segunda-feira, 15 de março de 2010

XÔ CULPA


Uma forte tendência das mães - e porque não, pais e, quem sabe, família em geral... risos - é carregar uma culpa danada, por não dar conta de tanta demanda.


Falo não só por mim - e nem digo que são todas as mães - fora as que não identificam que estão sofrendo de "culpa"... - falo do que observo e concluo... como é a proposta deste blog, nada aqui é verdade universal... Estamos trocando idéias.


O que me fez escrever este post? Escutar algo do tipo: "hoje em dia os filhos são assim porque não têm limite" - mas, será????? Não vou entrar nessa questão de limite agora, para não embaralhar, mas, a culpa pode se manifestar através de, talvez, não termos serenidade para percebermos que nosso filho pede um freio - mesmo que continue insistindo... ele insiste de lá e eu preciso insistir me mantendo firme de cá... não se trata de uma luta, mas, de um embate entre seres pensantes. Afinal, essa geração vem muito confiante. Coisa que, na geração anterior não existia... Nesse caso, a culpa vem da sensação de fracasso diante da geração anterior... Será que a geração anterior foi tão bem sucedida? Por que, então, desejamos ser e fazer diferente?...


Já escutei comentários que "antigamente era mais fácil" e isso faz com que muitas mães se sintam "culpadas" por não "controlarem" seus filhos como as mães de "antigamente". Dá medo mesmo, eu sei. Assusta encarar a mudança. Ainda mais quando os pais e mães da mudança somos cada um de nós. Mas, cá entre nós, é muito cômodo querer que tudo fique igual se mexemos em tanta coisa. Hoje está difícil, está esse "auê" todo, porque ainda não encontramos o caminho do meio, o da harmonia. Mas, gente, faz parte do processo. Sejamos mais otimistas no sentido de fazermos nossa parte. Cada pequena mudança em cada um de nós, cada auto-avaliação nos fará um pouco mais conhecidos de nós mesmos e,com isso, nossos filhos enxergarão a famosa coerência entre o que falamos e fazemos. Ou, daremos continuidade ao "faça o que eu digo, mas, não faça o que eu faço..."


Temos o poder de escolher como queremos educar nossos filhos, mas, tenha certeza, eles só vão acatar e levar como valor em sua própria vida o que for contundente.


Eu não sou a mãe mais equilibrada... me estresso muito com meu filho, justamente por,também, não ter encontrado o caminho do meio e ele fazer parte dessa geração pensante desde a barriga - risos. Também, não quero dar a educação que recebi, que considero boa, mas, me aprisionou e limitou muito. Taí, tive limite,tanto limite que acabei podada... Meus pais são excelentes e fizeram o seu melhor, mas, gente, todo pai e mãe erra. Não tem esse! Compreender isso me faz sentir menos culpa por não ter o "controle" do meu filho como minha mãe tinha da gente - eu e meus irmãos. Fora que a gente não pode querer que tudo seja igual em fase de tanta mudança.


Muita gente fala da internet como "responsável" por toda essa liberdade. Dúvido que se a internet tivesse o alcance de hoje, em minha infância e adolescência - em minha época não havia o termo "pré-adolescência" difundido... - a gente tivesse essa tal "liberdade" que se questiona hoje. Conheço jovens saudáveis que usam essa ferramenta como deve ser usada. Como também conheço jovens que usam de qualquer jeito e com irresponsabilidade imensurável. Não vou entrar muito nesse assunto, senão, não concluo meu enfoque na "culpa". Pois bem, a internet também não deve ser a vilã. A união, a entrega, a honestidade e o amor podem fazer com que nossos filhos confiem em nós e o medo da internet pode diminuir. Sempre haverá o medo de como educar meu filho a ponto de não temer suas companhias... falta diálogo e confiança - e, em muitos casos, um pouco de desconfiança, por parte do pais... que se permitem ser engados pelos filhos...


