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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

APRENDENDO E ENSINANDO - ENSINANDO E APRENDENDO



Meu filho me perguntou: 

- Mãe, por que fala "reunião de pais e mestres" e não de "pais e professores"?

Olha como as coisas mudam, né?

Antes, ser professor era uma maestria! Só exercia quem tinha amor a profissão. Hoje, só mudou o nome, pois mestre só quem tem mestrado; doutor, quem tem doutorado... a titulação passou à frente do conhecimento. Sou super a favor de nos titularmos - principalmente aqueles que, como eu, vêm de uma área profissional e engaja como passador de conhecimento do que aprendeu conciliando a técnica e teoria da faculdade com a prática da atividade.

A busca pelo conhecimento não pode, nem deve ter fim. Infelizmente, não é isso que vemos por aí. Para alguns, basta o título e pronto, não tem mais o que aprender, só ensinar, porque já é "mestre".

Um mestre de verdade traz em si a sabedoria e sabedoria envolve humildade. Compreende entender que já sabe muito, mas muito ainda tem a aprender, ainda que tenha que repetir a mesma lição, só que para uma nova turma. Tudo é desafio, tudo é aprendizado. Em todo lugar tem algo novo a aprender. Aprendido, podemos ensinar. Costumo dizer que antes de ensinar, aprender, porque só creio ser possível passar o verdadeiro conhecimento, conhecendo-o. Ademais, é "ctrl c" e "ctr l v". 

Pois é... desde que migrei da área de Comunicação para ministrar aulas, aprendi muito mais! Amo as duas áreas. Mas, a docência em encanta. 

Pois é! Sou grata aos meus alunos, pela constante oportunidade de aprender. E sou grata a Marcos Carvalho e Cintia Moreno, por terem insistido tanto que entrasse nesse caminho. Desde 2005 que entrei e só saio se me tirarem... 

E sou grata a meu filho, que foi e é meu maior mestre e aprendiz!

Ensinando e aprendendo; aprendendo e ensinando! Sempre! Isso é a verdadeira maestria da vida e da profissão: professor!

Pat Lins - aprendiz da vida, mestre de saber que tenho muito a aprender!


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

MÃE, FILHA DA MÃE... NATUREZA!

Imagem: Freeimages - Flower Series 1 - by flaivoloka's

Estava, hoje, refletindo sobre nós, mães... me deu uma vontade de ser piegas...

Somos babonas, bobonas, fortes matronas, somos guerreiras, somos frágeis, somos doces, somos brutas, somos azedas... somos gente e somos bicho!

Somos razão e emoção, todo dia, na corda bamba.

Somos capazes de compreender tudo, menos ataques gratuitos aos nossos pequenos, né assim? Em geral, carregamos nas tintas, mas somos capazes de ser uma fera quando precisamos proteger nossa prole. Discordo do discurso de que toda mãe deve passar a mão pela cabeça do filho e deixá-lo fazer tudo o que quer... meu filho além de não ser santo, dá um trabalho danado, mas isso não dá direito a ninguém de maltratá-lo, né assim?! Precisamos ser capazes de ponderar mais o real com as surtadas... Manter sempre a razão como norte e a emoção como combustível - e isso não quer dizer "não sentir", apenas que precisamos ser capazes de sentir sem perder o foco, tipo soldado na guerra, sabe, que mesmo machucado, luta pela vida sem se jogar no fogo cruzado ou agir sem estratégia... mais ou menos assim.

Pois é, a minha reflexão é sobre o desgaste natural do cotidiano. Hoje em dia, estamos assumindo um papel muito estranho... tudo tem que ser orientado por uma "super nanny" que entende de tudo. Sei que os estudos ajudam no direcionamento, mas há o que surge de novo e não foi estudado, porque, simplesmente, não existia. Há o que não se enquadra no estudo, porque este se baseia numa média, numa amostragem, ou seja, numa ínfima representação de um todo gigantesco. E me pergunto: quando nossos filhos estão fora da média - além ou aquém do padrão, ou ambos concomitantemente - quem pode socorrer, sem dar um soco em nossos estômagos já magoados por sermos humanas e trazermos nossas próprias demandas e por nos depararmos com críticas severas e sem fundamentos, apenas situações intimidatórias de pessoas pequenas que tentam mascarar suas própria incompetências.

Tanta coisa agindo sobre nós: cobrança, realidade, dia a dia, trabalho, contas, relacionamentos, família, sonhos, frustrações nossas, características individuais de cada filho, etc, etc, etc Pretérito mais que perfeito que somos e que já éramos antes de nascermos e que paira por aí, como inconsciente coletivo, como características das famílias das quais originamos... e, de vez em quando, vêm nos assombrar como uma explosão de emoções sabe Deus vinda de onde, no presente simples... Tudo tão vasto e complexo que ciência alguma é capaz de assegurar, com plena e convicta certeza o que é Ser Mãe. Um ser sem explicação. Fora os hormônios, o corpo modificado, a cabeça que se torna nossa e deles, que somos um portal aberto. Tanta coisa que somos para administrar sozinha o "peso" que nos dão ao nascermos mães. E, ao mesmo tempo, tão simples e belo, quando nosso fruto apenas sorri e diz:"mãe, eu te amo!". Nossa, o mundo muda de cor!

Vivemos em tantos ambientes, falamos tantas línguas, fazemos tantas viagens - sem sair do lugar. Precisamos nos especializar em tanta coisa, desde identificar o choro de sono, de fome ou de fralda suja e/ou molhada, até as sessões de psicoterapia em altos papos cabeça com essas criaturinhas - que sempre serão "inhas", mesmo vendo-os, com os olhos da realidade, crescer, sem podá-los, sem infantilizá-los, mas cá dentro de cada uma de nós, são aqueles pequenos que carregamos quando mediam o tamanho do nosso antebraço. 

Fiquei pensando, se até a Mãe Natureza cansa, sofre e se desgasta com os ataques incessantes que direcionamos - nós, seres humanos em geral - para ela, imagina nós, mães filhas e parte dessa mesma natureza? Sim, somo animais, somos natureza, somo mais e muito mais! Mas, também somos o menos, o que perde, o que acumula resíduos tóxicos de dor e lamento, do "eu não consigo" até entender o "não depende de mim". Somos nossas partes que não se renovam e somos as partes renováveis do novo que surge agora!

Somos muito massa, velho!

Detalhe que somos mães, mas nunca deixamos de ser filhas! Por isso, deveríamos entender mais nossas mães e nossos filhos e a nós mesmas!

Não somos mágicas, mas parece que sem ela, não funcionamos: a magia da vida!

Somos uma combinação dual e concomitante de dor e alegria, tudo ao mesmo tempo, agora!

Somos trágicas e somos comédias! 

Somos o colo que acolhe e a cara a tapa para vivermos o dia a dia!

Somos o ouvidos que tem que escutar que somos inconvenientes - quando somos e, francamente têm mães que exageram nisso e não cuidam das próprias carências... se não cuidam, a tendência é piorar e envelhecer assim... depois, não cobrem dos filhos aquilo que nem você é capaz de ser: melhor!

Somos olhos para ver as quedas, as superações, as marcas e arranhões e as cicatrizes que sabemos muito bem, para sempre, como e quando aconteceram, enquanto eles apenas têm uma vaga lembrança ou sabem porque contamos, né assim?

A gente tem que lembrar do que importa e esquecer do que não vale a pena!

Essa é minha rotina de mãe, uma mãe especial, de um filho mega especial!

Essa é a minha rotina de gente que sou.

Somos humanamente heroínas, porque com um limão, se não der para fazer limonada, fazemos água aromatizada!

Somos PhD em tentar entender, meu filho! Mas, e quem nos entende? Somos o que a ciência não explica, mas a Mãe Natureza e o Pai do Céu nos entende!

Saudações maternais,

Pat Lins.



domingo, 16 de fevereiro de 2014

É PRECISO DAR TEMPO E ESPAÇO PARA AS CRIANÇAS SE EXPRESSAREM


Como sempre, Peu me ensina algo novo e me faz AMPLIAR as perspectivas. 

Pois é, assistindo "Ponyo - uma amizade que veio do mar" - uma animação infantil que traz uma belíssima mensagem, que não vou começar a falar, senão conto tudo... - pude perceber que, como qualquer mãe, tendencio a fechar, em vez de abrir o foco. Numa determinada cena, Ponyo - um peixinho dourado com cara de gente - decide realizar seu sonho de conhecer o mundo humano. Lá, avista um menininho e se encanta. No trajeto, um barco puxando uma rede sai arrastando tudo o que tem no fundo do mar - inclusive, muita sujeira - e a pequena Ponyo é arrastada, junto. Em meio ao lixo, fica com seu rostinho preso num pote de vidro, num retrato das consequências da poluição que fazemos no mundo vizinho e nunca nos sentimos responsáveis... Nesse momento, ela fica se debatendo e com a cara enorme. Eu só vi o se debater e a morte iminente. Peu, começou a rir. E eu, assustada, comento:

- Filho, ela pode morrer!

