quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

"A ORIGEM DOS GUARDIÕES" - filme

Gente, que filme lindo! Que mensagem profunda levemente passada sobre a importância de se assumir responsabilidades na vida, sobre a importância dos sonhos e sobre a importância de encarar o medo como única maneira de vencê-lo.

Os personagens são representações perfeitas das qualidades que almejamos e, ainda assim, cometem seus erros humanos.

Uma parte - dentre diversas - que me chamou atenção é quando Jack Frost percebe que os "guardiões" que fazem tanto pelas crianças, mal têm "tempo" para lidar e estar com elas, como nós adultos. O interessante é que todos eles já foram "humanos" e "crianças humanas". E, numa determinada cena, todos ficam sem saber o que fazer diante de uma criança, Jack fala: "É só uma criança. Ninguém aqui sabe como lidar com uma criança? O que vocês fazem diariamente?" e Papai Noel responde: "Eu passo o ano inteiro preparando presentes para elas...". E fica no ar o "e ninguém tem tempo para acompanhar uma criança ou ver o que fazem e gostam...". Isso me lembrou a nós, mães e pais. A gente cresce e esquece que foi criança e, pior, a gente esquece de entender que para a criança tudo é só diversão e brincadeira e, dentro desse mundo lúdico é que vamos estabelecendo o limite diário de viver e honrar com os compromissos. Pior, esquecemos de saber lidar com o tempo e nos dedicamos a trabelho e estresse e vamos seguindo nesse caminho... O Jack Frost se mantém com a mente e as atitudes infantis, egocêntrico, brincalhão, irresponsável... só quer se divertir. Durante a aventura ele vai  crescendo. Nessa cena, ele mostra que equilíbrio é saber se divertir na vida sem deixar de honrar nossos compromissos de "guardiões" de alguma criança.

Eu tenho uma amiga que me diz que limite faz parte da vida. Nós não temos que impor a uma criança, nós temos é que saber o que fazer, fazer e isso, por si só já estabelece o limite. Depois aprofundo mais sobre esse pensamento super bacana de uma pessoa admirável, que é Morgana Gazel.

Voltando ao filme, cada personagem vem como uma mensagem forte. Sandman - o guardião dos sonhos -, junto com a Fada do Dente - guardiã das lembranças -, remetem à importância de se entender que as lembranças - contidas nos dentes de leite, marco da passagem da nossa primeira infância para as mudanças que ficarão enraizadas - nos ajudam a crescer e que os sonhos nos levam ao futuro. Papai Noel nos faz entender a importância da fé, de se ver o bem em tudo e acreditar, acreditar e acreditar no melhor, sem limitar a imaginação. O Coelhão é fabuloso! Com aquele jeitão rude, mostra o lado de que até os destemidos temem algo. Ele teme o ar, o voar. Para ele tem que ser pé no chão. Ele fala de esperança. 

Jack Frost passa o filme a se questionar e nos levar a questão da descoberta e do quanto é importante sabermos quem fomos e como agimos para entrarmos no caminho de descobrirmos QUEM SOMOS. Como ele não tem lembranças, vive impulsiva e irresponsavelmente o presente, sem noção do que vem a ser responsabilidade pelos atos e suas consequências. Ele me lembra a cada um de nós, no processo de busca e ignorância e que, em determinados momentos da vida, somos chamados à responsabilidade.  Assim é esse ser encantador que nem sabe o que está buscando e não entende porque se sente tão só e ninguém o enxerga. 

Todos temos um bom motivo para estarmos aqui, vivos e vivendo. A importância de entendermos e conhecermos o nosso cerne, a parte mais íntima do nosso ser. Papai Noel adverte isso, quando mostra suas diversas facetas/personas numa diálogo/questionamento com Jack, para entender o que ele tem de especial para ser um "guardião". É preciso olhar para trás, olhar para nossa origem. Eu chamo isso de olhar a nossa essência, escutar a voz da alma, a voz interior. 

