domingo, 20 de abril de 2014

PÁSCOA E PERDÃO POR E PARA CRIANÇAS E PAIS


Peu me pediu, como todos os anos, para contar a história da Páscoa e do renascimento de Jesus se "ele apareceu e está entre nós agora, morando onde".

Como todo ano, conto desde o nascimento, passo pela tentação do deserto e chego à crucificação e ressurreição. Mas, o mais interessante é que a história é de fé, amor e PERDÃO, só que ninguém leva isso adiante. Durante tantos anos a queima de judas , bem como "judas" enquanto sinônimo de "traição", de maneira pejorativa, foram mais fortes do que a lição do próprio Jesus.

Quando falei que Jesus foi tentado no deserto pelo diabo, ele disse:

- Eu chutava aquele demônio e o mandava para o inferno!

- Pois é, Peu, é assim que o mal se fortalece: na raiva, no ódio. Chutar ele o daria mais força e poder...

Ele fez a pausa prolongada dele - de quando está assimilando a informação - e pediu que eu continuasse. Cheguei na parte onde o diabo mostra a Jesus que ele seria traído pelo próprio povo que ele dá amor e todos os condenariam, virariam as costas para ele, porque a humanidade é má e cruel, mesmo sem sua má influência. Contei tudo e disse que escutei essa história por minha avó, quando criança e lembrava até hoje. Ele me disse que estava gostando muito, mas que eu adiantasse até a ressurreição, porque senão ele iria dormir... Assim, ele me disse:

- Ah, eu odeio o demônio. Eu ia jogar ele na lava quente; ia dar tanto murro nele...

Lembrei de novo que era isso mesmo que o fortalecia. Só que, enquanto eu falava com e para ele, parei eu para refletir, também. E nos envolvemos pela história e nos deixamos tocar para transformar o mal dentro de nós.

Quando falei que Judas, um grande e querido seguidor e amigo de Cristo, o vendeu por moedas de ouro, Peu tomou um choque:

- Por dinheiro? Odeio Judas! 

Deixei passar, para culminar com a crucificação e retomei:

- Pois é... Judas estava lá, vendo o povo todo contra Jesus, ficou com medo, porque queria ser igual a todo mundo e se estavam todos contra Cristo, estariam contra ele se ele defendesse. Fraco, como todo ser humano, foi lá e levou os soldados...

- O que, até a polícia machucou Jesus?

- Não, Peu, eram os soldados do rei mau, que queria poder e tinha medo de perder um poder que Jesus nem fazia questão... Mas, a mania de querer ter mais e mais fez com que esse rei ficasse assim, com medo do bem e do amor, por isso ele inventou que Jesus era bandido, um bandido que pregava coisas boas. Pois, quando os soldados prenderam Cristo, ele deu um beijo em Judas e disse: "eu te perdoo". Peu, nem eu entedia muito isso de Jesus... eu também já senti muita raiva... Perdoar é cura, filho. 

- Mas, se Judas não tivesse vendido Cristo, ele não teria morrido!

- Sim, não teria. Mas, Ele sabia que isso tudo ia acontecer.

- Ele adivinhou?

- Não. Ele era O filho de Deus enviado para a terra.

- E como eu faço para ver Deus?

- E tudo, Peu. Deus é o criador.

- Até no fundo do mar?

- Sim. Você vai encontrar Peu em tudo o que for natural, da natureza; em tudo o que for bom. Só não vai encontrar Deus no mal.

- Até no tubarão e na lula colossal?

- Sim. Os animais não são maus. Eles só não sabem o que é pensar e se defendem, pensando que tudo é ataque. Percebe a diferença? Pois bem, Pilatos, aquele sonso de uma figa, chegou para o povo e disse: "você é que vão escolher: liberto o tal do Cristo ou Barrabás?", lembrando, filho, que Barrabas era um bandido muito mau e as pessoas escolheram libertar aquele homem que roubava, matava e destruia a cidade.

