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sexta-feira, 21 de março de 2014

A LUTA JÁ É UMA VITÓRIA...


Imagino que muita gente não entenda, sequer faça ideia do que é ter um filho, digamos, "diferenciado". 

QI elevado, inteligentíssimo, hiperativo, agitado, teimoso, questionador ao extremo... Mas, o que mais percebo é o alerta que esse comportamento traz. O alerta de que toda inquietação necessita de espaço limpo e arejado, de paz e sossego. 

Onde, nesse mundo, as crianças têm tido espaço para serem criança, sem tanta cobrança, sem rótulos? Onde se consegue contar com apoio social, sem julgamento ou condenação?

Muitas pessoas somam nesse processo. Muitas soma contra... Mas, fazer o que, nem todo mundo tem coração e alma, né verdade?

O ato de compreender, aceitar e acolher ajuda e cura qualquer "mal", que nem é tão mau assim. Muitas vezes, transtornos são desencadeados por questões familiares, sim. Mas, aceitar e querer mudar é aqui e agora. 

E por isso que digo, mães na prática, ser mãe é lutar e vencer todo dia! Cada dia, uma batalha. Mas, o amor que recebemos de volta, isso, com  certeza, não tem preço!

Celebremos o amor! Celebremos cada mínimo progresso que os nossos filhos conseguem. Quem não entende, vai dizer: "frescura!". Quem sabe, vai dizer: "que maravilha!". 

Que maravilha que ainda existe o HOJE, para se fazer algo novo!

Feliz HOJE, para cada uma de nós!

Pat Lins.

sábado, 9 de março de 2013

DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) - Por Drauzio Varella




DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH)

Mario Louzã é médico, coordenador do PRODATH, Projeto de Déficit de Atenção e Hiperatividade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Meu filho não para quieto nem para comer. Desde o instante em que se levanta até a hora em que vai dormir, anda de um lado para o outro, pula, sobe nos móveis, derruba as cadeiras que encontra pelo caminho, corre pela casa. Seu quarto é um verdadeiro caos. Espalha roupas e objetos, mesmo aqueles que não está usando no momento, revira as gavetas, não fecha as portas dos armários.
No colégio, então, é um terror. Sua agitação incomoda os colegas e prejudica os relacionamentos. A desatenção e a inquietude interferem também no rendimento escolar. Não termina as lições, comete erros grosseiros nos exercícios e redações, esquece conteúdos que dominava satisfatoriamente um dia antes, rasga a folha da prova de tantas vezes que apaga as respostas.
Geralmente, essas queixas caracterizam os portadores do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), uma doença que acomete as crianças, mas que pode prosseguir pela a vida adulta, comprometendo o desempenho profissional, familiar e afetivo dessas pessoas.

Sintomas e diagnóstico
Drauzio – Em geral, as crianças são travessas e desatentas. Como se estabelece o limite entre a desatenção e inquietude próprias da idade e o comportamento potencialmente patológico?
Mario Louzã – À medida que a criança vai crescendo, aumenta o nível de exigência sobre ela. No entanto, o típico é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ficar evidente quando ela vai para a escola. Normalmente, a criança consegue permanecer sentada na carteira da sala de aula, prestar atenção no que a professora fala, tomar nota, fazer exercícios e aprender as lições. A hiperativa, no entanto, com déficit de atenção não para quieta e comete erros por distração. Muitas vezes, fica evidente que ela sabe a matéria, mas não acerta as repostas, porque está distraída.
Existem casos mais leves da doença que eventualmente podem ser contornados apenas com medidas pedagógicas e há os mais graves que exigem tratamento medicamentoso.
Drauzio – Quem percebe primeiro o problema? Os pais em casa ou a professora na escola?
Mario Louzã – Para fazer o diagnóstico de déficit de atenção e hiperatividade, os sintomas precisam manifestar-se em dois ambientes distintos. Em geral, eles ocorrem em casa e na escola. A mãe, que geralmente acompanha a criança nos deveres de casa, percebe a agitação e a demora para fazer as tarefas. A professora nota o mesmo comportamento na escola. Por isso, pais e professores são bons informantes para ajudar o médico que observa a criança no consultório.
Drauzio – O déficit de atenção sempre começa na infância ou pode instalar-se mais tardiamente?
Mario Louzã – Por definição, a criança já nasce com a doença, tanto que para fazer o diagnóstico em outras fases da vida é preciso investigar como foi a evolução da enfermidade na infância.
O TDAH jamais se inicia quando o indivíduo é adulto. Ao contrário. Em geral, evolui com melhora dos sintomas, tanto que até alguns anos atrás acreditava-se que desaparecia com o crescimento. Hoje se sabe que, apesar de diminuírem o número e a intensidade dos sintomas nos adolescentes e adultos, parte das crianças continua com o problema por toda a vida e apresenta as dificuldades decorrentes da doença.
É importante lembrar que, quando se fala hiperatividade, estamos nos referido a dois sintomas agregados: a hiperatividade propriamente dita e a impulsividade.
Drauzio – Você poderia explicar o que isso significa?
Mario Louzã – Basicamente na criança, a hiperatividade está ligada à motricidade, aos movimentos. É a criança agitada, que não para quieta um segundo sequer, com o bicho carpinteiro, como dizem as pessoas. Já a impulsividade se caracteriza pelo agir sem pensar. Crianças hiperativas se machucam mais, sofrem mais acidentes, porque são intempestivas. Não têm paciência nenhuma, interrompem quem está falando, intrometem-se na conversa alheia. Esse é um sintoma que se manifesta também nos adolescentes e adultos.
Drauzio – Vocês falam déficit de atenção/hiperatividade. Essas duas coisas estão sempre associadas?
Mario Louzã – A síndrome tem esses dois sintomas básicos. Pode predominar um deles, mas em boa parte dos casos tanto o déficit de atenção quanto a hiperatividade estão presentes.

