terça-feira, 10 de abril de 2012

PAIS SE ENCONTRANDO NA SAÍDA DA ESCOLA - dá para entender muita coisa...

Coisas "engraçadas" entre pais, na hora de buscar os filhos na escola: tem um coleguinha de Peu que é o seu oposto, muito quieto e submisso ao extremo. Pois bem, esse menino vivia atrás de Peu e volta e meia se esbarravam. Fora quando Peu batia nele e o menino continuava atrás. Eu morria de tristeza por todo dia saber que ele bateu em algum coleguinha. Sempre via algumas mães passarem por isso e dizia: "Deus me livre meu filho ser assim... não sei o que faria". Hoje, eu não sei o que fazer... Também, não deixo de fazer algumas coisas que estão ao meu alcance: converso e explico que como ele fez isso ou aquilo, ficará sem assistir ao programa favorito; sem brincar com algum brinquedo, etc. Ser firme com ele não é o meu problema, porque isso eu sou e ele me obedece. O problema é que Peu é desaforado e muito teimoso.

Mas, voltando: o pai desse coleguinha se sentia ofendido, pelo fato do filho não reagir e ainda achava errado a escola informar que os pais de Pedro estavam tomando providências. Sei que a escola orientou esses pais de que Peu é danado e tal, mas que o menino sempre está atrás dele e que os pais deveriam ver o porquê do menino ser tão permissivo. Pois bem, eles me disseram que colocariam o filho numa arte marcial para ele aprender a se defender. O pai falou com a boca tão cheia que vi o orgulho de macho ferido, ou seja: "meu Filho apanhando? Isso é uma vergonha". Eu não vejo beleza alguma em Peu bater nos colegas, pelo contrário. Juntos investigamos essa agressividade dele para ajudá-lo, numa parceria aberta com a escola e cada um com seu papel. Para esses pais, não. Para esses pais o filho, para não apanhar, deve aprender a bater. Ora, se é para ajudar a criança, como ensiná-lo a fazer aquilo de que têm raiva? Isso vai ajudar a identificar o motivo do menino ter essa auto-estima tão baixa e ajudá-lo a superar e estabelecer seu espaço? Ou vai acirrar uma violência que graças a Deus o menino não tem e o ajuste seria outro? Vi que muitos pais - pais e mães - acabam entrando na briga dos filhos com suas vaidades. Isso é ajudar o filho? Pedro já apanhou na escola e eu o fiz refletir sobre se é bom apanhar, para que ele entenda que não é bom bater. Não me senti magoada ou doída, não condenei a escola, muito menos levei aquilo para o pessoal. Eu, realmente, gosto de ponderar e buscar ser justa e sei que criança está aprendendo - no caso de Peu, todos estamos tentando entender esse comportamento na sala de aula... Quando algumas funcionárias perceberam que outras crianças se aproveitavam do fato de Peu ser assim e o provocavam, vi que existe a lei da ação e reação. Elas me disseram que nenhum era santo, nem por isso deixavam, permitam que Peu batesse para mostrar que era mais forte. E eu , sabendo dessa informação nova, comecei a criar historinhas onde os meninos que reagiam também eram bobos, como os que provocavam. Fui deixando ele me dizer o que acontecia e quando os coleguinhas chegavam: "tia, tia Pedro me bateu" eu sentava com os dois e pedia que me contassem a história e como poderíamos resolver - antes, acreditava e condenava meu filho - que de santo não tem nada. Um dia, uma colega se mordeu e disse que havia sido Peu. Se ele não aprontasse tanto, seria mais fácil, mas, até a mãe da menina me dizer que ela havia se mordido eu juro que acreditei na menina. Ali eu vi que Peu criou uma situação mais do que delicada: como julgar se não tem inocentes? Entendi que meu papel não era julgar e sim fazê-lo ver e saber como lidar com as situações de conflito sem brigas.

