segunda-feira, 30 de julho de 2012

DINHEIRO É PARA PAGAR AS CONTAS?

Nós, em plena era da loucura desenfreada do capitalismo, nem nos damos conta - lógico, acabamos sendo levados pela rotina de tantas contas a pagar... que dinheiro passa a ser um ser materializado em nossas vidas - da nossa relação com o dinheiro e de como os nossos filhos ficam nesse meio.

Olha, é difícil, viu?

Estávamos saindo do cinema - coisa corriqueira, simples e fácil: a gente entra na fila, paga o ingresso e entra na sala - e, na saída, pergunto ao meu marido: "Aqui não tem o pacote família, né? Peu paga inteira ou meia?" e Peu, ligado, me manda: "Mãe, que onda de pagar cinema é essa? Eu nunca pago nada... Oxe!". Nos tocamos de que ele só acha que a gente paga pelas contas de casa, no mercado... é onde ele vê o cartão e o dinheiro. No cinema, como meu marido vai para o caixa e eu distraio Peu, para ele, só pegava o ingresso. Explicamos que era pago e ele ficou pensativo, como quem diz: "Pô, até isso é pago?". Explicamos que a maior parte dos lugares são pagos, mas que existem lugares que não precisamos pagar. E fizemos uma listinha rápida, para ele não começar a querer deixar de ir aos lugares para não "gastar". 

Isso tudo me fez ver que nós não temos uma boa educação financeira. E como educar nossos filhos, se nem a gente sabe lidar... se nem a gente tem essa relação bacana com o capital? Ele junta moedas em cofrinhos, desde bem pequeno, com uns 2 aninhos, e achávamos que era o suficiente...

Ainda não tenho resposta para essas minhas questões... estou aprendendo no dia a dia. Já passamos pela fase de não ter como pagar todas a contas e, hoje, conseguimos pagar, sem luxo e entendemos que não devemos "criar" novas contas... senão, não teremos como pagar. E Pedro acompanhou e acompanha todas essas fases. A única coisa que me ocorre é manter a calma. Ao menos, o esforço. Já identifiquei essa questão aqui em casa, agora, vamos entrar na fase do "como" lidar e "como" passar para Peu. Mesmo sabendo que ele está aprendendo junto e isso, a prática, já é o "passar" para ele. Nisso estamos nos educando e ele vendo que os pais também têm muito o que aprender.

Se alguém tiver uma dica - na prática, por favor... essas teorias que só cabem e dão certo na teoria, não vale... - por favor, nos envia. Pode ser para o e-mail linspat@gmail.com ou, aqui em "comentários". Se me autorizarem, publico aqui, num post. De qualquer maneira, ficará algo para eu refletir em "como" lidar com essa relação financeira e como educar meu filho sem esse apelo capitalista e sem fingir que não vivemos no capitalismo.

Saudações maternais,

Pat Lins.

domingo, 22 de julho de 2012

PEU, VOCÊ "EXISTE", SIM!


Peu falou uma coisa interessante e eu exclamei:

- Filho, você não existe!

- Eu existo sim, mãe, oxe!

Deu uma pausa e veio me perguntar, já com a voz meio tristinha:

- Você não queria que eu fosse seu filho, não, é mãe? Você não me queria como filho, não, é mãe? Você não queria filho não, é?

Eu - daaammm - sem entender, pergunto:

- Nunca diga isso, filho! Eu amo você mais do que tudo! Por que está me perguntando isso?


- Ah, você disse que eu não existo... eu pensei...


- Oh, meu amor, é só o jeito de falar, porque você me disse uma coisa muito engraçada e muito inteligente para a sua idade, daí, eu disse que "você não existe", como quem quer dizer: "você é de verdade, menino?"...

Gente, nossas expressões não fazem muito sentido, né verdade?! 


Saudações maternais,

Pat Lins.

sábado, 21 de julho de 2012

ANIVERSÁRIO DOS FILHOS: FESTA PARA ADULTOS OU PARA AS CRIANÇAS?


Como Peu já entende o que é festa de aniversário e, há alguns anos, ele mesmo escolhe o tema da festinha, este ano pensei em perguntar onde ele quer que faça. Em geral, a gente apenas se organizava e fazia.