TDAH nos adultos
Drauzio – Você recebe um adulto que se queixa de ser muito distraído e que isso está atrapalhando sua vida. No entanto, o problema passou despercebido na infância e adolescência. Como você encaminha o diagnóstico nesse caso?
Mario Louzã – Essa é uma situação bastante comum. Há pessoas com déficit de atenção e hiperatividade que passam a vida toda sem terem sido diagnosticadas. Dá para imaginar quantos obstáculos precisaram vencer para chegar à universidade, por exemplo?
Na verdade, as queixas dos adultos são as mesmas das crianças: distração, dificuldade para concentrar-se, baixo rendimento no trabalho, impulsividade. Agem sem pensar e depois se arrependem do que fizeram.
O primeiro passo para o diagnóstico nessa faixa de idade é levantar uma história e tentar obter o máximo possível de dados sobre a infância da pessoa. É importante saber se, na escola, a professora reclamava de sua indisciplina, se era desorganizada, apresentava lições mal feitas, tinha os cadernos soltos, bagunçados e o material em desordem.
Nem sempre é fácil conseguir tais informações. Às vezes, a própria pessoa não tem lembrança clara de como eram as coisas. Uma saída é recorrer a informantes que lhe sejam próximos. Se os pais estão vivos, podem ser fonte importante de consulta.
Para o diagnóstico, levam-se em conta também as queixas atuais: o trabalho que não rende, a dificuldade para concentrar-se na leitura de um texto mais longo ou realizar as tarefas do dia a dia, o incômodo por ficar sentada numa reunião mais prolongada ou monótona, a dificuldade para assistir a uma aula na faculdade ou a um curso que exija concentração e permanência numa posição constante. Tudo isso somado ao fato de que se esquece dos compromissos e de pagar as contas. Delinear esse conjunto de dados possibilita reconhecer um quadro de déficit de atenção e hiperatividade no adulto.
Drauzio – Esses dados que você citou são queixas que se ouvem muito no mundo moderno. As pessoas reclamam que não rendem no trabalho, não se concentram porque os estímulos são muitos e não têm paciência para reuniões prolongadas. Como profissional, o que lhe permite estabelecer a diferença entre o comportamento que resulta das atribulações da vida e o que é realmente patológico?
Mario Louzã – Existem de fato alguns casos que estão no limite entre o que seria, digamos, o esperado para a população adulta no momento e o patológico que exige tratamento. Vale destacar que, no adulto, a dificuldade e as queixas vêm da infância. Mais velho, quando o quadro da doença é bem definido, ele se compara com seus pares e percebe que os colegas fazem o mesmo trabalho na metade do tempo, não esquecem a maioria dos compromissos, não atrasam. Já ele é um atrasado contumaz, um desorganizado. A conta está em cima da mesa, mas ele se esquece de levá-la e perde o prazo do pagamento. Não são coisas que acontecem de vez em quando. Acontecem sempre e passam a sensação de fracasso constante, de rendimento inferior à real capacidade de produzir.

Papel da genética
Drauzio – Há maior concentração de casos desse transtorno em determinadas famílias?
Mario Louzã – A genética tem papel importante na incidência do TDAH, embora sozinha não seja suficiente para explicar a doença. Quando se rastreia a família de um paciente, é muito comum encontrar outros casos de déficit de atenção e hiperatividade. Às vezes, enquanto fazemos o diagnóstico de uma criança, os pais percebem que também foram ou são portadores daqueles sintomas e os prejuízos que podem ter causado em suas vidas.
Drauzio – Além da genética, quais são os outros fatores implicados?
Mario Louzã – Os fatores ambientais são menos conhecidos. Imagina-se serem fatores que atuem de alguma forma no sistema nervoso central, no cérebro, na fase de desenvolvimento embrionário ou talvez no início da vida. No entanto, eles não foram claramente definidos.
Drauzio – É possível estabelecer algum tipo de alteração morfológica no cérebro associada ao TDAH?
Mario Louzã – Existem trabalhos que mostram diferenças em áreas do cérebro nas crianças com TDAH, se comparadas com um grupo de crianças sem a doença. Entretanto, é importante salientar que o diagnóstico é eminentemente clínico, baseado nas queixas da pessoa e em sua história de vida. Exames radiológicos, raios X, tomografia ou eletroencefalograma (exame pedido com muita frequência) não ajudam a esclarecer o diagnóstico, seja em crianças, seja em adultos.

Associação com outras doenças
Drauzio – O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade pode estar associado a outros distúrbios psiquiátricos como depressão ou transtorno bipolar?
Mario Louzã – Pode. É típico do TDAH estar associado a outras doenças qualquer que seja a faixa de idade do paciente. Nas crianças, além da ansiedade, aparecem os transtornos de conduta que não decorrem só da distração. São dificuldades de aprendizado específicas como dislexia (dificuldade para compreender o que lê), disgrafia (dificuldade para escrever), discalculia (dificuldade para fazer cálculos).
Nos adolescentes, o problema maior é a tendência ao abuso de drogas. Não existe uma explicação clara para o fato. Os estudos mostram, porém, que a partir da adolescência o uso de drogas nos portadores de TDAH é mais frequente, se comparados com os indivíduos sadios.
Drauzio – Algum tipo específico de droga?
Mario Louzã – Não existe especificidade. A tendência é ao abuso de drogas em geral.
Drauzio – Imaginei que talvez a maconha fosse a droga de predileção desses pacientes, porque a cocaína os deixaria mais agitados ainda.
Mario Louzã – Por estranho que pareça, o consumo de cocaína é comum entre eles. Sob a ação da droga, ficam mais atentos, mais concentrados. Aí, entra um aspecto interessante dessa doença. Os estimulantes diminuem a hiperatividade e a desatenção tanto que o tratamento é feito com uma medicação que contenha esse tipo de substância.

Tratamento
Drauzio – Você recebe um adulto muito agitado, com dificuldade de concentração, baixo rendimento no trabalho e a cabeça girando com múltiplos problemas. Ele conta que isso acontece desde a infância. Qual o primeiro passo para dar início ao tratamento?
Mario Louzã – Fechado o diagnóstico de TDAH, é preciso examinar se não existem outras doenças associadas. Nos adultos, as mais frequentes são ansiedade e depressão e o tratamento vai depender de como esses fatores combinam.
Nessa faixa de idade, o tratamento medicamentoso associado à abordagem psicoterápica ajuda a controlar a doença. O mais comum é prescrever psicoestimulantes (no Brasil há um único medicamento com essa característica) e alguns antidepressivos.
Na infância, o tratamento é mais complexo e envolve frequentemente equipe multidisciplinar, pois requer também a aplicação de medidas pedagógicas e comportamentais.
Drauzio – A medicação é usada por quanto tempo?
Mario Louzã – Se o paciente é uma criança, o ideal é acompanhar a evolução do caso para ver se há melhora com o crescimento. Estudos mostram que até a idade adulta os sintomas diminuem e que, em metade dos portadores de TDAH, desaparecem espontaneamente. Se persistirem no adulto, provavelmente o quadro estará estabilizado.
Como não faz muito tempo que os adultos portadores de TDAH estão sendo estudados, temos pouca informação de como evoluem até os 70 ou 80 anos. No entanto, a hipótese é que os sintomas continuam sempre os mesmos por toda a vida. Desse modo, pode-se afirmar que o tratamento deve ser mantido indefinidamente.
Drauzio – Os medicamentos disponíveis para TDAH provocam efeitos colaterais?
Mario Louzã – De maneira geral, os efeitos colaterais são leves e ocorrem no início do tratamento. Depois, o organismo se ajusta e é boa a tolerância aos medicamentos.
Drauzio – O paciente nota logo os efeitos benéficos dos medicamentos?
Mario Louzã – Isso depende do medicamento que está sendo usado. Geralmente, em algumas semanas, o paciente percebe melhora na atenção e na capacidade de ficar sentado. Percebe que passou a produzir melhor no trabalho e a não cometer os erros que cometia antes. TDAH é uma doença psiquiátrica cujo tratamento dá resultados bastante satisfatórios nas crianças, adolescentes e adultos.
Drauzio – Não parece paradoxal tratar uma pessoa hiperativa com remédios psicoestimulantes?
Mario Louzã – Soa paradoxal, mas atende ao que se supõe ser o mecanismo da doença: a falta de uma ação inibitória do sistema nervoso central sobre algumas áreas. Portanto, quando se estimula a inibição, aumenta o controle da atenção, da atividade motora e da impulsividade.
Drauzio – Você disse que o tratamento envolve uso de medicamentos e psicoterapia. Qual é o objetivo da psicoterapia nesses casos?
Mario Louzã – Nos adultos, a psicoterapia não visa exatamente à doença, mas à pessoa que tem déficit de atenção e hiperatividade. O que acontece frequentemente é que sua história de vida é marcada por insucessos acumulados ao longo dos anos. São falhas no dia a dia, mau desempenho escolar, repetência, suspensões. Depois, vêm problemas no trabalho e na organização das atividades. A longo prazo, isso gera um sentimento de fracasso muito grande, faz cair a autoestima e pode trazer dificuldades para lidar com situações emocionais.