Ele, aprendendo a controlar seus excesso e a se expressar em palavras com mais propriedade e clareza, me diz num tom "natural":

- Eu sei, mãe. Eu não estou rindo por ela estar presa, não. É só um desenho e já, já ela sai daí. Eu estou rindo da cara grande e engraçada que ficou. - parou um pouco, como quem reflete e considera o que a MÃE fala e ensina e me perguntou: - Isso é errado, mãe?

Ele queria saber... de tanto aprontar e viver ouvindo reclamação, se viu como algoz, novamente, justamente num momento onde se esforça muito para melhorar sua percepção e suas ações. Vi e percebi o que se processava em sua mente ávida e continuei:

- Claro que está certo, filho! A carinha dela ficou muito engraçada mesmo!

Rimos juntos!

Me veio um pensamento "epifânico": A GENTE JULGA NEGATIVAMENTE E MUITO AS REAÇÕES DAS CRIANÇAS, SEM LHES DAR ESPAÇO E TEMPO PARA EXPLICAÇÕES.

É assim que surgem os estigmas: mantendo a postura fechada e a arrogância "empáfica" - redundância enfática - de que somos "sabedores inquestionáveis"! Somos mestres de quê, minha gente? Somos tão aprendizes quanto nossos filhos. A diferença é que somos mais andados - para não dizer: rodados... - e responsáveis por passar o que já aprendemos. Só não passamos que APRENDIZADO É ALGO QUE SE APRENDE PARA SEMPRE!


Vi que a maioria de nós se apega tanto à vaidade, ao estigma surreal e desumano de que devemos ser perfeitas e infalíveis e que os nossos filhos devem ser a representação clara disso, diante do julgamento alheio, que basta escutar uma coisa "estranha", nos deixamos tendenciar pelo negativo... Mais vale esclarecer do que julgar. Vi Pedro retroceder e ficar com marcas muito fortes e pesadas, que o aprisionaram num mundo dele e de maneira agressiva, por conta de profissionais incompetentes que apenas o julgaram e nunca o enxergaram ou escutaram verdadeiramente... Isso me fez abrir os olhos para o "mais além, bem aqui!". Me fez deixar e dar o espaço e tempo para ele se expressar e se explicar. Tem ajudado. Contei/o, como gosto de deixar muito claro, com apoio de muita gente, para desfazer esse malfeito instalado no pequeno. Por isso que percebo, cada vez mais, a falta de ambientes acolhedores, com mais aceitação e, com isso, espaço para expressão. É assim que se esclarece... o julgamento só aprisiona a uma imagem não real.

Inclusive, no filme, o pai de Ponyo também - com a boa intensão de protegê-la -, passa seus medos como maneira de prisão. Mas, a pequena, escuta sua voz interna e corre em busca de concretizar os seus objetivos... Como toda criança, não tem noção dimensional das consequências das suas ações. Com isso, ela desperta uma força muito grande e poderosa, capaz de destruir o planeta por conta do desequilíbrio natural. Ela quer ser humana. E se joga para isso. Não percebe o quanto destrói ao seu redor, nem como a força do seu mundinho puro e infantil é tão poderosa. Ela apenas se foca no que quer e vai, sem olhar para os lados. Com a ajuda da mãe dela, a qual ela se refere como alguém que é "Adooorrrrooo muito! Mas, às vezes, ela me assusta..." é que se faz a compreensão. Para se restabelecer o equilíbrio, as escolhas - e suas renúncias - devem ser feitas. Apenas o amor verdadeiro e a aceitação do outro como é, pode restabelecê-lo. Outro ponto interessante é quando a mãe de Sosuke - o menininho humano -, diante do estranho que passa à sua frente, o julga, e diz, hipocritamente ao filho: "Sosuke, não devemos julgar pela aparência...". Só assistindo - com o julgamento desligado, apenas se deixando levar pela "ludicidade" - para compreender! Aborda o tsunami e as consequências da nossa "civilização", onde destruimos a natureza e ela se revolta, de maneira muito "natural", apenas exigindo seu espaço. O erro está nas construções desenfreadas e nesse progresso desordenado do uso do solo - além dos aterramentos e afins. Traz a importância da criança como salvadores desse planeta, se conseguirmos passar bons valores para eles. Sosuke aprende muito convivendo com os mais velhos e vice versa. Muito interessante o filme!

A criança tem a emoção como condutor e uma energia novinha e bem ativa para viver. Tudo fresquinho. Nós, adultos, é que desaprendemos com o tempo e alegamos nos tornar mais racionais... Bobagem, a razão existe para equilibrar a emoção, não
para dominá-la. A criança ainda está compondo seu repertório, através de tudo o que vê e vivencia, de tudo o que experimenta. É isso que as impulsiona e abre espaço para o novo. É a força do começar e não temer. Com isso, desenvolvem um bom senso, se o ambiente for limpo, claro, respeitoso e HONESTO. Não sei para onde vamos depois que crescemos, só sei que esquecemos de tudo isso...

Pois é, eu me assumo aprendiz e mestre, ao mesmo tempo!



É PRECISO DAR TEMPO E ESPAÇO PARA AS CRIANÇAS SE EXPRESSAREM. SÓ ASSIM, PODEM NOS OUVIR E, SÓ ASSIM, PODEMOS ORIENTÁ-LAS... QUANDO SABEMOS PARA ONDE QUEREM IR!

Saudações maternais,

Pat Lins.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

APRENDENDO A ENTENDER QUE ESTAMOS DOS DOIS LADOS DE UMA MESMA MOEDA

Imagem: Google: Batata sem umbigo
Para quem pensa que educar filho é algo fácil, simples e que basta seguir à risca o que a ciência descobriu, é importante abrir mais a maneira de pensar... na prática tudo é REAL.

Acredito na ciência, sim, quando entendo que quem se dedicou à pesquisar e dividir essa pesquisa, estudou, observou, investigou e concluiu até ali, num tempo que passa a ser passado, posto que o tempo segue, enquanto se é investigado e observado o até aqui, ou até ali.

Desde que me tornei mãe e, mais especificamente, mãe de Pedro, venho aprendendo muita coisa até aqui - empiricamente, mas com apoio da ciência e da consciência. 

Antes, me recordo perfeitamente, mesmo não sendo eu uma pessoa cruel, me tornava uma, ao me apoiar na teoria de que tudo estava escrito e pronto. Via uma criança birrenta e dizia: "falta de pulso! Ai, se fosse meu!...". Pois é, paguei a língua. Pedro veio para mostrar que, na prática, criança é como ela é, pode melhorar com o ambiente, sim, como pode piorar, sim, mas ela também é genética, é herança genética de sabe Deus qual ente querido ou não... ela é resultado de combinação... é esse conjunto complexo biopsicosocioeconomicojuridicocultural, bem como SOMOS. 

Pois é, como exemplo, trago uma coisinha: dizem que crianças que não gostam de ler é porque não têm esse exemplo dentro de casa... SERÁÁÁÁÁ? Sim, isso pode influenciar. Mas, não pode determinar! Aqui em casa: eu leio. Não só leio, como escrevo. Não só leio, escrevo como ensino. Marido não gostava muito de ler, mas desde que casamos, ele despertou para o hábito - e olha que a mãe dele também gosta de ler. Pois bem, Pedrinho antes dos dois anos estava começando a soletrar, espontaneamente. Entrou na escola e estagnou - devido ao comportamento dele, ansioso e agitado, tanto que já fiz uma bateria de exames físicos e não deu nada patológico; já, emocionalmente, compromete. Ele conseguiu ser conquistado na escola, depois de um trabalho de parceria e esforço das partes, e começou a retomar esse interesse pelo aprendizado, diante do acolhimento em suas necessidades, ele estava já disposto, nitidamente, a se reabrir. Porém - como eu desejo, de alma, que os "poréns" deixassem de existir como algo "ruim que vem logo em seguida..." - , ao passar para o prédio maior dessa mesma escola, com 5 anos, todo o trabalho e progresso que tivemos foi jogado pelo ralo, diante de problemas com as profissionais que conduziram o processo - em vez de acolher e tentar entrar no "mundo" de Peu, debandaram em julgar e condenar... tanto que nós e mais três outros pais tiramos nossos filhos, para protegê-los e poupar a escola de ter que lidar com crianças com características diferentes e problemas, porque era assim que nos sentíamos: pais que deveriam ser dizimados... e, francamente, isso não é estimulante, muito menos positivo - e ele represou, regrediu e se fechou. Não foi fácil lidar com essa questão e, pior, ver que a escola é boa, apenas está com profissionais errado, nos lugares errados... Nem todo mundo tem perfil para lidar com criança - bem como honestidade e humildade para assumir as próprias limitações pessoais e/ou profissionais - e entender que são diferentes e algumas dão muito mais trabalho do que outras e sim, muitos desses problemas são de origem familiar, como podem ser individuais... , mas a questão é aceitar que é preciso saber como acessar a criança - nem preciso repetir que elas não sabiam... e, para piorar, descarregaram nas crianças "problema". Em vez de solução, acirraram e criaram outros problemas.

