Coisas "engraçadas" entre pais, na hora de buscar os filhos na escola: tem um coleguinha de Peu que é o seu oposto, muito quieto e submisso ao extremo. Pois bem, esse menino vivia atrás de Peu e volta e meia se esbarravam. Fora quando Peu batia nele e o menino continuava atrás. Eu morria de tristeza por todo dia saber que ele bateu em algum coleguinha. Sempre via algumas mães passarem por isso e dizia: "Deus me livre meu filho ser assim... não sei o que faria". Hoje, eu não sei o que fazer... Também, não deixo de fazer algumas coisas que estão ao meu alcance: converso e explico que como ele fez isso ou aquilo, ficará sem assistir ao programa favorito; sem brincar com algum brinquedo, etc. Ser firme com ele não é o meu problema, porque isso eu sou e ele me obedece. O problema é que Peu é desaforado e muito teimoso.
Mas, voltando: o pai desse coleguinha se sentia ofendido, pelo fato do filho não reagir e ainda achava errado a escola informar que os pais de Pedro estavam tomando providências. Sei que a escola orientou esses pais de que Peu é danado e tal, mas que o menino sempre está atrás dele e que os pais deveriam ver o porquê do menino ser tão permissivo. Pois bem, eles me disseram que colocariam o filho numa arte marcial para ele aprender a se defender. O pai falou com a boca tão cheia que vi o orgulho de macho ferido, ou seja: "meu Filho apanhando? Isso é uma vergonha". Eu não vejo beleza alguma em Peu bater nos colegas, pelo contrário. Juntos investigamos essa agressividade dele para ajudá-lo, numa parceria aberta com a escola e cada um com seu papel. Para esses pais, não. Para esses pais o filho, para não apanhar, deve aprender a bater. Ora, se é para ajudar a criança, como ensiná-lo a fazer aquilo de que têm raiva? Isso vai ajudar a identificar o motivo do menino ter essa auto-estima tão baixa e ajudá-lo a superar e estabelecer seu espaço? Ou vai acirrar uma violência que graças a Deus o menino não tem e o ajuste seria outro? Vi que muitos pais - pais e mães - acabam entrando na briga dos filhos com suas vaidades. Isso é ajudar o filho? Pedro já apanhou na escola e eu o fiz refletir sobre se é bom apanhar, para que ele entenda que não é bom bater. Não me senti magoada ou doída, não condenei a escola, muito menos levei aquilo para o pessoal. Eu, realmente, gosto de ponderar e buscar ser justa e sei que criança está aprendendo - no caso de Peu, todos estamos tentando entender esse comportamento na sala de aula... Quando algumas funcionárias perceberam que outras crianças se aproveitavam do fato de Peu ser assim e o provocavam, vi que existe a lei da ação e reação. Elas me disseram que nenhum era santo, nem por isso deixavam, permitam que Peu batesse para mostrar que era mais forte. E eu , sabendo dessa informação nova, comecei a criar historinhas onde os meninos que reagiam também eram bobos, como os que provocavam. Fui deixando ele me dizer o que acontecia e quando os coleguinhas chegavam: "tia, tia Pedro me bateu" eu sentava com os dois e pedia que me contassem a história e como poderíamos resolver - antes, acreditava e condenava meu filho - que de santo não tem nada. Um dia, uma colega se mordeu e disse que havia sido Peu. Se ele não aprontasse tanto, seria mais fácil, mas, até a mãe da menina me dizer que ela havia se mordido eu juro que acreditei na menina. Ali eu vi que Peu criou uma situação mais do que delicada: como julgar se não tem inocentes? Entendi que meu papel não era julgar e sim fazê-lo ver e saber como lidar com as situações de conflito sem brigas.
Pois, esse bendito pai - toda hora vou e volto... mas, faz parte do processo -, junto com a esposa, decidiram colocar o filho numa arte marcial e e disseram: "Matriculei! Vai ser bom para ele aprender a se defender!". E eu disse: "eu levo Peu para a natação, agora para o Judô, tudo isso para ele aprender a gastar a energia dele de maneira mais saudável e parar de bater, porque a criança precisa encontrar seu equilíbrio, né verdade? Nem bater, nem apanhar, saber canalizar essa energia. E ainda levo a uma psicóloga muito boa que me dá esse apoio com o emocional dele. É bom a gente ver que o filho precisa de ajuda e dar, para que se torne um adulto mais consciente e equilibrado, né?". Acho que feri o orgulho deles ainda mais. Falei dando indireta, não sou santa, mas porque vi que eles não estavam olhando o filho e suas necessidades gritantes, eles olhavam a própria dor e queriam que o filho se vingasse. Não me incomodo se o menino bater em Peu, eles se entenderão muito melhor entre eles e de maneira mais madura do que com a intervenção dos pais. Fiquei chocada com o fato deles ó quererem despertar a agressividade do menino, mas, não a boa agressividade...
