No último domingo - 25/07/2010, o Jornal A Tarde, publicou uma matéria que serve de alerta sobre o grau de conhecimento sobre a diferença entre "bater numa criança" e "conter uma criança 'especial' em crise". Como o "Mães na Prática" tem interesse em abordar temas de ordem prática em nosso cotidiano, estou levantando informações sobre AUTISMO, para colocar aqui. Quem tiver informações, por favor, me envie por e-mail. Precisamos disseminar o máximo de informações para alertar a população sobre a conduta adequada e, também, de certa maneira, proteger as mães, pais e responsáveis por crianças especiais. Para que não aconteça o que aconteceu com a baiana, Geisa de Oliveira Sapucaia, mãe de um filho autista que, ao tentar conter uma crise "de agressividade" do seu filho, de 11 anos, num ônibus de Salvador, onde ele queria quebrar uma lâmpada do coletivo, foi espancada por outros usuários do mesmo serviço de transporte, que gritavam a "lei da palmada" e alegavam, através de suas agressões, estarem executando a lei. Onde já se viu isso?! A mania de se meter na vida alheia, agora, pode se utilizar da fachada de "cumpridores da lei", através de atos insanos e violentos, em nome da lei! Se a lei aborda a temática da "não violência", o erro fica ainda maior e mais grave: os "justiceiros de plantão", provavelmente, pessoas de um equilíbrio emocional minúsculo e dotados de um intelecto de inseto, agridem em nome de uma lei contra a agressão... No mínimo, irônico.
Essa situação me remete a, na verdade, um bando de desordeiro e desequilibrados, recalcados e mal-resolvidos, que, se utilizam de uma fachada de "bons cumpridores da lei" para encobrir suas patologias e transtornos de acéfalos e inergúmenos que só têm o objetivo de falar em moral, sem possuí-la. Característica grosseira de nossa vã hipocrisia, que insiste em se estabelecer e proliferar entre nós e alimenta nossa medíocre sociedadezinha. Fiquei indignadíssima! Só uma mãe de filho autista pode saber o quanto dói nela ver seu filho em crise e, a única coisa que pode fazer, é segurá-lo com firmeza para protegê-lo. Essas mesmas pessoas que agrediram essa mãe, a culpariam se ela permitisse que a criança alcançasse êxito em sua crise e quebrasse a lâmpada do ônibus, se machucando. O que nós queremos? Um mundo perfeito? Mães perfeitas? Filhos perfeitos? Pais perfeitos? E o que fazemos para viver e desenvolver esse mundo? Com esse tipo de manifestação animalesca de colocar em prática uma lei que fala do oposto e sem direito de justificativa? A mãe, agora, precisa comprovar que é uma boa mãe... Pode?! Ela afirma, na matéria do Jornal A Tarde (leia na íntegra: "MÃE DIZ TER SIDO AGREDIDA POR CONTROLAR FILHO AUTISTA") que, agora, está levantando documentos das instituições de apoio ao autista, onde leva seu filho para tratamento e recebe as devidas orientações e instruções, para provar sua inocência, por temer novas agressões "em nome da lei".
Já escrevi sobre assunto correlato em "O QUE OS VIZINHOS VÃO PENSAR". Cada manifestação tem sua "bandeira". Agora, com a LEI DA PALMADA, leva esse título. Para se "cumprir" a lei, antes, conhecê-la. Para se julgar o outro, antes, dar a oportunidade da explicação, o velho benefício da dúvida.
Ser mãe já é cansativo e somos julgadas e condenadas o tempo inteiro, imagine uma mãe dessas, de baixa renda e com filho especial? Por coincidência, estava eu num ponto de ônibus, na mesma cidade, próximo ao Hospital Sarah, que trata de reabilitação, e uma mãe descia com seu filho de 6 anos, que não falava e estava muito agitado. Ela, de aparência muito pobre, demonstrava extrema apatia e cansaço, enquanto seu filho, numa energia só. Quando ela segurava, com firmeza - diferente de agressão - seu punho, ele se jogava no chão. Situação muito delicada. Notei - julgamento meu... - que as pessoas no ponto não gostavam do que viam. Ela, nítidamente, nervosa, precisando se dividir entre segurar o filho - para que ele não corresse para o meio da rua - e não perder o ônibus que demora para passar. Pois, ela perdeu o ônibus, o que, naturalmente, mexeu muito e, com certeza, a deixou irritada - mas, via-se que ela não descontava na criança. Eu tentei ajudar, conversando com o menino, mas, não podia me envolver muito, por não saber como contê-lo. Perguntei a mãe se ele poderia mascar um chiclete - era o que vendia nas bancas dos vendedores ambulantes que ele pedia - e, ela, meio sem jeito, em dizer que não tinha como comprar quase negou, quando eu me ofereci para comprar. Foi uma "salvação" momentânea. Comprei uma cartela e fui negociando com ele. E ela pode ter alguns segundos para respirar. Mesmo com toda minha prestatividade, eu era uma estranha e ela, ainda, precisou reforçar o "segurar" no braço dele... E, nesse íterim, ela desabafou: "eu morro de medo dessa lei nova aí. Que não pode dar tapa na criança. Ele não tem noção de perigo e eu preciso segurar forte..." Eu me pregunto - nada contra a lei, mas, como ela está sendo disseminada e como será executada, quais os critérios e por quem... Isso, sim, é preocupante - se essas mães serão protegidas? Mães de crianças especiais vão sofrer pela ignorância e estupidez daqueles que estão ciscando para "executar" e "agir" em "nome da lei", sem saber, sequer o que ela rege e sem informação sobre os "condenados". Existe uma enorme diferença entre "conter" e "bater".
Até quando seremos vítimas de de nós mesmos? Até quando vamos nos permitir a ignorância "legitimada", em vez de abrirmos os horizontes da mente em busca de crescer?
Vou pesquisar, também sobre a "Lei da Palmada" e sobre os direitos de mães de filhos especiais, para que se tenha o mínimo de facilidade e oportunidade para essas pessoas transitarem entre os "Normais" alheios. Como mãe, como blogueira e como pessoa, me sinto na obrigação de fazer algo, nem que seja escrever aqui, num espaço aberto, um grito de CUIDADO, para todos e cada um de nós. A informação ainda é o melhor caminho. E, além das Leis, precisamos criar e exigir melhor condição de vida, de transporte público, de educação, saúde, etc e de execução da lei. Nada de sair agredindo o outro, dizendo-se na razão, sem possuí-la!
Vamos estender mais a mão ao próximo, em vez de destruir, machucar, julgar e condenar. Muito ajuda quem não atrapalha.
Saudações maternais,
Pat Lins.
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