Pois, esse bendito pai - toda hora vou e volto... mas, faz parte do processo -, junto com a esposa, decidiram colocar o filho numa arte marcial e e disseram: "Matriculei! Vai ser bom para ele aprender a se defender!". E eu disse: "eu levo Peu para a natação, agora para o Judô, tudo isso para ele aprender a gastar a energia dele de maneira mais saudável e parar de bater, porque a criança precisa encontrar seu equilíbrio, né verdade? Nem bater, nem apanhar, saber canalizar essa energia. E ainda levo a uma psicóloga muito boa que me dá esse apoio com o emocional dele. É bom a gente ver que o filho precisa de ajuda e dar, para que se torne um adulto mais consciente e equilibrado, né?". Acho que feri o orgulho deles ainda mais. Falei dando indireta, não sou santa, mas porque vi que eles não estavam olhando o filho e suas necessidades gritantes, eles olhavam a própria dor e queriam que o filho se vingasse. Não me incomodo se o menino bater em Peu, eles se entenderão muito melhor entre eles e de maneira mais madura do que com a intervenção dos pais. Fiquei chocada com o fato deles ó quererem despertar a agressividade do menino, mas, não a boa agressividade...

Hoje, me encontrei com esse pai. Nos cumprimentamos. Ele sorridente e agitado. Eu pergunto: "e aí, tudo bem? Como está o filhão?" no que ele me responde sem se conter: "aprontando horrores!". Ora, fiquei ainda mais chocada! Não era sobre os "aprontar" das outras crianças que ele se queixava? Agora, aprontar é sinônimo de coisa boa? Não entendi! Mas, entendi outra coisa: como somos bobos! Meninos têm que ser "retados", como sempre escuto. Saúdo esses pais, viu? Saúdo essa atitude honrada e nobre de querer que seu filho seja aquilo que condena nos outros. Saúdo essa hipocrisia que nos ronda. Saúdo essa sociedade que criamos e mantemos com nossas mentes estúpidas! Sinceramente, quem me conhece bem sabe, eu não acho legal Peu ser tão "retado", no sentido pejorativo dessa palavra. Concentro boa parte do meu esforço consciente em ajudá-lo a se encontrar como pessoa e vivo em minha vida a prática de bons valores. Os que não consigo viver na prática, eu deixo clara a minha intenção de um dia conseguir e me esforço.Mas, vendo essa atitude desse pai, vi que ele não é o único, nem o primeiro, muito menos o último.

Outro dia, conversando com outras pessoas, assistimos a uma cena de agressão numa escola - passou na TV, num desses programas sensacionalistas que são o "Ó" e eu me recuso a assistir em minha casa... - onde duas adolescentes brigavamm e o pai de uma delas chega, não procura se informar, muito menos acalmar a briga e "defende" a filha batendo na colega... uma atitude animal e grotesca. Daí, uma dessas pessoas que estava comigo disse: "eu faria a mesma coisa! Depois procurava saber. Onde já se viu bater em minha filha? Tapa dado não é tirado...". Fiquei chocada! Minha mãe então, disse: "é, e saber o motivo da briga, quem começou e mediar para terminar em paz não é possível...". Fez-se o silêncio. "Tapa dado não é tirado" é dose. E o que ela supostamente faria, caso fosse com ela, ao se esclarecer e a filha fosse a "culpada", também não sairia da outra menina e aí? Seguindo essa linha de raciocínio, ela teria que apanhar, também, para a outra família estar quite com ela? Gente, a estupidez não dá margem para solução, só faz bola de neve gigante de terror!

Gente, quem tem filho e quer colocar numa arte marcial, pelo amor de Deus, arte marcial que se preze não é para incentivar a violência é para saber canalizar e ensinar a se defender, sem precisar bater ou ser agressivo. No judô Peu tem aprendido disciplina, respeito e hierarquia. E como usar sua força e energia de maneira salutar. Além de trabalhar a socialização e muito mais. É um trabalho sério, com profissinais qualificados e responsáveis.

Quando falo que para educar um filho, antes, educar os pais, falo de coração, porque eu me reeduco a cada dia como pessoa, para ser um exemplo vivo ao meu filho e ainda assim cometo erros, porque isso é humano. Um bom exemplo de busca e transformação. Fácil não é, mas, me permitir ser vazia e rasa assim eu não me permito!

O que vem a ser cuidar de um filho, mesmo? Como ensiná-lo que orgulho é uma coisa boba e ser bom não quer dizer ser bobo, com equilíbrio e sabedoria? Como ensinar aquilo que nem nós sabemos... muito menos, acreditamos e/ou queremos saber? Vamos nos ajudar primeiro e, só assim, poderemos ajudar nossos filhos, com verdade!

Se cada pai, mãe, tia, tio, avó, avô... entendesse que todos nós fazemos parte de um todo e que para esse todo ser bom todo mundo precisa fazer algo de bom, de verdade, seria um bom começo...