Incidência nos dois sexos
Drauzio – Como é a distribuição da doença entre os gêneros, ou seja, entre homens e mulheres?
Mario Louzã – Pode-se dizer que, na infância, há prevalência dos meninos sobre as meninas. No entanto há os que discutem essa afirmação, alegando que TDAH fica mais evidente nos meninos, porque eles são naturalmente mais hiperativos e incomodam mais do que as garotas. Argumentam, ainda, que elas tendem mais à distração, sem apresentar o componente da hiperatividade. Desse modo, nelas, o risco de que o problema passe despercebido é maior.
O fato é que estudos epidemiológicos feitos em clínicas que recebem esses pacientes revelam a prevalência um pouco maior da doença nos meninos. Quando chega a idade adulta, porém, a incidência de TDAH é aparentemente igual nos dois sexos.

Considerações finais
Drauzio – Que dicas você dá aos portadores de TDAH?
Mario Louzã – Muitas vezes, as pessoas não reconhecem suas falhas de atenção como uma doença passível de tratamento. Elas as incorporam como características de personalidade, como seu jeitão de ser.  Admitir que possam ser sintomas de uma doença é o primeiro passo para buscar ajuda e tratamento e contornar o problema.
Além disso, é fundamental criar estratégias para compensar a desorganização natural e a falta de atenção dessas pessoas. Quanto mais rotineiras e sistemáticas forem, melhor será seu desempenho nas diferentes áreas.
De modo geral, os adultos com déficit de atenção e hiperatividade já desenvolveram algumas técnicas para lidar com as próprias dificuldades. Como sabem que são distraídos, anotam com cuidado os compromissos na agenda, criam hábitos como deixar os objetos sempre no mesmo lugar e estabelecem determinadas rotinas na vida.
Em relação às crianças, desenvolver essas atitudes comportamentais irá ajudá-las a organizar-se melhor. Outra dica importante é reconhecer os danos à autoestima que a doença provocou e procurar uma abordagem psicológica.


sábado, 8 de setembro de 2012

O PODER DA VISÃO


Esta semana, mesmo em meio a tanta turbulência e pouco tempo cronológico, tive acesso a levantar de questões que me deram um gás e um impulso para que eu renovasse minhas forças.

Como mãe, somos tachadas de "chatas", por brigarmos por nossos filhos. E é aí que entra meu questionamento: "somos sempre chatas?". O grande desafio é dosar onde somos cegas, por estarmos muito envolvidas, e onde estamos vendo além, por estarmos muito envolvidas. 

Já deu para perceber que estou engasgada, não é? Pois é! Mesmo assim, tenho consciência de que isso não me faz bem e que não ajuda em nada no meu objetivo. Estou conversando comigo e com pessoas "qualificadas" para conseguir diluir essa situação e conseguir manter o foco onde devo: objetivo. E é isso que deixo claro agora: meu objetivo é ajudar meu filho a se desenvolver como pessoa. Para isso, estabeleço metas e as cumpro, as avalio e mensuro, ao final. O que atingiu o resultado esperado, me dá forças para continuar. O que não atingimos, ainda, revemos nossos conceitos e refazemos a maneira de fazer. Mudo de estratégia de tempo em tempo, tentando, sempre, para descobrir como melhor ajudá-lo, vendo-o como e quem é e fortalecendo sua base moral e de valores - eu acredito nisso! Pois bem, firmei boas parcerias - parece papo de negócio, não é verdade? - e muitos frutos estão brotando, agora. Não é fácil semear, regar e colher sozinha. Nada na vida se faz sozinho, apenas as decisões, as escolhas. Mas, o definir e o seguir pode ser fruto de trocas, de aprendizado. Vou conseguir me focar no objetivo com a emoção necessária: a fé! A fé de que tudo merece uma oportunidade para ser diferente. Pode até não ser, mas, se não tentar, como saber? Se não souber o que se quer alcançar, como saber como ir e onde chegar? Vou seguindo...

Pois bem, uma das mensagens de reflexão mais bonitas que tive foi esse "O Poder da Visão". No outro blog, o AQUI E AGORA, apresento outros que conheci esta semana e que me enriqueceu tanto os pensamentos.

Faz mais ou menos quinze dias que só recebo feedback positivo de Peu, com relação ao seu comportamento e seu desenvolvimento pedagógico. Milagre? Não. Teoria colocada em prática para se tentar algo novo e diferente. Se há uma suspeita e se havia sugestões para tentar comprovar ou refazer as hipótese, em prol do desenvolvimento de um pequeno ser em formação, não entra em minha cabeça a postura dos profissionais de educação envolvidos no "caso". Para mim, se trata de profissionais de educação, pessoas que foram lá, entraram numa faculdade, concluíram, fizeram suas titulações para cima e esqueceram de se perguntar: "essa é minha vocação?" ou "esse é o meu sonho?" ou "qual o meu sonho?". Enfim, a escola deu a chance, a oportunidade para essas profissionais porque percebeu algum potencial. Mas, eu, de fora e doída, questiono até onde esse potencial é real ou não... Puro julgamento meu, que pode ser desencadeado por diversos fatores e, com isso, estar "contaminado". Como elas assim fizeram com meu filho. 

Um resumo da situação inicial:

Meu filho sempre foi muito ativo. Como tudo que entra na "moda" das novas nomeclaturas de patologias, cai  na boca do povo e tendencia os diagnósticos, eu, assim como muitos outros leigos, achamos que ele poderia ser um TDAH - hiperatividade. A pediatra dele, da época, me dizia: "a hiperatividade não é só a agitação motora. Existem crianças hiperativas que não têm essas aceleração. É uma aceleração mental que faz com que a criança não tenha foco e passem mil informações ao mesmo tempo em sua cabecinha...Eles tê dificuldade em interagir com a realidade... Não é o caso de Peu. Ele interage e interage bem...". Fiz o tal do eletro e a neuro me disse que ele não era TDAH, que, possivelmente, tivesse inteligência acima da média associada a alguma outra característica, como ansiedade. Sugeriu que fizesse avaliação psicológica e psicoterapia, para ajudar. Ele tinha 3 anos, nessa época e estava entrando na escola. Como não tínhamos condição de pagar a psicoterapia, adiamos.

