quarta-feira, 29 de agosto de 2012

MÃE - NUNCA ERRAMOS (?)


Quem nunca errou que atire a primeira pedra!

Quem já identificou um erro, que se atire a corrigir!

Quem já errou, levante-se e siga, de mãos dadas com todas as mães mortais e humanas!

Quem erra é humano. 

Quem conserta o erro, diluí a culpa, enfrenta o medo de não acertar, enfrenta a cobrança alheia dos que julgam-se superiores e acaba entendendo que errar faz parte do processo de quem tenta!!!

Que consigamos acertar mais e mais vezes, após cada erro detectado. A redenção é entender e aceitar que fez o que era capaz e ter consciência de que é capaz de fazer mais, daqui para frente.

Quebremos as algemas do medo que nos impede de ser mais e seguir para o alto e além!

Somos mães, somos mulheres, somos pessoas, somos HUMANAS!

Saudações maternais, mães na prática diária,

Pat Lins.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"MÃE, NÃO QUERO MAIS ESSE PAPO DE DEUS..."

A gente não tem idéia do que são as nossas expressões para as crianças.

Quando perdi o bebê, ano passado, Peu sofreu muito. Para amenizar seu sofrimento, as pessoas, em geral, diziam:

- Foi papai do céu que levou seu irmãozinho, Peu, para ficar pertinho dele...

Passou e ele não tocava mais no assunto do irmão - exceto, quando o pegava chorando à noite, sozinho em seu quarto e falava: "estou com muita saudade do meu irmãozinho" - e nem orava mais. Dei um tempo para ele. Como eu tenho o hábito de sempre orar, principalmente, antes de dormir, mantenho meu hábito, mas, ele que espontaneamente orava, parou.

Há algumas semanas, não me recordo o que aconteceu, eu disse:

- Ore e peça a Deus, meu filho, que Ele te ajude e dê forças para você conseguir.

Pronto, ele abriu o verbo:

- Eu não quero mais saber desse negócio de Deus - colocou a mão no pulso, como quem marca o tempo no relógio e diz: - até hoje ele não mandou meu irmãozinho de volta. Ficou para ele... Estou com raiva de Deus, não quero mais falar nesse assunto, até ele me devolver meu irmão!

Pois é... nem toda criança aceita ser enrolada. Algumas ouvem o que a gente diz e levam a sério...

Tive que explicar que, na verdade, não era a hora do irmãozinho dele nascer e que na hora certa, ele virá. E expliquei que não depende dele decidir isso, que é assunto de papai e de mamãe, que a gente vai ver e decidir se e quando teremos outro filho. Não gosto de dizer: "te dar um irmãozinho", porque não será um presente para ele. Lógico que ter um irmão é maravilhoso - para quem tem irmãos-amigos, como eu, é - mas, não planejamos isso pensando em agradar a Peu. Isso é decisão do casal. Com conversa e franqueza tudo se esclarece. Tirei de Deus o que colocaram Nele. E ensinei a algumas pessoas a dizerem: "Peu, quando seus pais acharem que está na hora, seu irmão vem.".

Sorte que ninguém mencionou a cegonha... Mas, a pergunta de como nascem os bebês ele já me fez e deixou claro: "nem tente me enganar...".

É isso!

Saudações maternais,

Pat Lins.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

SER DOENTE NÃO DEVERIA FAZER DIFERENÇA

Imagem: FAZENDO ARTE TERAPIA
Matriculei Peu na "Equoterapia" e uma mãe me perguntou: "ele não é doente, porque está aqui?". Eu respondi que era por uma questão comportamental.

Interessante é que poucas pessoas sabem dessa parte da "equoterapia". Estou coletando mais informações sobre o assunto e depois escrevo aqui. Para mostrar que trabalho bonito e os resultados gratificantes.

Lá, Peu tem contato com crianças "diferentes", especiais e com limitações de ordem física e motora, mas, crianças e jovens especialmente lindos, com a missão de nos fazer ver que a vida é mais do que o que tentamos definir. Existem coisas que não têm uma única explicação. E vejo pessoas perdendo tempo tentando explicar sem, sequer, investigar, sobre o desenvolvimento das doenças. Para mim, tem algo muito maior, além da nossa vã compreensão. 

Mas, o que me levou a escrever aqui foi um alerta: SER DOENTE NÃO DEVERIA FAZER DIFERENÇA! Vejo o cuidado com que as mães tratam seus filhos, com um amor enorme. Parece que o amor dobra para dar força àquelas mulheres. E o trabalho dos profissionais que cuidam dessas crianças, com tanto carinho e dedicação que nos comove. 

Esse contato com essas crianças tem enriquecido o mundo de Peu e o meu. Ele que é "diferente" para aqueles que têm o mesmo padrão de comportamento, é "normal", no sentido de ser "diferente", para os portadores de alguma doença. Mesmo assim, nesse mundo, não há discriminação por parte das crianças, nem dos pais. Eles estranharam Peu lá, mas, nem por isso o trataram de maneira discriminatória. Isso é uma grande lição. Todos deveríamos nos ver como semelhantes, não procurando deixar todo mundo "igual" como rotulação e/ou segregação. 

Como pais, mães, família e etc, devemos nos unir, num movimento sincero e interno de lidar com as "diferenças" como algo natural e com as exigências exageradas de padrão normótico - consumismo exagerado e afins - como algo antinatural. 

As crianças especiais são especiais para nos fazer lembrar que mesmo com as dificuldades elas vivem intensamente, ao contrário de "nós" que passamos a vida inteira fugindo da vida verdadeira!

Isso me faz ver que as crianças não têm o preconceito em si, quem preconceitua algo são os adultos que sentem necessidade de conceituar algo, ainda que previamente, para julgar e não para entender e aceitar as diferenças para saber lidar com elas. Por isso, como pais, mães e afins, devemos rever nossos valores e, com isso, permitir que nossos filhos cresçam num mundo melhor, humanamente melhor!

Saudações maternais,

Pat Lins.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

SER DIFERENTE NÃO É DOENÇA

Hoje em dia, vejo que ser diferente pode ser um problema, ou, uma solução... depende de como agimos.

Pedro tem me ensinado muito a ser uma pessoa melhor. O desafio diário de lidar com ele pode cansar, muitas e muitas vezes, mas, vê-lo crescer e mudar me lembra que é para isso que estamos aqui, para nos tornarmos pessoas melhores, não igual a todo mundo, nem um diferente do tipo "perigoso", mas, diferente do tipo "autêntico", "feliz". Lógico que tenho que lidar com um comportamento desafiador full time. Não tem refresco. Mas, entendi uma coisa: não adianta falar qualquer coisa, tem que fazer sentido. 