Tudo isso para dizer que somos muito mais do que empirismo ou ciência, ou herança genética , somos mais, muito mais do que apenas biopsicosocioeconomicojuridicocultural. Somos tudo isso junto e isoladamente. Somos demandas demais. Aceitar isso é o primeiro passo para a compreensão. ACEITAR É ACOLHER. Só assim é possível ajudar. Alertar não é criticar, é dizer: "aquilo que você não vê, não é por isso que deixa de existir, nem de ser como é!". 

Com todos os problemas que passamos, escolhas se fizeram necessárias e vitais. Mesmo tentando ser racional, "cabeça", administrando toda raiva e fúria que me fora despertada por aquela dupla de coordenação - isso ainda me dói... cada dia menos, claro - me ajudou. Sim, há males que vêm para bem. Nos mudamos: literalmente. Colocamos Peu em outra escola, com a mesma linha e ele voltou a se desbloquear. Aos poucos. Em seu ritmo. Em seu tempo, que já foi muito mexido e comprometido - e isso foi levantado numa avaliação psicopedagógica, como um dos fatores e de grande relevância... o que ele passou naquela sala de aula lhe deixou marcas profundas, porém, finalmente, um "porém" positivo, nada é tão profundo que com empenho e dedicação não comece a sublimar... 

Mudamos e valeu, vale a pena. Ficou tudo perfeito? Pedro virou um santo? Eu me tornei uma mãe perfeita? Marido se tornou um pai perfeito? Lógico que não. Estamos caminhando um caminho novo, que vem se abrindo à medida que temos ambiente LIMPO para refazer.

Por exemplo, Pedro entrava na casa de cada vizinho - inclusive escondido...; diante da novidade, ficou eufórico e a ansiedade triplicou. Mas, ao mesmo tempo, algo bom aconteceu: ele começou a ter mais consciência do que faz. Para, escuta e reflete. A sogra de minha nova vizinha me deu umas dicas profissionais e de mãe, também, que vêm ajudando, como entender que ele não tem noção de que ele é apenas uma parte do mundo. Ele se vê como o mundo e o mundo inteiro é ele... Aos poucos, estamos começando a fazê-lo entender essa questão. Os vizinhos, cada um ao seu modo, dentro da sua realidade e temperamento, tem se esforçado em ajudar - lógico que têm os que falam por trás... mas, me apoio nos que falam pela frente e com honestidade, sem intenção de condenar a criança ou os pais, afinal, do mesmo jeito que Peu é diferente em seu comportamento, existem pessoas que envelhecem sendo problemas e se tornam pessoas solitárias, que não sabem ser felizes e nem sabem ser cooperativas. Hoje, por exemplo, o pai de um amiguinho - que faz as mesmas artes que ele - veio nos alertar sobre atitudes de Peu. Ele sabe que o dele também faz as mesmas artes e veio nos alertar, claro, para tomarmos providência - e isso cabe aos pais, mesmo. Bastou sair e virar as costas, o dele veio e entrou escondido aqui em casa... como já tenho carinho pelo menino e já estou acostumada com essa arte dele, conversei com ele e pedi que fosse para casa e Peu não iria sair para brincar para pensar no que ele fez e que ele também precisa aprender a parar de entrar na casa das pessoas, principalmente quando a porta está fechada - como não estava trancada, ele abriu e entrou se esgueirando - e ele se foi. Aos poucos eles vão aprendendo. Como eles são muito próximos, se sentem à vontade para entrar na casa um do outro. Gostei do pai dele ter vindo falar conosco e perguntar se ele faz igual. Na hora eu neguei... bobagem minha, fiquei com receio dele pensar que era orgulho ferido e vaidade, preferi, no momento, não falar. Mas, repensei: do mesmo jeito que eu não sabia e gostei dele ter vindo me falar, me ajudou a ver o que meus olhos não conseguem ver - e não por cegueira, apenas por limitação ocular natural - será que ele aceitaria essa troca? Será? Penso que sim. Mas, tem o outro lado, por mais que o pequeno deles entre escondido aqui em casa, eu vou pedindo que ele não faça mais isso. Me vi sem saber como agir. Essas situações que envolvem crianças danadas são delicadas... ainda mais com "chumbo trocado", pode parecer ataque em legítima defesa... Não queria isso, assim, diante do fato d´eu ter que lidar com Peu, me fez ter que pensar rápido e só dava conta de segurar a raiva e o orgulho que emerge, mesmo, para compreender Peu e estabelecer contato, obrigando-o a refletir e que ele não iria mais sair para brincar, por conta disso. 

A questão é que nós sempre estamos dos dois lados. As crianças aprontam. Por isso os ambientes sociais precisam ser mais acolhedores. Como essa semi-troca que tivemos com o pai do amiguinho de Peu. Honestidade acima de tudo! Ele não veio brigar, apenas conversar. Claro que sei que é incômodo, você estar sem sua casa e uma criança entrar/invadir. O dele, enquanto eles dormem após o almoço, volta e meia escapole e vem aqui para casa. Menino tem arte. Ele, quando vê, conversa com o menino. Ou seja, ele sabe quem é o filho e tenta ajudá-lo, compreendendo que é criança, dando limite com amorosidade e respeito às limitações. E os dois estão aprendendo, com os erros em comum, vendo através do outro. 

Falta isso no mundo atual - se é que já houve isso de verdade, algum dia -, O ACOLHER a criança. O permitir que a criança seja criança, sendo criança. Que pais e mães não devem brigar ou alimentar estresse por conta das atitudes das crianças que, por mais inteligente e espertas, nos lembram que criança é criança e pensa como criança, sem ter noção da dimensão do que fazem... vão aprendendo aos poucos, à medida que são orientadas, dentro das próprias limitações. Deixei claro a Peu que o que ele fez está feito. O conserto é daqui para frente. Agora, redobrar a vigilância, em forma de atenção, no sentido de zelo, para dar base á educação; daí, abrir espaço para a transformação.

Ser mãe é isso: nada de tomar dor ou fazer tempestade em copo d´água. Se a gente quer ensinar aos filhos, vou me apegar ao que diz a ciência, devemos nós aprendermos antes. Ah, e isso requer respeito ao tempo e manter acesa a chama da esperança. 

Primeiro passo é aceitarmos que não somos perfeitas e pronto!

Saudações maternais,

Pat Lins.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

LIÇÃO DIÁRIA: APRENDER - ENSINAR - APRENDER - ENSINAR - APRENDER...


Pois é... a gente aprende muito enquanto ensina. E ensina muito, enquanto aprende!

A vida é movimento, rigidez é morte.

É por essas e outras, que a maternidade me ensinou muito. Enquanto aprendia, também ensinava..., que a vida é um livro aberto e com folhas em branco à vontade. Caso a gente vá e perceba não é ali, temos como voltar e reescrever, sem precisar rasgar, apenas, virar a página e (re)começar.

Com criança a gente relembra que tudo é mais simples do que pensamos... o problema é que pensamos demais e em demasia excessiva - redundância necessária. E acabamos pensando tanto que nos perdemos no pensamento e no mundo imaginário, que passa a ser real.

Pat Lins - mudanças maiores, pensamentos mais profundos... aprendizados mais frequentes com ensinamentos, consequentemente.

domingo, 31 de março de 2013

PAIS E FILHOS - APRENDIZADO: DESAFIO DIÁRIO



Eu e marido aprendemos a todo instante. Pedro aprende a todo instante.

Nós aprendemos com Pedro algo mais a aprender. Pedro aprende conosco. 

Nós o ensinamos algo novo a aprender. Ele nos ensina que sempre teremos muitos algos novos a aprender.

A gente ensina. A gente aprende. A gente aprende como ensinar. A gente aprende muito a ensinar. A gente ensina muito a aprender!

Pais e filhos, aprendizado e ensinamento: dualidade constante e concomitante!

Nosso caminho é de construção. O que não se sabe hoje, se aprende com o erro. Nesse caminho é assim, a gente aprende errando, porque aprende fazendo o que nem se sabe. 

Muitas vezes, procuramos um Norte, nem que seja para entendermos, depois, que precisamos ir para o Sul... a gente segue, indo, evoluindo! É isso que a gente faz: aprende seguindo sem seguir.

Pat Lins.


terça-feira, 12 de março de 2013

APRENDER: DESPERTAR DE UM DESEJO


Pedro vem nos ensinando - "nos" são todas as pessoas que convivem conosco e ele mesmo - o quanto o fator motivacional "desejo" - no sentido de vontade e não de ilusão ou fantasia - é preponderante a qualquer desavença entre pensamentos e teorizações do óbvio que nós adultos somos capazes de de dedicar nossas vidas pessoais e profissionais.

Já escrevi aqui sobre a saga do ano passado com alguns profissionais deslocados e sem conseguir adentrar na proposta teórica de suas funções num desafio de ordem prática - fica o alerta, aprender é uma coisa, saber fazer o que aprendeu, na prática, num desafio real é outra... e se esse distanciamento for grande, pode prejudicar alguém, principalmente uma criança que, por mais esperta que seja, é inocente pela pouca experiência de vida. 

Pois bem, este ano, Pedro começou com um comportamento melhor ainda. E com muita vontade de estar diante desse mundo maravilhoso de escrita e leitura. Na escola isso repercute, também. A professora já sinalizou esse dado novo. 