Esperava algo do tipo: "game station" ou "playland" ou, até, alguma casa de buffet infantil - o que gelei... são muito caras... Nossas festas são sempre muito alegres, animadas e bem organizadinhas, mas, somos nós - eu, meu marido e nossa família, onde minhas tias fazem a parte mais pesada, que são os doces e salgados, além dos famosos bolos decorados - que fazemos tudo e ele sempre se diverte. Afinal, festa é festa e é o que importa. A família, os amigos, todos juntos. Ele gosta dos presentes, mas, curte mesmo cada pessoa que chega e a folia.

Para minha surpresa, ele me pediu: "Museu para crianças, mãe.". Achei ótimo! Ele gosta é do contato com a área aberta, com a grama, com o ar e com a aventura do lugar!



A questão é que nesse espaço o importante é deixar a criança à vontade, para ela explorar. É a interação com os adultos nessa troca. Lá não é espaço para sentar, comer e beber. Trata-se de um lanche simples e muita exploração e descoberta ao ar livre. Tem bola de sabão gigante, onde a gente entra num pneu cortado, no chão, levanta um bambolê - imerso na mistura de água e sabão - e sobe a bola de sabão enorme. Tem uma teia de aranha gigante, feita com cordas que é o máximo da aventura para eles. Casa na árvore. Ossos de dinossauros. Brincadeiras desafiadoras, como mexer as mãos para um lado, ao mesmo tempo que mexe os pés para o outro... Biblioteca com cadeira de balanço e esteiras... Muito bacana.

Infelizmente, tem gente que discorda. Issso me fez pensar: será que essas pessoas já se permitiram deixar os filhos fazerem algumas escolhas? Será que "festa" é só sentar, comer e falar alto? Um encontro light, num lugar legal, onde a idéia é CELEBRAR mais um ano de vida é "excluir o adulto"? Será que os adultos conseguem entender que se trata de uma festa DE e PARA crianças? O quê acontece com os adultos para ficarem assim, tão duros e inflexíveis? Para mim, celebrar é algo especial, ainda mais depois de tanta cosia pesada que passamos juntos, nesses últimos anos. 

Cheguei a ficar balançada, por conta de algumas pessoas - que, creio eu, não vão gostar da idéia... - e conversei com meu marido: "e aí, o que fazemos?". E respondemos juntos: "mantemos!". É isso! Podem não gostar. Falar mal... O que eu quero é ver meu filho satisfeito na CELEBRAÇÃO do aniversário dele. Se ele pediu lá e dá para fazer, por quê não? Eu queria muito que todos entendessem, mas, a mim cabe fazer o que é preciso. Posso me dar ao trabalho de explicar, não tem problema. Caberão às pessoas entenderem... Não vai se tratar de uma festa convencional..., nem com luxo... fora que isso de ter a "obrigação" de fazer uma festa já não me agrada. Eu penso assim: dá para fazer, faz; não dá, não faz. "Ah, mas, se ele, quando for adulto olhar as fotos e não vir as festas de tal e tal ano?" Ah, gente, francamente, ficar preso a valores desse tipo eu não penso ser legal. Se não der para fazer festa grande, faz um bolinho e canta parabéns. Isso vai matar alguém? Não entra em minha cabeça fazer dívida para comemorar aniversário. Depois, fica com dor de cabeça para pagar os débitos e a alegria vai-se embora. Fora o peso que a criança vai carregar em ver os pais endividados por conta de uma festa de aniversário.

Comentei com umas amigas e elas me disseram que já começaram a fazer isso. Uma, mesmo, este ano, fez um almoço aqui no prédio, a gurizada estava na piscina e se fez a festa. Gente, essa improvisação foi perfeita. Eles comentavam entre eles: "que festa massa!".  E vejo cada vez mais isso acontecer. O legal é fazer algo legal e de verdade. Isso ficará na lembrança. Nas boas lembranças! Fora que quebra a rotina. Quebra um padrão. Quebra um algo "esperado". O que é bom, fica melhor, com gosto de alegria e cheirinho de satisfação!