Quando ele estava com 4 anos, eu engravidei e perdi o bebê. Ele ficou mais agitado e desencadeou uma agressividade na escola - e que era uma nova escola. O que nos chamou a atenção, foi que ele sempre teve o mesmo comportamento em todos os lugares. Nessa época, na escola ele mudou o padrão de comportamento. Ficou agressivo e não aceitava os limites. Tudo bem que aqui fora ele também não aceita limite com facilidade, mas, ele tem e acaba, por consequência, se encaixando e sendo envolvido por eles. Pois bem, pedi a escola uma indicação e me deram. Estamos com ela até hoje. Primeiro pelo trabalho brilhante que desenvolve. Segundo, pelo compromisso que tem e o cuidado de observar e estudar com olhos abertos, sem fechar ou desconsiderar nada. 

Pedro começa a dar sinais de melhora. Mesmo assim, é muita demanda. Uma coisa que todos concordam - todos, leia-se: amigos psicólogos que tenho, pedagogos e pessoas entendidas do assunto ser humano, além das professoras anteriores e da psicóloga dele - em uma coisa: ele tem uma inteligência acima da média. Isso, por si só, é um desafio gigantesco. Muitas mães se sentem envaidecidas, eu me sinto mais responsável pelo bom aproveitamento dessa inteligência. Ele tem um perfil de liderança, natural. O que aumenta o meu desafio e empenho. Me cuido, para cuidar dele. Isso não me torna perfeita, mas, uma mãe em constante busca e transformação, na prática. Este ano, com 5, ele continua na mesma escola, só que no prédio maior. O que melhorou um pouco, no ano passado, começa a desandar... Apenas, dentro da sala de aula. Eu, exclamo sempre - seja em reunião, seja em contato com a pró ou equipe de coordenação: "Isso é estranho! Ele tem melhorado tanto... Precisamos investigar o que passa na cabeça dele para agir assim dentro da sala...". Nem percebia que estava sendo "a chata". Meu objetivo foi mal explicitado: eu, naquela época, não duvidava do trabalho da equipe... eu tinha a referência da equipe anterior e estava com ela muito forte, portanto, para mim, o processo estava tendo continuidade. Na última reunião, no final do semestre passado, a coordenadora nos disse: "olha, eu não sei quem é Pedro. Outro dia que eu fui ver que ele sabia as vogais... Talvez, vamos observar durante o segundo semestre, ele tenha que repetir o grupo 5...". Eu, lógico, questionei: "Tem algo que possa fazer em casa para reforçar? Algo que ajude a desenvolver, tipo uma professora em casa, algo assim. Porque se mandarem pintar um ovo de rosa eu pinto, se vir que deu resultado positivo, compro uma dúzia. O que for preciso fazer para ajudar, contem comigo, porque sou a parte mais interessada nessa parceria em prol do desenvolvimento do meu filho...". A coordenadora apenas deu um meio sorriso, e diz: "Não, mãe, não precisa fazer nada. Apenas estabeleça mais limites para ele". Eu coloco: "se eu apertar mais, é capaz de romper...". 

Fui me abrir com a psicóloga dele: "Não sei, mas eu tenho a impressão de que tem algo errado na condução do processo com Peu, este ano... Durante todo o semestre, Peu não rendeu nada na sala e o comportamento dele lá, só piorou. Tem algo lá que preciso detectar... A coordenadora me disse que talvez ele tenha que repetir a grupo... O que me chama a atenção não é o fato dele ter que repetir, mas, o argumento de que ele não sabe nada... E que ela não sabia que ele sabia as letras... Concordo que o comportamento dele lá está complicando, mas, até essa agressividade, não sei, me soa como algo reativo... Como faço para entender melhor essa situação? Meu lado mãe coruja pode estar tentando tendenciar minha visão e me fazendo ver coisas demais, mas, eu sempre me esforcei para ver Peu como é e só assim comecei a saber lidar com ele... Eu preciso fazer algo para ajudar meu filho. Se ele tiver que repetir, ao menos, poderia ajudá-lo e não repetir seja lá o que for... senão, vai  ser esse mesmo estresse de novo...". Ela ouviu calada. Até que, por fim, me disse que havia tido uma reunião, antes da minha, com ela, e a professora do grupo anterior entrou com um dado que contradizia a opinião da coordenadora e, que ela mesma, a psi dele, já havia sugerido atividades diferenciadas para tentar atraí-lo pelo que ele tem mais afinidade e ir desenvolvendo. E ficou espantada em não ter sido ouvida e, muito menos, levada em consideração. Pois bem... nada feito. Semestre perdido. Em casa, via o progresso dele na escrita. Ele não queria parar para escrever e fazer as atividades, no início, depois, dentro da nossa rotina, ele não só fazia como fazia com mais segurança a cada dia. Os colegas pararam de reclamar dele. Esse indicadores informais me chamaram mais atenção e reforçaram minha intuição - que, considerei estar contaminada pela cegueira de mãe, mesmo, o que pode acontecer - e comecei a ver mais. 