O que me chama a atenção é que, chegamos a pedir a transferência dele, no final do ano passado, mas após conversa com a direção, voltamos atrás num processo bacana e aberto de ajustes. Bom, quais ajustes? Essa é a minha pergunta... Tivemos uma reunião na última quarta, dia 6 de março, apenas com a dupla de coordenação e em meia hora o que nada tinha a ser colocado se foi exposto e atos falhos que me levam a questionar: e aí, houve auto-avaliação da instituição? As profissionais envolvidas "no caso" fizeram a reflexão de "estou disposta a me debruçar sobre essas crianças, vê-las como são e ajudá-las no processo do desabrochar?" ou manteve-se a postura arrogante de quem acredita que tem todas as respostas dentro de um título acadêmico e que o comportamento deve ser nivelado? Compreendo perfeitamente que como Pedro estava, sem parar, batendo nos colegas e na professora e etc atrapalhava a ele, bem como aos outros. E o que foi feito? Como agiram? 

Bom, na referida reunião, o primeiro comentário inquietante: "Pedro melhorou bastante. Como foi ele nas férias? (...) Mas, ele ainda não está como a gente quer!...", então, passei pinceladamente sobre as férias - elas têm a capacidade clara - e isso vem de relato de outros pais - em demonstrar que não estão te escutando, salvo quando se fala algo aterrorizante e suspeito... - e respondi: ... Lógico! Ele não iria se tornar um santo de uma hora para outra, nem é esse o nosso objetivo!" iria adiante, mas prometi não me estender... estamos começando o ano e não quero reviver toda a tensão e exaustão do ano passado... iria completar que quem canoniza é o Papa, não eu, nem elas. Bem, de verdade, um santo já nasce santo, independente de quem o afirme ser ou não... Peu, é gente!

Em seguida, me vem outro comentário: "Bom, a professora nos trouxe que ele está totalmente regular dentro da sala e de acordo com o que se espera. Mas, só temos 3 semanas e é muito pouco para avaliar..." - interessantíssimo! Ano passado, qualquer pouco tempo, 1 ou 2 dias eram suficientes para "provar" a culpa de um menino elétrico que é vítima de sua ansiedade excessiva e de uma inteligência acima da média e sua falta de controle sobre esses rompantes. 

O terceiro comentário que me chamou a atenção é de dar risada: "Ele tem melhorado muito mas a coordenação motora fina dele precisa ser bem trabalhada... Ele precisa deixar de fazer o 8 com duas bolinhas e fazer o movimento do S..." ou seja, o que ele consegue fazer não vale, só vale o que ele não consegue: punam-no! Eu, antes de ter uma noção sobre "coach", falava - e falei todo o ano passado - que elas deveriam ver o que ele tem e adentrá-lo por ali até ajudá-lo a desenvolver o que ele "não consegue" - e não o que ele "não tem" como elas colocam - e, hoje, entendo que se trata de uma prática de peak performance, onde pela avaliação e levantamento de situações com desfeches positivos, se ajuda as com desfechos negativos. Será que profissionais tão bem qualificados academicamente estão dispostos a desenrolar isso, mesmo? Ainda que numa escola que prega "não trabalhar a inclusão porque não trabalha a exclusão", na prática isso acontece? Quando ele entrou na escola, afirmaram num discurso convincente e bonitinho, através de uma charge - que não encontro em lugar algum - de várias pessoas diferentes entrando numa máquina e saindo todas iguais, de que ali não se trabalhava daquele jeito, massificando e sim de acordo com as peculiaridades de cada um. Porém - sempre existe um porém como justificativa... - algumas questões poderiam ser levada em conta: 1 - os tempos são outros e as crianças, também; 2 - ninguém está preparado para toda demanda, mas pode se empenhar em tentar lidar com ela, considerando que o que "sabe" não basta...; 3 - a escola fica numa posição central, dentro do bairro onde se localiza e o bairro cresceu ao redor dela, ou seja, o público dela mudou... por uma questão de proximidade e por ser considerada uma escola muito boa, os pais matriculam os filhos lá e cobram atitudes de uma escola tradicional... Isso deixa de ser uma pressão sobre como conduzir e se ajustar à nov realidade? 

Pois bem, o quarto e último comentário também me fez arrepiar: "A rotina dele é muito importante. É importante desenvolver essa rotina...". Tá, pergunto: "Que rotina? Porque ele tem uma rotina muito bem definida e seguida, bem como flexibilizada quando necessário, porque não é exercito..." e como resposta? Silêncio e troca de olhares gritantes entre elas. Não vou entrar nesse jogo bobo. Francamente, duas profissionais pelas quais a direção coloca a mão no fogo agindo assim... O que me deixa tranquila é que a professora deste ano não está abalada emocionalmente como a do ano anterior - que era uma excelente professora, mas com problemas pessoais notórios em seu jeito estressado de falar e acirrado pelo desafio Pedro Henrique - e tem uma postura muito firme. O trabalho que ELA desenvolve o envolve e ele se desenvolve. Isso seria ou não um "algo" a ser verificado, observado de longe e de perto - de nada adianta se observar apenas de longe, é preciso comprovar e esclarecer de perto... senão  compromete a imparcialidade da observação - e refletir mesmo sobre as falhas do ano passado que foram exclusivas da relação dessa parte da equipe com alguns alunos-problema. 

Pois é... quando nos esbarramos nessa questão da posição unilateral da escola em abrir um inquérito de "prove que ele melhorou o comportamento" e quer condenar o pequeno ser em vez de conhecê-lo, dá nisso, na repetição do mesmo problema em um novo contexto: a melhora no comportamento de Pedro é inquestionável, PÚBLICO e notório. Isso é campanha de "veja meu filho" ou alerta do "veja que é possível, unam-se a nós e vamos ajudá-lo em parceria?". Eu vejo como a união, elas ainda enxergam pelo viés do estigma e set criado por elas mesmas: "Isso é coisa de mãe...". E a criança? Está protegida , dentro daquela instituição, por ela mesma, que demostrou grandeza e pediu para continuar na escola, pela professora deste ano e pela equipe de apoio. E protegida de quem? Dessa coordenação que está no meio e sem saber como ajudar, nem admitindo que precisam de ajuda... Na verdade, para elas, cegos somos TODOS nós - eu, o pai, a psi dele, o pessoal da equoterapia que viu o progresso dele e colaboraram muito, a família, os amigos, os vizinhos... e a professora - que não vêem o que elas estão vendo.

Eu, acredito no que estou vendo dele, seja com 8 em forma de um bolinha em cima e outra embaixo ou em forma de S... desde que ele saiba o que é um 8.

E 8 é o símbolo do infinito, né? Que sejam infinitas as possibilidades de aprendizado e ensinamento que ele nos traz. Eu estou ao lado, como parceira firme e mãe zelosa, fazendo o que for preciso para ele se desenvolver e ter autonomia para lidar com os desafios. Eu? Vejo um despertar de novos desejos nele e com isso a vontade de apreender e fazer. Isso deve ou não ser valorizado, incentivado? 

O importante é ter um objetivo e se dedicar a saber como fazê-lo real!

Pat Lins.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"CADÊ MEU CHUCHUUUUU? MÃÃÃÃEEEEE?"


Hoje, mais um dia comum e, nem por isso, precisa deixar de ter algo especial. Dias comuns também têm suas surpresas boas.

Peu, chegando da escola, como sempre, entra gritando: "Cadê meu chuchuuu? Maããeee?" e eu, respondo: "Aqui, meu amor!". Desde que o pai vai pegá-lo na escola, eu tenho o prazer de recebê-lo com os braços abertos. Engraçado que levar o filho para a escola, pegar, levar ao judô, levar à natação, levar ali e aculá entra na rotina que a gente nem sente que faz algo especial todo dia. Esse dias, uma babá aqui do prédio me disse: "a senhora faz tudo dentro de casa, né? Trabalha e cuida dele sem ajuda, né?" - o sem ajuda que ela se referia era sem babá, porque sem ajuda eu não iria a lugar algum... sempre tive o apoio da minha mãe, da minha irmã e de minhas tias, que aguentam a onda de cuidar de Peu, às vezes. Eu nem me tocava de que fazia tanta cosia e que isso era reparado pela vizinhança... Ela não falou em tom de fofoca, apenas um comentário como quem diz: "sorte a do seu filho, por ter uma mãe assim". Não pelo fato d´eu fazer tudo e estar sempre ao lado dele, mas, por ser e agir como eu ajo com ele, chamando sua atenção diante de uma atitude inadequada e desrespeitosa com algum amiguinho e sempre carinhosa. Em meio a tantos afazeres e rotina, raramente percebia que o "não pegá-lo na escola" e ter esse help do meu marido - que agora trabalha em casa - me fez ver, hoje, no meio de mais um dia comum, o quanto temos um carinho enorme um pelo outro e o quanto sou importante para ele, apenas, por ser a mãe dele. Quando ele corre e diz: "cadê meu chuchuuuu? Mããããeeee?" eu sou tomada por uma onda de sensação boa, sabe? Sabe quando a gente sente que algo bom vai acontecer e o estômago dá aquela esfriada e somos envoltos numa luz branca e suave e até somos capazes de ouvir uma musiquinha e sentir uma aroma de flores do campo? É, exatamente como uma cena de filme... Pois é, é um êxtase disso tudo que sinto, apenas por receber aquele abraço caloroso e aquele beijo amoroso do meu "chuchu"! Tudo isso, em dias comuns, sem festas, sem barganha, sem permuta... apenas, AMOR!