Assim, me deparei refletindo: a gente comemora o aniversário de um filho para a gente ou para eles? Se a resposta foi "para eles", faz sentido fazermos tudo "para a gente"? Celebrar é para ser algo bom! Nossa, mais uma ano de vida! É para reunir quem a gente gosta e pedir bênçãos aos céus. Toda cultura celebra algum tipo de aniversário - se não o seu, ao menos, o de Cristo... como é o caso de algumas religiões - o que denota a relevância da celebração como algo importante. As velas simbolizavam uma maneira de proteger o aniversariante dos demônios... Hoje, apenas acendemos sem nem saber o motivo... Mas, trata-se de um SIMBOLOGIA bacana, né, não? Pedir proteção e luz do bem. Se nosso pensamento é capaz de nos fazer ter reações físicas, apenas com o ato de pensar, imagina quando todo mundo pensa junto e deseja coisas boas a uma pessoa, naquele momento? Um monte de gente que te ama, junto, pedindo a Deus por você. Pô, isso é bom demais! Fora a mensagem de partilha e de troca. A divisão - para mim, multiplicação - do bolo, a partilha, o compartilhar o objeto de maior expectativa na festa. A troca, como na vida, aquilo de dar e receber. Não me atenho ao presente material, comercial, mas, ao fato de aquelas pessoas se deslocarem até sua festa, para estar com você naquele dia especial! É assim que encaro uma celebração de aniversário. É isso que quero que meu filho entenda. E, pelo visto ele entendeu. O "museu para crianças" é um dos seus lugares favoritos. Imagina, em seu lugar favorito, as pessoas que você ama? A simplicidade é tudo!

Têm coisas que devemos levar em consideração. A vida da criança é infância. Os adultos adoram apresentar para as crianças um mundo chato... e a gente vai manter a propagação disso? O mundo adulto pode ser melhor, se o fizermos assim. Problema, na infância também tem. Não têm contas a pagar e responsabilidades que o mundo adulto naturalmente traz. Mas, faz parte. Cada fase com seu quinhão de responsabilidade.

Saudações maternais,

Pat Lins.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

LIMITES DE UMA MÃE: RECARREGAR.


Ser mãe é reconhecer que nós temos limites como todos os seres humanos. 

Nem tudo a gente é capaz de mudar. Mas, tenha certeza, uma Mãe, de um tudo é capaz de fazer!

Os resultados podem não depender exclusivamente de nós, mas, isso não nos faz acomodar e "deixar rolar". A gente, corre junto! A gente sofre junto! A gente se esforça, até mais - principalmente, por termos mais experiência de vida e o compromisso vital da responsabilidade de firmar a base de um novo ser. 

Nós não somos responsáveis pelas escolhas dos nossos filhos, mas, somos responsáveis por eles e por mostrar-lhes, com nossos exemplos práticos, que toda escolha requer consciência e que cada escolha implica numa consequência.

Toda pessoa tem seus limites. As mães têm que, não só, identificar os seus limites, como saber como lidar com cada um deles e agir na superação. Assim, nosso limite é entender que os temos e batalharmos para deixarem de ser. Sempre indo além! Junto! Renovando! Reinventando! Refazendo-se! Recarregando-se. Não temos baterias inesgotáveis. Temos baterias recarregáveis! Recarregáveis no dia a dia. A cada segundo. Eu canso, mas, renovo! Quem disse que mãe não se cansa? O que a gente faz quando é precsio fazer algo é que faz a diferença.

A super mãe é assim: capaz de se refazer, sempre! A gente nem sabe como, mas, do início ao fim, da conta... Tem que dar... Vai dar...

Saudações maternais,

Pat Lins.

terça-feira, 10 de julho de 2012

TER OU NÃO TER FILHO ÚNICO? EIS A QUESTÃO!


Estava subindo o elevador - no prédio da minha mãe - com Peu e um amiguinho, quando uma senhora - que nunca havia visto - me perguntou se eram meus filhos. Eu respondi que apenas um e ela ficou a observar. O amiguinho dele estava meio chateado, porque queria ir para casa - engraçado que na hora de ir para casa ele queria ficar... Peu também apronta dessas artes... - e estava meio sério e não queria papo. Ela, então, me perguntou se o menino era filho único. Afirmei que sim e ela disse:

- É por isso que ele está assim. Filho único não é bom, não... acaba ficando muito mimado e cheio de gosto.

