quarta-feira, 12 de setembro de 2012

MÃE NA DOSE CERTA (?)


Eu gostaria de saber se existe mãe "na dose certa".

Nem sempre acertaremos, mas, tentar é um rumo. Reconhecer o que deu certo e manter. O que não deu: refazer, reavaliar, recomeçar!

Ser mãe é ser administradora holística - gosto de lembrar que holístico significa totalidade. Considerar o todo levando em consideração as partes e suas inter-relações - e desenvolver essa capacidade na medida exata é o maior desafio. 

Somos estigmatizadas como "leoas", "corujas", "feras", "cegas", "super protetoras"... e nós mesmas alimentamos esses estigmas. Como? Sendo "leoas", "corujas", "feras", "cegas", "super protetoras"... Podemos lidar com isso de maneira melhor. Podemos observar quando "ver demais" cega nosso bom senso ou quando "ver pouco" nos faz querer ver o que não existe de fato. Entender que conhecemos bem nossos filhos quer dizer que "até aqui, tudo que ele me mostrou eu sei como ele é". Mas, ele pode e é mais do que mostra e do que somos capazes de ver. Tanto "mais" para mais, como "mais", para menos...

Eu sempre me "gabei" por "saber" quem meu filho é: uma criança capaz de tudo! Mesmo assim, me peguei exclamando: "não acredito!". 

Existe um momento onde interagimos com o que interage com nossos pequenos. Chega uma hora que a interação sincera é diminuída pelo estigma. Não me veem; nem veem meu filho... veem a imagem de "mãe" como ser problemático e insatisfeito, que só pensa em seu lado e do "filho" como criança problema, da mãe que não o vê como é. 

Lidar com os estigmas é que se torna problema. Somos humanos e, mesmo nas relações profissionais, são as emoções humanas que estão presente. A razão tenta colocar uma ordem. Nesses momentos, o que "é" fica relegado ao que pensam "que vem sendo" e, se quem estiver no comando perder o rumo... tudo desanda. E a criança sofre as consequências. 

Ser presente demais na escola remete a desconfiança, quando, na verdade, era a mãe parceira dizendo: "conte comigo, estou aqui, mesmo!". Em meu caso, soou como a maioria das mães que só está lá para "criar caso". Bom, toda mãe que está presente é chata. Toda mãe ausente é negligente. Qual a dose certa? Me limitei a entrar e sair, sem emitir mais comentários. Eu, Patricia, não sei ser pela metade, sou inteira onde estiver. Sou eu como sou. Raramente "estou", geralmente, "sou". Minha cegueira é a preocupação em ver o progresso do meu filho e no que posso ajudar. Nunca quis ser invasiva, mas, devo ter sido... Enfim, me questiono: existe "mãe na dose certa"?

Se existe, quem determinou os critérios e parâmetros? Como medir? Quem mede? 

Mãe na dose certa é o que cada uma consegue ser. Quando percebi que estava sendo invasiva, como atitude de redenção, dei espaço. E a verdade emerge do tempo e espaço respeitados. Emergiu! Onde estava o erro ficou evidente. A solução, na hora certa, em tempo, surgiu. Tive que lidar com minha dose de orgulho em querer escutar um feedback positivo. Na escola, toda vez que Peu "errava", me ligavam. Reuniões para dar feedback negativo eram marcadas. Para mim, fazem parte e tinham uma intenção reguladora. Mas, não entendo porque o ser humano só gosta de reforçar os aspectos negativos. Por que quando se consegue alcançar um resultado positivo, esse retorno não é dado com a mesma presteza? Não merece atenção? Não tem importância? Me recordo de um colega que afirmou que suas lembranças da escola são dos dias em que sempre chamavam a atenção dele para as notas baixas e nunca recebeu elogios pelas altas... Talvez elogiar as altas e dizer: "o que podemos fazer para melhorar as outras?" estimulasse uma mudança positiva no quadro. Mas, não. Segundo ele, as notas boas eram tidas como "isso não importa. O que importa são as que você não atingiu a média". Aí, uma mãe vai e questiona essa atitude - não digo gritar, derrubar o mundo... mas, conversar - e sai como "chata", onde "só mãe mesmo... elas não entendem que atrapalham mais os filhos do que pensam". 