Eu só via o trabalho e o cansaço. Eu só vivia me queixando "Peu me dá um trabalho enorme... o menino não para um segundo. Mexe em tudo e tudo quer saber. Nunca se conteve com 'por quê', tinha que ter um 'e se...'..." e nessa onda de desgaste a gente vivia. Para mim era mais fácil condenar a família do meu marido, por todos serem inquietos e teimosos, capazes de ouvir apenas o que eles falam, do que entender que Peu puxou uma coisa boa que eles têm: essa energia inquieta e teimosa. Com muito trabalho e afinco, sabendo de como são os adultos com o DNA da agitação da família, estabeleço o direcionamento de como educá-lo, entendendo, por fim, que não temos como brigar com a natureza do ser, mas, podemos dar uma boa formação moral e de valores realmente na prática. Era mais fácil para mim querer que ele fosse uma criança hiperativa - no sentido da patologia - do que entender que ele é apenas uma criança hiiipppeeerrrr meeeggaaaaa ativa. Impossível não cansar perto dele. Eu já vi várias pessoas olhando ele ao mesmo tempo e todos cansavam em poucos minutos. Uma vez minha irmã me disse brincando e eu quero que seja verdade - risos: "Minha irmã, você vai para o céu, viu? Aguentar essa coisa linda da titia né brincadeira, não...". Quando o levei para fazer os exames "de cabeça" e o resultado deu negativo, fiquei aliviada por um lado e aflita por outro: "Meu Deus, e agora? Me dá energia e força para saber educar esse menino!". Bom, como dizem, "cuidado com o que pedes, podes receber" eu recebo essa força todo dia e nem em dava conta. 

Educar Peu, como educar qualquer filho, requer mais do que levar a escola, buscar na escola, levar a atividade física... é entrar no mundo dele. Depois que Jo - a mãe do Gustavo Medeiros - ah, leiam o depoimento dele em "EXISTE (SIM) VIDA ALÉM DO AUTISMO" - relata "e consegui entrar de alguma forma em seu mundo e junto com ele emergir. Claro que sem ajuda seria impossivel..." mais outra ficha minha caiu: entrar no mundo do filho, seja uma criança neurotípica ou "especial", é fazer o que a Noemia Nocera me alertou, como sugestão de tema para um post, aqui no blog, sobre como educar um filho, dar limite e, ainda assim, respeitar o ser. Entrar no mundo da criança é entender que criança é criança e pais são pais. Temos uma responsabilidade imensa para com eles, entretanto, eles são mais do que apenas páginas em branco... Juntos, uma família compõe uma orquestra e, como toda orquestra, para alcançar uma boa sinfonia, sintonia e uma boa maestria. Ensaios são nosso dia a dia. As grandes apresentações são as provas da vida. O maestro dá o rumo, porque, do alto de sua experiência consegue escutar, sentir e com conhecimentos certos - não apenas teorias e teorias na teoria - aplicar a melhor solução. De retorno, um belo som: a harmonia das notas e dos diversos instrumentos diferentes e juntos, ao mesmo tempo. O mundo de Peu é cheio de arte - literalmente. Ele gosta de livros, de fantoches, de vozes artísticas, de imitações, de colas, de tintas, de papéis, de cores, de formas, de letras em formação... e mergulhar nesse mundo é preciso me premitir ser mais livre dessa normose, sem deixar de ser responsável; é ser mais autêntica, sem deixar de dar limite... é ser a mãe de uma criança chamada Pedro Henrique, eu me dá a honra de me reencontrar para ensiná-lo a ser quem ele é!

Minha sogra, em meio a uma conversa recente, me disse: "eu lia tanti para dar uma boa educação aos meus filhos e, hoje, vejo que errei tanto...". Mais uma ficha caiu. Sempre escrevo aqui sobre o fato de que pai e mãe sempre vão errar e acertar com os filhos, afinal, só podemos dar aquilo que temos, né verdade? Pois, naquele momento me vieram duas coisas a mente: o fato e a certeza de que todo  pai e mãe acaba cometendo erros mesmo; e o fato de que muitos erros vêm da gente mesmo não ser capaz de fazer um pouco mais por nós mesmos, na prática, e, assim, ter mais dentro de nós para ser mais, natural e honestamente aos nossos filhos. Não a estou julgando. Pela primeira vez na vida, a vi desarmada de si, mas, mesmo assim, confusa. E vejo que muitas de nós acaba errando por essa confusão de não saber viver na prática aquilo que tanto conhecemos e sabemos, mas, na hora de viver, faz como nos fora ensinado pelo engessamento social. Sem querer, falei para ela: "é, minha amiga, na prática a teoria é outra... afinal, nem tudo depende da gente!" e é verdade. Nossos filhos são como nós, quando éramos apenas filhos, seres humanos em formação. E, me diga, como educar esse pequeno ser, dando limite e respeitando o ser? Bom, não vou responder o que penso sobre esse assunto agora, porque eu minha grande amiga Noemia Nocera, vamos escrever juntas... ela, não apenas como psicóloga e escritora, mas, como mãe de três filhos, avó e uma pessoa que já superou muito e entendeu, em sua vida, antes de tudo, o quanto era importante educar, dar limite e respeitar cada ser - cada filho. Eu, falarei do meu dilema de tentar entender isso na prática da minha vida.

Pois bem, ter um filho dá um sentido enorme a minha vida! Não que o filho nasça com essa responsabilidade, isso além de injusto é desumano com a criança. Os pais que fazem isso - todos nós fazemos, em alguma proporção... - e em vez de nos refazermos como pessoas, tapamos os buracos e vamos ser "pais e mães" para dar ao que vem a chance de ser aquilo que não fomos... O sentido que, hoje, vejo que meu filho dá em minha vida é ver que é possível entender que só se é sendo e só podemos ser e dar uma boa base aos nossos filhos, sendo pessoas capazes de reconhecer nossas próprias limitações, adimití-las e entender que devemos cuidar delas. Ninguém vá saindo por aí e querendo ter filho para "ter sentido na vida", não, pelo amor de Deus! Eu quero dizer que Peu dá um sentido enorme em minha vida, no sentido de ver que todo meus esforço como pessoa e como mãe chegam até ele e como ele responde. Apesar de toda a agitação natural dele, ao entrar no mundo dele - o mundo de uma criança - entendi o que ele gosta e nos entendemos mais. Ele me fez exercitar na prática o que quer dizer respeito e compreensão e como o amor precisa dessa base para se estabelecer e se firmar. O AMOR, o de verdade, não o sentimento de posse que temos e chamamos de amor... Muita gente coloca filho no mundo, não muda como pessoa e ainda educa o filho aos seus padrões despadronados e moldados pela falsa moral e falsos bons costumes da nossa sociedade falsa e superficial. 

Pedro continua cheio de energia e curioso que só. Tem seus defeitos, que, ao identificá-los e ver que meu filho é como é e tem seus "instintos ruins", como todo ser humano, posso ajudá-lo a ser diferente. Não é porque é criança que vamos acreditar que toda criança é um anjo... Anjo é anjo e não é humano... Criança é criança e é um pequeno ser humano. Ver o quanto Pedro cesce como pessoa, e ainda tem muito o que crescer, me dá o gás para estar ao lado dele. Como mãe coruja; como mãe leoa; como mãe macaca; como uma mãe onça; como uma mãe jumenta... como uma pessoa que é mãe. Tem uma lição que ele sempre me ensinou: ele sempre vê uma possibilidade. Para ele, as possibilidades são infinitas e inesgotáveis. Bom, como uma boa criança ativa e bem ativa, algumas muitas vezes isso me desgasta, porque, na verdade, ele não tem consciência de suas ações em um nível de capacidade de entendimento real... Ele entende que o que ele faz tem uma consequência, mas, numa dimensão infantil, pois, é criança.

Lembra que frisei mais acima de que sem ajuda ninguém sobrevive? Pois é, para cudiar de Peu eu tenho a ajuda da escola - que leva a sério e com muito valor humano, ético e profissional - a boa formação do indivíduo; da psicóloga, Suely Lôbo - uma figura ímpar e que me ajuda muito a lidar, entender Peu; de minha mãe, com o que ela fez comigo e meus irmãos e, mesmo assim, entende que educar um filho de hoje em dia é mais "complicado", mas, mesmo assim, me lembra que "mãe é mãe e todo filho deve entender isso"; de algumas mães que olho e digo: "meu Deus, eu também sou assim... Eu também faço isso... Tenho que mudar isso em mim!" - afinal, a gente aprende com aquilo que a gente quer ser e, também, com aquilo que a gente não quer mais ser. E, tenho a minha ajuda, porque se eu desistir, tudo para! Ver o quanto Pedro melhora em seu comportamento, como uma mínima mudança em seu comportamente é notório, me sinto recompensada. Sim, eu espero essa recompensa de ver que me dediquei em ser o meu melhor - mesmo sabendo que nunca serei perfeita como pessoa, muito menos como mãe - e essa verdade, através da minha vontade, do meu esforço e da minha busca de elevar a consicência, chega até ele, que, em formação, entende que ele é capaz de ser muito mais e melhor, não do que o outro, mas, o melhor que há em si!