Saudações maternais,

Pat Lins.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"CADÊ MEU CHUCHUUUUU? MÃÃÃÃEEEEE?"


Hoje, mais um dia comum e, nem por isso, precisa deixar de ter algo especial. Dias comuns também têm suas surpresas boas.

Peu, chegando da escola, como sempre, entra gritando: "Cadê meu chuchuuu? Maããeee?" e eu, respondo: "Aqui, meu amor!". Desde que o pai vai pegá-lo na escola, eu tenho o prazer de recebê-lo com os braços abertos. Engraçado que levar o filho para a escola, pegar, levar ao judô, levar à natação, levar ali e aculá entra na rotina que a gente nem sente que faz algo especial todo dia. Esse dias, uma babá aqui do prédio me disse: "a senhora faz tudo dentro de casa, né? Trabalha e cuida dele sem ajuda, né?" - o sem ajuda que ela se referia era sem babá, porque sem ajuda eu não iria a lugar algum... sempre tive o apoio da minha mãe, da minha irmã e de minhas tias, que aguentam a onda de cuidar de Peu, às vezes. Eu nem me tocava de que fazia tanta cosia e que isso era reparado pela vizinhança... Ela não falou em tom de fofoca, apenas um comentário como quem diz: "sorte a do seu filho, por ter uma mãe assim". Não pelo fato d´eu fazer tudo e estar sempre ao lado dele, mas, por ser e agir como eu ajo com ele, chamando sua atenção diante de uma atitude inadequada e desrespeitosa com algum amiguinho e sempre carinhosa. Em meio a tantos afazeres e rotina, raramente percebia que o "não pegá-lo na escola" e ter esse help do meu marido - que agora trabalha em casa - me fez ver, hoje, no meio de mais um dia comum, o quanto temos um carinho enorme um pelo outro e o quanto sou importante para ele, apenas, por ser a mãe dele. Quando ele corre e diz: "cadê meu chuchuuuu? Mããããeeee?" eu sou tomada por uma onda de sensação boa, sabe? Sabe quando a gente sente que algo bom vai acontecer e o estômago dá aquela esfriada e somos envoltos numa luz branca e suave e até somos capazes de ouvir uma musiquinha e sentir uma aroma de flores do campo? É, exatamente como uma cena de filme... Pois é, é um êxtase disso tudo que sinto, apenas por receber aquele abraço caloroso e aquele beijo amoroso do meu "chuchu"! Tudo isso, em dias comuns, sem festas, sem barganha, sem permuta... apenas, AMOR!

Eu só via o trabalho e o cansaço. Eu só vivia me queixando "Peu me dá um trabalho enorme... o menino não para um segundo. Mexe em tudo e tudo quer saber. Nunca se conteve com 'por quê', tinha que ter um 'e se...'..." e nessa onda de desgaste a gente vivia. Para mim era mais fácil condenar a família do meu marido, por todos serem inquietos e teimosos, capazes de ouvir apenas o que eles falam, do que entender que Peu puxou uma coisa boa que eles têm: essa energia inquieta e teimosa. Com muito trabalho e afinco, sabendo de como são os adultos com o DNA da agitação da família, estabeleço o direcionamento de como educá-lo, entendendo, por fim, que não temos como brigar com a natureza do ser, mas, podemos dar uma boa formação moral e de valores realmente na prática. Era mais fácil para mim querer que ele fosse uma criança hiperativa - no sentido da patologia - do que entender que ele é apenas uma criança hiiipppeeerrrr meeeggaaaaa ativa. Impossível não cansar perto dele. Eu já vi várias pessoas olhando ele ao mesmo tempo e todos cansavam em poucos minutos. Uma vez minha irmã me disse brincando e eu quero que seja verdade - risos: "Minha irmã, você vai para o céu, viu? Aguentar essa coisa linda da titia né brincadeira, não...". Quando o levei para fazer os exames "de cabeça" e o resultado deu negativo, fiquei aliviada por um lado e aflita por outro: "Meu Deus, e agora? Me dá energia e força para saber educar esse menino!". Bom, como dizem, "cuidado com o que pedes, podes receber" eu recebo essa força todo dia e nem em dava conta. 