Eu congelei. Tenho andado assim. Quando as pessoas manifestam esses pensamentos tacanhos e avaliam a situação pontual como geral, generalizando aquilo que viu como sendo de praxe, eu fico estarrecida. Eu expliquei que ele estava cansadinho, pois a mãe teve que resolver alguns problemas na rua e eu fiquei com eles e não tinha como levá-lo para a casa dele, mas, levei para o apartamento da minha mãe - onde estava naquele dia - e, por ser um lar, talvez ele pudesse ficar mais tranquilo. Enfim, enquanto lentamente o elevador subia, ela repetiu: "filho único é muito ruim, mesmo...". Pedro, por acaso, estava quieto, o que fez com que ela comparesse as crianças. E continuou: "o seu tem mais irmãos, não tem não?" e eu disse: "Não. Filho único.". Ela fez um "É? Que diferença...". Oxe! Tem gente que não se toca. Ela viu duas crianças subindo o elevador e criou um monte de coisa que não fiz questão de entender - por falta de tempo e por falta de saco, mesmo - colocando que para ser um bom filho, tem que ter irmão. Antes dela sair, eu soltei uma, porque não sou de ferro: "eu não sei a senhora, mas, eu conheço alguns filhos únicos que são pessoas fabulosas, sociáveis e não têm nada de mimados e chatos. Também conheço uns que são únicos e chatos. Também conheço uns que têm irmãos e são mimados e chatos. Também conheço uns que têm irmãos e são pessoas boníssimas. A senhora não conhece gente assim, não, de todo o tipo? Eu penso que vá muito do conjunto de educação que os pais receberam e como receberam; da educação que esses pais passam para os filhos; de como lidamos com a maternidade e a paternidade... com o ambiente maior; com as características de cada um...". Pronto, chegou o andar dela e foi "salva pelo gongo" e saiu tão rápido que deixou claro que não gostou do que eu disse. E olha que disse com a mesma naturalidade com que ela abriu o diálogo... Se é que era para ser um diálogo...

Fora quando a gente ouve coisas do tipo: "tem que dar um irmãozinho para Peu... melhor, uma irmãzinha..." e eu pergunto: "e quem vai falar direto com Deus e garantir o que vem uma menina é você? Aproveita e pede o pacote completo: a criança, com temperamento bom, equilibrada... ah, manda dinheiro, também, porque ele serve para a parte que o amor não paga...". Eu falo rindo, porque não entra em minha cabeça essa invasão e, pior, esses modelinhos mentais limitantes e irritantes da obrigação de ter filho, depois, da obrigação de ter um segundo filho... onde está o compromisso com a qualidade da pessoa que vai colocar e do que vai ser colocado no mundo?

Eu quero ter outro filho, sim, mas, se der, senão, não sofro, como várias vezes exponho aqui. Tentei ano passado e não era para ser. A cobrança veio em forma de "você aceitou a perda com muta facilidade...". É mole? Vou brigar com a natureza? Foi algo tão natural, que doeu, mas, arrastar um sofrimento? Fora que eu quero ter outro filho, não "dar um irmãozinho ou irmãzinha a Peu" isso é uma coisa meio óbvia: se eu tenho um filho e terei outro, eles, lógico, serão irmãos. É uma soma muito clara e direta. Não uma condição ou um presente para o mais velho.

O que me chateia não são as perguntas se vou ou não ter outro filho, mas, a visão dessas pessoas. Gente, eu tenho amigos que são filhos únicos e são pessoas de um caráter e de uma prestatividade impressionantes. E não são carentes, desses de grudar por não ter tido um irmão. Já, por outro lado, tem uma pessoa muito próxima a mim - coitada, serve de exemplo para tanta coisa... - que é o egocentrismo em pessoa. Nem para dizer que é filha mais velha, porque não é... nem essa desculpa ela tem. Ela é a caçula - na verdade, apenas ela e o irmão. E é um poço de ciúme, inveja, dificuldade de relacionamento social e etc. E aí? Chegou a hora de não nos permitirmos mais sermos conduzidos por esse tipo de pensamento. Um filho é algo muito maior do que isso. Essa de que a maternidade traz luz à vida da mulher não é assim tão bonitinha e fácil, assim. Traz luz? Traz. Mas, traz outras coisas, também, inclusive, as sombras que fugimos a vida inteira. 