Pedro me ensinou a vê-lo como é e entender que diferença não é doença. Engraçado que, como já falei outras vezes, me voltava muito para buscar um enquadramento patológico para ele, para, "achando" eu, saber lidar com ele. Para mim, essa agitação dele era doença e precisava de remédio. Existem problemas patológicos, sim, não estou aqui dizendo que essas doenças não existem e sei que identificá-las o quanto antes, melhor a eficácia do tratamento. O meu "não saber lidar com Peu" é que procurava um remédio para "normatizá-lo". 

O coloquei numa escola com metodologia diferenciada, o que entendi é que nada adianta uma boa proposta se na estrutura real pode se perder quando algumas partes da equipe não tiverem o perfil vocacional. Pode-se ter a melhor qualificação, se faltar alma, nem adianta, cai na mesmice das escolas "tradicionais". É como sempre cito a frase da Morgana Gazel: "fazer diferente exige muito mais que contradizer". O diferente requer vontade, dedicação e disposição - e isso só parte quando o profissional lembra que é pessoa, antes de tudo e mais nada, e essa pessoa sabe que tem essas características dentro dela. Todos nós temos, só que muitos nem sabemos... - além de uma visão holística - visão do todo. Ah, o mais importante: não dá para ficar no discurso e no "obrigada, pela parceria". Onde está a parceria? Não tem o que me agradecer por ser presente, aberta e participativa, eu sou assim e minha relação com meu filho é assim. Eu sei que escola alguma faz milagre e nenhuma tem a obrigação de saber lidar com o "diferente", mas, desde que não use em suas visões e missões, em sua cultura organizacional - sim, uma escola é uma organização e sim, é necessário capital para investir, sustentar e manter o diferente, porque é mais caro, não se produz em série... mas, a vocação não depende dessa verba, ela é nata - a afirmação do tipo: "aqui, temos uma proposta voltada para as características individuais" e agir pelas características grupais. Não estou aqui me isentando da minha responsabilidade de mãe, muito menos, delegando para a escola a educação do meu filho, mas, esperava na educação acadêmica mais parceira como tivemos no ano anterior, com Aninha a frente e sua competência magistral. Este ano, a equipe me parece estar desfalcada no quesito vocação e se a direção não estiver no comando, o barco fica a deriva... No último semestre, Pedro se mostrou estagnado no aprendizado, por conta do seu comportamento em sala, de não participar no mesmo ritmo que o grupo - e quando falo em problemas comportamentais dele, falo de atitudes agressivas e de só querer fazer  que quer. Cheguei a acreditar que ele fosse TDAH ou algo similar. Mas, a psi dele já entendeu o modus operandi dele, assim como eu já o havia visto, a diferença é que ela usa termos técnicos e tem um entendimento científico da situação. Ainda assim, ele se aproxima de hipóteses bem prováveis de distúrbio de ansiedade. Não se trata de um diagnóstico fechado, mas, de uma característica muito visível nele. Assim, adaptamos - eu, o pai e parte da família, bem como com o apoio da psi dele e da pró - um modus vivendi onde entramos no mundo dele e buscamos compreender como acessá-lo, desenvolvendo estratégias que não entrem em choque, mas, apazigúem, sem deixar de ser firme, para ele entender quem está no "comando", afinal, por mais que ele seja um indivíduo, ele é uma criança. Para nossa grata descoberta, o caminho é árduo, por ser cansativo, simples, é... porém, nada fácil: amor, firmeza, coerência e franqueza. Trata-se de uma educação a longo prazo. Só que, quem disse que para quem busca resultado imediato e um indicador de "ele já melhorou muito" serve? Há quem queira mágica e resultado imediato. Foi aí que vi que a proposta inicial da escola de "não produzir indivíduos em série" cai no sistema "normótico"... Ainda acredito na escola, mas, em parte da equipe, não. Dá para ver a diferença e onde está o "problema".

Para Pedro, deve fazer sentido. Para ele parar, deve-se haver um entendimento. Para ele entender é fácil, firmeza, franqueza e coerência. Fora que ele tem o "time" - tempo - dele. Isso deve ou não ser respeitado numa escola que afirma lidar com as características diferentes e individuais? "Ah, mas, ele não produz junto com o grupo...". E, aí, queimar etapas? Eu penso que deveriam trabalhar, antes, essa questão individual e trazê-lo para a compreensão do social. Estamos pagando uma estagiária para fazer intervenções psicológicas nele, na sala. Ela é bastante comprometida, só que, quem está acima dela parece não dar o apoio necessário. Eu não sei... eu sinto que há algo muito falho aí. Não quero milagre e bem sei como cansa lidar com os questionamentos e a maneira de agir de Peu, ele tem uma inteligência acima da média e uma curiosidade elevadíssima, fora que uma agitação desgastantes para quem o acompanha. Isso nunca me fez cruzar os braços e dizer: "ele é assim, deixa aí". Pelo contrário, precisei ver que ele é assim para, justamente, lidar com ele. Tudo bem, é óbvio que com ele somos eu e ele, um para um. Na escola, a professora tem mais 24. Ainda assim, vejo que ela dá conta, só precisa de apoio. Com a estagiária, esse apoio in loco se faz presente, para "conter" o comportamento dele. Não é só isso... a parceria quebra quando sobe a hierarquia... E todo empenho desce ralo abaixo.

Morgana Gazel traz outra frase - em seu livro "Enseada do Segredo", pela Paco Editorial - que me faz entender onde a parte da equipe da escola ainda não consegue acessar o "Fabuloso Mundo de Peu", e a frase diz: Ignorar não é não saber; há um saber além do conhecimento obtido através da razão”. 

Pois é, o meu desafio agora é saber o que fazer com relação à escola... insistir, persistir ou desistir? Confio na professora, confio na diretora, confio na professora do grupo mais avançado, mas, não confio na dupla: coordenadora pedagógica e psicóloga da escola... O método construtivista, posta em prática, para mim, requer mais do que qualificação acadêmica e técnica, requer preparo de vida... Há um problema aí e a solução, para mim, não era desistir, e sim, persistir. Ano passado a gente firmou - era outra equipe - e deu certo. Com todo trabalho - que já era esperado - e funcionou em algumas coisas. Este ano, desde que começou, só vi piorar e Pedro melhora aqui fora... pensei: "se ele já melhorou seu comportamento aqui fora, na escola é questão de tempo". Não sei que tempo vem a ser esse, sei que o cronológico passou e muita gente ali comeu mosca por não saber como agir com o diferente que é o propósito da escola... o público dessa escola é esse público diferente, sem ser portador de deficiência - no sentido patológico. Eles alegam que não trabalham a inclusão por não trabalharem a exclusão. Há um limite para criança portadoras de deficiência... até aí, tudo bem, é a filosofia da escola e é algo que deve ser respeitado, afinal, requer uma estrutura mais bem preparada e que vai requerer mais investimento... E quanto ao diferente?

