terça-feira, 4 de setembro de 2012

QUEM MEU FILHO É (?)

PARA CONSTRUIRMOS UM MUNDO MELHOR, SEJAMOS PESSOAS MELHORES! Pat Lins

Ser mãe é descobrir que, mesmo que a gente acredite conhecer 100% nossa cria, eles nos surpreendem nos faz lembrar: "eu não conheço a mim mesma 100%, vou ter a presunção de acreditar que sei exatamente quem meu filho é?". 

Pois é, o bom exercício é esse, o desafio diário de se redescobrir e de enxergar que nossos pequenos também se redescobrem.

Estou florescendo com Pedrinho e isso me tem sido muito gratificante. Ainda não sei lidar com as pessoas que não sabem lidar com isso, mas, uma coisa de cada vez. 

Pedro tem me mostrado que se eu mantiver o que acredito em coerência, ele sente e agradece pelo apoio. E seu eu investir em acreditar no potencial dele, ele pode ir muito mais e se tornar cada dia mais uma pessoa melhor. 

Para tanto, pondero meus julgamentos e tento ser justa: vejo o que acontece, reflito, observo de novo, avalio, levanto uns diagnosticozinhos, troco uma idéias com pessoas de confiança - leia-se, pessoas ponderadas, que se trabalham, se cuidam como ser humano, se reconhecem falhas e nunca deixam de tentar acertar... - e vou elaborando meus pequenos planos de ações. E, quando mensuro e vejo saldo positivo, constato nosso sucesso! Nossas falhas, não são meros fracassos, são algo novo, de novo, para serem observados e dão início a um novo processo novo de tentativa e erro. 

E assim vamos crescendo, juntos e de mãos dadas! Criança não tem a experiência de vida que temos - em tese... -, mesmo assim, trazem em si uma combinação única de "quem" e "como" são que, aliado ao "que" e "como" somos e agimos, podem se tornar melhor ou pior... Eles, também, nos dizem: "Veja como eu sou. Não julgue. Haja! Me veja, me aceite e me ajude a ser uma pessoa melhor, através de quem e como funciono.". Não adianta querer forçar que ele seja como eu quero que ele seja... Isso é falta de respeito a si e ao outro e não é uma boa base de sustentação moral.

Com todos os problemas que passamos na escola dele, este ano, pude exercer minha experiência profissional, todo expertise que tenho, para observar e identificar que havia um problema real e investigar a melhor solução. Contei e conto com a ajuda profissional e humana de Suely Lôbo, uma psicóloga competente: vocacionada, com conhecimento, habilidade e atitude - isso faz uma grande diferença...-, da minha família, do meu marido, de alguns amigos mais do que especiais - e experientes - e conseguimos, todos, juntos, perceber onde estava "furado", escoando parte do nosso trabalho com Pedrinho... Eis que percebemos que a falha estava: na dupla coordenação pedagógica e psicóloga da escola. Como por milagre, quando a Diretora voltou da licença maternidade, as coisas começaram a andar... Já relatei aqui que Peu não é TDAH, nem DDA... mesmo, assim, ele é diferente. Ele é muito ansioso e requer um pulso firme, muito firme, porém, coerente. É como se ele estivesse aqui para "por em xeque" nossas investidas e nos fazer refletir na prática se nossas ações são coerentes com algum sentido real e mais nobre. Não é tão fácil lidar com o grau de inteligência dele, muito menos, com sua capacidade de pensar rápido e linkar tudo, sempre com um argumento fechado e fechando, muito bem elaborado. Mas, é simples: amor, firmeza e coerência, mantendo-se assim. Ele mede quem cansa primeiro: você ou ele. Quem cansar, perde. Só que nesse jogo dele, sendo ele uma criança, se um adulto perde, a criança também perde... E foi o que aconteceu na escola. Nessa "medida de forças", essa dupla perdeu e cansou e ele, foi vítima dessa perda. Como assim? A psicóloga dele sugeriu, bem como a professora do grupo mais avançado, que se fizessem atividades diferenciadas para ele, dando mais desafios. Era uma certeza? Não. Seria uma tentativa. Melhor do que não fazer nada... e nem fazer qualquer coisa, elas tiveram uma base de referência para pensarem assim: Pedro, como ele é e o que ele demanda. Pois, elas - a dupla nada dinâmica de coordenadora pedagógica e psicóloga da escola - focaram tanto no mau comportamento em sala de aula que nunca pararam para ver quem ele é e o que demandava. Pior, não levaram em consideração às sugestões. Sem pulso e com uma linha de pensamentos restritivas e comprometedoras, elas atrapalharam todo o processo. Faz duas semanas que Pedro tem melhorado em sala de aula, desde que puseram em prática as atividades diferenciadas. Para mim era meio óbvio, mas, quando eu falava, era vista como "mãe protetora"... de que deveriam trabalhar a base subjetiva de Peu, o individual e levá-lo ao grupo aos poucos. A não ser que seja formação e produção em massa, o ponto inicial é o indivíduo, bem firmado, naturalmente, ele vai perceber o coletivo. 