Muita coisa eu "viajei" no filme. Vi que o medo só entra através das nossas sombras. Ele domina porque tememos, inclusive, o medo de aceitarmos quem somos. Nem posso abrir muito o que percebi, senão, conto o filme. Deixa ele sair de cartaz que conto minhas viagens legais como mãe e como pessoa, antes de tudo. Mas, o poder do sonho foi fabuloso! E lembrar que alimentar a fé, a esperança, as boas lembranças da infância pode salvar o mundo das sombras que tentam imperar. Se houver uma "luzinha" em meio ao breu, uma única pessoa que acredite, essa pessoa pode levar luz aos demais. Isso me remeteu a Jesus. O filme não faz apologia religiosa, e chamam o que chamamos de Deus de "Homem da Lua", pois ele brilha em meio à escuridão - isso eu que entendi assim. Muito bacana porque mostra Papai Noel como um ex-humano que aceitou a sua "condição" - oriunda em seu cerne - de seguir servindo ao próximo com aquilo que tem em si de mais nobre: a força de sempre acreditar; o poder da fé inabalável! - Ops! Se é FÉ, deve ser inabalável... o que abala não é fé. Legal que mostra a importância de aceitarmos nossas "condições", nossas "missões" de Vida para, enfim, sermos felizes, mesmo diante da morte - o que aconteceu com cada um deles, até se tornarem "guardiões imortais". 

O filme fala de escolhas, de liberdade, de enfrentamento do medo como única maneira de vencermos, da importância de uma infância bem vivida, de tempo, de esperança, de fé, de lembranças e, acima de tudo, de sonhos! Ah, acima de tudo isso está o verdadeiro poder do AMOR. Todos os guardiões amam o que fazem. É como se só quando entendemos nossas missões de vida poderemos ser felizes e livres e essa liberdade é o AMOR a quem somos e ao próximo! É a CONSCIÊNCIA. 

Por isso que Sandman é o meu favorito! Ele me lembra um sábio: inteligente; poucas palavras - aliás, ele não fala, mas, se comunica muito bem, mostrando que comunicação é saber o que dizer e expressar; é forte, mas não quer ser conhecido por força bruta e sim por força moral e doçura natural de quem já viveu muito e já não tem mais as amarras da vaidade; destemido, sem ser arrogante. Ele é "na dele". Como todo sábio, suas mensagens são claras para quem tem capacidade de entender, por isso o mundo dos sonhos, porque ele nos fala de e para uma dimensão nossa que não temos "domínio": o inconsciente. Este é que tem mais consciência de quem somos do que supomos sermos... Ele sabe lutar, mas, só usa dessa luta física quando estritamente necessária. É a questão do discernimento que os sábios têm, porque sua natureza é pacífica. Ele desmistifica esse estigma de que todo "bonzinho" é "bobo" ou ingênuo - no sentido pejorativo de quem se deixa enganar. Ele nos mostra que os sonhos nunca morrem, ainda que os pesadelos dominem, é o campo dos sonhos, basta transformar aquele sonho ruim em bom. 

Ah, fiquei encantada com o filme. Cada mensagem me parecia tão clara que quase escutava as falas não faladas. 

O medo tem medo, também. Isso eu comecei a perceber recentemente, após  maternidade. O medo teme ter que se encarar e ver que ele não existe e não precisa existir. O medo teme sumir. Se não tememos, ele não existe. 

Pedro aplaudia muito as cenas onde o medo perdia espaço. Parece que ele se identificou muito com o Jack Frost. Imagino que seja essa busca de toda criança em ser aceita como é. Com o caminhar, Frost entende que limite é importante e amadurece com a ajuda da Fadinha do Dente e do Papai Noel. Ele descobre que mais vale a pena lutar por um amigo do que poupar a própria vida. O filme, ao meu ver, fala da nossa luta diária, da nossa vida, dos nossos dilemas, das nossas dificuldades e desafios... fala de batalhas, de perdas e de ganhos. Fala do viver!

Ah, esse filme é recomendadíssimo e sem efeitos colaterais ou problemas com superdosagens. Vou ver de novo. E quando sair o DVD, adquirir. Esse é o tipo de filme lúdico que fala com a alma. 

Um filme infantil para adulto ver! 

Saudações maternais,

Pat Lins

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