domingo, 16 de fevereiro de 2014

É PRECISO DAR TEMPO E ESPAÇO PARA AS CRIANÇAS SE EXPRESSAREM


Como sempre, Peu me ensina algo novo e me faz AMPLIAR as perspectivas. 

Pois é, assistindo "Ponyo - uma amizade que veio do mar" - uma animação infantil que traz uma belíssima mensagem, que não vou começar a falar, senão conto tudo... - pude perceber que, como qualquer mãe, tendencio a fechar, em vez de abrir o foco. Numa determinada cena, Ponyo - um peixinho dourado com cara de gente - decide realizar seu sonho de conhecer o mundo humano. Lá, avista um menininho e se encanta. No trajeto, um barco puxando uma rede sai arrastando tudo o que tem no fundo do mar - inclusive, muita sujeira - e a pequena Ponyo é arrastada, junto. Em meio ao lixo, fica com seu rostinho preso num pote de vidro, num retrato das consequências da poluição que fazemos no mundo vizinho e nunca nos sentimos responsáveis... Nesse momento, ela fica se debatendo e com a cara enorme. Eu só vi o se debater e a morte iminente. Peu, começou a rir. E eu, assustada, comento:

- Filho, ela pode morrer!

Ele, aprendendo a controlar seus excesso e a se expressar em palavras com mais propriedade e clareza, me diz num tom "natural":

- Eu sei, mãe. Eu não estou rindo por ela estar presa, não. É só um desenho e já, já ela sai daí. Eu estou rindo da cara grande e engraçada que ficou. - parou um pouco, como quem reflete e considera o que a MÃE fala e ensina e me perguntou: - Isso é errado, mãe?

Ele queria saber... de tanto aprontar e viver ouvindo reclamação, se viu como algoz, novamente, justamente num momento onde se esforça muito para melhorar sua percepção e suas ações. Vi e percebi o que se processava em sua mente ávida e continuei:

- Claro que está certo, filho! A carinha dela ficou muito engraçada mesmo!

Rimos juntos!

Me veio um pensamento "epifânico": A GENTE JULGA NEGATIVAMENTE E MUITO AS REAÇÕES DAS CRIANÇAS, SEM LHES DAR ESPAÇO E TEMPO PARA EXPLICAÇÕES.

É assim que surgem os estigmas: mantendo a postura fechada e a arrogância "empáfica" - redundância enfática - de que somos "sabedores inquestionáveis"! Somos mestres de quê, minha gente? Somos tão aprendizes quanto nossos filhos. A diferença é que somos mais andados - para não dizer: rodados... - e responsáveis por passar o que já aprendemos. Só não passamos que APRENDIZADO É ALGO QUE SE APRENDE PARA SEMPRE!


Vi que a maioria de nós se apega tanto à vaidade, ao estigma surreal e desumano de que devemos ser perfeitas e infalíveis e que os nossos filhos devem ser a representação clara disso, diante do julgamento alheio, que basta escutar uma coisa "estranha", nos deixamos tendenciar pelo negativo... Mais vale esclarecer do que julgar. Vi Pedro retroceder e ficar com marcas muito fortes e pesadas, que o aprisionaram num mundo dele e de maneira agressiva, por conta de profissionais incompetentes que apenas o julgaram e nunca o enxergaram ou escutaram verdadeiramente... Isso me fez abrir os olhos para o "mais além, bem aqui!". Me fez deixar e dar o espaço e tempo para ele se expressar e se explicar. Tem ajudado. Contei/o, como gosto de deixar muito claro, com apoio de muita gente, para desfazer esse malfeito instalado no pequeno. Por isso que percebo, cada vez mais, a falta de ambientes acolhedores, com mais aceitação e, com isso, espaço para expressão. É assim que se esclarece... o julgamento só aprisiona a uma imagem não real.

Inclusive, no filme, o pai de Ponyo também - com a boa intensão de protegê-la -, passa seus medos como maneira de prisão. Mas, a pequena, escuta sua voz interna e corre em busca de concretizar os seus objetivos... Como toda criança, não tem noção dimensional das consequências das suas ações. Com isso, ela desperta uma força muito grande e poderosa, capaz de destruir o planeta por conta do desequilíbrio natural. Ela quer ser humana. E se joga para isso. Não percebe o quanto destrói ao seu redor, nem como a força do seu mundinho puro e infantil é tão poderosa. Ela apenas se foca no que quer e vai, sem olhar para os lados. Com a ajuda da mãe dela, a qual ela se refere como alguém que é "Adooorrrrooo muito! Mas, às vezes, ela me assusta..." é que se faz a compreensão. Para se restabelecer o equilíbrio, as escolhas - e suas renúncias - devem ser feitas. Apenas o amor verdadeiro e a aceitação do outro como é, pode restabelecê-lo. Outro ponto interessante é quando a mãe de Sosuke - o menininho humano -, diante do estranho que passa à sua frente, o julga, e diz, hipocritamente ao filho: "Sosuke, não devemos julgar pela aparência...". Só assistindo - com o julgamento desligado, apenas se deixando levar pela "ludicidade" - para compreender! Aborda o tsunami e as consequências da nossa "civilização", onde destruimos a natureza e ela se revolta, de maneira muito "natural", apenas exigindo seu espaço. O erro está nas construções desenfreadas e nesse progresso desordenado do uso do solo - além dos aterramentos e afins. Traz a importância da criança como salvadores desse planeta, se conseguirmos passar bons valores para eles. Sosuke aprende muito convivendo com os mais velhos e vice versa. Muito interessante o filme!

A criança tem a emoção como condutor e uma energia novinha e bem ativa para viver. Tudo fresquinho. Nós, adultos, é que desaprendemos com o tempo e alegamos nos tornar mais racionais... Bobagem, a razão existe para equilibrar a emoção, não
para dominá-la. A criança ainda está compondo seu repertório, através de tudo o que vê e vivencia, de tudo o que experimenta. É isso que as impulsiona e abre espaço para o novo. É a força do começar e não temer. Com isso, desenvolvem um bom senso, se o ambiente for limpo, claro, respeitoso e HONESTO. Não sei para onde vamos depois que crescemos, só sei que esquecemos de tudo isso...

Pois é, eu me assumo aprendiz e mestre, ao mesmo tempo!



É PRECISO DAR TEMPO E ESPAÇO PARA AS CRIANÇAS SE EXPRESSAREM. SÓ ASSIM, PODEM NOS OUVIR E, SÓ ASSIM, PODEMOS ORIENTÁ-LAS... QUANDO SABEMOS PARA ONDE QUEREM IR!

Saudações maternais,

Pat Lins.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails