Era para escrevermos um texto a quatro mãos... nasceram dois textos com uma mesma mensagem! Pedi a minha querida amiga, Laís Câmara - Naturalmente Lai - que escrevesse comigo sobre "A ARTE DE EDUCAR". Mas, gostei tanto do que e como ela escreve(u), que em respeito a essa mensagem rica e reflexiva para nós, publiquei na íntegra o dela e o meu, passou a ser "O QUE CHAMAMOS DE EDUCAÇÃO, EDUCA MESMO?".
Laís Câmara, muito obrigada! Cada colaboração sua nos enriquece. Assim, somos "Mães na Prática" com mães na prática desse blog! Obrigada a cada amiga mãe, pelos e-mails com sugestões e colaborações.
Segue o texto:
A ARTE DE EDUCAR
por Laís Câmara
Fomos acostumados a não pensar, e se não pensamos, agimos como “máquinas”, repetimos e repetimos e nem nos damos conta de procurar o porquê do produto final “solar”. Uma criança, definitivamente, não é como a outra, parece óbvio, mas nos pegamos generalizando às vezes e usando as mesmas receitas, e quando o beijo, ou o bom dia, ou o abraço, ..., não aparecem como “deveriam”, o que há com a criança? Educar para padronizar, educar para se orgulhar, educar para que?
Enquanto mãe, admito que choro com cada passinho básico e “bonito” de minha filha, acho que isso é algo até normal, mas me pego pensando em mim e nela, e como ISSO é bom...porque se penso em mim, percebo quais os efeitos daquelas lágrimas em mim, por que é importante pra mim a tal ponto? Será só vaidade? Se o passinho dela fosse oposto, seria “bonito”? Isso ajuda a diagnosticar muita coisa e tomar decisões muito mais racionais. Educação, na minha opinião, é avaliação e amor.
A avaliação é geral/integral, é você pensar. Sim, o hábito de pensar deveria ser constante, pensar de forma interrogativa, buscando diagnosticar, para a partir daí tomar decisões. E quem deveria fazer essa avaliação enquanto responsável e criança? Acho que você já tem a resposta, ambos; talvez não saiba como fazer, mas a criança sabe, ela está aberta, principalmente quando bem pequena. Taí...; a resposta é – pensando. Por exemplo, ler é bom, mas porquê? Para que? Quando? O que ler? E as respostas? Você pensou ou recebeu? Pense, educação é isso! Faça pensar, deixe-as pensar! Provoque, liberte, seja mediador, interrogue racionalmente, são atitudes generosas com você e com a criança! É bom deixar claro, como diz Cipriano Carlos Luckesi em seu artigo Apontamentos para uma visão integral da prática educativa : “...Há que se dar suporte para que cada criança, cada adolescente e cada adulto aprenda a estar atento à sua dimensão interna (estética), à sua dimensão comunitária (ética) e à sua dimensão cognitiva (científica), assim como a estar aberto e aprender a acessar, na medida do possível, seus diversos níveis de consciência...”. Dar suporte para aprender a estar atento e aberto...como fazer isso? Pensando, sobre como educamos, o que é educação e para que existe a educação.
O amor/afeto na educação, é como mais um espaço, que, sim, caminha entrelaçado com a prática educativa, porque, por exemplo, muitos não conseguem desenvolver uma atividade simples, como namorar, dormir, arrumar uma casa, ler um livro, ..., se o emocional não nos(adulto e criança) permitir. Leonardo Boff diz em seu livro “A águia e a galinha”, que a paixão é que move a águia, o seu desejo maior é que direciona sua vida, ao contrário, nos tornamos galinhas, ciscando e olhando pro chão. Ou seja, o afeto nos permite educar e ser educados com satisfação.
Isso é educação significativa, mas, por outro lado, no geral, vamos destroçando nas crianças o desejo de aprender, vamos impondo o tempo inteiro. O momento da alfabetização, que deveria ser livre e particular, por exemplo, é encaixotado de presente para os pais, de forma camuflada, pela obrigação e ilusão de sair lendo e escrevendo, deixa-se o grafismo de lado, por exemplo, vai se perdendo o gosto pelo desenho, deve-se ler e escrever; e o rebuliço que fazemos com essas crianças, que aprendem a se tornar “malandrinhas” para satisfazer os desejos dos pais!!! Nisso também vemos “beleza”...Vamos pensar, vamos deixá-los viver e vivermos com eles curiosamente!
Laís Câmara - mãe, mulher, pedagoga, educadora com amor e respeito.
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