Não penso que exista uma escola que vá trabalhar o milagre, vou em busca de uma onde os profissionais saibam o seu papel e saibam que o seu papel está além do papel de um diploma, seja lá de qual titulação for. O papel real cansa, desgasta e a pessoa precisa refletir: para o bom funcionamento do meu profissional, tenho que ser uma pessoa preparada! Hoje em dia é muito fácil entrar num Mestrado e sair apenas com o título. E a vivência? E a experiência? E o pessoal?

Pois é, Peu, mexeu fundo em gente grande e com títulos maiores ainda... Gosto muito da escola, da professora, até do porteiro. Todos são comprometidos e competentes. Essa dupla nada dinâmica de coordenação pedagógica e psicóloga me deram a resposta que procurava: onde está o problema? É uma hipótese muito mais próxima do bem provável...

A escolha da escola ideal é saber ver o limite de ação dela, sem deixar de reconhecer todo o mérito que ela tem, sim. Entender que existem coisas que se baseiam em valores que não combinam com o da instituição é que confunde e fica a pergunta: o que faz lá? Se estão ali, estão ali. O que vejo é uma relação desgastada e ego ferido... como não sou perita no assunto, muito menos psicóloga, só suponho... Como pessoa, antes de tudo e como mãe, nesse meio tempo, preciso dosar razão e emoção para tomar minha mais sensata decisão. Nem pisquei quando pensei em matriculá-lo lá, mas, penso em tirá-lo... isso é bom. Consciência e abertura de visão fazem parte, afinal, não se trata de querer que me agrade ou supere minhas expectativas. Eu sei bem quem e como age o meu pequeno, portanto, não sou o tipo de mãe que acha que o filho é um santo... mas, sei que o meu também não é o demônio. E nem penso que só existam esses dois lados. Eu vejo o meu filho como um ser humano. E lido com essa realidade. Por isso, não esperava milagre da escola, nem obrigação em se comprometer... Deixei clara a minha postura e se eles estavam dispostos a dar continuidade, no que me garantiram que "sim!". Entretanto, se há uma política organizacional, onde está a prática dela? Onde está a coerência com as belas palavras? Na prática, a teoria é outra? Creio que essas novas profissionais - porque elas fazem parte do quadro há pouco tempo... creio que menos de 4 anos - não se deixaram atravessar pela missão, visão e valores da instituição... 

Em toda parceria existe a parte mais interessada - neste caso, eu - e esta parte precisa estar aberta e ligada, administrando tudo. Decidir faz parte. Mas, ser injusta, nunca!

Saudações maternais,

Pat Lins.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

"FADA DOS DENTES" - A FASE DA TROCA DOS DENTINHOS DE LEITE


Pois é... chegou mais uma nova fase: troca dos dentes!


Uma coisa tão simples e tão emocionante.

Peu surpreende, viu? Tão agitado e agoniado e, em se tratando de sentar na cadeira do médico ou do dentista, se comporta exemplarmente. Que menino! Estávamos todos tensos, imaginando que ele não deixaria dar anestesia, pois, já havia manifestado que "não queria saber desse negócio de trocar dente e ficar banguelo...". Pois, o dente de leite não amoleceu e o outro já nascia por trás. O quê fazer? Recorri a uma dentista maravilhosa, Dra Rosana Lins, onde me explicou que teríamos que fazer a extração, pois, o dente de leite não cairia sozinho... Meu Deus! Logo eu que mmmmooorrrrrrooooo de medo de cadeira de dentista - e, graças a Deus quase não precisei sentar nela... risos - levando o meu pequeno para sua primeira "consulta" já com extração do dentinho de leite, é mole? Mole, não, porque estava meio mole e meio duro. Ele sentou e a dentista combinou que iria passar uma "pomadinha para o dente dormir" e ele teria que ficar com os olhos fechado durante o processo. Ele estava super curioso com tudo no consultório, mas, toda cuidadosa, Dra Rosana escondeu o que ele não precisava ver. Aquela história: o que os olhos não vêem, coração não sente... né verdade?! Pois, na hora de fechar os olhos ele pergunta: "e a fada dos dentes?". Ela entendeu e alimentou como trunfo: "amanhã, pela manhã, terá uma moedinha debaixo do seu travesseiro. Mas, tem que ficar quietinho". Bom, nem assim eu estava relaxada. Peu não é muito de "se vender" ou facilitar em troca de moeda, mas, olha que ele fechou os olhos e ficou na paz. Quando abriu os olhos já havia terminado, com o elogio da dentista. Foi tão rápido que eu nem tive tempo de respirar. 

Pedro adora surpreender! Fiquei super feliz! Ele gosta de, nas consultas médicas, ele mesmo falar e sentar sozinho. Será que está se tornando "hominho"? Todo independente.

Pois é, adentramos numa nova fase. O dentinho ao lado já estava saindo, também. Por trás, também... Mas, foi melhor tirar um, deixar ele ocupar seu lugar, senão, ele ocuparia os dois lugares, pois o outro ainda está rasgando a gengiva. É mole? Não, não é... literalmente, não é mole, nem no dente...

Saudações maternais,

Pat Lins.

domingo, 12 de agosto de 2012

HOMENAGEM "AOS DIAS DOS PAIS" - PAI, AMO VOCÊ!



Todo ano, - apesar de não ter apenas essa data como "Dia dos Pais" e sim todos os dia de cada ano - eu amo escrever aqui sobre essa figura que é tão importante em minha vida, assim como a minha mãe: MEU PAI. Que é e sempre foi um pai na prática! Na arte diária de ser pai!

Meu pai me ensinou tanta coisa. Tanta coisa que nem dá para colocar aqui. Mas, o que melhor me ensinou é que apesar dele me ensinar muito, eu também tinha meu espaço para aprender mais e mais com os demais.