Educar Peu, como educar qualquer filho, requer mais do que levar a escola, buscar na escola, levar a atividade física... é entrar no mundo dele. Depois que Jo - a mãe do Gustavo Medeiros - ah, leiam o depoimento dele em "EXISTE (SIM) VIDA ALÉM DO AUTISMO" - relata "e consegui entrar de alguma forma em seu mundo e junto com ele emergir. Claro que sem ajuda seria impossivel..." mais outra ficha minha caiu: entrar no mundo do filho, seja uma criança neurotípica ou "especial", é fazer o que a Noemia Nocera me alertou, como sugestão de tema para um post, aqui no blog, sobre como educar um filho, dar limite e, ainda assim, respeitar o ser. Entrar no mundo da criança é entender que criança é criança e pais são pais. Temos uma responsabilidade imensa para com eles, entretanto, eles são mais do que apenas páginas em branco... Juntos, uma família compõe uma orquestra e, como toda orquestra, para alcançar uma boa sinfonia, sintonia e uma boa maestria. Ensaios são nosso dia a dia. As grandes apresentações são as provas da vida. O maestro dá o rumo, porque, do alto de sua experiência consegue escutar, sentir e com conhecimentos certos - não apenas teorias e teorias na teoria - aplicar a melhor solução. De retorno, um belo som: a harmonia das notas e dos diversos instrumentos diferentes e juntos, ao mesmo tempo. O mundo de Peu é cheio de arte - literalmente. Ele gosta de livros, de fantoches, de vozes artísticas, de imitações, de colas, de tintas, de papéis, de cores, de formas, de letras em formação... e mergulhar nesse mundo é preciso me premitir ser mais livre dessa normose, sem deixar de ser responsável; é ser mais autêntica, sem deixar de dar limite... é ser a mãe de uma criança chamada Pedro Henrique, eu me dá a honra de me reencontrar para ensiná-lo a ser quem ele é!

Minha sogra, em meio a uma conversa recente, me disse: "eu lia tanti para dar uma boa educação aos meus filhos e, hoje, vejo que errei tanto...". Mais uma ficha caiu. Sempre escrevo aqui sobre o fato de que pai e mãe sempre vão errar e acertar com os filhos, afinal, só podemos dar aquilo que temos, né verdade? Pois, naquele momento me vieram duas coisas a mente: o fato e a certeza de que todo  pai e mãe acaba cometendo erros mesmo; e o fato de que muitos erros vêm da gente mesmo não ser capaz de fazer um pouco mais por nós mesmos, na prática, e, assim, ter mais dentro de nós para ser mais, natural e honestamente aos nossos filhos. Não a estou julgando. Pela primeira vez na vida, a vi desarmada de si, mas, mesmo assim, confusa. E vejo que muitas de nós acaba errando por essa confusão de não saber viver na prática aquilo que tanto conhecemos e sabemos, mas, na hora de viver, faz como nos fora ensinado pelo engessamento social. Sem querer, falei para ela: "é, minha amiga, na prática a teoria é outra... afinal, nem tudo depende da gente!" e é verdade. Nossos filhos são como nós, quando éramos apenas filhos, seres humanos em formação. E, me diga, como educar esse pequeno ser, dando limite e respeitando o ser? Bom, não vou responder o que penso sobre esse assunto agora, porque eu minha grande amiga Noemia Nocera, vamos escrever juntas... ela, não apenas como psicóloga e escritora, mas, como mãe de três filhos, avó e uma pessoa que já superou muito e entendeu, em sua vida, antes de tudo, o quanto era importante educar, dar limite e respeitar cada ser - cada filho. Eu, falarei do meu dilema de tentar entender isso na prática da minha vida.

Pois bem, ter um filho dá um sentido enorme a minha vida! Não que o filho nasça com essa responsabilidade, isso além de injusto é desumano com a criança. Os pais que fazem isso - todos nós fazemos, em alguma proporção... - e em vez de nos refazermos como pessoas, tapamos os buracos e vamos ser "pais e mães" para dar ao que vem a chance de ser aquilo que não fomos... O sentido que, hoje, vejo que meu filho dá em minha vida é ver que é possível entender que só se é sendo e só podemos ser e dar uma boa base aos nossos filhos, sendo pessoas capazes de reconhecer nossas próprias limitações, adimití-las e entender que devemos cuidar delas. Ninguém vá saindo por aí e querendo ter filho para "ter sentido na vida", não, pelo amor de Deus! Eu quero dizer que Peu dá um sentido enorme em minha vida, no sentido de ver que todo meus esforço como pessoa e como mãe chegam até ele e como ele responde. Apesar de toda a agitação natural dele, ao entrar no mundo dele - o mundo de uma criança - entendi o que ele gosta e nos entendemos mais. Ele me fez exercitar na prática o que quer dizer respeito e compreensão e como o amor precisa dessa base para se estabelecer e se firmar. O AMOR, o de verdade, não o sentimento de posse que temos e chamamos de amor... Muita gente coloca filho no mundo, não muda como pessoa e ainda educa o filho aos seus padrões despadronados e moldados pela falsa moral e falsos bons costumes da nossa sociedade falsa e superficial. 

