasileiras no assunto. Confira o que eles dizem

CRISTOVAM BUARQUE
“O professor é o centro do processo de educação”

MERCADO X VIDA
“O mercado faz parte da vida. Não se pode ignorar que o cidadão tem de entrar no mercado de trabalho. Então, devemos formar para a vida, levando em conta essa realidade.”

A ESCOLA IDEAL

“Do ponto de vista da cidade, a escola ideal é aquela na qual toda criança estuda numa escola que tem bons equipamentos – como computadores, bibliotecas e merenda satisfatória – e ótimos professores. Para isso, o professor deve estar motivado, bem formado e preparado. Num plano mais individual, ninguém sabe qual a escola ideal no mundo contemporâneo, pois o mundo está mudando muito.”

TECNOLOGIA

“É o professor que forma, não o computador. Através dos tempos, foi o quadro-negro que transmitiu o conhecimento. Devemos encarar o computador como um quadro-negro que se move.”

A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR

“O elemento central do processo de educação é o professor. No ensino básico, o professor brasileiro é um dos que menos ganha em todo o mundo, quando comparamos sua remuneração com os salários dos profissionais de outras áreas. Estamos investindo na formação do professor. Criamos o Exame Nacional dos Professores, um sistema de educação permanente para o professor, bolsas para aqueles que fazem o exame e um sistema de gratificação.”

CONTEÚDO

“Antes, o conhecimento era estoque. Hoje é fluxo, está em constante mutação.”

EDUCAÇÃO CONTINUADA

“O que se aprende hoje, amanhã pode não ter valor. Por isso, o diploma vale por um tempo. Se a pessoa não continua estudando, o diploma perde a validade. Eu estudei engenharia mecânica há 30 anos. Outro dia vi uma cadeira de rodas inovadora. Minha formação foi mais próxima de Isaac Newton que da tecnologia utilizada para desenvolver a cadeira de rodas.”

Cristovam Buarque é ministro da Educação, senador pelo Distrito Federal e professor da Universidade de Brasília (UnB). Foi reitor da UnB (1985-1989) e governador do Distrito Federal (1995-1998)

PAULO RENATO SOUZA
“É essencial que a escola ensine a aprender”

EDUCAÇÃO CONTINUADA

“Vivemos a era do conhecimento, que evolui numa velocidade sem precedentes. A tecnologia dá saltos cada vez mais freqüentes. É preciso acompanhar essas mudanças para estar inserido na sociedade. Trabalhar, consumir e participar da vida social exigem que a pessoa tenha acesso à educação permanente, ao longo da vida.”

O PAPEL DA ESCOLA

“Antes, a escola de educação básica podia pretender transmitir o conhecimento e até mesmo a ‘decoreba’ era um instrumento freqüentemente utilizado. Hoje, isso não é mais possível. Nessa etapa da vida, é essencial que a escola passe a ensinar as crianças e os jovens simplesmente a aprender. Desenvolver o raciocínio, o pensamento crítico, a capacidade de pensar, eis os grandes objetivos pedagógicos da escola na era do conhecimento. Ler e escrever muito são duas velhas práticas que mais do que nunca devem estar presentes na escola.”

O CONTEÚDO

“A interdisciplinaridade, a contextualização do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades e competências substituíram os velhos conteúdos de disciplinas estanques.”

FAMÍLIA E ESCOLA

“A educação integral da criança e do jovem é uma tarefa da família e da escola. Nesse sentido, é essencial que a escola tenha muito clara sua missão no desenvolvimento dos princípios éticos e morais e do respeito pelo outro, assim como no desenvolvimento da responsabilidade social da pessoa. A disciplina é necessária, mas o arbítrio e o autoritarismo devem ser banidos do ambiente escolar.”

TECNOLOGIA

“É preciso que a escola passe a usar crescentemente o computador e o acesso à internet como instrumentos de acesso à informação e ao conhecimento. Isso é importante na escola privada, e mais ainda na escola pública.”