É difícil para mim, falar desse homem que é uma figura marcante, em todos os sentidos. Meu pai é um homem especial. Ele tem uma nobreza de caráter que impressiona. E, sabe, o dia em que mais vi meu pai como meu herói? Quando vi que ele era humano e entendi e aceitei que ele também erra. Ainda bem. Ele é real. Realmente lindo, forte e gente, como a gente. No dia em que minha avó paterna faleceu, aquele homem se tornou menino e chorou. Nunca havia visto meu pai chorar. Naquele dia, vi que ele não era de ferro e sim de ouro! Ele sempre foi presente em nossas vidas. Nunca o vi reclamar por não termos seguido o caminho que ele sonhou para nós. Lembro que ele queria que eu tivesse feito Engenharia, ou Direito, ou Medicina... como ele dizia: "profissão que garantisse meu futuro". Eu quis fazer Comunicação e ele pagou cada mensalidade da Universidade Católica do Salvador, trabalhando dobrado, para realizar o meu sonho. Ele preferiu sonhar comigo. Nunca reclamou, um dia, sequer. Nunca se envergonhou da filha que era tão promissora ter ido estudar um curso que ele nem sabia o que ia fazer ao certo... 

Meu pai nunca nos negou nada, a não ser o supérfluo. Isso ele não aceitava e não via sentido. E ele sempre teve razão. Não fazia compra a prazo. Também, não era canguinha. Não tinha o melhor jeito para nos fazer entender seus motivos, que eram óbvios, mas, nós, filhos, existimos por essa razão também: testar os pais... Mas, ele nos fazia entender. A gente não gostava muito... a gente queria o supérfluo, queria "ter". Os valores dele sempre foram "ser" e ele sempre foi. Ah, nós aprendemos com ele. Podíamos não gostar, mas sabíamos - sempre soubemos - que as ações dele eram certas, tinham uma base boa, sólida. Formou, sem ter entrado numa faculdade - seu maior sonho que foi vivido através dos filhos - três seres humanos que, hoje, podem ainda não serem ricos materialmente, mas, de caráter e amor, não tenha dúvida! Ele formou um elo eterno e natural. Ele nos formou! Hoje, os netos o formam... formaram um avô babão e bobão. Ah, vá ser "besta" assim com os netos como ele. Os pequenos herdaram nosso amor por ele - ou ele conquistou esse amor?

Assim, a todos os pais, meus parabéns! Ao meu marido, pelo pai amoroso e maravilhoso que é. Meu pai, meu marido... esses homens pais que nos mostram que ser homem é ter dignidade e decência; é ter vida moral; é ter boa conduta; é viver bons valores! 

Na novela das sete - Cheias de Charme -, vi a cena de um filho que conhece o pai aos 18 anos e o pai, que nunca queria ter tido  um filho diz: "Eu queria ter te conhecido antes... eu teria aprendido muito com você!".

É isso que a gente vê, na prática que a paternidade é uma troca, somente possível se houver os dois lados: PAIS E FILHOS.

Que meu marido continue assim, esse paizão de Peu, que tem um filho que o ama e defende com unhas e dentes - ao pé da letra... Que meu pai continue assim, esse homem exemplar. Assim como o Pai do céu, esses pais da terra são os pais nossos de cada dia!

Que os pais se permitam mais e mais, serem pais! 

Pai, obrigada por nos dar força! Obrigada por segurar o mundo nas costas para sentirmos menos o impacto direto. Obrigada por não nos passar dor a amargura como caminho, mas, como parte de um caminho que tem muito mais! Obrigada por nos ensinar que a construção é diária e que o caminho mais curto nem sempre é o mais seguro... Obrigada por nos ensinar a sempre começar. Pai, obrigada por ser meu pai!

PAI, SEU LINDO! AMO VOCÊ!!!
Olha, como filha, acho lindo e tão gostoso dizer: PAI, AMO VOCÊ!

Pat Lins.

sábado, 11 de agosto de 2012

LIMITES

Ultimamente, venho refletindo sobre essa questão de outra ótica: LIMITES - NÃO BASTA DAR, TEM QUE RECEBER.

É muito fácil e lugar comum escutarmos críticas a pais e mães pela falta de limite, baseando-se, apenas, na maneira como o filho age - ou reage. Concordo plenamente e reconheço como de suma importância o estabelecimento dos limites, principalmente os de ordem natural, através dos exemplos e da rotina. E lidar com meu filho tem me ensinado que a rigidez não é limite natural... É difícil, cansativo e desgastante, mas, lidar com a criança observando como ela é para tentar estabelecer esse limite é muito mais importante. Ver em si o que está desconexo com o que passa ao filho, é muito importante. Ver quem e como é o seu filho, é importante, porque saber lidar tem que assumir e ver quem é, de verdade. 

O que vem me chamando a atenção é que, em meu caso, mesmo que tenha mudado de estratégias e esteja alcançando mais meu filho, ele ainda "tesa". A sensação que eu tenho é que ele quer testar a veracidade do que façamos ou passamos para ele. Pedro é um menino de ouro, mas, por ser agitado e não parar quieto, só fazer o que quer e se irritar quando contrariado, os juízes da vida alheia fazem dois julgamentos: é hiperativo ou não tem limites. Faz pouco mais de 1 ano que levo meu filho a uma psicóloga maravilhosa - Suely Lõbo - e ele já apresentou boas melhoras. Mas, a mudança é gradativa e, como sempre coloco aqui, a longo prazo. Entretanto, as pessoas ao nosso redor sentem necessidade de dar um nome ao comportamento acelerado de Peu - um dos pontos da melhora é que ele já tem parado mais, escutado mais, entendido mais... - e sempre me perguntam: "ele não é hiperativo, não?". Volta e meia coloco aqui algo sobre "hiperatividade" e "hiper atividade". Será que as pessoas sabem do que se trata a patologia "hiperatividade"? Pois é, fora a questão de não parar e da dificuldade de focar em algo, Pedro interage muito bem com a realidade e tem plena consciência do que está fazendo... Quando o levei a neuro e ela me disse que ele não tinha a patologia, mas, que se eu quisesse ela me dava um remédio, porque as mães de hoje em dia não aguentam o "trampo" dos meninos da atualidade, eu entendi que ele é diferente, sem ser doente. Ou seja, um desafio a todos que o cercam.