Creio que o que falta é o que falei no post anterior, é compreensão e aceitação. A busca pela melhoria e não o insulto a atual geração, como se fôssemos "culpados" pela falta de limite aos nossos filhos. Sim, concordo que muito há de falta de limite - e muito - e casa com a falta de compreensão. Muitttooossss pais e mães, ao meu ver, não assumem tal responsabilidade e nem têm consciência desse fato... ponto negativo. Mas, nem por isso, precisamos nos culpar. É hora de nos entregarmos a busca da solução. Do que adianta apertar a mesma tecla de comparação de gerações se cada uma tem sua peculiaridade? Tudo é consequência de alguma atitude inicial. O lance é levantar a bola para solução. Levantar problema resolve algo? Do que adianta gerar ou alimentar polêmica se não tem algo para resolver? Isso é uma mania da geração anterior - risos - de foco no problema. Agora,não temos tempo para isso - aliás, tempo é algo que muda com o tempo,viu?! Foco na solução! Antigamente, as exigências sociais, econômicas, educacionais... eram outras e a relação de tempo, também. Não levanto a bandeira para mantermos o ritmo estressante da vida atual, mas, que é um fato, isso é! Essa é outra questão que não quero aprofundar, só citar mesmo, porque é necessário pontuar algumas interferências externas que existem hoje e antes, não tinha. Me diga, até década de 90 - ai que horror, a década de 90 foi há 20 anos... risos e parece fazer uma eternidade... tempo, tempo, tempo - mas, sim, na referida década - risos - quem usava cadeira para bebês nos carros? E, nessa época, o mercado de cadeiras apropriadas para os bebês já existia e apontava o sinal de que ia crescer. Ora, afinal, as mulheres condutoras de veículos automotivos aumentam a cada dia e quem vai segurar o bebê?

Tudo interfere em tudo e nada, isoladamente, é causa de tudo: avanço tecnológico; mudança de padrão familiar; desemprego; disparidade social... vários são os fatores "interferentes". Bem como diz a frase do "efeito borboleta" - uma teoria do caos - que "se uma borboleta bater as asas de um lado do mundo, pode causar um tufão no outro lado...". Tudo tem uma interligação e cada ação gera uma consequência. Essa "não" lembrança da realidade das gerações anteriores ainda limitam muito a atual... A sensação que tenho é que alimentar o medo e a obediência como métodos de educação é que dava a nota quando o filho crescia - "viu, aê, te levei na rédea curta e hoje você é uma (a) homem (mulher) de bem". O grau de quanto obedecemos é mais importante do que quanto, de verdade,repetiríamos ou agiríamos se estivéssemos no lugar deles... então, começamos a pensar... e, "de tanto pensar, morreu um burro" - risos.

Hoje, no comando, tentamos fazer do nosso jeito, só que ainda não encontramos o jeito... questão de ajuste temporal e de consciência e auto-avaliação: "como posso fazer melhor?". Remeter a geração anterior só vai aumentar uma dicotomia: "eu não quero repetir os mesmos critérios,porque discordo, mas, me sinto culpada por, mesmo acretidanto que não era adequado, não dou conta de tanta demanda..." E aí?!


Minha sugestão é se esforçar para manter a calma - pelo amor de Deus, manter a calma não me refiro a virar zen - se conseguir, de verdade em em ações, beleza... risos - falo em acreditar e manter a chama acesa de querer fazer o melhor e avaliar tudo: fatores internos - nossos embates, afinal, querer ser diferente exige muito mais do que fazer diferente... - e fatores externos - tudo fora de nós... risos. E mudar. Como? Se vendo, se conhecendo. Admitindo que tem limitações,sim. Admitindo que cansa. Manter a calma não quer dizer que eu não possa falar mais alto, até gritar com o filho, quando chega meu limite - não falo para desencadear um ciclo de gritos e descontrole... eu estou tentando sair, justamente, desse ciclo... - é mantar a calma do tempo. É lembrar que eu não preciso repetir esse erro. É não me culpar por gritar demais e sim, tomar consciência de que grito muito e isso estressa a mim e a meu filho e tentar mudar. Não é fácil. Muita interferência interna e externa. Muita culpa entra na parada, para colocar lenha na fogueira... Manter a calma é acreditar e exercitar a máxima: "foco na solução - o que ou como faço para resolver?" e evitar pendências. Pede perdão ao filho, conversa com ele e segue em frente.


