sábado, 11 de agosto de 2012

LIMITES

Ultimamente, venho refletindo sobre essa questão de outra ótica: LIMITES - NÃO BASTA DAR, TEM QUE RECEBER.

É muito fácil e lugar comum escutarmos críticas a pais e mães pela falta de limite, baseando-se, apenas, na maneira como o filho age - ou reage. Concordo plenamente e reconheço como de suma importância o estabelecimento dos limites, principalmente os de ordem natural, através dos exemplos e da rotina. E lidar com meu filho tem me ensinado que a rigidez não é limite natural... É difícil, cansativo e desgastante, mas, lidar com a criança observando como ela é para tentar estabelecer esse limite é muito mais importante. Ver em si o que está desconexo com o que passa ao filho, é muito importante. Ver quem e como é o seu filho, é importante, porque saber lidar tem que assumir e ver quem é, de verdade. 

O que vem me chamando a atenção é que, em meu caso, mesmo que tenha mudado de estratégias e esteja alcançando mais meu filho, ele ainda "tesa". A sensação que eu tenho é que ele quer testar a veracidade do que façamos ou passamos para ele. Pedro é um menino de ouro, mas, por ser agitado e não parar quieto, só fazer o que quer e se irritar quando contrariado, os juízes da vida alheia fazem dois julgamentos: é hiperativo ou não tem limites. Faz pouco mais de 1 ano que levo meu filho a uma psicóloga maravilhosa - Suely Lõbo - e ele já apresentou boas melhoras. Mas, a mudança é gradativa e, como sempre coloco aqui, a longo prazo. Entretanto, as pessoas ao nosso redor sentem necessidade de dar um nome ao comportamento acelerado de Peu - um dos pontos da melhora é que ele já tem parado mais, escutado mais, entendido mais... - e sempre me perguntam: "ele não é hiperativo, não?". Volta e meia coloco aqui algo sobre "hiperatividade" e "hiper atividade". Será que as pessoas sabem do que se trata a patologia "hiperatividade"? Pois é, fora a questão de não parar e da dificuldade de focar em algo, Pedro interage muito bem com a realidade e tem plena consciência do que está fazendo... Quando o levei a neuro e ela me disse que ele não tinha a patologia, mas, que se eu quisesse ela me dava um remédio, porque as mães de hoje em dia não aguentam o "trampo" dos meninos da atualidade, eu entendi que ele é diferente, sem ser doente. Ou seja, um desafio a todos que o cercam.

Ele tem uma inteligência elevada, uma capacidade de observar e constatar o que acontece ao seu redor e só falta ler a alma das pessoas. Ele incomoda alguns, porque mexe fundo, mesmo. Ele questiona tudo. Para ele nunca bastou um "por quê?", ele sempre vinha com um "e se...?". Estabelecer o limite nele requer muito jogo de cintura. Ele, simplesmente, se coloca acima de tudo. É necessário ter uma conversa firme e franca com ele, sempre mostrando autoridade. O que já observei nessa jornada - e olha que já mudei muito as minhas estratégias - está na ansiedade dele para resolver as coisas e uma relação com o tempo ansiosa e de pressa, como se não tivesse tempo a perder e fosse necessário explorar tudo ao mesmo tempo. Para estabelecer esse vínculo requer de mim uma postura firme, coerente e sincera. Quando ele sente cheiro de mentira ou enrolação, ele logo questiona: "Isso é verdade, mesmo ou você está mentindo para me enrolar?". Quem disse que é fácil lidar com menino super inteligente? E, imagina essa inteligência num corpinho de criança? Como dar vazão? Esse desafio diário eu enfrento com muito amor e desenvolvendo uma coisa que nem sabia ser capaz de desenvolver: a paciência. Isso não me impede de cansar, de perder a paciência que conquisto com muito esforço, mas, desistir é algo que não faz parte da minha natureza materna. Eu mantenho a minha postura.

Por isso, por verem que hoje eu converso mais com ele, grito menos, tenho atitudes mais flexíveis - o oposto de como agia antes, com ele - sugerem que eu estou dando pouco limite. Bom, paciência! Com essa nova estratégia sincera e de coração, tem sido menos desgastante para mim, para ele e para as pessoas ao redor. Basta ter firmeza, franqueza e coerência. Bom, se ele vai aceitar é outro departamento... Ele nunca facilitou nas intervenções mais rigorosas e era mais cansativo. Vi que era estupidez minha: em vez de ver como ele é e falar numa linguagem mais próxima dele, impunha minha autoridade. Fosse do jeito que fosse, eu sempre estive "em cima". Então, como não dou limite ao meu filho? Isso me faz questionar: será que alguém sabe exatamente o que vem a ser "limite ideal"? Quem me ensinou uma coisa bacana foi minha amiga, Noemia, que me disse: "o melhor limite é o exemplo diário". E a psi dele - Suely - me ensinou sobre a importância da rotina. Instintiva ou intuitivamente, eu já fazia isso. A rotina foi algo que me ajudou muito quando eu tive a DPP - Depressão Pós Parto. Eu descobri, na minha prática diária de oscilações de humor, que, quanto menos eu tinha que "criar", menos eu tinha que "pensar em como e o quê fazer", menos eu me estressava", era meio que uma programação: apenas fazer. Assim: hora para tudo e deixar tudo arrumado de maneira prática, sem alterações. Eu sempre fui metódica em minhas arrumações - é da minha natureza - e com a DPP, eu não conseguia dar conta nem do básico, como fazer as necessidades fisiológicas - eu só ia ao sanitário por instinto... eu segurava até não aguentar mais, porque, eu pensava: "para quê ir ao banheiro?". Interessante é que não conseguia "fazer nas calças", eu ia. Enfim, estabelecer uma rotina diária com hora para tudo me ajudava a não ter mudança. Por isso que era importante para mim, ficar em lugares mais calmos e que me dispersasse pouco. Quando vi que Peu era muito agitado e isso é algo difícil de lidar - ainda mais com algumas pessoas que além de não ajudar, ainda atrapalhavam... com cobranças e julgamentos vazios, do tipo "macaco não olha para o rabo" - eu utilizei a mesma técnica. Isso estava ajudando, muito, mesmo assim, não era o suficiente. Trata-se de um complexo muito maior. Na escola ele não mudou, ainda, esse padrão de comportamento. O que me dá segurança de que é uma questão de tempo e ajuste, é que eu conheço meu filho desde que nasceu e vejo a melhora em seu comportamento com isso que eu chamo de "limite" e com a ajuda da psi dele. Mesmo assim, ele reluta em aceitar as intervenções desses limites - ainda que entenda que é importante... é como se ele não fosse tocado a fundo por esse limite. Cruzar os braços? Inventar doença para justificar sua atitude fora de padrão? Eu tenho que ver quem e como é aquele ser e agir. É o que faço. É o que fazemos, porque eu não estou sozinha nessa empreitada. Eu vejo crianças com comportamentos comprometedores para sua saúde emocional e mental, mas, por não serem agitadas, os pais deixam lá, no canto, quietos e fazem tudo o que a criança quer porque "não dá trabalho". Isso é limite? Se poupar do trabalho e fazer o que o filho quer só para o menino ficar quieto? Essa mania de acharmos que criança quieta é normal é perigosa... Criança saudável é a que entende mais e age de maneira mais sociável, sabendo respeitar as "normas" da boa convivência e tendo espaço na realidade para lidarem com frustrações, perdas e tudo o mais, sem magoar, machucar ou manipular.

O ideal, para mim, é romper com os tabus. Ficar com medo de ser julgado e sair por aí julgando é que não resolve nada. Vejo pais e mães perdidos por aí por puro orgulho e vaidade. Francamente! Eu me esforço e me rebolo para dar uma boa base de formação moral e de bom caráter para meu filho. Mas, tudo tem um "limite" e minha zona de alcance também tem: eu posso estabelecer esse limite, cabe a ele aceitar. As pessoas confundem imposição e medo com estabelecimento de limite e respeito... e não é bem assim. Muitos meninos e muitos adultos podem terem sido quietos, mas, quantos têm uma boa base? Vejo por aí meninos mimados, com valores deturpados, mas, que se comportam em sala de aula e fingem "obedecer" aos pais, sem a menor compreensão e entendimento do que deve fazer... o que queremos para os nossos filhos? O quanto estamos dispostos a investir em nós mesmos, em nossa mudança para conseguir passar algo firme e construtivo para eles? Impor limite é o mesmo que estabelecer? 

Gente, educar um filho tem seus/nossos limites, também. Nós também somos imperfeitas, como agir com magnitude e perfeição? Como educar um filho e torná-lo perfeito? Já pensou se eu finjo não ver os momentos de agressividade de Peu? Como poderia ajudá-lo a lidar com essa fúria ao ser contrariado? Miopia, cegueira e julgamento/condenação da vida alheia não ajuda em nada... O foco deve ser na solução, na colocação em prática do que deve ser feito. E estabelecer um código honesto e franco do que está sendo feito. Meu filho não é um santo, mas, também não é o demônio... e essa mania do povo de colocar ou de um lado ou do outro é um grande problema. Ele, como todo ser humano, tem seus lados de sombra e luz. É um poço de agitação, mas, por outro lado, é afetuoso, carinhosos e cuidadoso. Já pensou se só visse o lado bom, dele? Ou, se só visse o lado ruim? O que de bom se pode fazer vendo apenas um lado?

É essa a minha questão, me esforço, mesmo errando muito, ainda e ainda errarei e acertarei muito, mas, me mantenho na prática de uma maternidade mais consciente, sem muito espaço para ilusão, devaneio ou fuga da realidade. É ver e agir! E tudo isso com muito amor! E muita firmeza de caráter! As melhores regras a serem assimiladas são as que fazem sentido! Desenvolver a relação de consciência e cumprimento do dever é mais importante do que apontar o dedo a todo instante. Mesmo assim, em alguns momentos é preciso entender que a imposição se faz necessária. É uma questão de foco: se sabe o que é para ser feito, faça-se! E observar o tempo de cada maneira de agir e o que se vai colocar. É um processo de movimento interno e externo o tempo inteiro. É um processo de revisão dos nossos valores pessoais, respeito, compreensão e pensamento rápido. Requer saber dialogar. Nem todo mundo tem essa capacidade desenvolvida. Muitos de nós, pais e mães, só quer falar...

Saudações maternais,

Pat Lins.

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