domingo, 12 de fevereiro de 2012

O QUE CHAMAMOS DE EDUCAÇÃO EDUCA, MESMO?


O que entendemos por “educação” é, realmente, educativo?

Sabemos o real significado da palavra EDUCAÇÃO? Existe apenas um significado? Como saber se estamos sabendo educar nossos filhos? É possível saber tudo isso? O que cabe a nós, enquanto mães, pais, avós, avôs, tias, tios e etc, fazer para dar uma “boa educação”? Existe uma educação completa, perfeita?

Quantas e quantas de nós, mães, repetimos essas e outras inúmeras perguntas? E quantas de nós conseguem responder TODAS?

Todas, todas, impossível responder, mas, manter-se aberta durante o caminho do aprendizado e ensinamento pode ajudar a compreendermos que trata-se de um processo constante e para a vida inteira. Ajudou? Eu sei, piorou! Confundi mais do que expliquei.

Venho me questionando, há tempos, muito antes de Pedrinho nascer, sobre o que a maioria das pessoas entende pela ARTE DE EDUCAR. Sim, uma arte. Como toda arte, requer um artista para trazer para fora o que já está dentro. Ou seja, dentro de cada um de nós – incluindo nossos filhos – existe tudo o que procuramos. Existe também o labirinto que nos perdemos. Nossos sentidos nos limitam ao que vemos de concreto. O que não conseguimos ver, não deixa de estar lá, esperando.

Vou tentar ser mais direta ao tema com relação a educação “mãe/pai/adulto responsável – filho/responsabilidade”.

Tem muita gente que acredita ser/dar uma boa educação como unicamente, educação alimentar. Outras, focam em colocar a criança em diversas atividades, para ocupar o tempo de maneira produtiva e “educativa”. Há quem afirme que uma boa educação tem como base desenvolver as habilidades matemáticas. Ou, colocar na escola mais cara. Ah, tem a escola mais famosa. Ou, onde por tradição, toda a família estudou. Será que é a ideal para o perfil da criança? Alguém observa A criança? Outros,  crêem que o filho deve falar diversos idiomas, para viver melhor e ter mais oportunidades num mundo globalizado. Engraçado falar em globalização... Outro dia era um tema de debates infindáveis. Hoje, nossa realidade: a quebra de fronteiras. A educação virtual também deveria ser levada em consideração, porque essa geraçãozinha parece que nasce com um chip de última geração e com configurações muito avançadas. Eles nos trazem a impressão de que nascem prontos. Será? Então, volto a perguntar: o que é uma boa educação? Misturar tudo? Sobrecarregar as crianças desde cedo? Sim, o que vem a ser algo ainda mais importante do que a “educação” em si – a base para uma boa educação? Aha! Peguei, não foi? Eu sou pega por esse questionamento todos os dias. Se é que isso serve de consolo para alguém...

Quando estava na terapia, minha psi, me disse certa vez: “Como você quer dar uma educação perfeita para seu filho? Toda mãe dá o que tem condições de dar. Eu já disse aos meus filhos: ‘O que eu dou a vocês é o que eu acredito ser o melhor para vocês. Quando crescerem, vocês farão a avaliação de vocês e o que não couber, jogue no lixo!”. Bom, eu fiz um resumo grotesco e com minhas palavras, mas, era mais ou menos isso. O que ela me disse, na verdade, é que não existe fórmula certa. Talvez não haja UMA resposta para essas perguntas. Cada pessoa tem sua maneira, sua composição, vamos chamar assim, de vida. O que vem a ser essa composição: ambiente social, familiar, econômico, religioso, filosófico, cultural – no sentido de arte, porque, a meu ver, cultura é a própria composição, no sentido de estilo de vida - , tecnológico... Cada um de nós é um ser diferente. O que nos iguala, internamente, é justamente a condição humana da imperfeição e do aprendizado diário. Outras coisinhas externas entram nessa composição e acabam induzindo-nos a sermos um pouco – ou muito – diferentes do que realmente clama a nossa natureza. Quando se trata de uma boa formação de caráter, tudo bem, controla temperamentos mais agressivos, arredios. E o contrário? Essa é outro questionamento que faço: educação formal, acadêmica, escolar é para ensinar como passar no vestibular ou desenvolver as múltilplas inteligências do ser humano?