Pedro continua cheio de energia e curioso que só. Tem seus defeitos, que, ao identificá-los e ver que meu filho é como é e tem seus "instintos ruins", como todo ser humano, posso ajudá-lo a ser diferente. Não é porque é criança que vamos acreditar que toda criança é um anjo... Anjo é anjo e não é humano... Criança é criança e é um pequeno ser humano. Ver o quanto Pedro cesce como pessoa, e ainda tem muito o que crescer, me dá o gás para estar ao lado dele. Como mãe coruja; como mãe leoa; como mãe macaca; como uma mãe onça; como uma mãe jumenta... como uma pessoa que é mãe. Tem uma lição que ele sempre me ensinou: ele sempre vê uma possibilidade. Para ele, as possibilidades são infinitas e inesgotáveis. Bom, como uma boa criança ativa e bem ativa, algumas muitas vezes isso me desgasta, porque, na verdade, ele não tem consciência de suas ações em um nível de capacidade de entendimento real... Ele entende que o que ele faz tem uma consequência, mas, numa dimensão infantil, pois, é criança.

Lembra que frisei mais acima de que sem ajuda ninguém sobrevive? Pois é, para cudiar de Peu eu tenho a ajuda da escola - que leva a sério e com muito valor humano, ético e profissional - a boa formação do indivíduo; da psicóloga, Suely Lôbo - uma figura ímpar e que me ajuda muito a lidar, entender Peu; de minha mãe, com o que ela fez comigo e meus irmãos e, mesmo assim, entende que educar um filho de hoje em dia é mais "complicado", mas, mesmo assim, me lembra que "mãe é mãe e todo filho deve entender isso"; de algumas mães que olho e digo: "meu Deus, eu também sou assim... Eu também faço isso... Tenho que mudar isso em mim!" - afinal, a gente aprende com aquilo que a gente quer ser e, também, com aquilo que a gente não quer mais ser. E, tenho a minha ajuda, porque se eu desistir, tudo para! Ver o quanto Pedro melhora em seu comportamento, como uma mínima mudança em seu comportamente é notório, me sinto recompensada. Sim, eu espero essa recompensa de ver que me dediquei em ser o meu melhor - mesmo sabendo que nunca serei perfeita como pessoa, muito menos como mãe - e essa verdade, através da minha vontade, do meu esforço e da minha busca de elevar a consicência, chega até ele, que, em formação, entende que ele é capaz de ser muito mais e melhor, não do que o outro, mas, o melhor que há em si!

E é por isso que hoje, uma dia comum, um dia em meio ao dia a dia, é especial, porque, hoje, muitas fichas caíram para essa mãe que, na prática, vive seus embates pessoais, seus dilemas e, nem por isso, deixo de ser uma pessoa em busca e essa busca é mais importante para mim do que o negar a realidade e viver um mundo de fantasia. Mundo de fantasia, somente, os das brincadeiras e historinhas minhas com Peu. Finalmente, pude ver que sou mais "mãe animada e brincalhona" do que "mãe chata". Isso tudo com limites estabelecidos.

Meu chuchuuuu, estou aqui! Sempre!

Saudações maternais,

Pat Lins.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

FELIZ PÁSCOA!


Mais uma fase mundial para reflexão. Dizem que esses momentos são mais propícios para não só refletirmos, como para entendermos melhor essa reflexão. Tudo isso porque todo o mundo - até os que negam a existência do Cristo -, todas as religiões, todas as nações... todos estarão refletindo em algo bom. 

Então, que a mensagem da páscoa - a verdadeira, não a comercial dos ovos de páscoa com valor de ouro e que todo mundo fica doido para comprar, inclusive eu... - chegue até nossos corações e mentes. Que a lembrança de que não nascemos para sofrer e sim para merecer uma vida melhor a cada dia deixe de ser lembrança e passe a ser parte da nossa jornada nessa vida!

