sábado, 4 de fevereiro de 2012

ESCOLHA DO PARTO É UM DIREITO DA MULHER

Gente, como pessoa, mulher, filha e mãe eu fiquei chocada com as barbaridades que estão falando sobre a australiana Caroline Lovell, 36 anos, que morreu durante o parto de sua segunda filha, realizado em sua casa, na cidade de Melbourne, após sofrer uma parada cardíaca. Conforme informações do jornal britânico Daily Mail. (Clique para ler a notícia)

Gente, pelo amor de Deus! A quantidade de comentário ridículo que está se espalhando e campanha contra esse tipo de parto é assustadora. Por acaso, se ela tivesse sobrevivido, tudo estivesse "normal", daria notícia? Alguém divulgaria: "Tudo certo, graças a Deus!"? Por que apenas as tragédias merecem ser divulgadas? Por que a falta de respeito ao próximo é tão grande? Eu penso que aqui no Brasil falar sobre parto é muito "prático": cesarea e pronto. Onde estão as opções e as condições para se ter essa opção de escolher o tipo de parto? Meu médico, quando estava grávida de Peu foi ótimo. Ele me disse: "você vai ter o seu filho da melhor maneira para você e para ele.". Me explicou sobre os partos e eu queria ter normal. Não por querer ser forte, nem anda, apenas porque era a minha primeira opção e porque eu morria de medo de ter que fazer uma cirurgia. Precisei fazer uma cesareana não marcada, porque Pedro encaixou no dia 24 de setembro de 2006 e eu não tinha dilatação, nem contração. Fizemos a ultra no dia 25 e ele estava bem encaixado. Eu, na mesma. No dia 26, fizemos a cesarea. Tudo muito bem monitorado e com o acompanhamento do meu médcio. Ah, um detalhe, eu tensa, nervosa e com medo. Fora assustada, porque temia que Peu não aguentasse tanto tempo encaixado, querendo sair e eu não sentia nada. Apenas dois dedos de dilatação. Assim, sim, fizemos a cesarea e agradeço a Deus por existir essa ALTERNATIVA. 

Com relação aos comentários pesados e pensamentos tacanhos, pensei: alguém divulga quantas mulheres morrem na sala de parto? Quantas morrem em casa? A medicina, o hospital é garantia de quê? Falam como se ela tivesse tido no hospital teria sobrevivido, Será? Conisderar essa hipótese e afirmar que ela teria tido, quem sabe, uma possibilidade de sobreviver é falar em vão. Qual garantia, pelo amor de Deus? Gente, eu acredito que quando chega a hora, esteja em casa ou em qualquer lugar, é hora. A mulher não foi "burra", "imbecil" e etc como estão espalhando por aí. Ela fez uma escolha consciente. Estava preparada. Mas, teve uma parada cardíaca. O parto foi tranquilo.

Li, recentemente, dois posts interessantíssimos sobre parto e divido aqui com vocês: SEU PARTO, SEU DIREITO e COISA QUE EU NÃO SABIA. As duas - escrevem no mesmo blog - falam de uma maneira muito bacana. Para se escolher é preciso conhecer. Não condeno, também, mulheres que optam fazer a cesárea. Desde que não tenha sido exigência do médico. É um assunto muito delicado falar sobre isso. Convivemos com dois extremos: de um lado os "valores" que nos envolvem a maternidade, onde parece que a mulher vai se tornar uma pessoa iluminada... - se a gestação e o parto fizessem isso, já pensou? Somente as mulheres evoluíriam como pessoa e os homens? E as mulheres que não podem gerar? - puro fanatismo. Assim, as mulheres são educadas a se sentir na obrigação de reproduzir, nesse aspecto, todo mundo quer ser como os animais; por outro lado, a banalização do parto pela medicina - não digo todos os médicos, mas, é de conhecimento geral que existe o favoritismo pela cesarea, principalmente na rede particular...Como saber o "como" escolher? Faltam informações desinteressadas. Cada divulgação que sai apóia um lado de interesse: seja o da "moral e bons constumes", seja o do interesse comercial. E o lado das gestantes?

Francamente, alguém acha que essa polêmica toda é uma "abertura de debate"? Eu vejo como uma estratégia para nos fazer de massa de manobra. Estão divulgando de qualquer maneira, desdenhosamente afirmando e induzindo o pensamento de que ela estava "errrada" por optar pelo parto domiciliar. Será? 

Fica aqui meu apelo para as mamães, para que façam suas escolhas com consciência, sabendo esperar a hora. Procure um médico que não seja terrorista, nem estrela. Um bom profissional faz toda a diferença. Uma relação honesta, também.

Que a Caroline tenha um bom descanso e que a família tenha o consolo da vida, para que as crianças envolvidas - coisa que a imprensa esquece que existe e que se tratam de duas crianças - encontrem um caminho de paz.

Saudações maternais,

Pat Lins.

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