Carol, minha querida, muito obrigada pela sua participação. O WHAT MOMMY NEEDS é um blog muito rico, criado, editado, cuidado... gerado pela Carol que escreve muito bem e fala de assuntos sempre enriquecedores para nós, mãe e pessoas.
Identidade Materna: real ou dissimulada?
- por Carolina Pombo -
"Diariamente, tento aproveitar os intervalos que Laura me concede para assistir alguns programas na televisão ou prosseguir em uma leitura de livro ou revista. Tenho minhas preferências, detesto ficar passeando aleatoriamente entre os canais da tv e divagando entre as capas nas livrarias e bancas. Já sei os horários de meus programas preferidos, já sei quando saem as revistas que gosto, já tenho meus autores escolhidos (apesar de que, para este item ainda me sinto muito crua e portanto procuro alimentar a paciência e a curiosidade). Assim, hoje, pela manhã, como Laura me deu uma rara e longa folga, enquanto dormia, me deparei com duas afirmações em dois programas, que a mim serviram de tremenda luz e inspiração!
Quem me conhece de perto sabe que vivo às voltas com as questões da identidade materna, bombardeada pelas expectativas da família de meu marido de um lado e por minha tumultuada história familiar por outro. Soma-se a isso minha quase compulsão por sentir-me aprovada e reconhecida pelos meus pares e a surpresa de ter engravidado de repente! Por isso, quando escutei a resposta de Madonna ao David Latterman, esta manhã, sobre se teria melhor ofício no mundo do que ser mãe (tendo em vista que, sendo quem é, optou por ser mãe de três e ainda desejosa de adotar mais), fiquei tão empolgada. Ela respondeu com sua irreverência que, é claro que sim! Disse que não trocaria a maternidade por nenhum outro ofício, mas que esta é uma tarefa muito difícil. O mais interessante foi ter devolvido a pergunta com outra: 'Do que ser mãe? Apenas mãe?'. Confesso que uma afirmação tão contrária ao mito da maternidade perfeita / feminilidade ideal faz jus a persona polêmica que Madonna incorpora, mas agradeço sinceramente que ela possa dizê-lo com tanta honestidade o que para outras mulheres parece tão impróprio apesar de verdadeiro.
A segunda afirmação que me impactou esta manhã veio de Mônica Waldvogel, no programa Saia Justa, quando as apresentadoras discutiam sobre a dissimulação. Ela disse algo sobre a fragilidade do dissimulado. O dissimulado precisa sê-lo porque sente necessidade de impressionar o outro, e às vezes sua atuação é tão perceptível que é possível sentir pena dele. Uns sentem raiva e querem desmascará-lo, mas há quem enfatize sua fraqueza e se penalize. Não decido sobre que atitude é melhor diante de um dissimulado, porque há tantos de tantos tipos, que para cada um cabe uma sentença. Mas, esta afirmação veio ao encontro da questão sobre a identidade materna, com a qual tenho lutado tanto desde a gravidez. Tenho a impressão que muitas mulheres se acostumam a viver em busca da aprovação dos homens e das gerações anteriores, especialmente no quesito maternidade ideal. Elas se submetem com enorme investimento afetivo a um ideal de mãe que se satisfaz plenamente em suprir as necessidades de seus filhos e que supera de longe qualquer tentativa dos homens em participar do desenvolvimento deles. Se por um lado, 'não basta ser pai, tem que participar', por outro, 'mãe só tem uma'. Ser mãe já define tudo. Ser pai é uma construção. É como se já existisse uma fôrma na qual, nós mulheres, temos que nos apertar, ainda que para isso usemos a dissimulação.