Nada disso é fácil e nem eu estou acima do que escrevi, pelo contrário, faço parte do processo. Toda mãe sempre vai achar que poderia ter feito melhor para o filho e alimentar algum tipo de culpa (seja por ainda não diferenciar o choro da fome com o do xixi... ou, por não conseguir deixá-lo na escola, ao escutar seu chorinho e ter que sair, por saber que ele vai parar... seja por não saber como e quando permitir que ele seja um "adulto", um ser individual e não uma costela nossa... ou, por ter que sair para trabalhar e só voltar à noite... tantos são os tipos de culpa...), por isso que abri esse pensamento, para nos libertarmos. Culpa acumulada, mal-encarada ou desconhecida é um perigo,sempre! Muitas e muitas gerações as mulheres aprenderam a "aceitar" e se submeter. Mesmo trabalhando fora, com direitos iguais, perante a lei, na prática a realidade é outra. E ainda é. Até na maneira como repetimos certos padrões,como "menino não pode ajudar a mãe a arrumar a casa, isso é coisa de menina..."


Vamos ficar de olho em nós mesmas, para nos melhorar, não para nos culparmos de nossos erros. Vamos acertar ou, entrar no caminho de consertar o que já foi feito e vigiar para acertar mais.


Precisamos colocar em prática a teoria da leveza: vamos aliviar! Afinal, na prática, cada mãe é uma pessoa e tem sua própria realidade. Cada geração tem sua característica, suas alegrias, seus dissabores, seus sonhos vividos e não vividos, suas realidades permitidas e não permitidas... abaixo o tabu de assumir a si mesmo! Isso bitola e alimenta esse ciclo de julgar, condenar e massacrar com o argumento de "ter razão"... isso é infelicidade impregnada. Cada uma de nós pode ser mais. Podemos ser felizes e sonharmos com uma vida melhor. E vivermos uma vida melhor.

Hoje os filhos nos incentivam muito mais a sermos felizes, de verdade, e sabe porquê? Porque eles só aprendem com exemplos vivos e reais! Coerência no que falamos, sentimos, agimos e vivemos. O radar dessa galerinha vem mais apurado. Assusta, mas, mais para frente, vamos agradecer. Basta agora a gente fazer algo que valha a pena. Toda essa geração é super ligada e esperta demais! Não tem muito de "meu filho é mais esperto que o de fulana". Parece que eles fizeram um acordo pré-natal - risos - de todos chegarem arrasando a boca do balão, mas, um completar o outro: uns falam demais, outros menos, mas, TODOS, são observadores e sagazes. Os padrões mudaram, não existe mais a "certeza" de que crianças mais caladas são mais observadoras e as mais falantes são menos... Hoje, eles falam e vêem tudo ao redor. E nem a ciência, nem as outras gerações... nem nós damos conta de tanta demanda. Eles enxergam mais do que o que vêem, eles têm a sensibilidade acentuada de escutar os gritos emudecidos por nossos tabus de nossos corações.


A culpa é de ninguém. A solução é de cada atitude. O auto-conhecimento é um bom caminho. O lance é que a culpa destrói e o foco na solução, na reparação, no crescimento, na melhora... constrói. Mas, precisamos nos dar tempo e equilibrar com o tempo cronológico... este pega pesado, passa mesmo! E a gente precisa é construir com as areias do tempo, porque é impossível segurá-las... com as nossas mãos...


VAMOS DEIXAR UM MUNDO MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS E FILHOS MELHORES NESTE MUNDO!


Pat Lins.

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