- Por quê? Não entendo!

- Porque ninguém quer se comprometer em ser quem é. Todo mundo quer seguir quem manda... todos temiam Pilatos. O medo, filho, é a maneira que o mal controla as pessoas. É assim que ele vira um monstro grande, que nem existe, mas a gente fica com tanto medo, que nem acredita que é só abrir os olhos e verá que não tem nada à sua frente. Por isso, as pessoas achando que estavam fazendo o certo, gritaram para soltarem Barrabás e matarem Jesus. Enfiaram a coroa de espinhos na cabeça dele e o fizeram andar - o que a gente chama de via crucis é por isso, porque foi o caminho que Cristo percorreu carregando a cruz até levantarem ele nela. Pegaram espinhos enormes e furaram suas mãos, seus pés e o deixaram lá, sangrando até morrer; ouvindo s gritos das pessoas, judiando dele; sendo vaiado, cuspido... Sentindo aquela dor insuportável. Morrendo como o pior dos bandidos.

- Mãe, este ano eu não vou chorar, mas dá vontade... E ninguém teve pena dele? Ninguém tentou tirar ele de lá? cadê a mãe dele? Porque ela não o salvou?

- Filho, a mãe dele viu tudo e não podia fazer nada. Ela apenas sofria, porque mãe sofre com o sofrimento do filho, sentindo as mesmas dores... Mas, ela orou muito. Pediu a Deus que terminasse com aquele sofrimento. Jesus orou ao Pai e pediu clemência por aquelas pessoas, que as perdoasse. Que nos perdoasse...

- Não, mãe! A gente não estava lá...

- Mas, a gente, eu digo, as pessoas, gente como a gente. Ele, sofrendo em sua morte injusta, pediu pelo povo que lhe virou as costas. Ele perdoou Judas, filho. Ele não culpou ninguém. Lembra que no deserto o diabo mostrou tudo que aconteceria para ele? Ele se sacrificou por nós. Sabe o que é isso? Ele trocou a vida santa dele pela nossa para que a gente aprendesse a ser feliz e viver amor. Ele não fez isso para trazer o mal. Ele fez isso para nos livrar do mal. Até que algumas pessoas se arrependeram... mas era tarde demais! Ele se foi. Ficou o corpo, que  mãe limpou, beijou e abraçou, porque as mães só querem ver seus filhos limpos, livres de todo o mal.

- E enterraram ele em que cemitério?

- Nunca cova, dentro de uma gruta. Só que o que o diabo não sabia, mas Jesus sabia, era que ele voltaria!

- Ele nasceu bebê de novo?

- Não. Ele nasceu em espírito. Ele virou Luz. Que é o que nós somos, quando nos libertamos do mal. E no domingo de páscoa...

- HOJEEEEE!

- Sim. No domingo de páscoa, ele ressuscitou. Foi ver as pessoas que choravam por ele, os amigos, a mãe... Aí, ele chegou primeiro para Tomé. Tomé era cego e Jesus disse: "Tomé, não precisa mais chorar. Eu estou aqui!"; e Tomé disse: "Hahaha só acredito vendo!".

- Oxe! E como ele pode ver se ele é cego? ... Ah, já sei! Com o coração, mãe. A gente só pode ver Jesus com o coração!

- Isso, Peu! Mas, ele segurou as mãos de Tomé, porque no toque a gente sente e é sentindo que chega ao coração. E ele gritou: "Jesus voltou! Jesus voltou! Jesus voltou!". E todos sentiram a presença Dele. Aqueles que o "viram" continuaram a fazer o bem que já faziam. Mas, aqueles que fecham os seus corações ao bem, esses queimam Judas até hoje e machucam as pessoas... Muitas pessoas não aceitam o amor!