Educar está muito mais diretamente relacionado com nossas expectativas do que com o real e necessário. Tudo bem que sejamos imperfeitos. Mas, isso deve ser desculpa para nos mantermos paradões? Quantos pais/mães usam de argumento: “meu filho é tão espero que não precisa de ninguém ensinando o que fazer”. Sim, e limite? Ser esperto é, por acaso, capacidade de se cuidar sozinho? E o papel da família? E, o que é ser esperto? Falar coisas que a gente se espanta e nos surpreende? As crianças não nascem prontas. Também não nascem vazias. Elas nascem CRIANÇAS. Educar é dizer NÃO para tudo? É ser liberal e dizer SIM para tudo? O que é limite? Como saber diferenciar de limitação? Até onde permitir a curiosidade da criança e a partir de onde dar um freio? O que é teimosia e quando ela é prejudicial? Como desenvolver esse bom senso, afastando o egoísmo que todo adulto desenvolve, porque, afinal, fomos “educados” assim. Somos educadores ou manipuladores? Como identificar essas diferenças? Quando começamos a nos questionar, assim penso eu, trata-se de um bom sinal. Significa que o bom senso quer ser despertado.

Para começar, eu não sou a mãe perfeita, nem dou a educação perfeita em todos os setores para o meu filho. Não, isso não se trata de incompetência. Trata-se de limitação pessoal. Lembrem-se, toda mãe, todo pai, todo mundo, é gente, antes de tudo e mais nada. Como dar aquilo que não tem? É preciso desenvolver, concorda? Foi assim que comecei a questionar  e pensar no sentido de educação para meu filho, começando a me reeducar. Não, mãe, você não falhou! (risos) Reeducar o meu SER. Definir, e viver, quais são os meus valores? Os valores são atemporais. Não me refiro a valor pessoal, mas, a valor moral, mesmo, aqueles que a gente esquece e só lembra quando lê um bom livro ou vê um personagem num filme, numa novela... Eu acredito ser loucura começar a exigir das crianças uma característica de adulto, só para afirmar que essa criança é inteligente. Já começamos a dizer que criança não é inteligente, é isso? O que entendemos por inteligência também é limitado. Chamamos inteligência a capacidade intelectual, não a sabedoria; não a capacidade de colocar em prática, na vida, aquilo que aprendemos. Aprendemos muito. Somos bombardeados por tanta informação. Apreendemos tão pouco. Tão pouco filtramos. Tão pouco vamos à fonte averiguar a veracidade daquela informação. E é isso que queremos repassar para os nossos filhos? Esse comodismo egóico, pequeno, inexpressivo e desprovido da capacidade de questionar? É por isso que tememos tanto os “por quês?” dos pequenos? É por isso que temos e nos sentimos numa obrigação infundada de podar a curiosidade e os questionamentos dos “iniciantes”, também conhecidos como “crianças”? Frustramos as crianças para que cresçam como nós: expectadores  de uma vida que passa com crianças amorfas e esquecidas dentro de nós. Alimentamos nossas expectativas de que eles acertarão onde erramos. E, em prol dessa nossa carência, frustramos suas ações. Poderíamos estabelecer uma parceria muito bacana com nossos filhos, deixando bem claro quem é o grande e quem é o pequeno, só que sem humilhação, manipulação ou qualquer “ão” que nos leve de volta a mesma direção que já estamos. Nessa parceria, podemos observar e conhecer nossos filhos. Escutar. Ver. Sentir com eles. Não podemos ser eles, nem eles devem ser como nós. Esse é o maior exercício de respeito ao próximo que pode existir.

Daí, precisamos nos conhecer. Conhecer nossos limites. Superá-los. Só limpos, ou em processo honesto de limpeza, essa parceria pode dar certo. Isso, também, não é fórmula certa. Vamos cometer erros aqui, ali e acolá. Heeeellllloooo! Continuamos humanos. Nossa jornada continua, agregada a uma jornada que se inicia com nossos filhos. Assim, posso fazer como minha ex-psi: “meu filho, quando crescer, o que achar que não cabe, jogue fora!” E seja, seja uma pessoa honrada, ética e com conduta moral. Assim, você será bem sucedido onde for. Porque, ser bem sucedido, não se limita ao valor material que alimentamos em nós e já fincamos na base dos nossos pequenos. A gente já cria nossos filhos para serem “vencedores”, desde que o prêmio seja uma fortuna em dinheiro, bens... Isso pode ser uma boa conseqüência, mas, não a base. Eu penso que a base é uma boa formação de caráter. Isso é nadar contra a correnteza, sim. Mas, se toda mãe quer o melhor para seu filho, bom começar a fazer esse esforço. Senão, ele será mais um como todo mundo. Ele tem que ser o melhor que há dentro dele. Respeitar o espaço alheio, sem deixar que invadam o seu. Ser, em primeiro lugar, para depois, ter.