Paulo Renato Souza é consultor. Doutor em economia pela Unicamp, foi ministro da Educação no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), reitor da Unicamp e secretário de Educação do Estado de São Paulo (1983-1987)

GUIOMAR NAMO DE MELLO
“Hoje, conteúdo não é fim, mas sim meio”

MERCADO X VIDA

“É uma pretensão matricular uma criança na pré-escola com a idéia de ter controle sobre o que existirá em 15 anos. Vivemos num momento de incertezas muito grandes. As profissões mudam cada vez mais depressa. As escolas lidam com dificuldade com essa questão, pois a aspiração dos pais é garantir sucesso profissional aos filhos. Os professores dizem que os pais exigem um ensino que prepare para o vestibular. Mas olhar apenas para o vestibular é ver a educação de modo pouco generoso.”

O PAPEL DA ESCOLA

“Hoje, conteúdo não é fim, mas sim meio. A escola deve preparar para conviver num clima flexível; quanto mais básicas as capacidades, melhor. É fundamental desenvolver o domínio das linguagens da tecnologia, da arte, do corpo; trabalhar em conjunto; compartilhar conhecimento; gerenciar coletivamente a informação; aprender a solucionar problemas. Conhecimento é algo social; a informação pode ser adquirida solitariamente, mas o conhecimento com significado social só existe na relação com o outro. O objetivo da educação é formar pessoas virtuosas.”

TECNOLOGIA

“A tecnologia deve ser aplicada para levar à inteligência. E isso é uma habilidade cognitiva que pode ser desenvolvida com ou sem computador. O ‘humanware’ é programado para usar a informação de modo inteligente, com ou sem hardware.”

EDUCAÇÃO CONTINUADA

“A tendência, no mundo todo, é diminuir o número de anos da formação inicial, e estudar, reciclar, sempre.”

DISCIPLINA

“A disciplina é um eterno problema. Afinal, mesmo o pai mais liberal não diz só sim, nem o pai mais rígido diz apenas não; na verdade, os filhos existem para fazer você entrar em contradição.”

Guiomar Namo de Mello é diretora executiva da Fundação Victor Civita e membro do Conselho Nacional de Educação-Câmara de Educação Básica. Pedagoga com pós-doutorado pela London University, foi secretária de Educação de São Paulo (1982-1985)

Roberto Guimarães
SUPERINTERESSANTE

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

QUAL A ESCOLA IDEAL? (parte 4 de 5) - LINHAS PEDAGÓGICAS

IMAGEM DO BLOG PALAVRIANDO

Escolas e suas linhas pedagógicas

Como escolher a escola certa?

As crianças nascem com personalidades distintas, que precisam ser moldadas e adaptadas ao seu convívio social. Muitas crianças, pela sua rebeldia, temperamento forte, falta de educação adequada ou por influências externas precisam de uma educação mais rígida. Já outras são mais introspectivas ou criativas e precisam de locais adequados para desenvolver suas capacidades. O fundamental é entender as necessidades de cada indivíduo.

Por isso existem escolas com diferentes linhas pedagógicas, para lidar melhor com a individualidade de cada criança. Diante da difícil tarefa de escolher a melhor escola para seus filhos, muitos pais ficam preocupados com as diferentes linhas pedagógicas adotadas por cada escola: Tradicional, Construtivista, Montessoriana ou Waldorf.
É muito importante que os pais conheçam e compreendam a metodologia e as principais linhas educacionais utilizadas nas instituições. Só assim poderão optar pela escola que melhor atenda à filosofia, valores e às expectativas da família.

AS LINHAS PEDAGÓGICAS

•    Tradicional

A linha tradicional de ensino alastrou-se no século XVIII, a partir do Iluminismo, e tinha por objetivo universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Foi considerada não-crítica e ultrapassada nas décadas de 60 e 70, mas ainda tem muita importância para os educadores. Seus defensores enfatizam que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma base sólida de informação.
As escolas que seguem esta linha pedagógica privilegiam a transmissão do conteúdo. O professor, cuja função é transmitir conhecimento e informações para os alunos, é o guia do processo educativo. 
Escolas que seguem esse modelo tendem a ser rígidas em relação à disciplina.
O sistema de avaliação das escolas tradicionais mede a quantidade de informação absorvida pelo aluno. Essas escolas tendem a prepará-los para o vestibular desde o início do currículo escolar.
•    Construtivista

A teoria de aprendizagem, desenvolvida pelo filósofo Jean Piaget (1896-1980), propõe que o conhecimento resulta da interação de uma inteligência sensório-motora com o ambiente. O estudo demonstrou que uma criança aprende espontaneamente, organizando os dados do exterior a partir dos quais vai construindo seu conhecimento, não é um “ser” moldado pelo professor. Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem da própria interação da criança com o meio em que vive.