E assim, ele me pediu para ver o mesmo vídeo e me disse: "desta vez eu não vou chorar!" e eu disse que ele poderia e deveria chorar, se o coração dele assim pedisse,porque o choro limpa as emoções que a gente não sabe explicar. Ele assistiu o vídeo todo, respirava fundo e me dizia:

- Não... desta vez eu não quero chorar, porque quer sentir Jesus como Ele foi: forte!

Coisa mais linda! Como poderia eu explicar a meu filho sobre perdão, se eu mesma  não me abrisse para isso?

Não sou perfeita... nem aceito que vejam em mim uma perfeição que não existe. Mas, reconheço meu esforço diário Digo e faço todos os dias: "o erro já foi. Agora, aqui e agora, o que posso fazer para transformar e não repetir os mesmo erro?". Claro que culpei muita gente, culpo até hoje... Mas, a cada "hoje", me repito que a pessoa como é. A cada "hoje", a raiva e a condenação diminuem. Mas, gente, perdoar não quer dizer fingir que não existiu e muito menos amnésia; fora que não vai fazer a pessoa mudar... Mas, faz com que eu não adoeça desse mal. É uma questão de inteligência e reconhecimento das minhas limitações humanas entender que o que eu não preciso é me submeter aos ataques. Escolho! Escolho seguir o meu caminho, que, nesses casos, não é o mesmos dessas pessoas, sendo assim, esses caminhos não se cruzam. Simples. Sem melindre. Sem mágoa. Sem raiva. Apenas com consciência e compreensão dos fatos.

Hoje, domingo de Páscoa, até para os que não acreditam em Cristo - não estou aqui para convencer ninguém... tem tanto "cristão" praticando o mal e tantos que não acreditam que fazem o bem... - sabem que a Páscoa já existia antes do nascimento de Jesus, como época de renovação e prosperidade - daí os símbolos do coelho e do ovo. Ganhou esse destaque por ter sido no período da morte e ressurreição Dele, como mensagem, simbologia de que o perdão é parte do amor; só amando somos capazes de perdoar! Só nos amando, saberemos amar o outro, SEM ESPERAR O MESMO AMOR EM TROCA! Nós, mães, podemos dar todo amor ao nosso filho, mas não temos o direito de exigir esse amor em troca... o amor não faz barganha. Sendo livre ele vai e volta, flui. Por isso que o amor liberta e é libertador! Liberta-nos até da dor!

 Eis a música que meu filhote pede para compartilhar. Mesmo não sendo de religião alguma, temos fé em Deus, como Ser, criador de tudo, de todo o Universo, de toda vida! Seguimos a prática do bem, através do reconhecimento de que não somos perfeitos e sempre vamos tendenciar a achar que bem é como queremos... ou seja, ainda temos muito para aprender. Por isso que temos o presente que é o HOJE, o AQUI, o AGORA! Só no presente podemos RECOMEÇAR! RENOVAR! TRANSFORMAR - ou começar a transformação!

Uma páscoa de renovação, de coisas boas, de boas mudanças em nossas vidas! Que plantemos a boa semente, assim como Jesus. Os caminhos estão abertos para o amor! Deixa essa semente germinar e brotar com força e beleza!

Assim seja!

Pat Lins.


terça-feira, 8 de abril de 2014

DICA DE FILME - KIRIKU E A FEITICEIRA


 


"Kiriku e a Feiticeira" é um filme muito lindo! Ele é baseado em lendas africanas, mas podemos dizer que é um conto de fadas na África.

Fala de tanta coisa, através de um pequeno menino que já nasce falando e determinado em ajudar e libertar sua vila do mal, que é impossível listar aqui tudo o que aborda. Fora a questão da simbologia que é muito subjetiva.

Enfim, um filme que vale muito a pena ser visto, sentido e sorvido, como quem bebe um delicioso chá.

De pequeno nos fazemos grandes. Por isso posto aqui, para nós, mamães. A presença da mão de Kiriku é muito forte. Uma figura que estimula o filho a seguir em frente. Por mais forte que ele seja, sabe que conta com o apoio dela. Como o amor pode salvar nossos pequenos e permitir que sejam quem são; respeitando seu espaço e dando limite com amor! 