É assim que penso. E comecei a por em prática. Comprava tudo para meu filho, porque carregava uma culpa por ter ficado desempregada por tanto tempo e com tanta dificuldade financeira que, depois que voltei a trabalhar, precisava compensar. Me freei: “Êpa! Peraí! Não é nisso que acredito...”. Ele já está no “vício” do “mãe, eu quero!”, “mãe, você compra?” , “mãe, se eu me comportar, você me dá...?” E quem ensinou isso a ele? A mamãe aqui. Por conta das minhas frustrações. Detectado o problema, vamos à solução: xô, culpa! E, aí, me ocorreu outra coisa: o que vem as ser “se comportar bem”? Etiqueta? Desde que ele não bata, agrida, falte com respeito, machuque de alguma maneira alguém ou descumpra um combinado, ele estará se comportando bem. É isso? Ainda não defini isso muito bem, em mim, não... Mas, estou elaborando.

Muitas vezes, penso que exigimos demais das crianças uma característica que não cabe à fase que elas estão. Afinal, criança tem que correr, brincar e viver a realidade lúdica dela. Isso é infância saudável. Com limite, sem limitações. A gente tem mania de podar, em vez de saber o que estimular, o que ser parceiro para desenvolver. Custei a entender isso. Só quando comecei a aceitar essa hipótese, pude ver meu filho e entrar no mundo dele, falando a linguagem dele. Para acessar Peu, como qualquer criança dessa geração, uma boa e honesta historinha contribui, toca e os faz entender e assimilar verdades. Em vez de: “isso não”, “você conhece a história do menino que desobedeceu e virou um sapo?...”. Me vi uma contadora de contos infantis. Como ele mesmo diz: “quando não souber ou existir uma história, você inventa que eu gosto”. E fazemos isso toda noite. Uma história criteriosamente escolhida e outra criteriosamente inventada – risos. Assim, vou vendo os resultados em suas atitudes e em seus diálogos com os “filhos” dele – os bons e velhos amigos de toda criança: os brinquedos. Ali ele reproduz o que acha ser certo. Ali, vejo o que ele captou, como ele captou e o que ele acha da maneira que a mamãe “educa” ele. Aliado a isso, procurei uma escola que tem mais a ver com o perfil dele. Coloquei ele numa atividade física. Temos muito a fazer. Ainda erro muito em muitas coisas, mas, tudo tem que ter um começo. O medo de errar pode ser um entrave para a gente, mas, quando olho e vejo que toda criança é aberta e destemida, me jogo e começo do zero. Quer ver um exemplo? Quantas de nós fica à vontade vendo o filho se esfregar no chão? O quê nos consome? Vai sujar a roupa. Por isso, uma marca de sabão em pó se fez, porque ele afirma que criança é para se sujar, a limpeza é com ele. A professora de Pedrinho, ano passado, me disse uma coisa que via de outra maneira. Ele gostava de misturar as tintas para ver no que ia dar. Para mim, era teimosia - o que não deixa de ser, afinal, toda expressão de criatividade requer uma gota de teimosia para alimentar a persistência. Desde que haja um equilíbrio. - e falta de interesse, dele. Ela começou a combinar: "eu deixo você misturar se você cumprir com nosso combinado e fizer...". Ela conseguia contornar a situação e ele cumpria. Do jeito dele e na velocidade da luz, para poder fazer o que queria. Mas, ela estava no comando e determinou algo e ele precisava cumprir, sem deixar de permitir que ele expressasse sua curiosidade científica - risos - de ver o resultado de suas misturas. Comecei a observar muito o como agir com ele assim. Nada impede de, em alguns momentos, eu esquecer disso e me tornar uma mãe autoritária.

Eu penso que faz muito bem firmarmos uma boa parceria e respeitar a fase da criança, vendo-a como criança, desde que cada papel seja muito bem determinado – e não é só da boca para fora, mas, nas ações, no controle e no “o que controlar”. Podemos ser grandes parceiros dos nossos filhos, sem deixar de ser pai, mãe e/ou responsável. Juntos é muito mais gostoso aprender e ensinar - ou tudo ao mesmo tempo! Se é fácil? Nem um pouco. Possível? Com bastante esforço, é sim! A liberdade não quer dizer fazer tudo o que quer, mas, saber o que quer fazer e fazer!

Saudações maternais,

Pat Lins.

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