quarta-feira, 14 de março de 2012

QUERIA SER A MÃE "PERFEITA", MAS SE EU FOSSE, NÃO EXISTIRIA...

Tem dias que me sinto um fracasso como mãe... Por mim, Pedro seria uma criança perfeita e se ele não é, a culpa é minha... Mas, veja, se isso lá é maneira de pensar?

Olha, entender que um filho é como é e tentar saber lidar com isso é cansativo, mas, desistir nunca! 

Ele é uma criança maravilhosa, inteligentíssimo. Este, entretanto é o meu maior problema: a inteligência dele. Educar Peu requer uma firmeza que, mesmo para uma pessoa de natureza autoritária como a minha, é puxado! Eu tenho que me desdobrar e ser mais criativa do que ele. Uma coisa que aprendi é que não adianta ser dura, tenho que ser firme, mas, lidar com o lúdico para atingí-lo com eficiência. Ele se diverte com as histórias que criamos juntos. E os personagens que sempre são características nossas? Vejo quanta riqueza ele tem dentro de si. Em meio às histórias, consigo mensurar e ter um feedback do que ele apreende em nossa relação. Mesmo assim, não entendo o comportamento dele na escola e diante de algo que sai do controle dele. Fica irritado e agressivo. Ele não adimite estar errado. Daí, me dizia que não queria escrever o nome porque ficava feio. Expliquei que não é feio, é a letra de quem está aprendendo. Como a professora e a psicóloga me explicaram, devo deixá-lo escrever do jeito dele. E está melhorando. A gente pensa que ajudar um filho é fazer por ele... que nada, ajudar um filho é estimulá-lo a superar suas limitações. 

Aos poucos, ele está entendendo que um comportamento agressivo afasta as pessoas que amamos e que nos amam, porque ninguém quer ser atacado o tempo inteiro. 

Essa noite, ele dormiu sem o travesseiro dele de estimação - não o larga para quase nada... - e eu disse que o travesseiro estava triste com o comportamento dele na escola e foi ver a mãe, dizendo que só voltaria se ele melhorasse o comportamento. Meu Deus! Pedro chorou, com tanto sentimento. Me mantive firme. O pai quase cedeu. Eu pedi que me deixasse tentar e o pai concordou. Até escrever bilhete para o travesseiro voltar ele quis. Para quem estava com preguiça de escrever... Não foi fácil ver o sofrimento e dor em suas lágrimas, mas, se a gente se deixar levar por essas emoções passageiras, não alcançamos um nível de pensamento mais forte que é ver meu filho se encontrar e saber lidar com as perdas por conta do seu comportamento. Certa ou errada nunca saberei... Entre mãe e filho não há como ter essa fórmula de sucesso, tipo "não há bônus, sem ônus". Minha mãe nunca teria feito isso conosco... Outra mãe, também não faria. Outra faria. Só vivendo nossa realidade é que podemos saber o que deve ou não ser feito. 

Engraçado foi ele me dizer: "mãe, pensei numa coisa: travesseiro não tem dinheiro..." e eu, fingindo não entender, perguntei: "para quê dinheiro, filho?" e ele, na bucha: "ele não tem como comprar o 'ingresso' do avião... como ele foi para a casa da mãe dele?". Aha! Mãe tem que estar pronta para tudo, né? Eu respondi: "e quem disse que ele foi de avião para a casa da mãe? No país dos travesseiros é diferente". Ele se deixou levar e viajou: "país, não, no MUNDO dos travesseiro. Eles moram em outro planeta e vêm para cá para cuidar das crianças, abraçar, dar carinho...". Sei que veio, ficou abraçado comigo, como ele gosta, e me disse: "mãe, eu amo muito você e meu pai". Fechou os olhinhos e cedeu ao sono, sem o travesseiro. Ah, expliquei que o amigo travesseiro vai voltar, assim que ele melhorar o comportamento e ele me disse: "já ia ficar chateado com ele, mas, entendi: depende de mim, né?". Bom, se estou certa ou errada, não tenho como saber, mas, que tocou nele, tocou. E esse era meu objetivo.

O mundo de uma criança é muito maior do que o mundinho das "pessoas grandes". Leio o "Pequeno príncipe" para ele e estou gostando e aprendendo como ele. Li quando era criança. Li depois de adulta. Mas, ler para Peu tem outro sabor. Ver como ele curte nossos momentos de leitura é tudo de bom! Eu penso que isso será mais forte do que o temperamento dele. O pai dele, uma prima de segundo grau do pai também eram assim, tinham essa agressividade e agitação e hoje, nem parecem... O que sei é que estou ao lado dele e orientando-o da melhor maneira que consigo, com entrega, dedicação e cuidando para não cobrar dele um retorno. Vejo mães que se dedicam falarem: "eu faço tudo por meu fiho..." num tom de que: "espero que me retribua...". Eu digo a Peu: "tudo que eu quero é que você seja feliz e ninguém pode ser feliz levando tristeza para ninguém.". Eu acredito piamente que ninguém pode fazer ninguém feliz, que isso é estado de espírito, mas, se você alcança esse estado, com certeza, ajudará muita gente a ser, também. Ninguém pode ensinar o que não tem. Quando falamos em amor, falamos em amor verdadeiro, que quanto mais dá, mais tem. Honestidade e clareza fazem parte da nossa relação. E eu amo muito o meu filho. Mas, de nada adianta se eu não souber me amar como devo. 

É isso, vivendo e aprendendo que não existe perfeição. Se eu fosse uma mãe perfeita, eu não existiria, porque não existe essa mãe perfeita, todas somos humanas e ser humano já traz essa característica da imperfeição de sempre ter algo a aprender.

Saudações maternais para as mães reais,


Pat Lins.

2 comentários:

  1. Poxa Patricia, seu texto me ajudou muito e me incentivou a ter mais idéias lúdicas pra educar minha filhota, tb estamos tendo problemas com o comprtamento e somente falar não está resolvendo... vou tentar o mundo das casas da árvore e te dou notícias depois! rsrsrs Obrigada!

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    1. É sempre bom! Lógico que é a longo prazo, então, nem espere que a transformação seja imediata. Eu me entrego à leitura com ele e a criação de nossas "histórias de boca" como ele fala. Ajuda, mas não se trata de uma ação isolada. Associo à atividade física, psicoterapia, tudo o que possa ajudá-lo a dar vazão aos seus conflitos internos. Momentos de lazer e prazer são constantes. Ou seja, a gente precisa aprender a ser feliz. Dá notícias. Obrigada pelo carinho!

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