Ele tem uma inteligência elevada, uma capacidade de observar e constatar o que acontece ao seu redor e só falta ler a alma das pessoas. Ele incomoda alguns, porque mexe fundo, mesmo. Ele questiona tudo. Para ele nunca bastou um "por quê?", ele sempre vinha com um "e se...?". Estabelecer o limite nele requer muito jogo de cintura. Ele, simplesmente, se coloca acima de tudo. É necessário ter uma conversa firme e franca com ele, sempre mostrando autoridade. O que já observei nessa jornada - e olha que já mudei muito as minhas estratégias - está na ansiedade dele para resolver as coisas e uma relação com o tempo ansiosa e de pressa, como se não tivesse tempo a perder e fosse necessário explorar tudo ao mesmo tempo. Para estabelecer esse vínculo requer de mim uma postura firme, coerente e sincera. Quando ele sente cheiro de mentira ou enrolação, ele logo questiona: "Isso é verdade, mesmo ou você está mentindo para me enrolar?". Quem disse que é fácil lidar com menino super inteligente? E, imagina essa inteligência num corpinho de criança? Como dar vazão? Esse desafio diário eu enfrento com muito amor e desenvolvendo uma coisa que nem sabia ser capaz de desenvolver: a paciência. Isso não me impede de cansar, de perder a paciência que conquisto com muito esforço, mas, desistir é algo que não faz parte da minha natureza materna. Eu mantenho a minha postura.

Por isso, por verem que hoje eu converso mais com ele, grito menos, tenho atitudes mais flexíveis - o oposto de como agia antes, com ele - sugerem que eu estou dando pouco limite. Bom, paciência! Com essa nova estratégia sincera e de coração, tem sido menos desgastante para mim, para ele e para as pessoas ao redor. Basta ter firmeza, franqueza e coerência. Bom, se ele vai aceitar é outro departamento... Ele nunca facilitou nas intervenções mais rigorosas e era mais cansativo. Vi que era estupidez minha: em vez de ver como ele é e falar numa linguagem mais próxima dele, impunha minha autoridade. Fosse do jeito que fosse, eu sempre estive "em cima". Então, como não dou limite ao meu filho? Isso me faz questionar: será que alguém sabe exatamente o que vem a ser "limite ideal"? Quem me ensinou uma coisa bacana foi minha amiga, Noemia, que me disse: "o melhor limite é o exemplo diário". E a psi dele - Suely - me ensinou sobre a importância da rotina. Instintiva ou intuitivamente, eu já fazia isso. A rotina foi algo que me ajudou muito quando eu tive a DPP - Depressão Pós Parto. Eu descobri, na minha prática diária de oscilações de humor, que, quanto menos eu tinha que "criar", menos eu tinha que "pensar em como e o quê fazer", menos eu me estressava", era meio que uma programação: apenas fazer. Assim: hora para tudo e deixar tudo arrumado de maneira prática, sem alterações. Eu sempre fui metódica em minhas arrumações - é da minha natureza - e com a DPP, eu não conseguia dar conta nem do básico, como fazer as necessidades fisiológicas - eu só ia ao sanitário por instinto... eu segurava até não aguentar mais, porque, eu pensava: "para quê ir ao banheiro?". Interessante é que não conseguia "fazer nas calças", eu ia. Enfim, estabelecer uma rotina diária com hora para tudo me ajudava a não ter mudança. Por isso que era importante para mim, ficar em lugares mais calmos e que me dispersasse pouco. Quando vi que Peu era muito agitado e isso é algo difícil de lidar - ainda mais com algumas pessoas que além de não ajudar, ainda atrapalhavam... com cobranças e julgamentos vazios, do tipo "macaco não olha para o rabo" - eu utilizei a mesma técnica. Isso estava ajudando, muito, mesmo assim, não era o suficiente. Trata-se de um complexo muito maior. Na escola ele não mudou, ainda, esse padrão de comportamento. O que me dá segurança de que é uma questão de tempo e ajuste, é que eu conheço meu filho desde que nasceu e vejo a melhora em seu comportamento com isso que eu chamo de "limite" e com a ajuda da psi dele. Mesmo assim, ele reluta em aceitar as intervenções desses limites - ainda que entenda que é importante... é como se ele não fosse tocado a fundo por esse limite. Cruzar os braços? Inventar doença para justificar sua atitude fora de padrão? Eu tenho que ver quem e como é aquele ser e agir. É o que faço. É o que fazemos, porque eu não estou sozinha nessa empreitada. Eu vejo crianças com comportamentos comprometedores para sua saúde emocional e mental, mas, por não serem agitadas, os pais deixam lá, no canto, quietos e fazem tudo o que a criança quer porque "não dá trabalho". Isso é limite? Se poupar do trabalho e fazer o que o filho quer só para o menino ficar quieto? Essa mania de acharmos que criança quieta é normal é perigosa... Criança saudável é a que entende mais e age de maneira mais sociável, sabendo respeitar as "normas" da boa convivência e tendo espaço na realidade para lidarem com frustrações, perdas e tudo o mais, sem magoar, machucar ou manipular.

O ideal, para mim, é romper com os tabus. Ficar com medo de ser julgado e sair por aí julgando é que não resolve nada. Vejo pais e mães perdidos por aí por puro orgulho e vaidade. Francamente! Eu me esforço e me rebolo para dar uma boa base de formação moral e de bom caráter para meu filho. Mas, tudo tem um "limite" e minha zona de alcance também tem: eu posso estabelecer esse limite, cabe a ele aceitar. As pessoas confundem imposição e medo com estabelecimento de limite e respeito... e não é bem assim. Muitos meninos e muitos adultos podem terem sido quietos, mas, quantos têm uma boa base? Vejo por aí meninos mimados, com valores deturpados, mas, que se comportam em sala de aula e fingem "obedecer" aos pais, sem a menor compreensão e entendimento do que deve fazer... o que queremos para os nossos filhos? O quanto estamos dispostos a investir em nós mesmos, em nossa mudança para conseguir passar algo firme e construtivo para eles? Impor limite é o mesmo que estabelecer? 

Gente, educar um filho tem seus/nossos limites, também. Nós também somos imperfeitas, como agir com magnitude e perfeição? Como educar um filho e torná-lo perfeito? Já pensou se eu finjo não ver os momentos de agressividade de Peu? Como poderia ajudá-lo a lidar com essa fúria ao ser contrariado? Miopia, cegueira e julgamento/condenação da vida alheia não ajuda em nada... O foco deve ser na solução, na colocação em prática do que deve ser feito. E estabelecer um código honesto e franco do que está sendo feito. Meu filho não é um santo, mas, também não é o demônio... e essa mania do povo de colocar ou de um lado ou do outro é um grande problema. Ele, como todo ser humano, tem seus lados de sombra e luz. É um poço de agitação, mas, por outro lado, é afetuoso, carinhosos e cuidadoso. Já pensou se só visse o lado bom, dele? Ou, se só visse o lado ruim? O que de bom se pode fazer vendo apenas um lado?