Não sabia que teria esse tipo de pensamento um dia. Precisou a escola de Peu - aliás, parte da equipe da escola de Peu, porque justiça seja feita, há uma outra parte que entrou para dar a diretriz e somar, restabelecendo uma parceria quebrada por essa parte da equipe, que além de não somar, conseguiu diminuir o que já havia avançado - pisar na bola para eu poder ver mais dele. Eu que "conhecia" meu filho, e, por saber que ele era muito "teimoso, desobediente e etc", sempre recebia as queixas como "legítimas", afinal era como o via, também. Hoje, vejo que a mesma mãe que ajuda, também atrapalha. Por ficar bitolada na imagem estigmatizada, não via o descaso se instalando. Apenas uma sensação... Mas, um alarme soou em mim: "tem algo errado ali". Não queria levantar culpados, queria ver como acertar lá, do mesmo jeito que estamos acertando em outros ambientes. Não era o mesmo objetivo. 

Enfim, tenho aprendido muito a ponderar. Dói ver que nosso filho foi subjugado e estava desprotegido. Isso explicava certas atitudes dele em não querer estar naquele lugar com algumas daquelas pessoas. Deu tempo de ver a tempo e de agir remediando. Voltou a andar e de uma maneira nova. Um novo Pedro surge. Um novo e ainda mais lindo Pedro cresce! Vi que nosso elo precisa estar cada vez mais unido no sentimento maior e mais lindo, o único capaz de remediar e dar seguimento em qualquer situação: o amor! Estamos mais unidos. Sei que ele é capaz de aprontar. Sei que ele é capaz de não aprontar. Sei que ele é capaz e muito capaz. Sei que mãe não tem que se doer, tem que agir com bom senso. Uma coisa eu sei: a gente é passional demais. Mas, por um lado, isso é bom. Por outro, excede na dose. Não exijo de ninguém a responsabilidade que é minha. Sei o grau de dificuldade e desafio que é educar uma criança mega inteligente e mega questionador e testador de limites, como meu filho. Mesmo assim, estou encontrando um caminho de refletir e deixar a dor do orgulho ferido se diluir e aproveitar o que andou para frente. Fico atenta. Não sei ser na dose certa. Nem sei que dose é essa. Faço assim: vou trocando idéias, que acalmam meu coração e clareiam a mente e me guiam para as soluções. Decisões à vista! Mais um tempinho e o ano termina. Ano que chega... Penso em manter, afinal houve tanto empenho para corrigir. O orgulho só atrapalha. Se o saldo é positivo, é daqui para a frente. O que passou, deve ficar lá atrás, como lição - para ambas as parte! Eu penso assim. Estou quase sentindo assim. Já, já, agirei assim. O resto, eu não sei. Mas, da minha parte, farei o que for possível, como sempre: sempre presente, na dose Pat Lins, mãe de Pedro, de ser!

Pedro, sua mãe está aqui, ao seu lado, sempre! Estigmatizada ou não. 

Mãe na dose certa deve ser assim... tentativa e erro. Acertando. Errando querendo acertar. Consertando quando vê que errou. Seguindo. Meu erro, desta vez, foi não ter sido mais enfática antes. Mas, a hora certa chegou. É o que importa, no final das contas! Eles estão consertando, também. Cada um com seu quinhão de responsabilidade. E a consciência de quem fica? Não sei... não tenho feedback... Não sei porque as pessoas têm tanto medo de feedback positivo. Só reforçam o negativo! Desisti de marcar uma reunião, na escola, por medo da reação dos egos envolvidos e de ser tachada de "chata", por não ser grata ao que já está em andamento. E haja exercício de compreensão. Eu estou aprendendo. O resto? Sei não. Cada um sabe o seu caminho. É, a escola dos nossos filhos nos ensinam grandes lições, também, nem que seja por caminhos tortuosos como este vinha sendo! Enfim, a prova de que todo mundo tem um bom potencial a ser desenvolvido e merece é oportunidade e boa vontade de se tentar algo novo e diferente. Quem carrega a arrogância de se achar no topo faz isso, leva alguém para o buraco para justificar sua necessidade de provar que seu erro estava certo. Graças a Deus, uma alma iluminada salvou meu filho desse ambiente. E a essa mulher serei eternamente grata!

Mãe na dose certa deve ser isso, no final, avaliar a agradecer pelo saldo positivo, sem fazer barraco... na classe! Em meu caso, depois de bradar e me debater de raiva, agir com ponderação e maturidade. É, com balanço eu encontro a minha dose certa!

Maternidade é empirismo, não ciência exata! A gente aprende à medida que faz!!!

Saudações maternais,

Pat Lins.

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