Desejo a todos que vejam o que houve na época da crucificação de Jesus e entendamos a mensagem de PERDÃO, COMPREENSÃO, HUMILDADE e AMOR! Foi para isso que o Cristo derramou seu sangue, para nos fazer entender que ninguém precisa sofrer se houver AMOR. Ele deu seu sangue por nós! Por que não entendemos isso e, mesmo depois de derramada cada gota, contiuamos sendo cruéis, distantes e "malvados", lavando as mãos para nós mesmos e para os nossos? Continuamos a desenvolver o orgulho e a vaidade e chamamos egoísmo, possessividade, ciúme... de amor! Ninguém entende o porquê de Jesus ter perdoado quem o traiu... mas, apenas Judas o traiu? Vale a pena a reflexão. O que fazemos, hoje, também não se caracteriza "traição" ao sangue derramado? Condenamos, julgamos em nome do bem - do bem próprio!

Que nesse período, não seja comer ou não carne mais importante do que refletir sobre a mensagem. Que não sejam os ovos de chocolate mais doces do que a vida. Comam e celebrem a fartura, mas, sejam gratos à natureza, porque nada que comemos surgiu do nada. Agradeçamos - quem assim o chama - a Deus, D´us, Jeová, Força Superior, Criador... duvido que Ele lá esteja preocupado com o nome que o chamamos. 

É época de renascimento, mais importante do que o da morte. A morte simbolizou a PASSAGEM - tradução ao pé da letra de PÁSCOA -  e início de uma nova fase. Que seja própera essa fase! Que seja abundante em alegrias e realizaões! A Páscoa é uma celebração muito antiga, de diversos povos, que comemorarm, sempre, alguma PASSAGEM - inclusive, como comemoração da libertação do povo de Israel da escravidão do Egito. A mensagem é sempre a mesma: PROSPERIDADE!

Desejo, de coração, que cada um plante e semeie o que há de melhor em si!

FELIZ PÁSCOA!

segunda-feira, 2 de abril de 2012

AUTISMO: EXISTE VIDA LÁ FORA!

Dia 2 de abril é o dia Mundial de Conscientização do Autismo e, como todo o ano, o "Mães na Prática" gosta de lembrar dessa data, onde os pais, amigos e pessoas que querem manisfestar seu apoio, vestem-se de azul. Azul, como é o planeta Terra. Azul, como deve ser a cor de quem precisa de nosso carinho, de nosso cuidado e da proteção diária. Azul, como o céu e sua mensagem de infinito. 

Quando alguém ouve falar em autismo, lembra-se do filme "Ray Man" ou, descrevemos como "crianças que vivem num mundo próprio". Quando uma grande amiga descobriu que sua filha é autista, foi um choque para todos. Como lidar? Como cuidar? Como é o mundo dela? 

Para mim, o mundo de Louise, uma encantadora menina de 11 anos é muito colorido, como o da Hello Kitty. Para a mãe - que enfrenta a barra sem o apoio do pai da menina, mas, com o apoio integral da família dela e do noivo - o mundo é puxado. Mas, como veremos nos depoimentos a seguir, entrar no "mundo de Louise" é viajar para esse mundo colorido. Enfrentar as dificuldades sociais é muito mais difícil. Não entendo porquê somos tão cruéis... Nossa sociedade é muito carregada de tanta coisa ruim e, não entendo, como tanta gente, com tanta lição de vida para passar acaba sendo limitada por uma barreira que essa sociedade impõe, em vez de, simplesmente, aprender.

Neste post, quem fala são elas. Duas mães de gerações diferentes, mas, unidas pela mesma batalha. Uma - Joanice -, já consegue ver, na prática, que "existe vida lá fora", ou, aqui fora, para os autistas. Esta, conseguiu não apenas superar seus próprios desafios, como conseguiu dar ao filho força, base e despertar a coragem para ele viver o mundo cruel "aqui fora", hoje, homem, adulto, jornalista e trabalhador - Gustavo Medeiros. A outra, fala de sua experiência com sua filha de 11 anos, que já nasceu nos dando lição de vida, bravura e vontade de viver. Mostrando que garra e força sugre dos momentos de fragilidade. Portanto, abaixo, neste post, duas mães na prática que nos darão lições preciosíssimas, como mães e como pessoas. No post seguinte, o Gustavo Medeiros nos brinda com sua ótica de dentro para fora sobre a relação do portador da síndrome de Asperger - o autista - com "seu" mundo e "o mundo aqui fora" e nos diz que a vida existe.
Vista-se de azul, de corpo e alma, porque azul é o céu, azul é o mundo e colorida é a vida!

