domingo, 9 de maio de 2010

"NÃO É PRECISO SER NOTA 10 EM TUDO" - por Juliana Garcia

Li o texto abaixo e me identifiquei. Ele descreve com leveza muito do que penso e concordo. Uma explicação breve e superficial - no sentido de que não se aprofunda muito - sobre nossas exigências atuais. Carregado de uma verdade encantadora. Traz o alerta saudável de que podemos ser mães e mulheres, sim, e isso não é egoísmo - aliás, egoísmo é uma palavra extremamente deturpada, mal contextualizada e tão mal conceituada que se tornou peso e punição para muita gente que ignora o que ela quer dizer... alguns assumem uma postura egoísta e chama de amor, assim, o amor passou a ser deturpado... Tudo deve ser dosado, eu creio. Infelizmente, deixamos de ser nós mesmas por medo de não caber no padrão - inexistente e irreal - de "mãe nota 10 em tudo". Isso não existe, nunca existiu e nenhuma mãe, nem a minha - que considero super - conseguiu alcançar esse patamar. Explico: por uma simples razão - somos humanas e imperfeitas. A imperfeição é normal e uma característica do ser humano. E toda imperfeição quer dizer que temos limitações.

Como mais uma homenagem ao DIA DAS MÃES, o "MÃES NA PRÁTICA" traz esse texto, afinal, na prática, impossível não amar nossos filhos! Na prática, toda mãe é super, dentro de sua realidade. Na prática, todo mundo e cada uma de nós só faz o que é capaz, o que consegue e o que pode. Se pudéssemos fazer mais do que fazemos, já estaria feito...

Mergulhem e se deliciem na mensagem real e possível que o texto traz:


"Quantas de nós aprenderam desde cedo a ser mulher pela via do cuidado com o outro? Sempre fomos incentivadas a nos comportar e a nos relacionar sob esse prisma: cuidar das bonecas, dos irmãos, das nossas coisas, da casa, fazer carinho, dar boas respostas, preocupar-se com as pessoas e por aí vai... Cada uma de nós também carrega em sua história modelos, nem sempre os mais saudáveis, vamos aprendendo e absorvendo informações sobre papéis, desempenhos, expectativas, cobranças, rótulos.

Nós, mulheres, nas últimas décadas, tivemos muitas conquistas. Ganhamos mais espaços além do âmbito doméstico, mas no pacote vieram junto mais responsabilidades! Mesmo com tantas mudanças ainda permanecem modos antigos de definições de papéis, aí que muitas coisas costumam se embolar. Acumulamos funções de 50 anos atrás, porém num mundo acelerado com mais afazeres e preocupações para a mulher moderna. Precisamos ser a 'super mulher', 'super administradora do tempo', 'super amante', 'super esposa', 'super bela', 'super profissional', 'super mãe' e depois de tanto gasto de energia para manter os 'super poderes' sobra muito pouco para cuidar de si mesma, para se fazer um agrado, para se observar com atenção. Vamos muito além dos limites em prol dos outros e acabamos fazendo muito pouco ou nada por nós mesmas.

Carregando o mundo nas costas

Fomos ensinadas a super proteger o outro e deixamos de encarar a humanidade do processo, ficamos cegas ao fato de que tanto nossos filhos são seres humanos quanto nós mesmas. Como seres humanos, todos temos fraquezas e também potencialidades. Apostando na incapacidade do outro também estamos nos tornando incapazes, na medida em que empreendemos uma caçada desenfreada ao que não está em nosso controle. Não precisamos tampar todos os buracos, não conseguiremos satisfazer todos os desejos, não seremos a solução para todas as questões e nem por isso nossos filhos deixarão de ser felizes!

Nesse afã de sermos 'super', ficamos sem força. Gastamos tudo nesses milhões de coisas a fazer e não escutamos o que há de mais profundo em nós. Carregar o mundo nas costas, abraçar o mundo com as pernas... Haja força e elasticidade! Será que sobra um pouquinho pra você mesma?