Uma aluna de Piaget, Emilia Ferrero, ampliou a teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se alfabetizar sozinha, desde que esteja em ambiente que estimule o contato com letras e textos. Essa teoria de aprendizagem chegou ao Brasil na década de 70, quando foram criadas algumas escolas experimentais ou alternativas.

Hoje já existem várias escolas utilizando este método. A proposta dá prioridade aos conhecimentos que a criança traz consigo, buscando fazer com que esses saberes sejam aprofundados, reconstruídos em diferentes momentos e de diversas formas. Mais do que uma linha pedagógica, o construtivismo é uma teoria psicológica que busca explicar como se modificam as estratégias de conhecimento do indivíduo no decorrer de sua vida.
O professor tem o papel de coordenar as atividades, perceber como cada aluno se desenvolve e propor situações de aprendizagem expressivas. A informação e o conteúdo são fundamentais, mas o processo pelo qual o aluno chega a eles e como estabelece relações e comparações é o mais importante. Dessa maneira, as escolas acreditam que formam crianças mais críticas, opinativas e investigativas. As disciplinas estão voltadas para a reflexão e auto-avaliação, portanto a escola não é considerada rígida.
•    Montessoriana

Desenvolvida por Maria Montessori (1870-1952), a teoria do desenvolvimento infantil parte do pressuposto de que a criança é dotada de infinitas potencialidades. De acordo com a visão montessoriana, a criança deve ser incentivada a desenvolver um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado e o ensino deve ser ativo. As escolas que seguem essa linha levam muito em conta a personalidade de cada criança, e enfatizam as experiências e o manuseio de materiais para obter a concentração individual e o aprendizado. São propostos trabalhos voltados para atividades motoras e sensoriais que aproximem o aluno da ciência, da arte e da música.

Na relação entre professor e aluno, as atividades são sugeridas e orientadas, deixando que a própria criança se corrija, adquirindo assim maior autoconfiança. O educador é um guia que remove obstáculos da aprendizagem, localiza e trabalha as dificuldades de cada criança. No aprendizado de números, por exemplo, a teoria não é o ponto de partida, o orientador utiliza pequenas barras coloridas, que possibilitam à criança visualizar relações e proporções.

•    Waldorf*

Essa linha pedagógica surgiu a partir de 1919, em conferências do filósofo Rudolf Steiner (1861-1925) sobre educação. O método baseia-se nos três eixos de desenvolvimento da criança: físico, social e individual. Sua proposta é baseada no movimento da criança, na atividade motora. São contra o uso da televisão e de brinquedos industrializados, preferem dar aos alunos pedaços de madeira para que eles os transformem em brinquedos.

Os alunos são divididos por faixas etárias e não por série. São contra também a alfabetização antes dos sete anos de idade. Não há repetências e os professores guiam uma mesma turma durante um ciclo de sete anos. A relação da entidade com a família é intensa. As escolas que seguem essa linha têm princípios mais radicais e esperam dos pais uma postura sintonizada com a sua filosofia educacional.
*Os primeiros alunos do filósofo Steiner, eram funcionários da fábrica Waldorf Astoria, na Alemanha.
Daí o nome desta linha pedagógica. 

Afinal, o que realmente importa? 

A verdade é que existem diferentes formas de educar. O principal é desenvolver a potencialidade de cada criança e formar pessoas respeitosas, honestas, competentes e confiantes na sua capacidade de enfrentar os desafios da vida. Conservadoras ou liberais, as escolas precisam colocar em prática as teorias que pregam. Na hora da decisão, o casal deve visitar as instituições de seu interesse acompanhado dos filhos, pois é necessário que as crianças se identifiquem com a escola para que tenham sucesso em sua formação. 

Site Klick Educação
www.klickeducacao.com.br


Priscilla Germano
Publicação: Abril 2004 - Edição: 20

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