Enquanto observava, também agia. Nova investida estratégica: EQUOTERAPIA. Um trabalho muito bonito e, não só pela beleza de ver, mas, de ver os resultados e a equipe multidisciplinar que toca o projeto. Um trabalho sério e bem estruturado. Fui em busca de informações, apesar de escutar: "ah, ali é para criança com doenças sérias: autistas, síndrome de down, paralisia cerebral...". Eu fui procurar informação na fonte: O QUE É A EQUOTERAPIA? "...a utilização do cavalo em abordagem interdisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação para estimular o desenvolvimento biopsicossocial da pessoa com deficiência... As técnicas da equoterapia promovem benefícios físicos, psicológicos e educacionais aos praticantes, além de propiciarem novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima.". Ou seja, trabalha o comportamento, também. Mais um auxílio! Conversei com a psi dele, para alinhar as idéias e pedi um relatório. Feito. Começamos. Não sei como repercutiu em meio à equipe de coordenação da escola, mas, algo já estava em ebulição por lá. A Diretora é uma pessoa e profissional de VISÃO. Foi preciso incomodá-la, durante sua licença maternidade, para informar sobre as posturas de suas funcionárias e o que poderia ser feito, porque uma criança estava sendo subjugada. Abro parêntese aqui: se a professora do grupo mais avançado conseguiu identificar esse potencial, porque em vez de escutá-la, a desmereceram, afirmando que ela não tem "qualificação" para fazer esse tipo de avaliação? E quem tem, o que fez? O que era para ser um caso de estudo de "como e o quê podemos fazer mais para resolver" virou um campo de batalha de egos feridos: o meu de cá e o da equipe de lá. A parceria, mantida unicamente por mim e a psi dele, ficou, também, desqualificada pela equipe. Sabe Deus o que passou na cabeça delas...  Mas, bastou que ela voltasse e assumisse o leme, o barco voltou a andar. Ela foi observar por ela mesma. Como solução imediata, no começo do segundo semestre, contratamos uma estagiária de psicologia para fazer as intervenções em sala de aula, sem chamar a atenção de que estava ali por ele. A escola contratou uma segunda professora, duas na mesma sala. O cenário começava a mudar. Emperrava no mesmo lugar... Pois bem, fechando o parêntese, volto a EQUO. Pedro, após 1 mês e meio de atividade, melhorou ainda mais. Mudou 100%? Claro que não. É um trabalho de base e verdadeiro... essa de "mudo o seu comportamento em três dias" é algo superficial... O trabalho com Peu é a longo prazo. Isso eu tive que aprender, mesmo, na prática. Não adianta pressa. A ansiedade só me atrapalhava. Tudo andando. As queixas na escola - exceto dos alunos - sem parar. Pirei! "O que posso fazer? Ele melhorou muito mais em todos os lugares... agora, temos que ver o que ele entende aqui dentro...". Mais palavras bem colocadas: "Mãe, você tem que entender que...". Bom, eu tenho que entender que sou uma mãe. Um mãe humana. Uma mãe humana e com defeitos, como todo mundo. Uma mãe que pode cegar, as vezes, mas, que abre os olhos quando bem advertida... Uma mãe que também vê por si só. Então, eu entendi: "falha humana das profissionais de educação". Basta seguir o raciocínio lógico. O que elas fizeram durante o primeiro semestre, que, nunca me deram um feedback novo? Como os próprios colegas viam a melhora de Peu e elas não? Mãe pode ser um bicho chato e quando vira uma leoa, então... Mas, nunca me dei o luxo de perder a razão. Tento entender. Tento compreender e aceitar que elas, nada mais, nada menos, "comeram mosca", por conta de quê? Sei lá... já ia entrar com julgamento de valor. Mas, com certeza, por falta de VISÃO e de OBJETIVO. O meu era um, e o delas? Além de repetirem o mesmo discurso desde o início das aulas até as férias de junho, demonstravam cada vez menos paciência com ele... Meu marido presenciou uma cena da coordenadora sacudindo Peu e segurando-o firme no canto da sala e ele gritando como um bicho acoado no canto: "ah. ah. ah". É fácil esse ambiente de educação? 24 alunos na sala... Mas, quem entra nessa deve ter uma vocação bem definida. Tem que correr na veia. É como ser médico, policial... Tem que ser, não adianta cursar a melhor faculdade, aprender as técnicas mais modernas se não tiver sangue nas veias. É vocação, mesmo. Nasce para ser. Não dá para ser mediano em se tratando de educação, saúde e segurança.

Mais uma vez, numa dessas conversas na chegada e na saída da escola, exponho que ele melhorou muito na Equo. A mãe de um colega, que além de tudo é vizinha aqui, me disse que o que chamou a atenção dela foi que o filho sempre chegava em casa relatando as artes de Peu. Fazia um bom tempo que ele não relatava mais nada. Diante dessa observação, ela perguntou ao filho porquê ele nunca mais havia falado de Peu, no que ele diz: "minha mãe, ele é outra criança!". Vou buscá-lo na sala e sua dupla de terror - nunca deixei de ver que ele tocava o terror na sala... a diferença é que buscava soluções para resolver esse comportamento, não alimentá-lo... - me diz: "tia, seu filho está diferente. Ele nem apronta mais...". Falou Caio em tom de desolação, como quem diz: "agora estou sozinho...". Isso não deve ser levado em conta? Tá, tem a parte pedagógica. Em casa, faz as atividades com muita facilidade e rapidez. Cenário mudando consideravelmente, ainda mais. Só não vê quem é cego e incapaz de, mesmo cego, ao menos, escutar, sentir, tocar. Ah, uma observação: no ano passado, detectamos que a brecha de Peu poderia ser a falta de pulso firme do pai... Este, hoje, faz terapia e tem se esforçado muito e se empenhado bastante. Pedro sentiu mais limite nas ações do pai. Ou seja, não medimos esforços, mesmo e com consciência, com um fim específico; com um propósito.

A surpresa - situação atual:

Por volta do dia 22 de agosto, uma quarta-feira, fui buscá-lo na escola. O que seria uma fase "crítica" - ele havia arrancado o primeiro dente de leite, teve que ir ao dentista, pois, quando o dente começou a amolecer , o outro já nascia atrás e estava bem avançado...; o pai estava viajando e passaria 10 dias fora; ele estava fazendo xixi a cada segundo... depois de exames feitos e descartada a infecção urinária, ficou a suspeita de ansiedade pela volta do pai... o que assim que o pai voltou, dias depois, normalizou... a escola colocou como "possível mania dele" e eu, apenas dizia: "lido com várias hipóteses... observo tudo e vou agindo" - ele até que reagiu e agiu melhor do que o esperado. Pois, grande foi a minha surpresa quando a professora, que estava conversando com a bendita coordenadora, vem a mim e afirma, extremamente feliz: "Olha, começamos, na segunda, com atividades diferenciadas para ele e ele vem surpreendendo! Está rendendo mais do que rendeu o semestre anterior todo!". Se ela estava feliz, imagina eu. Mas, não me contento com essa felicidade. Essa sugestão veio desde o início do ano. Graças a Deus, a Diretora voltou. Porque eu já estava entrando em contato com outras escolas. Pesquisei algumas montessorianas. Mas, em tempo, ele foi inserido e se deixou inserir no contexto. No ritmo dele, no tempo dele e sendo inserido começando pelo individual ao coletivo. Depois de quadro mudado, tudo parece muito fácil. Simples, já era, bastava terem feito antes. Mas, foi assim de graça? Elas tiveram essa VISÃO? Não. Foi preciso ajuda e muito apoio. Não bastava a professora do grupo 6 ver, a psicóloga ver - mãe, não conta... também, tem tanta mãe e pai chato lá, que brigam por cada futilidade que compromete a imagem do que vem a ser "visão de mãe" - foi preciso ter uma liderança capaz de validar e agir: a Diretora. Daí, me pergunto: com Pedro é porque ele é agitado e agressivo - até essa agressividade precisa ser melhor avaliada... é mais reativa... vamos deixar para mais para frente, porque essa é outra demanda, mais uma... - e com relação ao outro colega que era quieto e retraído demais? E o outro que toca o terror, e a mãe não sabe como agir?

Talvez, a minha prática da maternidade seja diferente. Assim como eu sou diferente. Pedro é diferente. Meu marido é diferente. Todo mundo é diferente. Talvez seja igual a outras mães, que defendem sua prole com toda força que só um útero pode dar - e não me refiro apenas ao útero como quem gerou nele... conheço mães de filhos adotivos que sentem muito mais terem gerado dentro delas a criança, pelo coração, do que mães que geraram e não sabem seguir uma direção... e nem a si são capazes de ver.