Meu filho é meu tudo. Não consigo me ver voltar ao tempo e não tê-lo de novo. Isso porque ele FAZ SENTIDO em minha vida, não essa imagem de que o filho DÁ SENTIDO à minha vida. Quem tem que dar sentido a minha vida sou eu, e não jogar essa responsabilidade numa criança. E é isso que a maioria das mães acaba fazendo sem perceber: ter um filho para ver se encontra um sentido na vida. Francamente. Fora que nós alimentamos essa condição da obrigação de colocar filho no mundo para ser mulher. Poupe-me. Existem muitas mães que têm dezenas de filhos, juízo nenhum e valor para passar menos 10. Onde está a consciência do que é SER MÃE? 

Ter um filho é muita responsabilidade - e não me refiro, primordialmente, as questões financeiras e materiais, me refiro, primeiramente, em capacidade, em caráter, em valores a passar. Em compromisso consigo e responsável pela própria vida para entender que o filho que põe no mundo será um ser capaz de seguir o próprio rumo. Ter um filho não é um troféu de campeonato ou uma obra a ser exposta. É uma bela obra, sim, mas, para ser respeitado com o que traz para mostrar.

Através da maternidade eu tenho aprendido muita coisa. Mas, eu já me buscava como pessoa, como ser humano, antes mesmo de parir. Ainda assim, passei por tudo o que passei e superei, do jeito que superei. E, hoje, estou aqui, dividindo com outras mães essa questão de ser mãe na prática. Não é colocar e deixar, isso é muito comum: põe no mundo e deixa brotar sozinho, como semente lançada ao ermo e ninguém rega, ninguém zela, ninguém sabe para onde vai ou a quê veio. Isso, para mim, faz parte do processo de consciência de que ser mãe requer, em princípio, que abramos mãos de muitas coisas, sim, mas, não para sempre e que isso faz parte porque a criança nasce um ser indefeso e totalmente dependente de nós. Eu penso que muitas mães não saiam daí, da fase onde o cordão umbilical já foi cortado e elas não perceberam. Essas mães não deixam os filhos crescerem porque temem elas mesmas terem que crescer. Temem a solidão... Temem não ter mais o que fazer na vida... Temem ter que se deparar com o fato de que a criança nasce indefesa, mas, assim como nós, ela cresce e almejará seguir o próprio caminho. Filho não é propriedade. Muito menos, fundo de garantia. Tem mãe que põe filho no mundo já impondo a condição de que, quando for velha, terá alguém para cuidar dela... Para mim, isso será uma bela consequência da construção de uma relação bacana, honesta e com amor - o amor que é de verdade, que é livre e que deixa livre... assim, há união e não prisão -, fruto de algo que foi construído. 

Essa geração mais recente, que vem com os chips mentais avançadíssimos, em maioria, acabam sendo filhos únicos. Falei "em geral". Eu reconheço que minha limitação, hoje, para ter o segundo filho está totalmente atrelada à parte financeira material. Não tenho como bancar duas escolas, dois planos de saúde, dois isso, dois aquilo. Hoje, depois de tanto "perrengue", conseguimos manter uma situação onde conseguimos trabalhar e pagar as contas, usando uma escala de prioridade. O que dá, dá, o que não dá e não é NECESSÁRIO - portanto, não está inserido na escala de importância vital -, não dá. O que é necessário, dá-se um jeito. O que não, é supérfluo, não faz sentido, para mim, o endividamento. Me endividar para comprar aquele carro lindo, de controle remoto, enorme e que só falta ser de verdade... não entra. Comprar um notebook para meu filho de 5 anos... faz sentido isso? Para mim, não. Ele usa ou o meu ou o do pai. Pagar a escola em dia, o plano de saúde, isso não tem preço e não pago com credicard - nos organizamos. Tudo é uma questão de administração da verba. Só querer que dá. Eu tenho uma amiga que não tem filhos, mas, ajuda a família. Ganha pouco - professora do estado, é o mesmo que miséria, no que diz respeito a salário - e consegue fazer render. Como? Prioridade. Gente, a gente precisa saber onde estamos, onde queremos chegar e quanto estamos dispostos a pagar por isso. Pagar no sentido de entender que juntar por determinado tempo e usar X% do salário para lazer faz parte, porque nem tudo é só trabalho, mas, que, em alguns momentos, teremosn que optar por um lazer mais baratinho... Deixar de fazer uma coisinha, para faze outra... Agora, dentro de toda essa organização, eu sei que não dá para ter um segundo filho. Veja se eu vou entrar nessa onda de ficção de que a parte financeira não interfere? Lógico que interfere e limita muito o pensar e "calcular" um segundo filho. Não acho, nem penso, que essa parte seja a mais importante, ou seja, se eu fosse rica, milionária, mesmo sem caráter algum poderia colocar 10 filhos no mundo só porque poderia pagar?  