Uma observação importante do "Mães na Prática": aqui, não temos preferência religiosa. Respeitamos as escolhas de cada um e permitimos suas livres colocações acerca de suas crenças, desde que não manifeste hostilidade e/ou agrida de alguma maneira outras pessoas. Portanto, peço, portanto, que toda leitura seja feita respeitosamente.

Sem mais delongas, afinal, elas vão nos dar essa honra, agora:

"Bom, hoje posso lhe afirmar que ser mãe de um jovem com ´sindrome de asperger', é viver com borboletas no estomago, sempre a espera de novidades, sejam boas ou não tão boas.Porem eu sempre tive um orgulho imenso de te-lo como meu filho, nunca achei que ser autista era motivo de vergonha , ou trabalho. A cada aprendizado, que com esfoço e persistência ele conseguia superar, eu mais e mais o amava. Hoje olho para tras e percebo o quanto fomos guerreiros, enfrentamos todas as adversidades com garra e determinação, muito AMOR e PACIÊNCIA, essa é a chave para tudo. Estamos ainda nesta grande batalha, cad adia enfrentamos novas e velhas dificuldades, mais o melhor é que não estamos só!Acredito num Deus que sabe de todas as nossas necessidades, e nos fortalece nesta caminhada. Nunca escondi de ninguem o fato de que ele era diferente de nós neurotipicos, e fui atras de ajuda, o que mais me preocupava era sua independencia, que ele soubesse se virar sem a minha proteção, os meus cuiddados, e precisava de muitaaaa paciência , disciplina, disciplina..., ve-lo não como um coitadinho, ou algo parecido, mas sim como um ser que tinha potencial para vencer. Claro que existe varios niveis de comprometimento dentro do espectro autista, e o seu é bem leve, ele não é um autista classico, o seu intelecto é muito bom, e consegui entrar de alguma forma em seu mundo e junto com ele emergir. Claro que sem ajuda seria impossivel, a minha crença ajudou muitoooo, somos espiritas, e cremos que nossa vida é um eterno aprendizado, e que passamos por muitos processos , estamos interligados com o plano fisico e o espiritual, e nada é por acaso. Neste momento entendo que estamos contruindo um novo futuro, espero que tudo que vivemos e experenciamos nos sirva lá prá frente, que ele comprenda o porque veio assim e eu que tenha feito o que presisava ser feito: Uma pessoa do bem, digno, feliz." - Joanice Costa de Oliveira – mãe do Gustavo Medeiros


"Vivenciar o Autismo é como atravessar uma tempestade sem proteção alguma. É vivenciar uma desordem em tudo que se acredita. É mudar seu rumo, reorganizar seus valores e por fim evoluir em busca de seus significados. É crescer sem querer e nunca mais querer voltar a ser! É colocar seu amor á prova todo dia e provar que ele é invencível!

Vivenciar o Autismo é amar incondicionalmente!

Minha filha Louise, fez 11 anos. Cabelos escuros lisos, pele branca, riso fácil. Docinho poderia ser seu apelido. Basta olhá-la! Louise respira doçura!

Nossa! Ela é linda, misteriosa, esperta, mas inocente!

Convivo diariamente com esta menina estranha, diferente! Ela fala pouco. Mas basta conhecê-la para entende-la! Eu a entendo tão bem, que pensar que não fala tudo direito, até parece estranho!

No ano passado, finalmente aprendeu a usar chinelo de dedos. Desde que aprendeu a caminhar eu tentava fazer com que usasse, mas ela deixava cair do pé logo no primeiro passo que dava. E nem ligava pra isso! Agora, adoro vê-la caminhar pela casa e ouvir o barulho dos chinelinhos! Como uma coisa tão banal pode tornar-se de repente tão maravilhosa? É por isso que confio em Deus! Ele faz as coisas pequenas tornarem-se grandes. E mostra como podemos ser felizes com pequenos mais importantes acontecimentos!

Mas ainda espero um final feliz pra história da minha menina autista!