E é por isso que hoje, uma dia comum, um dia em meio ao dia a dia, é especial, porque, hoje, muitas fichas caíram para essa mãe que, na prática, vive seus embates pessoais, seus dilemas e, nem por isso, deixo de ser uma pessoa em busca e essa busca é mais importante para mim do que o negar a realidade e viver um mundo de fantasia. Mundo de fantasia, somente, os das brincadeiras e historinhas minhas com Peu. Finalmente, pude ver que sou mais "mãe animada e brincalhona" do que "mãe chata". Isso tudo com limites estabelecidos.

Meu chuchuuuu, estou aqui! Sempre!

Saudações maternais,

Pat Lins.

quarta-feira, 14 de março de 2012

QUERIA SER A MÃE "PERFEITA", MAS SE EU FOSSE, NÃO EXISTIRIA...

Tem dias que me sinto um fracasso como mãe... Por mim, Pedro seria uma criança perfeita e se ele não é, a culpa é minha... Mas, veja, se isso lá é maneira de pensar?

Olha, entender que um filho é como é e tentar saber lidar com isso é cansativo, mas, desistir nunca! 

Ele é uma criança maravilhosa, inteligentíssimo. Este, entretanto é o meu maior problema: a inteligência dele. Educar Peu requer uma firmeza que, mesmo para uma pessoa de natureza autoritária como a minha, é puxado! Eu tenho que me desdobrar e ser mais criativa do que ele. Uma coisa que aprendi é que não adianta ser dura, tenho que ser firme, mas, lidar com o lúdico para atingí-lo com eficiência. Ele se diverte com as histórias que criamos juntos. E os personagens que sempre são características nossas? Vejo quanta riqueza ele tem dentro de si. Em meio às histórias, consigo mensurar e ter um feedback do que ele apreende em nossa relação. Mesmo assim, não entendo o comportamento dele na escola e diante de algo que sai do controle dele. Fica irritado e agressivo. Ele não adimite estar errado. Daí, me dizia que não queria escrever o nome porque ficava feio. Expliquei que não é feio, é a letra de quem está aprendendo. Como a professora e a psicóloga me explicaram, devo deixá-lo escrever do jeito dele. E está melhorando. A gente pensa que ajudar um filho é fazer por ele... que nada, ajudar um filho é estimulá-lo a superar suas limitações. 

Aos poucos, ele está entendendo que um comportamento agressivo afasta as pessoas que amamos e que nos amam, porque ninguém quer ser atacado o tempo inteiro. 

Essa noite, ele dormiu sem o travesseiro dele de estimação - não o larga para quase nada... - e eu disse que o travesseiro estava triste com o comportamento dele na escola e foi ver a mãe, dizendo que só voltaria se ele melhorasse o comportamento. Meu Deus! Pedro chorou, com tanto sentimento. Me mantive firme. O pai quase cedeu. Eu pedi que me deixasse tentar e o pai concordou. Até escrever bilhete para o travesseiro voltar ele quis. Para quem estava com preguiça de escrever... Não foi fácil ver o sofrimento e dor em suas lágrimas, mas, se a gente se deixar levar por essas emoções passageiras, não alcançamos um nível de pensamento mais forte que é ver meu filho se encontrar e saber lidar com as perdas por conta do seu comportamento. Certa ou errada nunca saberei... Entre mãe e filho não há como ter essa fórmula de sucesso, tipo "não há bônus, sem ônus". Minha mãe nunca teria feito isso conosco... Outra mãe, também não faria. Outra faria. Só vivendo nossa realidade é que podemos saber o que deve ou não ser feito. 

Engraçado foi ele me dizer: "mãe, pensei numa coisa: travesseiro não tem dinheiro..." e eu, fingindo não entender, perguntei: "para quê dinheiro, filho?" e ele, na bucha: "ele não tem como comprar o 'ingresso' do avião... como ele foi para a casa da mãe dele?". Aha! Mãe tem que estar pronta para tudo, né? Eu respondi: "e quem disse que ele foi de avião para a casa da mãe? No país dos travesseiros é diferente". Ele se deixou levar e viajou: "país, não, no MUNDO dos travesseiro. Eles moram em outro planeta e vêm para cá para cuidar das crianças, abraçar, dar carinho...". Sei que veio, ficou abraçado comigo, como ele gosta, e me disse: "mãe, eu amo muito você e meu pai". Fechou os olhinhos e cedeu ao sono, sem o travesseiro. Ah, expliquei que o amigo travesseiro vai voltar, assim que ele melhorar o comportamento e ele me disse: "já ia ficar chateado com ele, mas, entendi: depende de mim, né?". Bom, se estou certa ou errada, não tenho como saber, mas, que tocou nele, tocou. E esse era meu objetivo.

O mundo de uma criança é muito maior do que o mundinho das "pessoas grandes". Leio o "Pequeno príncipe" para ele e estou gostando e aprendendo como ele. Li quando era criança. Li depois de adulta. Mas, ler para Peu tem outro sabor. Ver como ele curte nossos momentos de leitura é tudo de bom! Eu penso que isso será mais forte do que o temperamento dele. O pai dele, uma prima de segundo grau do pai também eram assim, tinham essa agressividade e agitação e hoje, nem parecem... O que sei é que estou ao lado dele e orientando-o da melhor maneira que consigo, com entrega, dedicação e cuidando para não cobrar dele um retorno. Vejo mães que se dedicam falarem: "eu faço tudo por meu fiho..." num tom de que: "espero que me retribua...". Eu digo a Peu: "tudo que eu quero é que você seja feliz e ninguém pode ser feliz levando tristeza para ninguém.". Eu acredito piamente que ninguém pode fazer ninguém feliz, que isso é estado de espírito, mas, se você alcança esse estado, com certeza, ajudará muita gente a ser, também. Ninguém pode ensinar o que não tem. Quando falamos em amor, falamos em amor verdadeiro, que quanto mais dá, mais tem. Honestidade e clareza fazem parte da nossa relação. E eu amo muito o meu filho. Mas, de nada adianta se eu não souber me amar como devo. 

É isso, vivendo e aprendendo que não existe perfeição. Se eu fosse uma mãe perfeita, eu não existiria, porque não existe essa mãe perfeita, todas somos humanas e ser humano já traz essa característica da imperfeição de sempre ter algo a aprender.

Saudações maternais para as mães reais,


Pat Lins.

quarta-feira, 7 de março de 2012

APRENDENDO PARA ENSINAR UM ESTUDANTE


Pedro é um menino maravilhoso e inteligentíssimo - essa parte não é papo de mãe coruja. Só que ser sabido não é o suficiente. Ele tabém é teimoso e se coloca de igual para igual com os adultos. Lidar com isso dá um trabalhão, porque toda hora tem demanda para lidar.

Ele entrou na fase de ter que desenvolver a coordenação motora fina e, a mim, parecia um desafio sem fim. Mas, estou aprendendo a ver que ele é assim e, de alguma maneira, preciso saber como lidar e lidar. 

Ontem, tive o meu primeiro quase progresso ao sentar com ele para fazer o dever de casa. No início, eu segurava na mão dele e o ajudava a fazer. Me fora muito bem sugerido que não fizesse isso, para que ele desenvolva a autonomia e trabalhe a coordenação motora fina. Conversei com ele e, logo de cara, relutou e insistiu: "segura a mão do seu tchutchuco, mamãe". Como entendi que ele precisa superar esse desafio nele, reafirmei que não seguraria e que ele é capaz de fazer sozinho - falei com tom firme e com a segurança de que ele é capaz. Ele me disse: "tá feio, ó!". E eu lhe disse que todo começo é feinho, mas, com a continuação vai melhorando. Vi que criamos mais um vínculo onde eu tive que entender que isso é dar força ao filho e, para isso, preciso estar convicta. Creio que essa convicção que se instalou em mim favoreceu. Eu não me vejo como mãe má, mas, como mãe orientando e apoiando o filho a crescer. Ontem, ele se sentou para fazer a tarefinha e nem me pediu para dizer as letras, ou escrever num papel a parte para ele copiar. A professora dele me orientou que, durante a atividade, lembrasse a ele que ele preenche o cabeçalho todo dia e era só ele olhar o anterior para lembrar. Explicada essa parte, ele se virou, na dele. Já não estava sentada ao lado dele. Levantei e disse que iria ao sanitário enquanto ele fazia a tarefa dele e ele fez. No que ele não sabia, m chamava e perguntava: "você pode fazer um favor de me mostrar como é que eu faço o número 6? O meu tá saindo muito feio". Peguei minha agenda e deixei perto dele. Escrevi o "6" debaixo do "6" da data e ele só observou. Foi lá e fez sozinho. Ele conhece os números, mas, não conseguia fazer aquele número. Achei muito legal ele se mostrar querendo fazer. Teve interesse. Já não queria mais que segurasse sua mão. Levei quase um mês segurando a mão dele... e precisaram de dois dias para ele fazer sozinho e aceitou. Como a professora me explicou, ele precisa entender que ele é um ESTUDANTE e assumir esse papel. Pensei: "meu Deus, mais coisa!" e dei risada de meu pensamento bobo. De fato, muito mais coisa. 