É essa a minha questão, me esforço, mesmo errando muito, ainda e ainda errarei e acertarei muito, mas, me mantenho na prática de uma maternidade mais consciente, sem muito espaço para ilusão, devaneio ou fuga da realidade. É ver e agir! E tudo isso com muito amor! E muita firmeza de caráter! As melhores regras a serem assimiladas são as que fazem sentido! Desenvolver a relação de consciência e cumprimento do dever é mais importante do que apontar o dedo a todo instante. Mesmo assim, em alguns momentos é preciso entender que a imposição se faz necessária. É uma questão de foco: se sabe o que é para ser feito, faça-se! E observar o tempo de cada maneira de agir e o que se vai colocar. É um processo de movimento interno e externo o tempo inteiro. É um processo de revisão dos nossos valores pessoais, respeito, compreensão e pensamento rápido. Requer saber dialogar. Nem todo mundo tem essa capacidade desenvolvida. Muitos de nós, pais e mães, só quer falar...

Saudações maternais,

Pat Lins.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

MELHORANDO O AMBIENTE FAMILIAR


"Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior. Estas atitudes se refletirão em mudanças positivas no seu ambiente familiar. Deste ponto em diante, as mudanças se expandirão em proporções cada vez maiores. Tudo o que fazemos produz efeito, causa algum impacto."
Dalai Lama

domingo, 5 de agosto de 2012

COMO ENTENDEMOS "LIMITES"?


"O CÉU É O LIMITE". Essa questão sobre limites sempre rende pando para a manga. Isso porque, eu - Patricia - em minhas observações do cotidiano - ou, na prática diária da maternidade e/ou paternidade e/ou "avoternidade"... - que os "limites" não são muito bem definidos em nossas cabecinhas. A gente ou acredita que limite é medo, como os limites impostos com rigor e a disciplina militar; ou que limite é sempre berrar com a criança; ou, ainda, que limite é aquilo que só é necessário se a criança for agitada... onde, se a criança apenas for chorona e quiser muito uma coisa, é só dar o que ela quer que ela para...; ou, criança com limite nunca testa os pais e pede novos limites... Enfim, muito confundimos muito o que vem  ser limite porque nós mesmos temos medos dos nossos para nossa melhoria pessoal e muito nos foi imposto como limitação e não sabemos bem o que limite significa, daí, como dar aquilo que a gente não tem de verdade?

Uma amiga sempre me disse que eu deveria ser mais flexível com Peu e menos rígida, que para educar e dar bons limites é muito melhor e menos desgastante se for baseado em um movimento sincero, consciente, firme, com atitudes coerentes ao que "estipulamos" como limite e com amor. Ou seja, coisa simples, simples, mas que acaba sendo nada fácil. E, não é que é verdade? Como ela disse: "não fui eu quem inventou isso, basta ver como as coisas realmente são.". Bom, esse é o nosso ponto: a gente tem dificuldade em ver as coisas como realmente são. No geral, vemos aquilo que nossos olhos nos limitam a ver e acreditamos que somos capazes de enxergar - usando apenas um dos órgãos dos sentidos... sozinho, não faz tanto sentido assim... -. Nossa dureza pessoal dificulta essa processo. Nossas carências, nossos tabus, nossos pensamentos e mentes bloqueadas dificultam a simplicidade do processo. Ficamos presos ao fato de nos terem imposto e, por não conseguirmos nos esforçar em nos libertar e seguir nosso rumo, acabamos presos a esse dilema de "culpa e culpado" onde nossos pais são os algozes de nossas prisões emocionais. Como passar algo livre para os nossos filhos? Acabamos repetindo o molde de limitação, sem percebermos. Acabamos sendo levados muito mais pelo medo de ser julgado um pai ou uma mãe sem pulso, do que observar a real necessidade do filho.

Como dar limites se nós somos limitados?

Venho observando em meu dia a dia o quanto LIMITE tem muito mais relação com os valores éticos e morais do que com uma imposição de medo, em vez de respeito. Primeiro: o que vem a ser respeito? Nós colocamos muito o respeito como um medo disfarçado... Já perceberam isso? Ou, já se perceberam assim? Como respeitar algo se em nossa cultura vigora a "lei da vantagem"? Como ensinar "respeito" num ambiente onde se coloca que seres respeitosos são "otários", "maricas", "manés"... ou qualquer termo pejorativo incorporado ao nosso cotidiano? Os limites têm base no RESPEITO. É muito mais um trabalho a longo prazo, é um trabalho constante... demanda diária. Para mim é um trabalho de construção de base, de formação moral, mesmo. Se tivermos claros os bons valores, se isso fizer parte do nosso dia a dia, o limite será algo natural - e ninguém entenda "natural" como algo sem esforço, sem dificuldade. Senão, se ainda temos muito que entender e aprender, esse processo natural será mais lento, porque precisaremos reconstruir nossas próprias bases pessoais para termos a mínima condição de firmar essa base em nossos rebentos. Mas, somos reflexos de nossos arquétipos, digamos, confusos... mas, somos seres livres para buscar apoio - lógico, antes de tudo é necessário identificarmos em nós algo que requer atenção e mudança, senão, nos mantemos nesse ambiente e gravitamos nessa órbita sem sentido... - e transformarmos nossa condição. Eu admito: dói! Dói, muito! Mas, vale a pena. A dor vai passar, mas, o que fica de bom é para sempre. Assim, conseguimos nos focar no que importa: no limite natural pela moral e pela boa conduta, pela ação correta e pelos pensamentos elevados e as comparações com "os amiguinhos" ou com "os outros" - que não é, nem deveria ser critério para avaliação - deixa de existir