Como mágica, ao colocarem em prática, tudo melhorou! Precisou passar 1 semestre e meio para verem isso? Coisa que batemos desde o início do ano? Sabe um índice que levo muito em consideração? Os colegas de Peu. Eu chegava lá e todo dia eles corriam: "Tia, Peu fez isso...", "Tia, Peu fez aquilo...". Há um tempão que eles não dizem nada, apenas correm e me abraçam, dizendo: "chegou a mãe de Peu". Ontem, um coleguinha que formava a dupla do terror na sala, me disse: "Tia, seu filho está se comportando tão bem...". Parece que ele não estava satisfeito... 

Me pergunto? Custou muito acreditar na parceria que estabeleci com a escola - e, sendo justa, ano passado funcionou. Este ano teve o agravante da Diretora estar em licença maternidade e a dupla que ela contratou não deu conta de lidar com as diferenças... - e pensei em tirá-lo no início deste semestre. Me dei um prazo, vi que a Diretora estava disposta, vi o empenho da pró dele e a da turma 6 e vi que ele estava em boas mãos, agora. Confiei. Relutante e revoltada, mas, confiei em quem confiava. Continuo a não confiar na dupla nada dinâmica... e isso pesa em meus processo de manter ou não no ano que vem... Hoje, Pedro rende e desenvolve muito do seu potencial. 

Eu desenvolvo milhares de coisas para manter minha coerência - e uma delas é não dar mais abertura, nem ouvidos a quem não sabe do processo e não tem a capacidade para ajudar, atrapalhando, por demandar atenção para suas carências mal trabalhadas... - e fortalecer a base de confiança entre eu e  meu filho. Sempre de maneira honesta e muito clara. Sempre com muito amor. E, amor, gente, é negar e frear, sim. é estabelecer bons limites, sim. É dizer "não", sabendo o que está fazendo e deixar quem quer falar que fale, eu apenas faço o que posso e mais um pouquinho, porque se eu perceber que posso ir um pouco mais, eu vou, nem que seja me arrastando, porque as forças vitais são comprometidas, sim. Cansa, sim. Mas, revigora-se e segue! Dentre tudo que eu e Peu fazemos, em todos os campos ele melhorou e se firma como uma pessoa melhor, mais consciente de suas ações. Isso é lindo de ver! Eu educo um ser humano, partindo de uma mãe que é humana e quer ser uma pessoa melhor. E se eu via que algo estava errado na escola, não deixei barato. Me desdobrei e superamos muito mais. E está dando certo. Contei com as pessoas certas e uma atmosfera mais favorável surgiu. Não basta ser inteligente, tem que desenvolver essa inteligência. E Pedro estava sendo relegado pela dupla que não sabia o que fazer com ele, não pedia ajuda e desconsiderava tudo que era proposto como solução. Acreditar que estou fazendo e seguindo no caminho certo me manteve firme e coerente e estava disposta tirá-lo da escola. Já havia visto duas para colocar e nunca escondi isso. Estava tão evidente e seguro isso em mim, que não ia brigar com a escola, nem com essa dupla, eu tentei e confiei, elas não deram conta, mostraram que não fazem parte da corrente forte que a escola havia firmado desde o ano passado. Elas destoam. E a mudança para melhor que hoje se instalou não  foi por mérito ou empenho delas, veio de cima. Aquela história, se puder falar direto com Deus, não exite! O empenho delas foi o demérito e a prova de que não têm a competência - leia-se competência como a soma de conhecimento+habilidade+atitude, elas podem ser bem qualificadas e possuírem o conhecimento teórico, mas, na prática a teoria tem peso, variação, outras variáveis, risco, o desconhecido que nunca havia sido identificado e uma gama de coisas que a titulação acadêmica não nos dá - para lidar com as diferenças. Quando se trata de uma doença, de uma criança com limitações patológicas, no sentido de alguma restrição mesmo, tem-se o sentimento de "pena" e o entender que não depende da criança, pois, vê-se que ela traz uma demanda limitada. Mas, quando se trata de um desafio comportamental, raramente alguém entende que o saber lidar passa por saber lidar consigo, antes de tudo. Lidar com as diferenças no remete o tempo inteiro a nós mesmos e a nossas falhas. Ninguém gosta de ser lembrado que é humano e que tem limites, não entendo o porquê...

Pois bem, meu filho é quem ele é, diferente e, só olhando e vendo essa diferença, que ele requer muito mais de verdade nas ações, muito mais de questionamento, é que alguém pode estabelecer um bom contato com ele. Pedro tem algo de muito bom que é mexer com o que há de mais escondido no outro. Aquilo que não queremos ver, ele nos mostra. Ele vai no ponto, certinho. Isso é ser diferente. Esse é Pedro. E Pedro é uma criança que requer adultos firmes ao seu redor. Elas, lógico, merecem uma chance e devem se dar essa chance, porque apenas elas podem se ajudar. 

Saudações maternais,

Pat Lins.

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