Quando a getne quer que um filho cresça, a gente precisa crescer também. Cada novidade, cada novo desafio é difícil, sim, mas, estamos juntos. Porém, cada um com seu papel. Aos poucos, vamos aprendendo e ensinando, assim como nossos filhos estão aprendendo e nos ensinando.

Pat Lins.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A ARTE DE EDUCAR - Por Laís Câmara

Era para escrevermos um texto a quatro mãos... nasceram dois textos com uma mesma mensagem! Pedi a minha querida amiga, Laís Câmara - Naturalmente Lai - que escrevesse comigo sobre "A ARTE DE EDUCAR". Mas, gostei tanto do que e como ela escreve(u), que em respeito a essa mensagem rica e reflexiva para nós, publiquei na íntegra o dela e o meu, passou a ser "O QUE CHAMAMOS DE EDUCAÇÃO, EDUCA MESMO?".

Laís Câmara, muito obrigada! Cada colaboração sua nos enriquece. Assim, somos "Mães na Prática" com mães na prática desse blog! Obrigada a cada amiga mãe, pelos e-mails com sugestões e colaborações.

Segue o texto:


A ARTE DE EDUCAR
                                     por Laís Câmara

Fomos acostumados a não pensar, e se não pensamos, agimos como “máquinas”, repetimos e repetimos e nem nos damos conta de procurar o porquê do produto final “solar”. Uma criança, definitivamente, não é como a outra, parece óbvio, mas nos pegamos generalizando às vezes e usando as mesmas receitas, e quando o beijo, ou o bom dia, ou o abraço, ..., não aparecem como “deveriam”, o que há com a criança? Educar para padronizar, educar para se orgulhar, educar para que?

Enquanto mãe, admito que choro com cada passinho básico e “bonito” de minha filha, acho que isso é algo até normal, mas me pego pensando em mim e nela, e como ISSO é bom...porque se penso em mim, percebo quais os efeitos daquelas lágrimas em mim, por que é importante pra mim a tal ponto? Será só vaidade? Se o passinho dela fosse oposto, seria “bonito”? Isso ajuda a diagnosticar muita coisa e tomar decisões muito mais racionais. Educação, na minha opinião, é avaliação e amor.

A avaliação é geral/integral, é você pensar. Sim, o hábito de pensar deveria ser constante, pensar de forma interrogativa, buscando diagnosticar, para a partir daí tomar decisões. E quem deveria fazer essa avaliação enquanto responsável e criança? Acho que você já tem a resposta, ambos; talvez não saiba como fazer, mas a criança sabe, ela está aberta, principalmente quando bem pequena. Taí...; a resposta é – pensando. Por exemplo, ler é bom, mas porquê? Para que? Quando? O que ler? E as respostas? Você pensou ou recebeu? Pense, educação é isso! Faça pensar, deixe-as pensar! Provoque, liberte, seja mediador, interrogue racionalmente, são atitudes generosas com você e com a criança! É bom deixar claro, como diz Cipriano Carlos Luckesi em seu artigo Apontamentos para uma visão integral da prática educativa : “...Há que se dar suporte para que cada criança, cada adolescente e cada adulto aprenda a estar atento à sua dimensão interna (estética), à sua dimensão comunitária (ética) e à sua dimensão cognitiva (científica), assim como a estar aberto e aprender a acessar, na medida do possível, seus diversos níveis de consciência...”. Dar suporte para aprender a estar atento e aberto...como fazer isso? Pensando, sobre como educamos, o que é educação e para que existe a educação.

O amor/afeto na educação, é como mais um espaço, que, sim, caminha entrelaçado com a prática educativa, porque, por exemplo, muitos não conseguem desenvolver uma atividade simples, como namorar, dormir, arrumar uma casa, ler um livro, ..., se o emocional não nos(adulto e criança) permitir.  Leonardo Boff diz em seu livro “A águia e a galinha”, que a paixão é que move a águia, o seu desejo maior é que direciona sua vida, ao contrário, nos tornamos galinhas, ciscando e olhando pro chão. Ou seja, o afeto nos permite educar e ser educados com satisfação.

Isso é educação significativa, mas, por outro lado, no geral, vamos destroçando nas crianças o desejo de aprender, vamos impondo o tempo inteiro. O momento da alfabetização, que deveria ser livre e particular, por exemplo, é encaixotado de presente para os pais, de forma camuflada, pela obrigação e ilusão de sair lendo e escrevendo, deixa-se o grafismo de lado, por exemplo, vai se perdendo o gosto pelo desenho, deve-se ler e escrever; e o rebuliço que fazemos com essas crianças, que aprendem a se tornar “malandrinhas” para satisfazer os desejos dos pais!!! Nisso também vemos “beleza”...Vamos pensar, vamos deixá-los viver e vivermos com eles curiosamente! 

Laís Câmara - mãe, mulher, pedagoga, educadora com amor e respeito.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O QUE CHAMAMOS DE EDUCAÇÃO EDUCA, MESMO?


O que entendemos por “educação” é, realmente, educativo?

Sabemos o real significado da palavra EDUCAÇÃO? Existe apenas um significado? Como saber se estamos sabendo educar nossos filhos? É possível saber tudo isso? O que cabe a nós, enquanto mães, pais, avós, avôs, tias, tios e etc, fazer para dar uma “boa educação”? Existe uma educação completa, perfeita?

Quantas e quantas de nós, mães, repetimos essas e outras inúmeras perguntas? E quantas de nós conseguem responder TODAS?

Todas, todas, impossível responder, mas, manter-se aberta durante o caminho do aprendizado e ensinamento pode ajudar a compreendermos que trata-se de um processo constante e para a vida inteira. Ajudou? Eu sei, piorou! Confundi mais do que expliquei.

Venho me questionando, há tempos, muito antes de Pedrinho nascer, sobre o que a maioria das pessoas entende pela ARTE DE EDUCAR. Sim, uma arte. Como toda arte, requer um artista para trazer para fora o que já está dentro. Ou seja, dentro de cada um de nós – incluindo nossos filhos – existe tudo o que procuramos. Existe também o labirinto que nos perdemos. Nossos sentidos nos limitam ao que vemos de concreto. O que não conseguimos ver, não deixa de estar lá, esperando.

Vou tentar ser mais direta ao tema com relação a educação “mãe/pai/adulto responsável – filho/responsabilidade”.

Tem muita gente que acredita ser/dar uma boa educação como unicamente, educação alimentar. Outras, focam em colocar a criança em diversas atividades, para ocupar o tempo de maneira produtiva e “educativa”. Há quem afirme que uma boa educação tem como base desenvolver as habilidades matemáticas. Ou, colocar na escola mais cara. Ah, tem a escola mais famosa. Ou, onde por tradição, toda a família estudou. Será que é a ideal para o perfil da criança? Alguém observa A criança? Outros,  crêem que o filho deve falar diversos idiomas, para viver melhor e ter mais oportunidades num mundo globalizado. Engraçado falar em globalização... Outro dia era um tema de debates infindáveis. Hoje, nossa realidade: a quebra de fronteiras. A educação virtual também deveria ser levada em consideração, porque essa geraçãozinha parece que nasce com um chip de última geração e com configurações muito avançadas. Eles nos trazem a impressão de que nascem prontos. Será? Então, volto a perguntar: o que é uma boa educação? Misturar tudo? Sobrecarregar as crianças desde cedo? Sim, o que vem a ser algo ainda mais importante do que a “educação” em si – a base para uma boa educação? Aha! Peguei, não foi? Eu sou pega por esse questionamento todos os dias. Se é que isso serve de consolo para alguém...

Quando estava na terapia, minha psi, me disse certa vez: “Como você quer dar uma educação perfeita para seu filho? Toda mãe dá o que tem condições de dar. Eu já disse aos meus filhos: ‘O que eu dou a vocês é o que eu acredito ser o melhor para vocês. Quando crescerem, vocês farão a avaliação de vocês e o que não couber, jogue no lixo!”. Bom, eu fiz um resumo grotesco e com minhas palavras, mas, era mais ou menos isso. O que ela me disse, na verdade, é que não existe fórmula certa. Talvez não haja UMA resposta para essas perguntas. Cada pessoa tem sua maneira, sua composição, vamos chamar assim, de vida. O que vem a ser essa composição: ambiente social, familiar, econômico, religioso, filosófico, cultural – no sentido de arte, porque, a meu ver, cultura é a própria composição, no sentido de estilo de vida - , tecnológico... Cada um de nós é um ser diferente. O que nos iguala, internamente, é justamente a condição humana da imperfeição e do aprendizado diário. Outras coisinhas externas entram nessa composição e acabam induzindo-nos a sermos um pouco – ou muito – diferentes do que realmente clama a nossa natureza. Quando se trata de uma boa formação de caráter, tudo bem, controla temperamentos mais agressivos, arredios. E o contrário? Essa é outro questionamento que faço: educação formal, acadêmica, escolar é para ensinar como passar no vestibular ou desenvolver as múltilplas inteligências do ser humano?