02 de abril Dia mundial do Autismo, vista-se de AZUL!!! " -
Niedja Bandeira - mãe da Louise - dois dos meus grandes amores nessa vida e que me fizeram entender que toda mãe, na prática, tem seus inúmeros desafios e, seja qual for o desafio, AMOR é, não só a palavra-chave, mas, o sentimento que salva, cura e, acima de tudo, dá sentido à vida! E, por mais esse motivo, hoje, eu visto azul no corpo e na alma!

Saudações maternais,

Pat Lins. 

EXISTE (SIM) VIDA ALÉM DO AUTISMO - POR GUSTAVO MEDEIROS

Quando repensei o blog, muitos temas importantes surgiram em minha mente e este era um em especial. Não caberia em palavras minhas, explicar se "existe vida lá fora", considerando a referência de "mundo próprio" que temos dos autistas. Foi quando tive a honra e o prazer de conhecer a história real e diária do Gustavo Medeiros. E essa lição é de vida, de superação reforça a minha idéia central de vida de que todos somos iguais, por sermos humanos e cada um carregar o seu próprio desafio, entretanto, a maneira como o Gustavo retrata sua vida, nos mostra o quanto ainda temos muito que entender sobre essa questão. E o quanto muitos de nós nem sabe que lidar com as diferenças é lidar, apenas, com o fato de cada um ter suas características próprias e merecem respeito, acima de qualquer coisa.

Não vou, não devo e nem tenho como me alongar aqui. Eis o texto/depoimento do Gustavo Medeiros, homem, adulto, jornalista e portador da síndrome de Asperger:


EXISTE (SIM) VIDA ALÉM DO AUTISMO
Por Gustavo Medeiros - Jornalista DRT BA 3890

Quando me propuseram a fazer um texto para comemorar o dia de conscientização do autismo, me senti desafiado a escrever sobre mim e provar que existe (sim) vida além do espectro autistico. Como portador da Síndrome de Asperger, me sinto não somente diferente dos outros que se dizem neurotipicos, mas capaz de realizar coisas que nem uma pessoa dita “normal” poderia fazer ou poderia não fazer.

Através das minhas superações, alcancei vitórias e hei de alcançar outras. Superei as expectativas daqueles que não davam muito por mim e surpreendi as falsas perspectivas de que não conseguiria ser o que hoje sou: Um ser (quase) realizado. Enfrentei, com muita dificuldade, as brincadeirinhas de mau gosto dos coleguinhas da escola regular e no “mundão” por aí afora. Nunca fui entendido pelo mundo, a não ser por meus pais, pois não é obrigação da sociedade aceitar, engolir um garoto autista como um problema a ser resolvido na base da pancada.

O que importa, no momento, é olhar para trás e entender que superei tudo na base da insistência, pois sempre acreditei nos meus sonhos. Sim!!! Para quem ainda não acredita (ou compreende), um autista como eu também tem sonhos e tenta alimentá-los a cada dia. Possui ideal de vida e luta por ele. È um cidadão comum, que vota e cumpre seus direitos. É assim que me sinto, no entanto o que me diferencia dos “iguais” (se é que igual existe) é a forma de sentir o mundo, de amar as pessoas e expressar os sentimentos.

Ainda tenho uma certa dificuldade em entender metáforas, malicias e sutilezas que norteiam os caminhos do NTs na sociedade. Me sinto frustrado, às vezes, mas entendo que não deve ser assim. Por incrível que pareça, essa nossa dificuldade tem lá o seu lado positivo: o da ética e o da honra, pois não sabemos mentir nem disfarçar as mentiras.

Somos explícitos na arte do sentir; expomos, a nossa maneira, o peso das decepções, e dos desamores. Aliás, autistas também amam e sofrem por amor e por não saber corresponder a esse sentimento. Talvez pelo fato de nos faltar a empatia, de tentar (ao menos) estar no lugar do outro, sentimos essa frustração. Sendo assim, ainda me falta o entendimento de que o outro precisa receber o feedback, o retorno da troca dos afetos em um relacionamento amoroso.

Mas, além da penumbra de todas as angustias, existem as alegrias de cada superação; o sucesso que está em cada vitória conquistada no dia a dia. É a certeza de que a nossa capacidade de “estar no mundo” vai além dos quartos escuros, dos movimentos estereotipados e repetitivos, dos grunhidos e barulhinhos incompreensíveis que fazemos durante a infância. Porém, isso não mostra nada, a não ser o fato de sermos especiais dentro das nossas particularidades. Somos diferentes, somos aparentemente normais. Sou a prova viva que existe sim vida além do autismo.

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