A maior lição que eu, Patricia, captei foi de como o amor liberta. Para o pequeno, o mais importante é entender o motivo de tanta maldade, não só na feiticeira, mas nas pessoas que estão ao seu redor... ele ajuda tanto e salva a vida de tanta gente... mas as pessoas são ingratas e continuam a cometer os mesmos erros. Como transformar algo, se fazemos tudo igual? Kiriku não quer ser um homem omo os outros. Ele não quer escravizar, ele sente o desejo de libertar, com uma única condição: com amor e pureza! Sem julgamento ou condenação. Sem desejo de morte ou destruição. Apenas fazendo o que precisa ser feito, como deve ser feito: enfrentando os medos, os desafios, descansando e seguindo o tempo de ser de cada coisa. Nossa, tem muita lição no filme. A gente se identifica de cara, com cada personagem. Muito lindo! Fora que trabalha a diversidade cultural. Independente da cultura, ser humano é ser humano e todos precisamos assumir a responsabilidade em cada ação. 

Eis um link para quem quiser ver pelo youtube:




E vamos subindo cada degrau! De "por quê?" em "por quê?" a gente pode chegar até o surgimento do mundo... 

Algumas frases que me encantaram:

"As vezes me canso de lutar sozinho! Sou muito pequeno e me sinto assustado..."

"Precisamos ser gratos quando pequenos, porque só sendo pequeno dá para passar por onde você passou. E devemos ser gratos quando crescidos..."

"- ... me dá um amuleto para me proteger da feiticeira?

- Não! A feiticeira conhece todos os truques e amuletos. Um coração puro e inocente e inteligência livre e alerta são suas maiores proteções!"

Frases - adaptadas pelo que lembrei... - do filme "Kiriku e a feiticeira".

Assim é a vida que criamos: com ilusões, medos, dores... tanta culpa, que a maldade cresce sem uma razão aparente... mas com todo espaço propício. O mal é apenas um bem maltratado e muito traumatizado, com dores tão profundas que melhor ficar comodado à ela do que ter que sentir a dor de curar... Daí, vira uma bola de neve gigante. Mas, com amor e determinação, a cura pode chegar. Se a gente não alcança ou não tem força para retirar aquele espinho envenenado no meio das nossas costas, podemos aceitar receber ajuda e cuidado. Podemos nos deixar curar. E tem gente com mais dor do que mãe? Culpa - "Por que não consigo ajudar meu filho?"; medo - "e se meu filho não for um grande engenheiro?" ou "O que será do futuro do meu filho, se eu não mostrar o melhor caminho para ele?"; cobrança - "Tem que fazer assim! É assim que todo mundo faz!"; vaidade - "será que as pessoas vão saber que sou uma boa mãe?"... e por aí vai. Isso tudo vai entrando e enraizando em nossas mentes. 

Emoções mal ou nunca trabalhadas pode desencadear essa gama de maldade que vivemos e continuamos a seguir por aí. Isso tudo cria as mentes cruéis e esse estresse todo que vivemos atualmente. É tanto medo de não dar conta de tudo novo que descobrem a cada dia que qualquer um pira... Urge a necessidade de começarmos a fazer diferente. Não temos que ter medo do mundo que nossos filhos irão viver. Precisamos mostrar para eles que tem o que está e que dentro de nós a paz pode imperar. Se cada mundo individual encontrar a paz interior, será um mundo a mais para ajudar a paz no mundo, na Terra. 

A Mãe Terra pede apenas que sejamos bons filhos, não grandes destruidores alegando construção.

Espero que assistam e gostem. Preconceito é apenas uma barreira... e um terreno fértil para a destruição.

Saudações maternais, para todas as tribos - cada parte que compõe o todo Terra,

Pat Lins.


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