Educar está muito mais diretamente relacionado com nossas expectativas do que com o real e necessário. Tudo bem que sejamos imperfeitos. Mas, isso deve ser desculpa para nos mantermos paradões? Quantos pais/mães usam de argumento: “meu filho é tão espero que não precisa de ninguém ensinando o que fazer”. Sim, e limite? Ser esperto é, por acaso, capacidade de se cuidar sozinho? E o papel da família? E, o que é ser esperto? Falar coisas que a gente se espanta e nos surpreende? As crianças não nascem prontas. Também não nascem vazias. Elas nascem CRIANÇAS. Educar é dizer NÃO para tudo? É ser liberal e dizer SIM para tudo? O que é limite? Como saber diferenciar de limitação? Até onde permitir a curiosidade da criança e a partir de onde dar um freio? O que é teimosia e quando ela é prejudicial? Como desenvolver esse bom senso, afastando o egoísmo que todo adulto desenvolve, porque, afinal, fomos “educados” assim. Somos educadores ou manipuladores? Como identificar essas diferenças? Quando começamos a nos questionar, assim penso eu, trata-se de um bom sinal. Significa que o bom senso quer ser despertado.

Para começar, eu não sou a mãe perfeita, nem dou a educação perfeita em todos os setores para o meu filho. Não, isso não se trata de incompetência. Trata-se de limitação pessoal. Lembrem-se, toda mãe, todo pai, todo mundo, é gente, antes de tudo e mais nada. Como dar aquilo que não tem? É preciso desenvolver, concorda? Foi assim que comecei a questionar  e pensar no sentido de educação para meu filho, começando a me reeducar. Não, mãe, você não falhou! (risos) Reeducar o meu SER. Definir, e viver, quais são os meus valores? Os valores são atemporais. Não me refiro a valor pessoal, mas, a valor moral, mesmo, aqueles que a gente esquece e só lembra quando lê um bom livro ou vê um personagem num filme, numa novela... Eu acredito ser loucura começar a exigir das crianças uma característica de adulto, só para afirmar que essa criança é inteligente. Já começamos a dizer que criança não é inteligente, é isso? O que entendemos por inteligência também é limitado. Chamamos inteligência a capacidade intelectual, não a sabedoria; não a capacidade de colocar em prática, na vida, aquilo que aprendemos. Aprendemos muito. Somos bombardeados por tanta informação. Apreendemos tão pouco. Tão pouco filtramos. Tão pouco vamos à fonte averiguar a veracidade daquela informação. E é isso que queremos repassar para os nossos filhos? Esse comodismo egóico, pequeno, inexpressivo e desprovido da capacidade de questionar? É por isso que tememos tanto os “por quês?” dos pequenos? É por isso que temos e nos sentimos numa obrigação infundada de podar a curiosidade e os questionamentos dos “iniciantes”, também conhecidos como “crianças”? Frustramos as crianças para que cresçam como nós: expectadores  de uma vida que passa com crianças amorfas e esquecidas dentro de nós. Alimentamos nossas expectativas de que eles acertarão onde erramos. E, em prol dessa nossa carência, frustramos suas ações. Poderíamos estabelecer uma parceria muito bacana com nossos filhos, deixando bem claro quem é o grande e quem é o pequeno, só que sem humilhação, manipulação ou qualquer “ão” que nos leve de volta a mesma direção que já estamos. Nessa parceria, podemos observar e conhecer nossos filhos. Escutar. Ver. Sentir com eles. Não podemos ser eles, nem eles devem ser como nós. Esse é o maior exercício de respeito ao próximo que pode existir.

Daí, precisamos nos conhecer. Conhecer nossos limites. Superá-los. Só limpos, ou em processo honesto de limpeza, essa parceria pode dar certo. Isso, também, não é fórmula certa. Vamos cometer erros aqui, ali e acolá. Heeeellllloooo! Continuamos humanos. Nossa jornada continua, agregada a uma jornada que se inicia com nossos filhos. Assim, posso fazer como minha ex-psi: “meu filho, quando crescer, o que achar que não cabe, jogue fora!” E seja, seja uma pessoa honrada, ética e com conduta moral. Assim, você será bem sucedido onde for. Porque, ser bem sucedido, não se limita ao valor material que alimentamos em nós e já fincamos na base dos nossos pequenos. A gente já cria nossos filhos para serem “vencedores”, desde que o prêmio seja uma fortuna em dinheiro, bens... Isso pode ser uma boa conseqüência, mas, não a base. Eu penso que a base é uma boa formação de caráter. Isso é nadar contra a correnteza, sim. Mas, se toda mãe quer o melhor para seu filho, bom começar a fazer esse esforço. Senão, ele será mais um como todo mundo. Ele tem que ser o melhor que há dentro dele. Respeitar o espaço alheio, sem deixar que invadam o seu. Ser, em primeiro lugar, para depois, ter.

É assim que penso. E comecei a por em prática. Comprava tudo para meu filho, porque carregava uma culpa por ter ficado desempregada por tanto tempo e com tanta dificuldade financeira que, depois que voltei a trabalhar, precisava compensar. Me freei: “Êpa! Peraí! Não é nisso que acredito...”. Ele já está no “vício” do “mãe, eu quero!”, “mãe, você compra?” , “mãe, se eu me comportar, você me dá...?” E quem ensinou isso a ele? A mamãe aqui. Por conta das minhas frustrações. Detectado o problema, vamos à solução: xô, culpa! E, aí, me ocorreu outra coisa: o que vem as ser “se comportar bem”? Etiqueta? Desde que ele não bata, agrida, falte com respeito, machuque de alguma maneira alguém ou descumpra um combinado, ele estará se comportando bem. É isso? Ainda não defini isso muito bem, em mim, não... Mas, estou elaborando.

Muitas vezes, penso que exigimos demais das crianças uma característica que não cabe à fase que elas estão. Afinal, criança tem que correr, brincar e viver a realidade lúdica dela. Isso é infância saudável. Com limite, sem limitações. A gente tem mania de podar, em vez de saber o que estimular, o que ser parceiro para desenvolver. Custei a entender isso. Só quando comecei a aceitar essa hipótese, pude ver meu filho e entrar no mundo dele, falando a linguagem dele. Para acessar Peu, como qualquer criança dessa geração, uma boa e honesta historinha contribui, toca e os faz entender e assimilar verdades. Em vez de: “isso não”, “você conhece a história do menino que desobedeceu e virou um sapo?...”. Me vi uma contadora de contos infantis. Como ele mesmo diz: “quando não souber ou existir uma história, você inventa que eu gosto”. E fazemos isso toda noite. Uma história criteriosamente escolhida e outra criteriosamente inventada – risos. Assim, vou vendo os resultados em suas atitudes e em seus diálogos com os “filhos” dele – os bons e velhos amigos de toda criança: os brinquedos. Ali ele reproduz o que acha ser certo. Ali, vejo o que ele captou, como ele captou e o que ele acha da maneira que a mamãe “educa” ele. Aliado a isso, procurei uma escola que tem mais a ver com o perfil dele. Coloquei ele numa atividade física. Temos muito a fazer. Ainda erro muito em muitas coisas, mas, tudo tem que ter um começo. O medo de errar pode ser um entrave para a gente, mas, quando olho e vejo que toda criança é aberta e destemida, me jogo e começo do zero. Quer ver um exemplo? Quantas de nós fica à vontade vendo o filho se esfregar no chão? O quê nos consome? Vai sujar a roupa. Por isso, uma marca de sabão em pó se fez, porque ele afirma que criança é para se sujar, a limpeza é com ele. A professora de Pedrinho, ano passado, me disse uma coisa que via de outra maneira. Ele gostava de misturar as tintas para ver no que ia dar. Para mim, era teimosia - o que não deixa de ser, afinal, toda expressão de criatividade requer uma gota de teimosia para alimentar a persistência. Desde que haja um equilíbrio. - e falta de interesse, dele. Ela começou a combinar: "eu deixo você misturar se você cumprir com nosso combinado e fizer...". Ela conseguia contornar a situação e ele cumpria. Do jeito dele e na velocidade da luz, para poder fazer o que queria. Mas, ela estava no comando e determinou algo e ele precisava cumprir, sem deixar de permitir que ele expressasse sua curiosidade científica - risos - de ver o resultado de suas misturas. Comecei a observar muito o como agir com ele assim. Nada impede de, em alguns momentos, eu esquecer disso e me tornar uma mãe autoritária.

Eu penso que faz muito bem firmarmos uma boa parceria e respeitar a fase da criança, vendo-a como criança, desde que cada papel seja muito bem determinado – e não é só da boca para fora, mas, nas ações, no controle e no “o que controlar”. Podemos ser grandes parceiros dos nossos filhos, sem deixar de ser pai, mãe e/ou responsável. Juntos é muito mais gostoso aprender e ensinar - ou tudo ao mesmo tempo! Se é fácil? Nem um pouco. Possível? Com bastante esforço, é sim! A liberdade não quer dizer fazer tudo o que quer, mas, saber o que quer fazer e fazer!

Saudações maternais,

Pat Lins.

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