Eis o motivo desse vídeo no início, para aumentarmos o nosso poder de ver; de questionar; de investigar; de refletir; de ponderar; de avaliar; de objetivar; de conduzir; de agir! De mensurar; de recomeçar; de rever; de mudar as estratégias... de sempre seguir e ir. De quebrar com paradigmas que nos engessam e nos impede de crescer e ir além.

A criança não precisa ser donte para ser diferente. E ser doente diferencia em suas limitações que, mesmo assim, devem ser estimuladas da maneira certa. Foi na Equo que uma profissional de lá, que, além de psicopedagoga e trabalhar com inclusão, é mãe de uma criança especial, com síndrome de down e que, antes de sonhar ter filho, já exercia a vocação como educadora de inclusão com amor, empenho e dedicação e me disse: "não tem como ensinar uma pessoa a nadar numa pista de corrida". É difícil agir diferente, ainda mais quando temos pensamentos limitadores, estagnados. Mudemos o jeito de pensar. Pensemos melhor! Agiremos melhor!

Saudações maternais,

Pat Lins.


quarta-feira, 9 de março de 2011

FILMES - influenciam, mas, não são determinantes - PARTE II

Pois é, a saga do filme continua, mas, melhorou. A estratégia da negociação foi surpreendente: ele não só concordou, como entendeu e, o melhor: aceitou. Melhor que isso, só dois disso! E, sendo assim, ele voltou a pedir os filmes que antes gostava tanto, como "A Era do Gelo", "Toy Story 1, 2 e 3", "Shrek", 'Lucas, um invasor no formigueiro" e etc - se eu for listar a dvdoteca dele, não termino hoje. 

Com relação ao comportamento, normalizou. Ou seja, diminuiu o excesso do que já é excessivo. Graças a Deus, porque eu já estava esgotada e, confesso, sabe Deus de onde tirei forças, porque, minha gente, careca era só o começo dos meus problemas. 

Visitando, como de costume, os blogs amigos - tenho uma lista aqui ao lado - li um texto emocionante da Sueli, - BLOG DO DESABAFO DE MÃE - e me vi ali. Só quem tem um filho de personalidade forte e dono de si pode imaginar o que passo. Por mais que eu escute e saiba que ele não é um menino ruim, afinal, não é malvado, "só" agitado, isso não diminui em nada meu desgaste. Todo dia eu vivo tensa e pressionada. Estou sempre alerta e tenho que ser flexível e legal; e ainda rigorosa e firme; carinhosa e amorosa; mãelimite no limite. Só por um tempo, queria refresco - risos. Sabe o que é pior - ou melhor ? Eu não resisto aquele safadinho lindo. Ele é elétrico, me mata de cansaço, mas, se não fossem as críticas que dou ouvido e reverberam em minha mente, talvez, quem sabe, eu me cansasse menos. Também, quem manda ser humana e dar ouvidos ao que não deveria ser escutado, já que se sabe que quem fala apenas extravasa sua própria dor, infelicidade, fraqueza e pequenez através da tentativa de diminuir o outro para se sentir maior?! E isso me incomoda muito: mania de me ocupar com a língua dos outros. Acho que sou assim por conta de minha mama querida. Ela é do tipo de pessoa que prefere se machucar a ter que dizer a verdade a alguém. Eu vivo uma contradição: quero falar - e, quando não dá para segurar, eu falo - e me sinto péssima por magoar alguém, ainda que esse alguém tenha me magoado. Aquela história da pessoa sacana que sacaneia, provoca e ainda sai como vítma, porque soube fazer seu lobby. Meu lobby é queimado, porque eu explodo mais do que me contenho e quem provoca fala baixo, com voz mansa e incubado. Odeio falsidade. Pois sim, o que isso tem a ver com Peu? Essas pessoas e lidar com isso me desgasta tanto, nesse embate que minha resistência diminui. E eu? Preciso estar sempre em alta, para conseguir lidar com Peuzinho. 

É muito cansativo ter um filho ultra elétrico, que parece saber o que quer e só descansa quando consegue - leve o tempo que levar, ele consegue alguém que ceda... principalmente quando não está em minha frente - e tentar lidar com algo que já é desgastante por si só e ainda ter que lidar com gente desocupada e sem "setocômetro". Gente que, se estivesse em meu lugar, o que faria? Sim, porque essas pessoas são cheias de dicas, receitas, fórmulas de sucesso, "jeito", "ciência", técnica - diga-se de passagem, teoria da técnica -, de experiência - nos casos que me refiro, malsucedidas experiências, mas, como os filhos cresceram e não matam, nem roubam, acham que fizeram um bom trabalho... ainda que sejam pessoas problemáticas e difíceis, imaturas, infantis, egoístas... isso me incomoda mesmo e de verdade. Cuidar de Peu não é facil, mas, se ele é assim, eu tenho que encarar os fatos e lidar com isso. Quando consigo manter uma distância saudável - como me refiro a me afastar daquilo que me compadece, para o meu próprio bem e que não é tão bem visto pelos outros, mas, paciência para eles - eu mantenho minha taxa de resistência equilibrada e minha rotina cansativa é puxada, mas, "vivível" - risos. Infelizmente, algumas vezes essa distância saudável é quebrada e levo dias para me recuperar, até estabilizar. Bom é que cada vez que faço o esforço, assim que passa a fase crítica do estresse instalado, me sinto infinitamente melhor e mais forte e, detalhe, mais convicta de que estou certa em manter minha distancinha, viu? Sorte a minha que ainda posso e consigo fazer isso com, pelo menos, 90% dessas pessoas inconvenientes, mas, que fazem parte do ciclo social e familiar. 

Essa questão do filme, mesmo, nem todo mundo acredita e acha que é proque ele é assim mesmo. Será? Não sei, acho que sou observadora demais, minha veia crítica e exploradora da alma humana me faz ser assim, de natureza. Isso faz com que eu me abra para as possibilidades, em vez de fechá-las e visualizar tudo de um panorama mais holístico - não como as pessoas dizem que fazem, sem fazer... eu sinto a dor de quem se esforça para colocar em prática o movimento de mudança, de observação, de planejamento e de desenvolvimento de estratégias e ações. Sou, praticamente, um plano de marketing - risos. Ou, uma monografia - risos. Nem por isso, obtenho sempre êxito... O empirismo me guia e entre tentativas e erros, vou chegando lá. Como sempre me falo: quem vai saber o que é certo ou errado no que tange a educação de um filho? O que deu certo para A - quando deu certo mesmo, ou seja, a criança cresceu e se tornou um adulto equilibrado, sensato, sereno... o que não quer dizer que seja apenas mérito dos pais, mas, do ambiente, da característica pessoal, do empenho individual, das oportunidades bem aproveitadas... Complexos é o que somos - não quer dizer que vá dar certo para B, C... Z. Cada um é um. Tem uma pessoa que vive pregando essa premissa e, na hora do "vamo ver" é a primeira a já estar comparando e, cá entre nós, sem critério algum... Comparar é necessário, para que tenhamos parâmetro, mas, o que é - ou quem é - o parâmetro para comparação, mesmo? Só Jesus, mesmo. Ou Gandhy, Madre Tereza... Pessoas que abriram mão de si, por já serem tão evoluídos que não tinham mais o que crescer, apenas orientar e facilitar crescimentos.