Hoje, me encontrei com esse pai. Nos cumprimentamos. Ele sorridente e agitado. Eu pergunto: "e aí, tudo bem? Como está o filhão?" no que ele me responde sem se conter: "aprontando horrores!". Ora, fiquei ainda mais chocada! Não era sobre os "aprontar" das outras crianças que ele se queixava? Agora, aprontar é sinônimo de coisa boa? Não entendi! Mas, entendi outra coisa: como somos bobos! Meninos têm que ser "retados", como sempre escuto. Saúdo esses pais, viu? Saúdo essa atitude honrada e nobre de querer que seu filho seja aquilo que condena nos outros. Saúdo essa hipocrisia que nos ronda. Saúdo essa sociedade que criamos e mantemos com nossas mentes estúpidas! Sinceramente, quem me conhece bem sabe, eu não acho legal Peu ser tão "retado", no sentido pejorativo dessa palavra. Concentro boa parte do meu esforço consciente em ajudá-lo a se encontrar como pessoa e vivo em minha vida a prática de bons valores. Os que não consigo viver na prática, eu deixo clara a minha intenção de um dia conseguir e me esforço.Mas, vendo essa atitude desse pai, vi que ele não é o único, nem o primeiro, muito menos o último.
Outro dia, conversando com outras pessoas, assistimos a uma cena de agressão numa escola - passou na TV, num desses programas sensacionalistas que são o "Ó" e eu me recuso a assistir em minha casa... - onde duas adolescentes brigavamm e o pai de uma delas chega, não procura se informar, muito menos acalmar a briga e "defende" a filha batendo na colega... uma atitude animal e grotesca. Daí, uma dessas pessoas que estava comigo disse: "eu faria a mesma coisa! Depois procurava saber. Onde já se viu bater em minha filha? Tapa dado não é tirado...". Fiquei chocada! Minha mãe então, disse: "é, e saber o motivo da briga, quem começou e mediar para terminar em paz não é possível...". Fez-se o silêncio. "Tapa dado não é tirado" é dose. E o que ela supostamente faria, caso fosse com ela, ao se esclarecer e a filha fosse a "culpada", também não sairia da outra menina e aí? Seguindo essa linha de raciocínio, ela teria que apanhar, também, para a outra família estar quite com ela? Gente, a estupidez não dá margem para solução, só faz bola de neve gigante de terror!
Gente, quem tem filho e quer colocar numa arte marcial, pelo amor de Deus, arte marcial que se preze não é para incentivar a violência é para saber canalizar e ensinar a se defender, sem precisar bater ou ser agressivo. No judô Peu tem aprendido disciplina, respeito e hierarquia. E como usar sua força e energia de maneira salutar. Além de trabalhar a socialização e muito mais. É um trabalho sério, com profissinais qualificados e responsáveis.
Quando falo que para educar um filho, antes, educar os pais, falo de coração, porque eu me reeduco a cada dia como pessoa, para ser um exemplo vivo ao meu filho e ainda assim cometo erros, porque isso é humano. Um bom exemplo de busca e transformação. Fácil não é, mas, me permitir ser vazia e rasa assim eu não me permito!
O que vem a ser cuidar de um filho, mesmo? Como ensiná-lo que orgulho é uma coisa boba e ser bom não quer dizer ser bobo, com equilíbrio e sabedoria? Como ensinar aquilo que nem nós sabemos... muito menos, acreditamos e/ou queremos saber? Vamos nos ajudar primeiro e, só assim, poderemos ajudar nossos filhos, com verdade!
Se cada pai, mãe, tia, tio, avó, avô... entendesse que todos nós fazemos parte de um todo e que para esse todo ser bom todo mundo precisa fazer algo de bom, de verdade, seria um bom começo...
Saudações maternais,
Pat Lins.
Muito bom, Pat. Creio que você está no caminho certo. Lamento que alguns pais não tenham essa compreensão da realidade e torço que leiam seus textos, pois têm muito a aprender com você.
ResponderExcluirObrigada, Morgana! Não é tarefa fácil se educar e se redescobrir, mas, é melhor do que ben tentar... Queria muito que esses e outros tantos pais, mães e afins não apenas leiam os textos, mas, se abram e se coloquem no caminho do aprendizado constante. Bjssss.
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