Filho único não é sofredor, nem anti-social como muitos dizem. Eu sou a mais velha de três e não me vejo sem meus irmãos. Meus pais tiveram estrutura emocional para terem 3 filhos. Eles se multiplicaram. Nunca tive a sensação de que eles estivessem se dividindo entre os filhos. Era como se nós 5 fôssemos 1 corpo único com várias cabeças pensantes e diferentes. Eu não tenho a mesma estrutura que a minha mãe tem. Ela deu conta. Meu pai fez acontecer. Ele, literalmente, tirou leite de pedra. Nunca nos faltou nada de necessário. Nunca vi meu pai se endividar por algo supérfluo. Isso é bacana de ter como exemplo, porque não éramos ricos, mas, tínhamos comida em casa, teto para morar, um carro e combustível - muita gente acaba se endividando para comprar um carro e esquece que precisa sustentar um carro - mas, meu pai sempre calculava tudo. Menos o amor deles por nós. Isso, meu Deus! e Deus é testemunha, nunca nos faltou e até hoje, jorra. Me lembro que meu pai trabalhava de turno e, nas horas vagas e de férias, chegou a rodar de taxi alugado para complementar a renda e sempre esteve ali, ao lado de minha mãe, como pai presente. E o trabalho dele era pesado. Cresceu na profissão, fruto de empenho. Eu, meu Deus, não consigo ser assim. E sei que muitos pais e mães de amigos e pessoas próximas não eram assim. Mesmo com toda essa bela referência dentro de casa, outro filho, para mim, agora, não dá. Me culpo por isso? Sou uma bruxa? Que nada. Já me esquentei muito, por me preocupar com a opinião dos outros. Fora que Pedrinho vale por 10 filhos "encapetados" - risos. Hoje, reconheço meus limites para não criar situações-problema para mim.

Tudo isso é para refletirmos. Ser ou não ser filho único não é a questão. Ter ou não ter filho único, eis a questão. É importante olharmos a realidade. Cada geração tem suas características e não adianta lamentar é para encarar, é a ordem da vida que criamos. Existem coisas que dependem de nós, outras não. Como no marketing: variáveis controláveis, incontroláveis, micro e macro ambiente, análise de potencialidades, fragilidades, oportunidades e ameaças. Tudo tem que ser levado em consideração. O cálculo, na Vida, não é algo tão preciso, porque, admitamos, nem tudo que pensamos ser ou queremos que seja é o que deve ser, ou é o que é... Eu penso que a gente dever refletir e entender que tudo tem seu ônus e seu bônus. Que precisamos saber lidar com o aqui e agora e, assim, projetar um futuro melhor. Não adianta querer mudar o amanhã, somente amanhã. É hoje, agora, que começa. Ter um filho é ter um filho. Ter dois filhos é ter dois filhos... e por aí vai. Saber onde está e buscar fazer acontecer mais. Tipo um risco calculado. Se sabe que não dá para ir mais, que é pesado, para quê forçar agora? Devemos nos questionar mais. Nem limitar, nem agir impulsivamente.


Espero que comecemos a refletir sobre isso para não entrarmos numa de dar continuidade a esse processo instalado aí e alimentarmos essa loucura que já vigora. Se queremos mudar algo para melhor, comecemos melhorando nossa maneira de pensar e agir. Vamos nos permitir questionar mais, respeitar mais... ir mais. Julgar menos, Condenar menos. Esperar menos. Fazer mais! Isso sim fará diferença para nossos filhos. Isso sim, fará diferença para nós e consequentemente, para os nossos filhos. Isso será coerente.

Há uma enorme diferença entre QUANTIDADE e QUALIDADE... É possível ter as duas. Como, ter uma e não a outra...

E, para finalizar, o questionamento não é bem a quantidade de filhos que se quer ter, mas, o que queremos de fato? Para identificar se queremos mesmo engravidar ou estamos grávidas de algo em nós que precisa ser parido? Isso pode confundir... 

Eu penso que ser feliz é saber ser e fazer a felicidade acontecer!