Ontem, voltando do aniversário vivenciei algumas situações conflitos com crianças, escutei algumas "conclusões" baseadas em julgamentos pessoais - aqui eu "julgo" baseado em minhas conclusões pessoais, mas, com uma diferença, estou refletindo... - e vi, mais uma vez o quanto a gente julga e o quanto se dividir gera um tipo de avaliação com dois pesos e duas medidas e o quanto isso é perigoso. Vou explicar: assim que chegamos, fui cumprimentar o aniversariante. Como já sei como ele é, o quanto é arisco, não forcei o contato e fiz um "venha de lá" e ele veio bater forte em minha mão. Eu apenas brinquei e disse: "cuidado, rapaz, com essa força toda você pode machucar a sua mão...". Ele quis testar e comprovou: a mão dele doeu - fora que eu estava com um anel e, diante da minha observação, troquei de mão para não ser mais dolorido para ele. Ele me pediu para fazer de novo e que ele faria mais devagar. Repetimos o cumprimento e foi beleza! Ele bateu mais devagar. Quando meu marido chegou, abraçou o menino e o carregou. Levou dois socos no rosto. Bom, criança toma susto. A gente tem que chegar de leve. Isso justifica os socos? Não. Até aí, tudo bem. O problema foi que, a criança quando viu que sua ação teve reprovação - os olhares ao redor o fizeram ver isso - se jogou no chão e começou a chorar. A avó e a mãe correram para vê-lo. Uma senhora que fora "testemunha", avisou a avó - que já fitava o filho com uma certa reprovação e condenação, onde, pelo olhar, ela dizia: "o que você fez com o seu sobrinho?"... ou seja, mãe que não conhece o próprio filho, pois ela sabe que o filho dela adora criança e tem um filho pequeno, também... - e a senhora explicou que o tio carregou o sobrinho, todo amoroso e o sobrinho o socou. Bom, a avó do menino sequer se aproximou, quando viu que havia sido injusta com o próprio filho, mudando de ambiente e optando por não ver e não fazer parte daquele momento... A mãe do menino foi escutar o filho e ele babava, gritava/berrava tudo muito embolado - dava para ver que ele queria confundir - e dizia: "ele me fez uma coisa... ele me fez uma coisa...". Quem estava de fora era capaz de acreditar que o menino havia sido machucado pelo adulto. Hoje em dia, é bom termos sempre "testemunhas", porque as crianças, sim, elas sabem "criar" umas "mentirinhas" para salvar a pele... Pois bem, a mãe teve a atitude de escutar os dois lados e advertiu o filho: "Meu filho, por que você fez isso? Peça desculpa ao seu tio.". O menino relutou, inventou mais uma desculpa... segundo ele: "eu não reconheci ele". Alguém falou, na hora e ele repetiu: "ele deve ter estranhado" e ele aproveitou e usou... Alguma criança é santa? Não. A gente já nasce sabendo sobre julgar e ser julgado... Está no ar que a gente respira desde o nascimento. Nós, adultos, é que precisamos ter mais "jogo de cintura" para saber lidar de maneira mais justa e imparcial.

Continuando: o aniversariante tem uma característica que os pais não dão importância. Ele costuma fazer o que quer. Se você o deixar fazer o quer, ele fica quieto no canto dele, o que, para eles é "não dá trabalho, nenhum...". Se você disser um "não" - ainda que não use a palavra "não", uma negatividade simples - ele se transforma, grita, chora, baba e, em alguns momentos, faz xixi nas calças - isso, para eles, é besteira...-. Durante a festinha, uma menina - que não deveria ter 2 anos - e não fala direito, se aproximava dele e dava um gritinho, tentando estabelecer contato. Ele chorava. Quando mais ele chorava, mais a menininha se assustava e se aproximava dele, como quem quer saber o que está acontecendo. Ele chorava mais. A avó estava nitidamente nervosa e culpando a menininha. E dizia: "ele tá chorando por causa dela. Ela grita e ele se assusta e chora...". Eu perguntei, para introduzir uma reflexão: "ele está com sono?", no que ela me responde: "Não. Ele está assustado é com a menina mesmo. Tem que tirar ela dali...". Ou seja, os adultos "compram" um briga que não existe e, em vez de ajudar a criança, a estabelecer o tal limite, alimenta uma limitação. A avó do menino não queria que nada fizesse o neto chorar, mas, em momento algum permitiu que o bom senso imperasse e sentou para abrir diálogo com o menino. Ele era a "vítima" e pronto. E o esclarecimento? Isso ajuda no limite, também. Quando a criança entender que aquilo não é um ataque, ele vai chorar? Resultado, nem deu tempo de tentar conversar com a criança, ela foi "arrancada" de lá e levaram-no para outro ambiente. Isso resolve? Mudar o ambiente, mudar de lugar, resolve? O que não soluciona, para mim, não resolve. O problema está lá. Houve ambiente para um crescimento aí? Os adultos demonstraram toda a fragilidade e falta de limite próprio. As carências e os medos falaram mais alto. O "resolver", explicar, nem passou perto.