Ai, quero vomitar minha irritação, para que essas reverberações me deixem em paz. Eu já vivo uma vida desgastante - não, eu graças a Deus não passo fome, nem sede... mas, a educação de Peu requer um ritmo em mim que não é o meu e exige um estado mental sempre alerta que, de vez em quando, pede descanso e não encontra. Tudo seria menos pesado se as pessoas se tocassem e, se querem ajudar, ajudem. Porque, muito ajuda quem não atrapalha, já dizia minha avó. Ajudar colocando mais pedra para a pessoa carregar a sadismo, né ajuda não, viu?

Meu filho é agitado, sim, mas a "culpa" não é minha. Ele é como é. Não é por falta de diálogo, nem de limite - ou tentativa de dar alguns. A educação de Peu é a longo prazo. Já percebi isso. Essa natureza geniosa dele insiste e testa meus limites, mas, eu quase sempre estou lá, segura e firme. Caio, por diversos motivos, porque, apesar de ser mãe - e todo mundo exige perfeição  sem o ser - eu sou gente e vivo outras coisas além da maternidade. Caio, por diversos fatores pessoais e íntimos. Caio como qualquer pessoa. Mas, o que mais me derruba, com relação a lidar com Peu são essas intromissões descabidas, desorientadas e sem sentido, que invadem como uma chuva ácida - não comparao com acidentes naturais, porque acidentes naturais são reações da natureza gritando socorro. A mãe natureza pede socorro para que nós, filhos, vivamos melhor e nós, filhos, somos extremamente desobedientes e impetuosos, como Peu é comigo... - e terminam por alterarem o rumo de meus afazeres, do meu ritmo... Tanta cobrança. Todo mundo devia fazer terapia. Tantas ações infantis, de adultos que não se desenvolveram e cresceram em idade, mas, não em identificar sua identidade... Tanta gente que briga por tão pouco. Tanta gente que se diminui em vez de crescer. Tanta gente que cria situações sem necessidades. Tanto malentendidos, por falta de uma coisa simples, chamada "comunicação" - falar, ouvir e entender. As pessoas têm má vontade em compreender. Em aceitar. Em respeitar. 

Difícil! Mas, vou indo, porque, como disse a própria Sueli, mãe nunca desiste. E, acabo sendo mãe de mim, porque não desisto de mim, nunca! Nem quando penso que assim o fiz.

Vou terminar aqui, senão, uma coisa puxa a outra e este post era só para dizer que educar um filho é zelar por tudo que o envolve, sabendo que não temos controle total do que eles captam, mas, temos co controle total de fazê-los entender que por mais legal que uma mãe seja, ela precisa ser respeitada e reconhecida como tal. Só para dizer que eu luto todos os dias para que meu filho cresça um homem virtuoso, de bem, mesmo que hoje ele brade com os limites, que teste os meus limites, amanhã, seja ele o que for, eu fiz o que pude, com a melhor intenção. Só para dizer a mim mesma que eu preciso recarregar e triplicar minhas forças. Só para me dizer que educar um filho é identificar os sinais - quando problemas - e se abrir para as soluções, porque não existe um única solução, mas, sim, uma que dê jeito.

Depois, talvez, volte a extravasar de novo. Afinal, na prática, somos isso: gente querendo ser melhor, mesmo sem se dar conta e sem se dar conta dos caminhos que seguimos para tal. E, no filme de nossas vidas, tudo deve ser dirigido por nós mesmos e com ajuda, sim, porque ninguém vive sozinho, mas, ajuda é uma coisa, manipulação, controle e intromissão é outra...

Saudações maternais,

Pat Lins - uma mãe na prática diária de se construir e desconstruir; num desabafo de mãe e que só coisa de mãe pode entender. E, fica a pergunta: "what mommy needs?" Afinal, somos mãe e  muito mais, não é não?! E sempre em mãetamorfose. E haja inventando com a mamãe para alegrar a filharada. Principalmente os kids indoors da vida moderna, de crianças que não dormem e vivem acesas, como se não tivessem tempo a perder. Que um dia vão virar adolescentes - e, alguns saírão dessa fase... Afinal, todas vivemos um sonho de ser mãe e, no final, toda mãe é igual! A cada mãe, mãeblogeira, bipolar ou não, aqui, meus parabéns! Fui tecendo o fio de ariadne para agradecer com este último parágrafo, a maioria dos blogs que sigo, por conta desse meu pequeno, nessa pequenópolis. Para quem não entendeu, vide a lista de blogs que sigo, porque este blog é para mães de ninas e ninos do meu coração. Minha homenagem a cada uma de vocês! Beijos!

terça-feira, 15 de junho de 2010

HIPERATIVIDADE OU HIPER ATIVIDADE?

Grande pergunta! Quando uma descoberta é feita, passa-se a ver esse objeto como único. A hiperatividade existe de fato? Uma criança super ativa é considerada hiperativa - no sentido da tal patologia?

Os médicos argumentam que existem características a serem consideradas, como, por exemplo, a desconexão com a "realidade", a não-interatividade, a dificuldade de concentração e outras mais. Meu filho é super ativo e duas psicólogas me disseram que ele tem apenas uma capacidade cognitiva de uma criança com o dobro de sua idade, ou seja, ele tem 03 e sua percepção do mundo equivale a uma criança de 6/7 anos e isso gera um desequilíbrio no fato dele pensar como 6 anos, num corpo de 3... Segundo a psi que me falou isso, o remédio é deixar ele crescer e continuar me descabelando - risos.