Talvez por isso, quando uma mulher foge radicalmente do padrão ideal herdado por sua família e pela comunidade em que vive é penalizada. Talvez porque minha mãe tenha exercido uma identidade tão diferente, tão singular, um dia escutei a mãe de uma amiga da escola dizer 'Diana, você nunca podia ter sido mãe!'. Nunca esqueci dessa frase, fiquei muito intrigada com ela. Porque, se ao comparar com os padrões tradicionais, minha mãe se destaca negativamente, comparando nossa relação com a hipocrisia com que várias amigas se relacionavam com as suas mães, eu preferia ser como ela. Ela não se esforçava para dizer o quanto era maravilhoso ter filhos, nem se privava de desabafar, durante minha adolescência, que, depois de quatro filhas, já estava cansada e que nós tínhamos que amadurecer logo para sermos independentes. Seu afeto por nós é rasgado, livre e transparente. Ela foi deixando claro ao longo de nossa criação que ser mãe não é o melhor ofício do mundo, e que ela estava muito longe de ser o ideal que o mundo parecia pregar.
Existe uma dissimulação necessária, como discutido no programa Saia Justa, mas será que ao incorporar a identidade de mãe, precisamos dela? Será que não podemos, honestamente, abrir o verbo e dizer o quanto a maternidade nos priva de prazeres e nos invade sem pedir licença? Será que não é mais forte a mãe que sabe admitir que não pretende suprir todas as necessidades de seu filho, que tem suas limitações, e que apesar de assumir sim a responsabilidade de criá-lo, precisa da participação de um outro que assuma igualmente a tarefa? Penso que é mais saudável para mãe e filho terem a clareza de que há um mundo de possibilidades além dessa relação primordial, que ela não é a plenitude para a mulher nem a fonte única para a criança. Que é possível explorar formas diversas de ser mãe, sem impor privação irresponsável aos filhos, mas também sem oprimir e subestimar a identidade da mulher."
Nossa, Patrícia, a Carol bateu num ponto que venho pensando muito por que meu filho, que sempre foi um anjinho, está começando a mostrar a forte personalidade agora aos 3 anos. Não tenho mais condições de ser a mãe que idealizei quando ele estava na barriga, a que sempre conversaria com ele sobre o que é inadequado. Ele também não é mais o bebê idealizado pois já mostra o rapazinho cheio de opinião que está saindo da casca. Mãe e pai estão empregados numa empresa que os consumirá por toda a vida e a aposentadoria só chega com a independência financeira e emocional da prole. Para chegar a uma aposentadoria plena e feliz, precisamos não suprir toda a demanda dos pequenos mas garantir-lhes condições de desenvolverem o que tiverem de melhor , e isso já é uma tarefa e tanto.
ResponderExcluirPatrícia, peço desculpas por não ter tido tempo pra enviar meu texto. Parabéns pelo aniversário e vida longa ao blog!
bjs
Oi, Vanessa, não se desculpe. Vc já faz parte deste blog. Ele não seria mães na prática sem a participação de outras mães, né verdade?
ResponderExcluirDe fato, a Carol é show. O que acho interessante é que ela permeia a ciência, através da psi; a humana; as cobranças; e a arte de ser mãe, na prática, sem medo de ser feliz. Escreve com sensibilidade, coerência, clareza e nos passa informação, também, né?
Agora sim, o mães na prática está agindo, por trazer declarações de várias mães na prática.
Bjssss.
puts so vi seu recado hoje 11/03, estava viajando, q pena!!! Bjs bjs
ResponderExcluirAinda dá tempo, Dea. Manda que coloco aqui. Vanessa, qdo quiser, só mandar o seu, tb, que publico.
ResponderExcluirE Vanessa, essa fase de mudança dos filhos nos destrói, mesmo. Com meu filho - que sempre foi traquina - o que mais me preocupa é a mudança dele com relação a comida... Ele comia de tudo e agora, come bem, mas, só o que quer. Não para a boca, mas, nao quer mais frutas, nem verduras. Estou perdidinha da Silva.
Bjs em vcs.
Ah, fiz uma pequena homenagem aos blogs que sigo - incluindo o de vcs, claro - no final do post http://maesnapratica.blogspot.com/2011/03/filmes-influenciam-mas-nao-sao_09.html
ResponderExcluirMinha maneira de agradecer as mães na prática que dão sentido a este espaço.
Bjssss.
Oi Pat, é um enorme prazer participar desse espaço! Grande beijo
ResponderExcluire nós, mães, muitas vezes reforçamos estas expectativas quando não falamos abertamente das nossas limitações humanas.
ResponderExcluirparabéns patrícia e parabéns carol!