sexta-feira, 23 de abril de 2010

DO QUE É COMPOSTA UMA CRIANÇA?


Alguém já parou para enxergar, na prática, do que é composta uma criança?

Quando alcançamos a "maturidade" - ou, fase adulta - as evidências diminuem e nós somos representação de nós mesmos.

Quando somos crianças, somos representações de tanta coisa: "a cara do pai" e, ao mesmo tempo, "a cara da mãe"... fora quando alcança "a cara da tataravó". Impressionante é que a criança traz isso tudo e muito, mas, muito mais.

Uma criança - ou, futuro adulto; ou, ser humano em sua fase inicial... - é composta por inúmeros fatores que determinarão e determinam quem ela é e como vai agir. Dizem que é fruto do meio. E é, também. Dizem que é "herança genética" e é, também. Dizem que é isso e aquilo outro... pode ser, TAMBÉM. Raramente, alguém considera a criança como um todo: tudo isso e muito mais.

Somos em essência o que trazemos. Mas, o que trazemos é, em essência, o que outros já trouxeram (características genéticas)  + somatório de todas as famílias envolvidas + o resultado desse somatório, que gera uma multiplicação de características + característica nova, vinda dele mesmo + infinito = 1 novo ser novo igual ou parecido com alguém que já existe e com traços únicos, porém, resultado de uma gama de fatores que explodiram e se uniram e criaram e/ou inovaram e saiu o que é visível. Ufa! Quanta coisa, teórica e praticamente falando... E isso ainda se subdivide em: traços emocionais; traços mentais; traços físicos... O que reflete em: ações; reações; operações; funcionalidades; tipo de alimentção... E isso tudo vive em meio a macro e micro ambientes, o que torna esse ser tão pequeno e em "formação" em algo tão grande e em expansão que, justamente, por ser essa amplitude de ampliações e resumos, assusta e a gente elege alguns critérios para descobrir que é esse ser e ele passa a ser assim, como queremos que ele seja. E ele é?!

Confuso? Prefiro "complexo". É o que somos: seres complexos. É o que nossos filhos são: seres complexos. E isso tem jeito? O jeito já é o próprio ser, de cada ser. Só precisamos admitir e conhecer, reconhecer... fora as projeções.

Dizer que uma criança reage de determinada maneira porque os pais, por exemplo, não têm pulso, não sabem dar limites, é algo muito abrangente para se julgar tão simploriamente. Por quê eles  agem assim? E os filhos só reagem? Ignoramos que trazem sua própria personalidade? Na prática, lógico que aquilo que falta na gente - mesmo que etaja escondido pelo medo, complexo ou afins - faltará no que passaremos e como agiremos na educação de nossos filhos e isso, o inconsciente da criança capta seguramente e, essa, pode ser uma hipótese de porquê ela não se deixa penetrar pela autoridade dos pais... Na prática, tanta coisa interfere, intercede...

Penso que somos TODOS, de uma maneira bem geral e prática, educados, guiados e moldados para seguirmos apenas um padrão e que nos encaixemos nele, mesmo que aperte seu dedão... Por que não há uma cultura de se conhecer, apoiar, nos entregar ao que somos? Não me refiro a deixar as crianças à própria sorte... para isso, é importantíssimo manter o padrão da necessidade de existir alguém - ou mais de um - responsável pela criança, partindo-se do princípio que existem diversos riscos de diversas ordens que a inteligência, experiência, vivência e, reações motoras e psíquicas ainda não funcionam harmonicamente e que isso tudo é real. Me refiro a cultura de valorizar o outro ser como humano, capaz e com suas qualidades e defeitos - características mutáveis, ajustáveis e engessadas - intrínsecas. Me refiro a uma cultura de orientação pela compreensão e não pelo julgamento ferino como se é hoje - e/ou sempre se foi/é de educar para não passar vergonha ou, para que seu filho seja o "mais retado"... Muita preocupação com valores deturpados.

Educar um filho é conhecer e reconhecer nele toda sua composição. Não em detalhes, "miucidades" e atomicidades. Mas, em conceber que sim, existe muito mais do que o nariz do pai e o gênio da mãe, com a bochecha da vovó materna e os dentes da vovó paterna, a unha encravada do tio, o joelho do bisavô, a perna de fulano... existe um ser como nós já fomos. Conceber e aceitar que existe muito mais mistério em cada um deles do que a certeza de que "tapinhas de efeito moral traumatizam" e que "só conversa sempre funciona" é viabilizar que tudo está interlgado e regido por outros diversos fatores. Não estou entrando em mérito de "certo" e "errado", mas, de se admitir possibilidades, flexibilidades e lacunas abertas.

Educar um filho exige conhecer mais sobre o ser humano, sabendo-se que ele é único, porém, inserido num papel social que o moldará e esperará dele determinadas atitudes comuns em respeito ao outro e toda uma sociedade.

Uma criança, acima de tudo, precisa ser composta por amor. Isso não impede demonstrações de cansaço, tristeza e afins, afinal, ela também vivencia essas emoções,que tanta mãe "finge" não sentir para não prejudicar a criança. Os pais também são compostos por uma gama de fatores de ordens internas e externas, canalisados e centrados em si, o que resulta e dita muitas de nossas ações e reações. Um amor sincero, forte e entregue sustenta muito mais verdades do que imaginamos. Permitir que um (a) filho (a) seja quem é, de fato, é um exercício de amor gigantesco. Mas, para a gente alcançar e repassar essa realidade, ela precisa ser realidade para a gente. Afinal, uma das composições de nossos filhos será reflexo do que somos no âmbito externo, incluindo o pacote: como agimos; como conciliamos emoção, pensamento e ação; como reagimos...

Toda criança é composta de... seja lá o que for, comprovado pela ciência; pelo dito popular; por correntes alimentares; por filosofias de vida; descrito na Bíblia... toda criança é uma criatura. Uma criaturinha que nasce, de uma maneira geral, vai crescer e desenvolver (?). Toda criança é composta hoje, pelo que será composta amanhã: VIDA.

Toda criança é uma hipertextualidade ambulante de sorrisos e choros; alegrias e trsitezas. Carregados de signos e sons; cultura, lazer e informações não lineares, centradas e originadas em si. Elas são reflexo e conclusões, mas, também ações ímpares e inusitadas. Elas são: CRIANÇAS, acima de tudo, compostas do que há de melhor nessa vida: CAMINHOS ABERTOS e POSSIBILIDADES.

Beijos,

Pat Lins.

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