Eu acreditava que ele era hiperativo. Mas, foi diagnósticado que ele não apresenta essas características patológicas. Entretanto, ele apronta horrores e entre surtos meus e amores, nunca há um tempo para que eu respire aliviada, porque ele não dá trégua e acabo entrando na nóia de achá-lo hiperativo, em vez de hiper ativo... O mínimo que ele faz é escalar seu guarda-roupa - ou armário - para pegar o que guardo no alto e, depois, não consegue descer e fica me gritando socorro! Cansada pela repetição sem pausas - e diante da falta de tempo para as idéias se organizarem - o levei a uma neuropediatra - mesmo a pediatra dele me dizendo que era desnecessário, que ele só precisava gastar mais sua energia... - quando, nem bem entramos no consultório, ela desenrolou um discurso sobre a hiperatividade e, mesmo ele respondendo aos seus estímulos, como uma criança "normal" - detesto essa terminologia, porque todo mundo é normal e anormal ao mesmo tempo... risos - e interagindo com ela, me falava incessantemente, que, "algumas mães aguentam o trampo e não dão remédio, mas, outras ela receita. Quem decide é a mãe, se aguentar o trampo, dando uma educação mais rígida, impondo mais limites e segurando a onda...", mas, que eu decidiria, se eu aguento o "trampo" ou não... E repetia isso, parecendo que queria me induzir ao consumo do medicamento. Eu perguntei o que era aguentar o "trampo", se isso queria dizer que ele era "hiperativo" e se ela não passaria exame para detectar. Ela me disse que criança "hiperativa" ela "conhece quando pisa a soleira do consultório, bate o olho e vê logo..." Fiquei logo com um pé atrás... como um profissional pode confiar apenas em seus olhos, diagnosticar e receitar - não, na verdade ela apenas tentou influenciar a minha decisão, mas, eu não cedi... como vou dar remédio para algo que não foi "comprovado"? - sem fazer uma avaliação? Por fim, me recomendou fazer uma avaliação psicológica nele e disse que a orientação da psicóloga seria muito importante, fora que era necessário colocá-lo em atividades físicas, como natação, para ele gastar a energia e ocupá-lo com mais brinquedos de encaixe, para desenvolver a concentração - mesmo após me perguntar como ele é na escola e eu dizer que ele aprende e faz tudo, e que, de acordo com a professora, ele só é elétrico, mas, de uma inteligência e capacidade de observação impressionantes. Concordo com a atividade física, sim e com os brinquedos. Isso é necessário para toda e qualquer criança. Esse contato com os pais, inclusive e principalmente, nas brincadeiras, é perfeito. Atividade física é bom para todo ser humano. Algumas, mais importantes para determinadas características. Como me advertiu um amigo - que é professor de Educação Física e um grande lutador e professor de full contact - André, valeu pelas dicas - o ideal é:

"Primeiro: Possibilte a prática de várias atividades até ele se identificar com alguma.
Segundo: Dê preferência a atividades coletivas: além de desenvolver habilidades motoras , permite uma interação maior com outras crianças.
Terceiro: Quanto mais atividades variadas ele fizer mais habilidades motoras ele desenvolverá, enriquecendo assim o seu repertório motor.
Quarto: Não se esqueça de colocá-lo na natação: além de ser uma excenlente atividade, saber nadar é uma questão de sobrevivência também."



E, como duas amigas e psicólogas - que, além de profissionais conceituadas, conhecem a criança/meu filho - risos - já haviam me dado suas considerações, desconsiderei a neuropediatra - até fiz o eletro, que ela pediu e ele nem precisou tomar remédio para dormir, colaborou ficando quieto... também, não dormiu, mas, a profissional que realizou o exame me disse que não havia problema algum, desde que ele ficasse parado por 5 minutos... e ele ficou... mexeu muito pouco, mas, nada gritante e deu tudo "normal" - sabe-se lá o que quer dizer... - risos. Eu fiquei extremamente preocupada com os médicos por aí, inclusive os renomados. Então, agora basta uma criança ser elétrica para ser hiperativa e tasca-lhes remédios? Cabe a nós, mães, pais e afins, estarmos muito atentos ao desenvolvimento do filho. Converso constante, aberta e frequentemente com a pediatra dele, com a professora dele, o observo em meio a outras crianças... e, fora a eletricidade - que chamo de "sede de vida" - que ele tem, é inteligente, interativo, observador, companheiro, solidário, pirracento, brincalhão, se concentra e sabe o que está fazendo... enfim, "igual" às outras crianças. Fora que é prestativo e cuidadoso.

Continuo a me cansar com sua eletricidade inesgotável, mas, uma coisa é uma coisa - hiperatividade -, outra coisa é outra coisa - hiper atividade. Uma criança com TDAH não desenvolve uma linha de raciocínio, esquece o que aprende - entre aspas, porque o que lhes interessa eles memorizam com grande facilidade, e esse é o grande desafio dos pais e/ou responsáveis de uma criança com TDAH, é encontrar aquilo que ele se interessa e desenvolver o resto a partir daí e com apoio, em casos graves, de medicação e acompanhento especializado. Enfim, para tudo o cuidado, despindo-se de tabu, medo... indo em busca de informações e considerando todos os pontos e opiniões e sempre, sempre, mantendo a chama da sua observação acesa. Nós, mães, pais, responsáveis, precisamos observar, mesmo em meio ao tumulto, stress e cansaço diário, como se comportam nossos filhos, seja para detectar algum transtorno - caso haja -, seja para estarmos ao lado daquele futuro adulto. O cansaço é inevitável e cada um rage de um jeito - desde que não caia nas garras da extrapolação... aí, seria desequilíbrio. Quem não cansa diante de uma repetição de situações, principalmente, as que vêm agregadas a desgates físico e mental, com estímulos nervosos constantes? Natural.

Mas, cuidado, eletricidade não necessariamente é hiperatividade. Hiper atividade, como sinônimo de criança ativa, é uma coisa e TDAH - transtorno défict de aprendizagem e hiperatividade - é outra... Meu filhote sofre da síndrome do exagero: ligado demais, atento demais, ativo demais, esperto demais, traquina demais, escuta demais, fala demais, é gostos demais, lindo demais, curte tudo demais, é alegre demais, pergunta demais, brinca demais, gosta de banho demais, bagunça demais, apronta demais, acha que pode fazer tudo sozinho e se arrisca demais - risos -, enfim, ele exagera em tudo, sem descanço, sem parar! - risos. E eu? Também! Sou exagerada demais. Mãe devoradora demais, preocupada demais, zelosa demais... e, na maioria dos casos, todo exagero é sobra, certo?! Portanto, para o equilíbrio de Peu, primeiramente, o meu...

Na prática, foi mais uma lição para mim e uma bela chamada de atenção da mestre vida em ação. Minhas angúsrias de mãe, mulher, pessoa... não podem compactuar com médicos que nivelam tudo por sua ótica limitada. Talvez, esteja sendo cruel com a profissional... sei lá, vai ver, de tanto ela atender crianças com hiperatividade ela leva tudo pelo mesmo peso... Um médico também é gente e passível de diagnosticar com base em seus desgastes pessoais, profissionais ou qualquer outra coisa... mas, existem erros e erros... E uma mãe, na prática, precisa estar muito além do cansaço e das mazelas do estresse diário, mesmo sentido o peso do dia-a-dia, aos berros, desesperos, angústias, etc, não podemos esperar respostas e comprovações científicas para tudo. Estudos existem baseados numa média de amostragem... a gente vive a realidade de nossas vidas por inteiro. Para tudo o equilíbrio. Procurar médicos de confiança e que acompanhem a criança por muito tempo, para evitar esses "erros" inaceitáveis pode dar uma segurança a mais.

Na prática, todo cuidado é pouco. Criança saudável é uma criança feliz.

"Saudações maternais",

Pat Lins.

PS - veja, também, DESCONSTRUINDO A MÃE - "Hiperatividade ou não: eis a questão" - muito bom o relato.

Imagens: www.sxc.huhttp://www.freedigitalphotos.net

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