Pois bem, já de volta para casa, estávamos levando a avó do aniversariante, quando o meu filho, diante de um comentário que fiz - sobre um parque que ele ia, todo ano, e fora vendido - não gostou e se irritou, arremessando o brinquedo no chão do carro. Quando eu fui começar a estabelecer contato com meu filho - lógico, uma atitude de demonstração de raiva com arremesso de objeto, para mim, não é uma boa atitude e, não é porque é meu filho que vou agir diferente -, de explicar para ele que isso era algo que estava fora do alcance dele e que a irritação não o ajudaria a resolver, ela falou: "Você precisa ser pró-ativo. Quando eu vou a praia, por exemplo, e vejo lixo no chão, eu cato. Não vou mandar o lixeiro catar, nem jogar na casa do prefeito...". Bom, sem saber como conectar uma coisa com a outra, eu tentei dar um sentido: "Nem jogar areia para o alto, ou chutar a areia... Porque não iria resolver. Agora, quem vai ficar sem o brinquedo é você e não mudou nada no parque...". Ela nos questionou: "Tem que ver. Ele arremessa as coisas assim, quando está irritado, é? Isso não é bom!". Lógico que não é bom! E a gente não deixa passar em branco. Estabelecemos o que chamamos de limite com o levantar de questões que façam Peu enxergar as próprias ações. De nada adiantaria eu agir como agia e reclamar com ele, dizendo: "Não faça isso, Pedro. Isso é errado! Coisa feia, ficar jogando o brinquedo no chão de raiva!". Era essa a minha tática. Hoje, o levo a refletir. E tem funcionado melhor. Sou uma mãe melhor do que as outras? Pedro mudou de uma hora para outra? Não. Estou aprendendo. Mudando em mim e observando mais. Vendo quem é meu filho e vendo qual a melhor maneira de ajudá-lo. Meu intuito é dar uma boa base de formação moral ao meu filho, para isso, tenho que me ver, o ver e nos ver. Como estávamos na frente dele, apenas agi como ajo e não dei grandes explicações para ela - não era o momento -, que me julgou uma mãe sem "pulso", por apenas dizer: "Meu filho, agora, quem está sem brinquedo é você. A raiva te fez perder e não resolver...". Primeiro, fui interrompida quando começava a falar com ele - detectei e agi - o que demonstrou a invasão e ela, sequer se deu conta de que eu tenho minha - nova - maneira de agir; muito menos, respeitou esse espaço mãe-filho... - fora que ficou evidente os dois pesos e duas medidas com a qual ela "julga"... Tentei não alimentar essa parte, para não perde o foco que era educar Peu. Quando eu vejo uma situação-conflito entre pais e filhos, me recolho a observadora. O primeiro contato é entre eles. Quando agi, não a satisfiz, onde ela nos contou: "Eu penso que o problema das  crianças, hoje em dia, seja o fato dos pais não saberem dar limites...". Pode parecer que tenha sido indireta, mas, não acho... Eu conheço a pessoa e sei que foi muito mais um pensamento desarticulado... Não creio que ela não tenha visto como ela agiu com o neto e como eu estava agindo com meu filho - eu vi que ele teve um comportamento ruim e ia agir, quando fui interrompida... Não ia brigar com ela, esperei ela concluir e continuei, com meu filho. Nem ela sabe o que quer dizer limite. Isso ficou nítido quando ela tirou o neto do ambiente, sem deixar a própria mãe do menino esclarecer - no episódio onde o menino chorava com o gritinho da menininha. Ou seja, é uma pessoa que não vê as próprias ações e age como a maioria de nós: o erro só está nos outros. Ela deu sequência: "Estava num ponto de ônibus e um pai e um filho mascavam chiclete. O menino terminou e jogou no chão. O pai chamou a atenção do garoto e o mandou jogar no lixo. O menino foi, jogou, depois, chutou o lixo, jogando-o no bueiro. Daí, eu me questionei: falta os pais darem limite as filhos, hoje em dia...". Bom, deu um leve nó em minha cabeça. Para mim, as coisas precisam ter um mínimo sentido lógico. Como não entendi indaguei - existe outra maneira de esclarecer uma dúvida? -: "Mas, o pai deu um 'limite' quando orientou que o filho jogasse o lixo no lixo. Pelo que entendi, o filho testou esse limite, criando uma nova situação. E o pai, como reagiu, diante desse teste?". Não obtive resposta, apenas um: "o lixo havia caído no bueiro, não tinha como fazer mais nada...". O que eu queria saber era: "como o pai conduziu, como agiu diante dessa nova investida do filho?". Então, coloquei: "...filhos, você bem sabe, porque tem 2, sempre testam nossos limites, quando tentamos 'dar-lhes' limites. O 'como' vamos agir ou reagir é que faz a diferença. Por isso que levo Pedro a refletir, para que ele entenda que o que ele fez é prejudicial. É a maneira que encontramos e tem surtido efeito, mesmo assim, ele não para de criar novas situações para nos testar...". A conversa parou aí, assim, mesmo. Outro assunto foi puxado e o "fim" fora imposto: "caiu no bueiro".

Em geral, fazemos isso: mudamos o superficial - como tirar o menino do lugar, sem diálogo, sem esclarecimento... apenas afirmando para ele, em forma de ação: "faça o que quiser" - ou, mudamos de assunto, para não olharmos o que precisamos ver, já que "o lixo caiu no bueiro". O não pensar em soluções limita muito uma ação de "limite". Sem identificar o que corrigir, corrigir o quê? A diferença está na AÇÃO: NA CONSCIÊNCIA DE QUE UMA AÇÃO SE FAZ NECESSÁRIA  e na CONSCIÊNCIA DE QUAL AÇÃO TOMAR.

Quantos de nós já passou - em shoppings centers é muito comum, ambiente favorável para os pequenos testarem nossas forças mentais... oh, Deus! - por uma criança fazendo birra, se jogando no chão e dissemos: "Se fosse meu filho ele iria ver..." ou "Isso é falta de pulso dos pais, que não sabem dar LIMITE..."? E, quantos de nós, ao passar pela mesma situação nos arrependemos dos comentários cruéis e dizemos: "Ai, meu Deus, agora eu sei o que os pais que julguei passaram...".

Gente, educar um filho é brinquedo? Fale sério. Mas, falta um pouco de boa vontade da gente, falta não? Seria bacana se entendêssemos que, para começar, somos criaturas imperfeitas querendo ver a perfeição em nossas - que não são nossas, na verdade - criaturinhas. 


Estou revendo os meus próprios conceitos, mexendo muuiiitttoo em mim mesma, para saber ser um exemplo para meu filho. Isso é garantia de que ele siga o mesmo caminho? Não. Entretanto, ele saberá que pode escolher, assim como a mãe dele fez. E, finalmente, entendi que LIMITE é algo que se baseia nos bons valores - estes são os verdadeiros limites humanos e não limitações -, principalmente, com RESPEITO e na CONSCIÊNCIA DE QUE PODEMOS ESCOLHER SEGUIR UM CAMINHO MELHOR. O limite, para mim, tem muito mais a ver com o (re)conhecimento do DEVER. Falta em nossa cultura humana, o entendimento de que somos responsáveis por nossas ações e suas consequências e isso gera um dever para conosco e para com o outro.

LIMITE É SABER ATÉ ONDE PODEMOS IR, SEM INVADIR, MACHUCAR O OUTRO. Aqui, faço uma ressalva: machucar é algo questionável, porque tem gente que se dói por tudo e tem mania de perseguição, então, agir com uma pessoa dessas sempre será um risco... porque caberá a cada um lidar com os próprios melindres e tentar se livrar deles. Ou seja, se cada um fizer a sua parte de autobusca e reconhecimento dos próprios limites - ou, nesses casos, das próprias limitações - para estabelecer um caminho mais razoável e menos doloroso, abre-se caminho para o estabelecimento natural do LIMITE. Baseamos o limite em muita dor. Em nossas dores, em nossas vergonhas... em nossos medos de julgamento.

LIMITE é um desafio, porque não é fácil estabelecer o que não entendemos direito... O LIMITE - esse que tentamos conceituar - está diretamente ligado a LIBERDADE - não libertinagem -, onde CÔNSCIOS de nossos DEVERES e das nossas AÇÕES  e suas consequências, podemos agir, sabendo para onde e por onde ir. O LIMITE liberta. Ele norteia uma ação. A confusão com o podar como limite já deveria ter sido superada, mas, como ainda não foi, caba a cada um de nós ir construindo esse caminho do bem, pelo bem e para o bem! Só assim, seremos capazes de separar o "joio do trigo" de nossas ações.








Saudações maternais,

Pat Lins.

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