Se não ficamos atentas, entramos em outras canoas furadas como a síndrome de depender da dependência que o outro tem de nós ou a da culpa por não darmos conta de sermos tudo e um pouco mais.

A culpa nos faz enxergar que cuidar de si mesma implicaria em deixar de cuidar do outro e vira sinônimo de nosso temido inimigo: egoísmo. Quero aqui deixar alguns pontos bem claros: Em primeiro lugar, não precisa deixar de cuidar do outro. Essa é uma habilidade sua e provavelmente pode incluir um certo prazer (cuidar de quem você ama). A questão está em incluir outra qualidade em sua vida: cuidar também de você. Essa qualidade só se torna egoísmo quando a pessoa cuida SÓ de si mesma. Não é esse o convite! O convite é aliar a grande qualidade que você possui à outra, que tem sido um grande desafio para você.

Cuide de si mesma

Comece com pequenos passos: uma pausa quando estiver cansada, reservar algum dinheiro para comprar coisas para você, dedicar um tempo para marcar um checkup médico, marcar uma hora no salão de beleza, tirar uma ou duas horas para fazer um programa do qual você goste, realmente almoçar em seu horário de almoço ao invés de ficar só resolvendo problemas... Cada conquista lhe dará mais força na direção de um novo passo. Cuide dessa pessoa tão importante em sua vida!"



Juliana Garcia - Psicóloga, psicodramatista e aromaterapeuta. Trabalha em projetos sociais como facilitadora de grupos de mulheres e grupos de reflexão sobre o Feminino em Belo Horizonte e interior de MG.


Blog: http://julianaggarcia.blogspot.com/


Na prática, nós, mães na prática, queremos ser tão melhores que sequer paramos para avaliar a situação de um panorama geral... nos limitamos aos pequenos recortes e neles colocamos as verdades absolutas... Romper com esse ciclo silencioso, quase invisível e disfarçado por trás de tantos mal conceitos difundidos e legitimados pela tal "sociedade", da qual fazemos parte acaba se tornando algo doloroso e muitas de nós preferem deixar tudo como está. E, infelizmente, elas, também, estão certas.

Cada uma de nós age e faz o que pode e o que nosso grau de consciência permite. O que podemos fazer é deixar fluir. Nada de rotular outras mães - e pessoas, porque não - pelos nossos valores e crenças. De acordo com nossos valores e crenças, é assim que faço, evito a companhia - se for algo que me incomode - não por temor, mas, por falta de afinidades. E, isso se dá num processo natural e espontâneo - aquilo que não tem ligação está solto... E venho aprendendo muito com esse novo grau de consciência. Tanto que me vi julgando - e vice-versa - uma conhecida, que também é mãe, e educa seu filho de uma maneira completamente contrária a que eu educo meu filho e minha mente estalou: "as pessoas são diferentes." . E é verdade.

Na prática, somos todas diferentes e isso é fato real. Respeitar essas diferenças é desrespeitar nosso entrave limitador de que podemos ser melhores se assim nos dispusermos. E, como tudo que é simples acaba sendo complexo, o processo se torna difícil, entretanto, POSSÍVEL!

UM DIA DAS MÃES MARAVILHOSO PARA CADA UMA DE NÓS!

Pat Lins.

2 comentários:

  1. Olá Patrícia,
    Agradeço a publicação e os créditos. De fato, precisamos todas nos considerarmos humanas e respeitarmos nossos limites!

    Abraços!

    Juliana Garcia

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  2. Olá, Juliana!

    Eu é que te agradeço, como pessoa que tem acesso a mensagens tão enriquecedoras. Seu texto é lindo mesmo. Bem escrito. Misto de cuidado através de conhecimento profissional e muito de humanismo.

    É o que acredito e me esforço para levar adiante.

    Beijos,

    Pat.

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