Saudações maternais,

Pat Lins.




sexta-feira, 6 de julho de 2012

MÃE: FADA E BRUXA

Imagem: Sonhos e Crochês
O maior dilema de "ser mãe" é aceitar que somos fadas e bruxas!

Em verdade, eu penso que esse dilema não seja apenas das "mães", mas, do ser humanos em geral. Nós temos uma imensa dificuldade em aceitarmos que somos uma dualidade e não devemos nos culpar, muito menos nos limitar e acomodarmos a essa característica. 

Conversando com uma amiga - que tem o filho da mesma idade de Peu - ela me disse que ia levá-lo ao psicólogo porque ela não sabia como agir com ele... Ela temia que o filho ficasse com raiva dela... Tanto que ela me disse que a maioria das vezes ela faz o que ele quer, para evitar atritos. 

Um psicólogo não é mágico, muito menos Deus. Seria ótimo ela fazer terapia. Em geral, a maternidade nos aflora muito mais dilemas e conflitos internos do que conseguimos identificar. Eu tenho muitos dilemas - como todo mundo - mas, nunca houve em mim, uma célula, um átomo que me fizesse entender que o filho não pode escutar um "não". Eu sei que sou muito rígida com Peu e estou aprendendo a flexibilizar aos poucos. Uma grande amiga me alertou para isso em mim; refleti e concordei. Quando comecei a ser mais flexível e entender que Pedro não é doente mas é diferente, tem uma inteligência aguçada e uma cognição elevada, vi que eu teria que ser mais criativa. Mesmo assim, deixar o "não" nunca entrou em questão. Noemia sempre me diz que os limites a gente dá com exemplo, no dia a dia e que o "não" bem colocado é de suma importância. Isso me faz ver o quanto a gente se ilude acreditando que a maternidade, o ato e fato de parir, de colocar um ser no mundo traz junto o juízo, o equilíbrio, a serenidade e a capacidade de acertar sempre. Se a gente não aceitar essa questão com consciência, seremos "amiguinhas" - no sentido de ser criança, da mesma idade - dos filhos. Mãe é autoridade e isso não é falta de amor, muito menos uma desculpa para o autoritarismo. Pai e mãe são as referências dos pequenos. Se a gente não sabe ouvir e receber um "não" como parte - só podemos escutar "sim" ou "não" -, como vamos saber dizer para os filhos? É bom fazer terapia, se conhecer e se permitir crescer como pessoa, sempre, principalmente, como mãe.

O filho dessa minha amiga ficou uma tarde comigo e Peu. Começou a chover e pedi que ele saísse da chuva e se protegesse na parte coberta. Ele me mirou com uma raiva e disse, com os bracinhos de pingo de gente - seria muito cômico, se não fosse a seriedade que ele deu... - abertos: "eu não posso fazer nada?". Fiquei perdida... "Como assim, 'não pode fazer nada'? Você quer brincar na chuva e ficar todo molhado? Aí, você é quem sabe... Eu prefiro brincar na parte coberta e, quando a chuva parar, eu vou para a parte aberta.". Ele me fitou com muita raiva. Fez um bico enorme e chegou perto de Peu e disse alguma coisa sobre mim e deram muita risada. No mínimo, me chamaram de bruxa ou algo parecido. Vi que, mesmo assim, Peu não ia na onda do colega, ele me via como autoridade. Lógico que resmungava, mas, acatava, mesmo o amiguinho dizendo: "você vai obedecer ela?". Eu sentei perto dos dois e perguntei: "Você não obedece a sua mãe? Peu, diga para ele, o que eu sou sua e a quem você deve obedecer e respeitar.". Pedro respondeu e o amigo não gostou. Disse que iria brincar com outros meninos. E saiu. Eu os deixei se resolverem com relação à brincarem um com o outro. E estavam juntos em menos de meio segundo. Ele queria era saber que alguém estava no comando, tanto que ele me tratou diferente depois, mais carinhoso e me perguntando mais as coisas. Eu penso que o fato de Peu falar: "peraí que vou perguntar a minha mãe, porque ela deve saber..." fez com que ele visse que a "mãe do amigo" era uma bruxa para o bem deles e uma fada, ali com eles. Vi que eles gostam da bruxa. Gostam de saber que é importante que a "mãe que diz não" esteja ali. Isso dá um limite saudável, assim eu penso e assim eles me fizeram entender.

Nessa tarde pude observar muita coisa legal. A gente brincou de muita coisa e tivemos "problemas" para resolver juntos. Ele gostava de correr e olhar para trás e me ver olhando para eles de longe. Expliquei que eles poderíam correr e brincar à vontade, desde que eu pudesse vê-los. No início ele relutou e se abaixava em alguns lugares para me testar. Eu assobiava e Pedro respondia: "tô aqui, mãe...". Depois, ele mesmo chamava Peu para brincarem mais perto de mim, sem que eu precisasse chamá-los. Foi uma parte muito interessante naquela tarde. Eu vi como meu filho me vê e como o amiguinho se adaptou rapidamente à minha relação de "mãe e filho" com Peu. Melhor, como ele gostou daquilo. É certo que toda criança acha a mãe do amiguinho mais legal, mas, ali, eu fiquei feliz porque não me fiz de boazinha, eu me esforcei para ser flexível e justa, mesmo assim, mostrando quem estava no comando, sem pesar na mão, nem no tom. E deu muito certo. Vi que todo mundo tem problema de relacionamento. Vi que toda mãe tem seus medos. Vi que toda criança testa o limite do adulto. Detalhe: não é a primeira vez que fico com mais de uma criança, mas, foi um dia onde pude perceber um monte de coisa, depois do comentário da minha amiga em "ter medo de como dizer 'não' sem traumatizar ou podar o filho...". O que pude dizer é que toda mãe erra e sempre vai errar, mas, também acerta e sempre vai acertar... Nós somos humanas. Nós somos falhas e imperfeitas de natureza, fazer o quê? Se ajudar a cada dia.

A cada dia posso ver que ser bruxa é a hora que a gente não deixa eles se machucarem, mas, eles sabem que somos as fadas protegendo-os naquela hora. Quantas vezes eu, criança, ficava com raiva da minha mãe, mesmo sabendo que ela estava com razão... Nunca passou do momento, aquela raiva. Sempre amei e idolatrei minha mãe. Mesmo repetindo algumas vezes para magoar "que eu ainda ia sair de casa para fazer o que eu quisesse...". Qual filho nunca disse isso aos pais? Agora, minha vez de escutar e entender que faz parte. Minha mãe sempre nos deu uma "liberdade vigiada". Podíamos brincar e correr à vontade, desde que no permímetro de visão dela. Limite. E a gente nunca deixou de amar aquela mulher. Aliás, é nossa - minha, da minha irmã e do meu irmão - até hoje. Eu pude amar minha mãe com muito mais liberdade, quando a vi como gente, como ser humano e como pessoa imperfeita. Mãe, também é gente, minha gente! Me lembro que ela me dizia: "quando você tiver seu filho, você vai me entender...". E é verdade. Mesmo que eu não seja igual a ela, entendo o que ela quis dizer. Minha mãe foi taxada de bruxa, quando nos dizia "não" e, pelo mesmo motivo, sempre foi a nossa fada mais linda! Ela sempre se multiplicou entre os filhos. Nunca se dividiu entre a gente. Talvez por isso a gente não saiba o que é inveja, ciúme ou esses sentimentos pequenos. Ela sempre nos colocou como iguais. Era justa. Hoje, é a "avozona" querida dos netos e dos amigos dos netos - assim como era com a gente: era a preferida dos nossos amigos, também! Mãeeee, eu te amo! - amo repetir isso!

Com amor e coração aberto a gente abre caminho para muitos lugares. Mas, engana-se quem acredita que demonstrar amor é nunca dizer "não"... Eu gosto muito de se honesta com Peu. Deixo bem claro que não sei de tudo, mas, a gente pode se esforçar para aprender juntos. Nessas horas, a gente vê o reflexo do que a gente ensina. Quando deixo Peu com meus pais ou com minhas tias, ele sempre pergunta: "posso pegar?", "posso fazer?", "obrigado!", "por favor"... e isso é legal, sinal de que mesmo me achando uma bruxa por ensinar isso para ele, ele sabe que é útil e correto e que faz parte da educação básica. 

Pois é, mães de plantão, nós somos as fadas, mesmo quando pensamos ser bruxas! Eles devem nos ver como uma bruxinha do bem. Tudo o que eles querem é se lançarem ao desafio de entrar na floresta escura, se deparar com o medo e saber que podem contar com alguém.

Saudações maternais,

Pat Lins.

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